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quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

UMA ANÁLISE DA AUTOBIOGRAFIA DE PU YI: O ÚLTIMO IMPERADOR DA CHINA

Pu Yi, 1915-1920, coleção biblioteca do congresso de George Grantham Bain, Washington DC.

Autor: Leandro Claudir Pedroso, formado em licenciatura plena em História, e pós-graduado em Metodologia do Ensino em História e Geografia.

S

audações construtoras a todos os amigos e visitantes do Construindo História Hoje. Como todos já têm visto, tem sido momentos de grandes transformações para o Projeto Construindo História Hoje, e nenhuma dessas mudanças seria possível sem vocês, que de todos os meios contribuem para o bom desenvolvimento de nossa empreitada pelas veredas da história.

 Recentemente terminei de ler o livro O Último Imperador da China, a autobiografia de Pu Yi Xiansheng, o livro cujo nome no original em Chinês chamava-se “A Primeira Metade da Minha Vida”, foi traduzida para o inglês como “From Emperor to Citizen” que deu origem ao clássico filme de Bernardo Betolucci, The Last Emperator de 1987. O filme de Bertolucci baseado na autobiografia de Pu Yi foi o primeiro a receber permissão do governo Chinês para ser gravado dentro da Cidade Proibida. A saga de Pu Yi é fantástica em todos os sentidos, pois podemos acompanhar pelas próprias palavras do último imperador desde sua ascensão ao trono até sua prisão nos campos de concentração do Partido Comunista Chinês. No filme de Bertolucci, uma verdadeira obra prima da sétima arte, com tão boa direção, roteiro, cenografia, iluminação e figurino, ainda assim nada se compara ao livro, aonde podemos com os mais fantásticos detalhes compreender a epopeia vivida por um homem que nasceu para ser imperador e acabou como jardineiro-botânico e bibliotecário na China Comunista. Trago aos meus leitores um pequeno vislumbre desta maravilhosa obra e espero por meio desta postagem leva-los a conhecer está grandiosa história. Com um conteúdo humano fantástico, pois uma pessoa que passou por tantas transformações em sua vida “publica” e privada, sem enlouquecer, é forçosamente um personagem interessante. Afinal, não é qualquer um que deixa de ser “deus” para ser jardineiro, e Pu Yi recorda todas suas transformações com um notável bom humor. Como entender a psicologia de um personagem desses? 

O Segundo Príncipe Chun Tsai Feng, sentado com Pu Yi (a sua direita), e seu irmão bebê, Pujie em 1908. Imagem: O Ùltimo Imperador da China; autobiografia de Pu Yi. 

Como Imperador 

Pu Yi Xiansheng nasceu em Pequim, filho do Segundo Príncipe Chun, o Príncipe Tsai Feng na mansão da família Chun, em sete de fevereiro de 1906. Seu avô, Yi Huan, o sétimo filho do Imperador Tao Kuang que reinou de 1821 a 1850, foi o primeiro Príncipe de Chun. Foi o filho mais velho de seu pai o segundo Príncipe Chun. Foi coroado em dois de dezembro de 1908, aos três anos de idade na condição de décimo soberano da dinastia Ching (A dinastia Ching reinou de 1644-1911) e último imperador da China. Quando explodiu a Revolução de 1911 contra a Dinastia Ching. Foi destronado aos seis anos de idade em 10 de outubro de 1911, por uma seção do Novo Exército, instigado pelas sociedades revolucionárias da burguesia e da pequena burguesia insurgiu-se. Mais insurreições, em outras províncias seguiram-se a essa, e a Dinastia Ching não demorou a cair. Mesmo destronado continuou vivendo na Cidade Imperial de Pequim com toda sua corte, aonde manteve muitas de suas prerrogativas, inclusive o titulo de Imperador. Em 1924 quando as tropas do Kuomintang, o Partido Nacionalista Chinês invade Pequim, ele é expulso pelos militares quando contava 19 anos de idade e refugia-se na embaixada japonesa. 

Após a Revolução de 1911sua família foi a primeira a abandonar os velhos costumes e seu pai Tsai Feng (Segundo Príncipe Chun), foi o primeiro dos príncipes a ter um automóvel e a instalar um telefone em sua casa. Foram os primeiros a cortar os rabichos, e ele foi o primeiro dentre os príncipes da nobreza a usar trajes ocidentais. Seu pai Tsai Feng, após renunciar a Regência e ser expulso do palácio imperial pelas forças rebeldes de 1911 pronunciou estas palavras: 

“Ter livros é riqueza verdadeira, e dispor de um pouco de ócio é estar a meio caminho da imortalidade.” 

Tsai Feng (Segundo Princípe Chun)

 O Traidor 

Quando em 1931 o Japão invade o nordeste da China no chamado Incidente de Mukden, Pu Yi aos 26 anos é obrigado pelos militares japoneses a tornar-se o imperador fantoche da região ocupada na Manchúria, aonde o governo japonês criou o Estado fantoche de Manchukuo. Governaria o Estado de Manchukuo de 1934 á 1945, até o fim da Segunda Guerra Mundial. 

