A Coreia do Sul vai executar exercícios de artilharia com disparos reais próximo à ilha de Yeonpyeong, que foi bombardeada no fim de novembro pelos norte-coreanos em uma zona disputada do Mar Amarelo, anunciou o Exército nesta quinta-feira.
As manobras acontecerão entre sábado (18) e a próxima terça-feira (21) em função das condições meteorológicas, destacou o Estado-Maior sul-coreano.
Estes serão os primeiros exercícios na ilha depois que foi bombardeada pelos norte-coreanos em 23 de novembro, con um saldo de quatro mortos e 18 feridos.
SIMULAÇÃO
A Coreia do Sul executou nesta quarta-feira (15) um dos mais importantes exercícios de defesa civil de sua história, em um momento de extrema tensão após o bombardeio de uma ilha sul-coreana pela Coreia do Norte no fim de novembro.
Mais de dez aviões de combate sul-coreanos decolaram para simular um ataque da Coreia do Norte.
USINAS AVANÇADAS
O governo dos EUA acredita que a Coreia do Norte possua tecnologia nuclear mais avançada do que o Irã e que o país deva ter mais instalações nucleares secretas, além da que foi revelada em novembro a um cientista americano.
Segundo o "New York Times", funcionários de Washington e da Coreia do Sul têm feito comentários públicos a respeito da capacidade nuclear de Pyongyang -- e demonstraram preocupação.
Jung Yeon-je/AFP |
Equipe de resgate sul-coreana usa roupa especial durante exercício de defesa em Paju, fronteira com a Coreia do Norte |
Muitos deles, como o embaixador dos EUA na AIEA, a agência nuclear da ONU (Organização das Nações Unidas), Glyn Davies, acreditam que a usina de Yongbyon --que tem mais de mil centrífugas-- não poderia ter sido construída tão rapidamente se não existisse uma rede sofisticada de outras instalações secretas no país.
Pyongyang teria combustível para ser usado em seis a 12 armas nucleares e já realizou dois testes nucleares.
O regime comunista alega que a instalação recém-revelada fornecerá combustível para reatores de geração de energia -- mesmo argumento utilizado pelo Irã para justificar seu programa nuclear.
Porém, a Coreia do Norte não possui tais reatores, e a preocupação é que, se a usina de Yongbyon for usada para produzir urânio altamente enriquecido, pode ajudar o país a aumentar seu arsenal nuclear.
Alguns funcionários dos EUA dizem que a revelação da instalação ao especialista Siegfried Hecker pode ter sido uma propaganda direcionada a países interessados em obter tecnologia nuclear.
O mesmo temor foi explicitado sexta-feira por Gary Samore, principal assessor nuclear da Casa Branca.
Para ele, a estratégia americana agora deve ser "garantir que os norte-coreanos não vendam [centrífugas nucleares] para o Oriente Médio".
Pyongyang já tentou ajudar a Síria a construir um reator nuclear, que foi destruído por Israel em 2007.
IRÃ
Samore também disse, pela primeira vez, que o programa norte-coreano "aparenta ser muito mais avançado e eficiente do que o iraniano".
Relatórios da AIEA indicam que Teerã tem feito experimentos com centrífugas avançadas, mas ainda não as instalou em escala industrial -apesar de anos de esforços para fazê-lo.
As declarações sugerem que Pyongyang conseguiu driblar as sanções econômicas e tentativas de interceptar cargas aéreas e marítimas do país, iniciados no governo de George W. Bush e reforçados em 2009 pelo Conselho de Segurança da ONU após seu segundo teste nuclear.
Apesar da pressão internacional, o jornal sul-coreano "Chosun Ilbo" revelou ontem (15) que a Coreia do Norte estaria se preparando para realizar um terceiro teste.
Citando fonte da inteligência de Seul, o jornal afirma que um túnel, que está sendo cavado no local em que os testes são realizados, poderia ser finalizado em março.
Mas o Ministério de Relações Exteriores sul-coreano negou que existam evidências de que o Norte esteja se preparando para novo teste.
Você quer saber mais?