O Pecado Original: desobediência a Lei de Deus...."do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal dessa não comereis por que no dia em de-la comeres certamente morrereis". Os Pelagianos não acreditavam que o pecado de Adão e Eva foram passados para seus descendentes pelo contrario cria que os homens eram livres para escolher entre o bem e o mal não sofrendo influência nenhuma da natureza desobediente de nossos primeiros pais. Essa crença se opunha contra todas as premissas da Salvação por meio de Cristo segundo a Graça Divina.
Imagem: Arquivo Pessoal CHH.
Chegamos ao final de nosso
estudo sobre o Pelagianismo em suas implicações na vida da Igreja Cristã e dos
cristãos do século IV e inicio do século V d.C. Agora analisaremos de forma
ampla as questões que firmavam o pelagianismo como uma força religiosa que teve
respeitável número de adeptos, mas como tal teve um grande adversário pela
sempre por meio da Igreja Católica que firmava as premissas de sua fé na
tradição Apostólica.
A convicção básica de
Pelágio e seus seguidores consistiam em que a natureza do homem era correta e
fundamentalmente imutável. Originalmente criados por Deus, reconhecia-se que os
poderes da natureza humana tinham sido cerceados pelo peso dos hábitos passados
e pela corrupção da sociedade. Mas essa constrição era puramente superficial. A
“remissão dos pecados” no batismo podia significar para o cristão a recuperação
imediata da plena liberdade de ação, que fora meramente suspensa pela
ignorância e pelas convenções.
O homem pelagiano era,
essencialmente, um indivíduo separado: o homem católico estava sempre prestes a
ser tragado por vastas e misteriosas solidariedades. Para Pelágio, os homens
haviam simplesmente resolvido imitar Adão, o primeiro pecador; para os
católicos, eles recebiam sua fraqueza essencial da maneira mais íntima e
irreversível que havia: nasciam pela mera realidade da descendência física
desse pai comum da raça humana.
Para Pelágio o pecado humano
era essencialmente superficial: era uma questão de escolha. As escolhas erradas
podiam acrescentar uma certa “ferrugem” ao metal puro da natureza
humana, mas uma escolha, por definição, era reversível. Para estes o
autocontrole era suficiente: bastava defender a cidadela da decisão livre,
escolhendo o bem e rejeitando o mal.
Por mais conscientemente
cristão que fosse o movimento pelagiano, ele se apoiava solidamente no leito
dos antigos ideais éticos do paganismo, sobretudo do estoicismo. Eles achavam
que os bebês eram criados por Deus e, portanto, eram bons; que não poderiam ser
amaldiçoados por não serem batizados; e “que o homem pode chegar à felicidade por
seu livre-arbítrio respaldado pela bondade da natureza humana.”
Pretendiam persuadir os homens como tinham feito os filósofos pagãos, de que
eles poderiam atingir neste mundo uma “vida completa”, uma beata vita.
Os tratados de Pelágio soam
vez por outra, como obras de teoria política racional. Seu Deus é um déspota
esclarecido e os cristãos são bem providos de Sua legislação abundante. Pelágio
indignava-se com o fato de os homens continuarem a descumprir as ordens de um soberano
tão sensato e bem-intencionado:
“Depois de tantos avisos a
vos chamar a atenção para a virtude, depois da entrega da Lei, depois dos
profetas, do Evangelho e dos apóstolos, simplesmente não sei como Deus poderá
vos demonstrar indulgência, se quiserdes cometer um crime.”
Pelágio presumia
constantemente que a existência de um bom meio podia influenciar diretamente os
homens para melhor. Segundo ele, a vontade dos homens podia ser “impactada”
a agir pelo bom exemplo de Cristo e pela terrível sanção do fogo do
inferno.
Havia um traço de frieza na
mentalidade de todo o movimento pelagiano. Adão fora punido com a pena de morte
por desrespeitar uma única proibição; e até ele era menos culpado do que nós,
pois, não tivera o grande benefício da execução anterior de um ser humano para
detê-lo. A liberdade podia ser admitida
como um fato: simplesmente fazia parte de uma descrição do ser humano feita
pelo senso comum. Presumia-se que o homem fosse responsável (caso contrário,
como poderiam seus pecados ser chamados pecaminosos?) e ele tinha consciência
de exercer escolhas; portanto, insistia Pelágio, era livre para determinar seus
atos.
“No começo, Deus instalou o
homem e o deixou entregue a seu próprio arbítrio. (...) Colocou diante de ti a
água e o fogo, para que estendas a mão para o que quiseres.”
Pelágio e seu discípulo Celéstio,
julgavam poder argumentar diretamente a partir das realidades aceitas da
escolha e da responsabilidade para completar a autodeterminação humana: “É
coisa mais fácil do mundo” escreveu Celéstio, “mudar nossa vontade por um ato
de vontade.” Para eles, a diferença entre os homens bons e maus era
muito simples: uns escolhiam o bem, e outros o mal.
Para os católicos a
liberdade não pode ser reduzida a um sentimento de escolha: trata-se de uma
liberdade de agir plenamente. Tal liberdade deve envolver a transcendência do
sentimento de opção. É que o sentimento de opção é sintoma da desintegração da
vontade: a união final do conhecimento e do sentimento envolveria de tal
maneira o homem no objeto de sua escolha, que qualquer outra alternativa seria
inconcebível.