Na União Soviética 

Ao fim da Segunda Guerra Mundial, Pu Yi foi capturado pelos soviéticos junto com a primeira leva de criminosos de guerra de “Manchukuo”, ao chegar a União Soviética passaram por uma privilegiada detenção com três grandes refeições russas e uma refeição intermediária à tarde. Havia empregados para atender, médicos e enfermeiras para cuidar de nossa saúde, rádios, livros, jornais e equipamentos para outros tipos de recreação. Havia até pessoas para leva-los para caminhar. Durante os cinco anos que Pu Yi passou na União Soviética nunca abandonou seu ar superior. Membros de sua família dobravam seus acolchoados, arrumavam seu quarto, traziam a comida e lavavam suas roupas. Como não lhes era permitido chamarem-no de “Majestade”, chamavam-no de “Elevado”; e exatamente como nos velhos tempos vinham ao seu quarto para lhe prestar seus respeitos. 

Como Pu Yi não abandonava sua forma superior de se portar e recusava-se a estudar e seus pensamentos não haviam mudado em nada de fundamental para admitir sua culpa de traição. 

Diante dessas atitudes Pu Yi foi levado pelas autoridades soviéticas para testemunhar em um Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente, em agosto de 1946, ele denunciou veementemente os crimes de guerra cometidos pelos japoneses que ele odiava por tê-lo usado como Imperador fantoche por quase 15 anos. O Testemunho de Pu Yi durou oito dias, e foi o mais demorado do julgamento, dando excelentes notícias para os jornais que no mundo inteiro exploram o sensacionalismo. 

A razão pela qual Pu Yi foi chamado para testemunhar era para expor a verdade sobre a invasão japonesa na China, e para demonstrar como o Japão havia me usado como títere para ajuda-los a governar o Nordeste da China ao qual haviam denominado “Manchukuo”. Mesmo denunciando todos os crimes cometidos pelos japoneses Pu Yi escondeu seus próprios crimes do Tribunal Militar Internacional. Mesmo assim um advogado americano gritou no tribunal para Pu Yi: “Você põem a culpa nos japoneses para tudo, mas esquece dos seus próprios crimes, mas cedo ou tarde o governo Chinês irá condená-lo por seus crimes”.

 De volta à China 

Em 31 de julho de 1950, um trem soviético carregando os criminosos de guerra do “Manchukuo” chegou à estação na fronteira sino-soviética. Devolvido à China depois de cinco anos, já República Popular governada por Mao Tse-Tung, como criminoso de guerra certo de que iria ser fuzilado por crimes de guerra. Não foi! Os soviéticos o levaram até a cidade de Shenyang aonde foi entregue as tropas chinesas que o avisaram que não seria executado, mas sim “reeducado”. De Shenyang foram levados para o presídio de Fushun e colocados em celas! Nos dias que se passaram receberam livros e jornais para começarem seus estudos voltados para o comunismo chinês ou Maoísmo. 

Foi para o presídio de Fushun com mais 1350 "criminosos de guerra" japoneses, manchus e chineses. Durante oito anos aprendeu a profissão de jardineiro, como parte do processo de reeducação a que foi submetido em nome do "humanismo revolucionário socialista".  

Ele que se considerava o “Filho Celestial” e não sabia sequer amarrar os próprios sapatos, passaria os próximos 10 anos como prisioneiro, recebendo “reeducação socialista”. Passou o restante da vida trabalhando em Pequim no pleno gozo de seus direitos políticos, trabalhando no Jardim Botânico e em pesquisas históricas. Casado várias vezes (com duas imperatrizes e três concubinas), morreu em 1967 aos 61 anos de idade, sem deixar descendentes.  

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YI, Pu. O Último Imperador da China. São Paulo: Editora Marco Zero, 1988.

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sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

MANIQUEÍSMO, ORIGEM E FUNDAMENTOS!

 


                Trata-se de uma filosofia dualística que divide o mundo entre bem, ou Deus, e mal, ou o Diabo. Com a popularização do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do bem e do mal. O Maniqueísmo como filosofia religiosa sincrética e dualística fundada e propagada por Mani que divide o mundo entre Bom, ou Deus, e Mau, ou o Diabo. A matéria é intrinsecamente má, e o espírito, intrinsecamente bom. Com a popularização do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do Bem e do Mal. 

A origem do maniqueísmo 

Quando o gnosticismo primitivo já perdia a sua influência no mundo greco-romano, surgiu na Babilônia e na Pérsia, no século III, uma nova vertente, o maniqueísmo. 

O seu fundador foi o profeta persa Mani (ou Manés), após ter sido "visitado" duas vezes por um anjo que o convocou para esta tarefa, fato este comum entre aqueles que fundam religiões e seitas até hoje. Suas ideias sincretizam elementos do Zoroastrismo, do Hinduísmo, do Budismo, do Judaísmo e do Cristianismo. Desse modo, Mani considerava Zoroastro, Buda e Jesus como "pais da Justiça", e pretendia, através de uma revelação divina, purificar e superar as mensagens individuais de cada um deles, anunciando uma verdade completa. 

“Conforme as suas ideias, a fusão dos dois elementos primordiais, o reino da luz e o reino das trevas, teria originado o mundo material, essencialmente mau.” 

Para redimir os homens de sua existência imperfeita, os "pais da Justiça" haviam vindo à Terra, mas como a mensagem deles havia sido corrompida, Mani viera a fim de completar a missão deles, como o Paráclito prometido por Cristo, e trouxera segredos para a purificação da luz, apenas destinados aos eleitos que praticassem uma rigorosa vida ascética. Os impuros, no máximo podiam vir a ser catecúmenos e ouvintes, obrigados apenas à observância dos dez mandamentos. 

As ideias maniqueístas espalharam-se desde as fronteiras com a China até ao Norte d'África. Mani acabou crucificado no final do século III, e os seus adeptos sofreram perseguições na Babilônia e no Império Romano. 

Os maniqueus eram uma seita de reputação sinistra. Eram ilegais e, mais tarde, seriam selvagenmente perseguidos. Tinham aura de uma sociedade secreta: nas cidades estrangeiras, só se hospedavam na casa de membros de sua própria seita; seus líderes viajavam por uma rede de "células" espalhadas por todo o mundo romano. Os pagãos viam-nos com horror, os cristãos ortodoxos, com temor e ódio. Eles eram os "bolcheviques" do século IV; uma "quinta-coluna" de origem estrangeira, determinada a se infiltrar na Igreja Cristã e portadora de uma solução singularmente radical para os problemas religiosos da época. 

Os maniqueístas procuravam respostas para perguntas que as religiões dominantes não possuíam resposta como por exemplo podemos citar: 

De onde provem o mal? 

A resposta maniqueísta para o problema da origem do mal foi o cerne do maniqueísmo para seus adeptos. Era uma resposta simples e drástica, é-nos plenamente conhecida a partir dos textos agostinianos (Agostinho de Hipona, ele mesmo foi maniqueu durante nove anos de sua vida) e, neste século, pudemos novamente penetrar nos sentimentos religiosos íntimos dos maniqueus graças á descoberta, em regiões tão distantes quanto o Egito e Xinjiang, das literaturas apaixonadas das comunidades maniqueístas. 

Os conventículos dos maniqueístas eram onde se reunião para ouvir as leituras da grande "Carta de Fundação" de Mani. Nessa ocasião solene, os ouvintes eram "enchidos de luz". Essa "iluminação" era a experiência religiosa inicial e básica de um maniqueu: era um homem que se haveria tornado agudamente cônscio de sua condição. Era como se tivesse sido despertado de um sono profundo por um grito distante: 

"(...) Um homem ergueu a voz para o mundo, dizendo: Abençoado aquele que conhecer sua alma." 

Assim despertado, o maniqueu percebia vividamente que era livre. Podia identificar-se apenas com uma parte de si mesmo, sua "alma boa". Claramente, grande parte dele não pertencia a esse oásis de pureza: as tensões de suas paixões, sua cólera, sua sexualidade, seu corpo poluído e o vasto mundo da "natureza de rubros dentes e garras" que existia fora dele. Tudo isso o oprimia. Era patente que o que havia de bom nele ansiava por ser "libertado", por "retornar", fundir-se outra vez com um sereno estado original de perfeição - um "Reino de Luz" - do qual se sentia isolado.

 No entanto, era igualmente claro que os homens não haviam conseguido realizar isto, que constituía o único desejo possível do que de melhor havia em sua natureza. 

Portanto, essa "Alma Boa" obviamente agia sob pressão: por alguma razão misteriosa, via-se "aprisionada", "Retida", confinada e "Violada", empurrada de um lado para outro por uma força que, temporariamente, era mais forte do que ela. 

"Pois é fato que realmente pecamos contra nossa vontade (...) por essa razão, buscamos o conhecimento da razão das coisas." 

Era esse "Conhecimento" da razão das coisas" que os maniqueus deixavam claro. Em suma, conquanto todos estivessem consciência da mescla íntima de bem e mal dentro de cada um e no mundo ao redor, era ao mesmo tempo, profundamente repugnante para o homem religioso, assim como absurdo para o pensador racional, que esse mal pudesse provir de Deus. Deus é bom, totalmente inocente. Devia ser protegido da mais tênue suspeita de responsabilidade direta ou indireta pelo mal. Essa desesperada "piedade para com o Ser Divino" explica a natureza drástica do sistema religioso dos maniqueus. 

Os MANIQUEUS eram DUALISTAS tão convencidos de que o mal não podia provir de um Deus bom que acreditavam ser ele proveniente de uma invasão do bem - o "Reino da Luz" - por uma força ou demônio hostil, de poder igual, eterno e totalmente distinto: o "Reino das Trevas". "A primeira coisa que um homem deve fazer", dizia o catecismo maniqueísta chinês, "é distinguir os Dois Princípios (o Bem e o Mal). Aquele que deseja ingressar em nossa religião deve saber que os Dois Princípios têm naturezas absolutamente distintas: como pode quem não traz viva em si essa distinção pôr em prática a doutrina?" 

No tocante a esta questão , os maniqueus eram racionalistas inflexíveis. Acreditavam que podiam sustentar o dogma fundamental de sua religião unicamente por intermédio da razão: 

*De onde vieram esses pecados? Perguntariam; 

*De onde proveio o mal? 

*Proveio o mal de um Homem, de onde veio esse homem? 

*Proveio o mal de um Anjo, de onde veio esse Anjo? 

*E, se disserdes 'De Deus..., então, será como se todo  pecado e todo o mal estivessem ligados, numa cadeia ininterrupta, ao próprio Deus. 

É com esse problema que os maniqueus acreditam poder solucionar tudo, mediante sua simples enunciação - como se fazer uma pergunta embaraçosa significasse saber alguma coisa. Se assim fosse, não haveria ninguém mais douto que um maniqueu. 

Assim municiados, jovens estudantes de filosofia com alargamento repentino e dramático de seus horizontes intelectuais entregavam-se atraídos por essa nova "Sabedoria", jovens extremamente inteligentes e excepcionalmente argumentativos, deviam sentir-se imbatíveis! 

Era uma religião que descartava toda e qualquer crença que ameaçasse a independência de seus cérebros sumamente ativos. Como maniqueístas, eles livravam-se prontamente das ideias que cumulavam nas antigas religiões convencionais. Eram tomados por uma certeza divina: 

"Conheci minh'alma e o corpo que nela se assenta, sabendo que são inimigos desde a criação dos mundos.." 

O maniqueísta não precisava que lhe ordenassem acreditar. Eram capaz de aprender sozinhos a essência da religião. A apreensão imediata era o que mais importava. Para um homem assim, a crucificação de Cristo evidencia diretamente os sofrimentos de sua própria alma. 

Seu herói era o cético Tomé, homem cujo anseio de um contato direto e imediato com os segredos divinos não foi rechaçado por Cristo. O Sistema de Mani evitava criteriosamente a aguda ambivalência! 

No maniqueísmo, o severo Jeová dos judeus era rejeitado como um demônio maléfico e os patriarcas, como velhos sórdidos. Evitavam elaborar qualquer sentimento íntimo de culpa que viria, mais tarde, a se afigurar aos trechos mais evidentes do maniqueísmo. 

Os maniqueus eram homens austeros. Eram reconhecidos por seus rostos pálidos,e, na literatura moderna, foram apresentados como provedores do mais soturno pessimismo. No entanto conservavam esse pessimismo apenas para um lado de si mesmos. 

Viam o outro lado, sua "mente", sua "alma boa", como algo imaculado: tratava-se, literalmente, de uma migalha da substância divina. Sua religião destinava-se a garantir que essa parte boa deles permanecesse essencialmente intacta, não afetada por sua natureza mais vil. Essa natureza mais vil acabaria sendo "cindida e impelida para longe de nós, e, no fim desta vida, será derrotada e confinada, toda ela, numa grande massa separada, como que numa prisão eterna". Portanto, a força sumamente alheia do mal jamais poderia fazer outra coisa senão impor-se de fora para dentro a um eu bondoso,  que para sempre se manteria separado dela: 

"(...) a veste fútil desta carne despi, em segurança e puro;  com os limpos pés de minh'alma pisoteei-a, confiante." 

Como maniqueístas, portanto, podiam desfrutar do consolo muito real de que, apesar de toda a ambição, do inquietamento, do sentimento invasivo de culpa, ao menos a parte boa deles permanência integralmente não conspurcada: 

"(...) curvei minha cabeça sob o jugo da virtude quando na juventude me surgiu a rebelião." 

Buscavam constantemente salvar um oásis imaculado de perfeição dentro de si.  Preferiam desculpar-se e acusar outra coisa que havia em si, mas não eles próprios. Acreditavam em uma natureza ímpia que não era eles que pecavam, mas outra natureza dentro do ser humano. 

Mas, o preço que os maniqueus pareceram pagar por essa completa renegação do  mal foi tornar o bem singularmente passivo e ineficaz.  Todos os escritos de Mani ilustram essa atitude, na qual o bem é essencialmente passivo, impingido pela ação violenta do mal. Para o maniqueísta, o universo existente, no qual bem e mal se mesclavam de maneira tão desastrosa, brotara de uma invasão frontal do bem - o "Reino da Luz" - pelo mal - o "Reino das Trevas". 

Esse "Reino da Luz" estivera em absoluto repouso, totalmente ignorante de qualquer tensão entre o bem e o mal. Tão separado do mal era o "governante" do "Reino", o "Pai da Luz", que se via indefeso contra ele: não podia sequer entrar em confronto com os invasores sem sofrer uma transformação drástica e tardia de seu ser. Em contraste, o "Reino das Trevas" era a força ativa; seus poderes vorazes eram cegos; dirigiam-nos unicamente os incontroláveis gritos de ganância emitidos por seus companheiros. 

Portanto em todo o maniqueísmo , o bem é que estava condenado a ser passivo. O Cristo do maniqueu era, acima de tudo, o "Jesus Sofredor", "crucificado por todo o universo visível". O auge da devoção maniqueísta era  o indivíduo perceber que sua parte boa estava totalmente fundida e identificada com essa essência divina profanada, identificar inteiramente seu destino com um Salvador que também estava sendo salvo. 

"Estou em toda parte; sustento o firmamento; sou a base; sou a vida do mundo; sou a seiva de todas as árvores; sou a água doce que subjaz aos filhos da matéria." 

Todavia, fora desse envolvimento íntimo e sensível, as forças do mal campeariam inalteradas e aparentemente, não controladas por nenhuma força do bem: 

"Choro por minha alma, dizendo: possa eu ser poupado disto e do terror das feras que se entre devoram." 

O maniqueísta via-se num agudo dilema. Sua religião prometia ao fiel que, uma vez "despertado", ele teria o controle completo de sua identidade essencial e estaria apto a garantir sua libertação. Dizia-lhe que parte dele sempre se manteria imaculada; e oferecia um ritual severo, que "precipitaria" mais a matéria boa e irredutível de sua alma. Contudo, essa confiança era constantemente desgastada pelos mitos poderosos da própria seita, mitos estes que faziam o bem parecer profundamente abandonado e indefeso diante do ataque do mal: faziam parecer oprimido, violado e aturdido o seu Deus, de inocência tão imaculada que ficava perigosamente despojado de Sua onipotência. 

Os Dez Mandamentos maniqueus 

Eles deviam seguir sobretudo os dez mandamentos seguintes como fio condutor da sua vida cotidiana: 

1-Não adorar nenhum ídolo; 

2-Purificar o que sai da boca: não praguejar, não mentir, não levantar falso testemunho ou caluniar; 

3-Purificar o que entra pela boca: não comer carne, nem ingerir álcool; 

4-Venerar as mensagens divinas; 

5-Ser fiel ao seu cônjuge e manter a continência sexual, especialmente durante os jejuns; 

6-Auxiliar e consolar aqueles que sofrem; 

7-Evitar os falsos profetas; 

8-Não assustar, ferir, atormentar ou matar animais; 

9-Não roubar nem cometer fraude; 

10-Não praticar nenhuma magia ou feitiçaria; 

Os grandes livros abalizados de Mani eram no total de sete, constituíram a espinha dorsal do maniqueísmo. Esses sete livros preservariam a identidade da seita durante cerca de 1.200 anos, em meios tão diferentes quanto Cartago e Fu-Kien. Mas, para um homem educado no mundo do fim da era clássica, as revelações que eles continham eram irredutivelmente exóticas: correspondiam a um "conto de fadas persa" 

O maniqueísmo do século IV na África era muito semelhante ao comunismo da Inglaterra no fim dos anos 1930. O maniqueísmo afirmava ser a verdadeira "Igreja dos gentios" na África: atraía pagãos inquietos com a ascensão do cristianismo, pois repudiava os métodos autoritários da Igreja ja estabelecida e os traços de crueza do Velho Testamento. Enquadrava-se com facilidade na vasta penumbra de cristianismo em que os homens instruídos ponderavam sobre o que tomavam por oráculos da Sibila que havia profetizado a vinda de Cristo.  Muitos maniqueus eram mais doutrinários. Viam-se exclusivamente como reformadores do cristianismo. 

O movimento maniqueísta havia atraído muitos homens humildes, artesãos e mercadores respeitáveis. Aliás, os mercadores eram os missionários mais eficientes da seita: na China e na Ásia central, o maniqueísmo não tardou a vacilar depois que os mongóis destruíram os grandes impérios comerciais dos oásis do deserto do Gobi. Também no Império Romano, é bem possível que a disseminação do maniqueísmo tenha estagnado com a recessão comercial. 

Pessoas como essas tinham mais facilidade que seus semelhantes mais cultos para aceitar como verdades literais as rebuscadas revelações de Mani. Muitos desses seguidores simplórios eram excepcionalmente austeros. Como membros dos "Eleitos", equivaliam, nas comunidades maniqueístas, aos resolutos felás egípcios que, como eremitas, haviam-se tornado a maravilha do mundo cristão. "Incultos e primitivos", esses homens eram natureza, fossem particularmente admirados por intelectuais sofisticados. 

Os "Fundamentalistas", eram os homens que haviam sustentado, de maneira intransigente, as revelações que lhes tinham sido confiadas nos grandes livros de Mani. 

Mani foi um gênio da religião. Compartilhou com todos os pensadores gnósticos que o antecederam um vívido sentimento do homem como uma mistura vergonhosa de duas forças opostas, mas explicou essa mistura em termos de uma descrição plenamente detalhada do universo físico. 

Para Mani, o universo em si tinha resultado dessa mistura, e a boa nova trazida pelos maniqueus era que o mundo visível era uma gigantesca "farmácia", na qual seria "destilada" a essência pura  dos fragmentos destroçados do Reino da Luz. O maniqueísta portanto, estava inteiramente inserido no mundo visível. Todos os processos físicos a seu redor aconteciam para sua salvação. Talvez ele parecesse cultuar o Sol como um pagão, ajoelhando-se diante dele ou voltando-se para ele ao fazer suas preces. Mas um pagão se sentiria muito inferior ao Sol. Para os pagãos, os homens eram criaturas "atadas a corpos humanos e sujeitas ao desejo, à tristeza, à ira (...), as últimas a nascer, prejudicadas por inúmeros desejos"; já o Sol era claramente um "deus visível", uma mente sobre-humana, girando em ritmo perfeito muito acima do mundo. 

Um maniqueísta veria no Sol nada menos do que o brilho visível de uma parte de si mesmo, um fragmento de sua própria substância boa no estágio final de destilação, pronta a se fundir novamente no "Reino da Luz".  Ele sentiria a emoção de estar envolvido num processo inelutável, "objetivo", "cientificamente" descrito nos livros de Mani: 

"A Luz irá para a Luz,

A fragrância para a fragrância (...)

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . . . .  .

(...) A Luz retornará a seu

lugar, as Trevas cairão e não tornarão a se elevar." 

A rigor, nenhum sistema religioso jamais tratara o mundo visível de maneira tão drástica, e com tanta literalidade, como a externalização de um conflito espiritual íntimo. A imagem do universo que emergia, é claro, não era a do mundo a que estava acostumado o romano instruído, pois fora drasticamente distorcida pelas preocupações religiosas de Mani. O choque entre o conteúdo dos livros maniqueístas e os fatos observáveis do universo fisíco era quase inevitável. É que os maniqueus jamais admitiriam que sua visão do universo era um "mito" que simbolizava uma verdade mais profunda. Os quartos crescente e minguante da Lua, por exemplo, não eram apenas  a mera imagem distante de um evento espiritual: eram literalmente causados pelo afluxo de fragmentos libertos de "Luz" que ascendiam do mundo. 

A disciplina moral de um maniqueísta, seu sentimento de estar apto a conduzir uma luta espiritual até seu desfecho glorioso, dependia de ele aceitar como verdade literal a explicação de Mani sobre os movimentos do universo físico. 

Os maniqueus condenavam a astrologia: ela seria um trabalho amadorístico, se comparada à Sabedoria "objetiva" de seus próprios livros. Os maniqueístas tinham evitado as tensões do crescimento em todos os níveis. Moralmente, afirmavam não fazer mais do que "libertar" a parte boa que traziam em si, dissociando-se do que quer que entrasse em conflito com sua imagem reconfortante de um fragmento de perfeição imaculada alojado neles. Assim a disciplina maniqueísta baseava-se numa visão simplista da maneira como os homens agem. Era de um otimismo extremo, pois presumia que nenhum homem racional, uma vez "despertado" para sua verdadeira condição, poderia deixar de procurar libertar sua alma, seguindo as rotinas solenes dos maniqueus: 

"Se souber observar os rituais, ele despertará:  o fragmento de alma luminosa que existe nele retornará a sua pureza plena; e a natureza 'estrangeira' do bem que reside temporariamente em seu corpo se libertará de todos os perigos (...)" 

As complexidades da dúvida e da ignorância, as tensões profundamente arraigadas na própria cidadela da vontade, tudo isso era deliberadamente desconhecido no maniqueísmo. Apesar de todo o seu discurso sobre a "libertação", não havia espaço, na linguagem religiosa dos maniqueus, para processos mais sutis de crescimento - para a "cura" ou a "renovação". Os maniqueístas apresentavam meramente uma gnose em sua forma mais tosca. 

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COSTA, Marcos Roberto Nunes. Maniqueísmo: História, Filosofia e Religião. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2003. 

ANATALINO, João .Conhecendo a Arte Real: a maçonaria e suas influências históricas e filosóficas. São Paulo: Editora Madras. 2007. 

BROWN, Peter. Santo Agostinho: uma biografia. Rio de Janeiro: Editora Record, 2011. 

STEINER, Rudolf. O Maniqueísmo: a genuína missão do Bem e do Mal no contexto evolutivo da humanidade. São Paulo: Editora Antroposófica, 2012.

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

O MESTRE, O PUPILO E A MONTANHA DO CAOS

 Master and Pupil, de Jaques de Gheyn II (1565–1629. Manchester Art Gallery.

U

m jovem pupilo, certa vez perguntou ao seu mestre:

___Mestre, ao que se assemelha o caos? O Mestre pensou um pouco e rolou uma pequena pedra até o pupilo e disse:

___O caos assemelha-se a uma pequena pedra, que ao rolar do alto da montanha, leva consigo, mais e maiores pedras. Terminando em um desabamento que pode vir a destruir toda a montanha!  Assim é a mente do homem que não administra seus pensamentos, um dia ele joga uma pequena pedra em uma pessoa, e joga novamente em outra e assim vai jogando, até jogar pedras maiores. Um dia toda a sociedade está ferida e doente...caótica! Então esse homem vê, que tudo o que ele fez está caindo sobre ele próprio.

O pupilo então deduz:

___Então a montanha é a sociedade, as pedras nossos atos maus e o homem a humanidade!

O mestre responde com singela sabedoria:

___Sim meu jovem pupilo. Tudo que fazemos gera uma reação, boa ou má. Depende somente de nossas escolhas. Se hoje vivemos em uma sociedade caótica, foi porque assim a construímos.

Então o pupilo indaga:

___Mas, podemos mudar, não é mestre?

E o Mestre com toda sabedoria responde:

___Sim meu filho podemos, mas só depende de nós!

 

Leandro Claudir Pedroso

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Os vikings não passavam de meros saqueadores?

 Esses “homens do norte” ou nordmanni, como eram chamados nos séculos IX e X, não eram meros selvagens que atacavam as pobres populações cristãs indefesas. Seus objetivos eram variados; poderiam ser comerciais, trabalhos como mercenários protegendo reinos europeus. O esquema empregado foi o mesmo que opôs os romanos a bárbaros. Uma imagem negativa, pois revela mais sobre as representações do “outro” por parte dos clérigos carolíngios que sobre a realidade histórica dos próprios vikings.

O termo viking designa os homens que surgiram no litoral da Europa ocidental no fim do século VIII. Oriundos da Escandinávia, eles organizavam expedições a bordo de seus navios, os knorr, pelas margens do Báltico e do Mar do Norte.

Seus objetivos eram variados. Praticavam atividades comerciais importantes, mas também pilhavam as populações costeiras, às vezes subindo rios como o Reno, o Sena e o Loire. A primeira grande incursão teve como alvo as ilhas britânicas na década de 790. Pouco depois, os vikings chegaram à costa do continente europeu.

Durante grande parte do século IX, o reino da Frância Ocidental foi particularmente visado, e Carlos, o Calvo, foi obrigado a lhes pagar tributo. Em certos casos, eles se instalavam em terras estrangeiras. Foi assim com a Normandia, concedida ao líder viking Rollo por Carlos, o Simples, em 911. Em troca, o chefe viking comprometeu-se a proteger o litoral franco contra futuros ataques.

No entanto, convém relativizar a oposição entre francos e vikings. Estes não eram os únicos que praticavam a pilhagem. No século VIII, os pipinidas, à frente do reino dos francos, promoveram expedições contra os saxões ou os turíngios que não se distinguiam dos ataques vikings.

O saque representava uma ação heroica para os reis carolíngios. O butim era frequentemente exibido como prova de valor guerreiro. Pode-se dizer que, durante muito tempo, o "viking" foi o franco. Afinal, as pilhagens do século IX nada tinham de novo. Incomum foi o fato de os francos passarem a ser as vítimas.

Então por que essa imagem de bárbaros? Ela se explica pelas fontes, essencialmente clericais e monásticas. As igrejas e mosteiros eram o alvo privilegiado dos vikings, daí a reação veemente dos clérigos. Alguns, como o monge inglês Alcuíno, apresentavam os vikings como um castigo divino. Afinal de contas, faziam parte de um mundo estrangeiro, desconhecido, assustador, no qual se costumava situar os monstros descritos pelos autores da Antiguidade.

Certos missionários chegaram a ver cinocéfalos (homens com cabeça de cão) entre os pagãos do Norte. Foi assim que se construiu uma imagem que, de certo modo, espelhava o contrário do mundo franco. Os vikings eram apresentados como seres imundos, ímpios, rudes, ao contrário do mundo carolíngio, que se considerava civilizado e cristão. O esquema empregado foi o mesmo que opôs romanos a bárbaros. Uma imagem negativa, pois revela mais sobre as representações do “outro” por parte dos clérigos carolíngios que sobre a realidade histórica dos próprios vikings.

 

Rodolphe Keller 

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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

O verdadeiro significado do Natal: Conheça o Aniversariante!


 O clima do Natal ainda aquece os nossos corações. Na vida e no coração de muitos, infelizmente, a comemoração do Natal tem sido sistematicamente deturpada para satisfazer o enriquecimento do mundo dos negócios. A finalidade real do Natal, a maravilhosa mensagem que ele traz, as suas implicações eternas, o grande e sublime mistério de Deus encarnado são esquecidos. 

O Natal pode ser entendido em toda a sua dimensão quando Jesus recebe um lugar prioritário em nosso coração. Quando a pessoa entende que a vinda de Cristo trouxe luz á escuridão causada pelo pecado, quando abrimos os nossos olhos para o engano provocado pelas mentiras que o Diabo insiste em nos contar, entendemos que o Natal não é apenas um feriado, mas um dia sagrado. 

O Natal só pode ser totalmente compreendido sob a visão da cruz erguida no Calvário de sofrimentos, ou diante da surpresa e da alegria dos discípulos à beira da sepultura vazia, ou do privilégio de assistir à ascensão de Cristo. 

Para todos os que conhecem a Jesus Cristo, o Filho de Deus, a celebração do Natal não acabou, mas continua trazendo a grata felicidade, ao passo que para outros, tudo não passa de uma festa como qualquer outra que termina em poucas horas. 

O nascimento de Jesus não foi um simples acontecimento da história. Foi à vinda triunfante de Deus ao mundo, em carne, ossos e sangue para viver ao lado de suas criaturas. Infelizmente, muitos comemoram o nascimento de Cristo sem conhecer o aniversariante. Por isso, aqueles que seguem o Salvador Jesus devem proclamar o verdadeiro significado do Natal. 

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CINCO MINUTOS COM JESUS. Mensagens Diárias 2012: Porto Alegre/São Paulo, Coedição: Editora Concórdia, Hora Luterana, 2012.  

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domingo, 22 de novembro de 2020

Organização da educação no Brasil

 


Autor: Professor Adilson Bauer Silva, graduado em Geografia e pós-graduado em Metodologia do Ensino em Geografia e História.

Esta é a quarta aula que tratamos de um tema muito importante, a educação. Na primeira aula, falamos um pouco da história do acesso à educação. Na segunda, observamos em quais condições se encontram a educação no Brasil e no mundo. E na aula anterior, refletimos sobre a importância da escola e ato de estudar. Hoje veremos, de modo simples, como está organizada a educação no Brasil.

Quem organiza a educação em nosso país?

De maneira geral, a organização da educação brasileira é regida por leis e normas federais, isto significa que elas valem em todo o Brasil. As leis são feitas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal (estes formam o Congresso Nacional que fica lá em Brasília). E as normas e outros documentos que orientam o ensino podem ser criados pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). A BNCC, por exemplo, é um documento que estabelece aprendizagens mínimas que todos os alunos do país devem desenvolver durante a educação básica.

Os estados e municípios controlam os seus respectivos sistemas de ensino por meio das secretarias e dos conselhos estaduais e municipais de educação. A Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul é chamada popularmente de Seduc (ou Seduc RS). E em Cachoeirinha, nos referimos a Secretaria Municipal de Educação através da sigla SMED.

Mas o que é essa tal de educação básica? Antes de respondermos esta pergunta, devemos entender que a educação possui níveis, etapas, fases e modalidades. Certo?!

A educação básica

A educação básica ou ensino básico é um dos dois níveis da educação brasileira. Ela “tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. Para entendermos melhor o que é a educação básica basta sabermos quais são suas três etapas: a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. Ficou fácil agora!

A educação infantil possui duas fases: a creche (para crianças de até três anos de idade) e a pré-escola (para as crianças de quatro a cinco anos de idade). É obrigatória a partir dos quatro anos de idade, quando houver vagas. Vale lembrar que não devemos confundir uma escola de educação infantil (geralmente municipal e conhecida com EMEI) com uma creche, pois os objetivos destas instituições são diferentes. 

O ensino fundamental tem nove anos de duração e possui duas fases: os cinco primeiros anos são os anos iniciais e os quatro últimos são os anos finais. E, por fim, o ensino médio que abrange os últimos três anos da educação básica (em alguns estados do Brasil serão quatro anos por causa da pandemia).

A educação superior

Se você voltar a primeira frase do trecho anterior perceberá que a educação básica é um dos dois níveis da educação brasileira. Então, qual seria o outro? O outro é a educação superior, mais conhecida como ensino superior. É ela que forma professores, advogados, médicos, dentistas, administradores, engenheiros e outras dezenas de profissionais. Como popularmente falamos: é quem “fez faculdade” ou “foi para a universidade”.

Saindo do popular, faculdades e universidades são instituições de ensino superior. Um curso superior recebe o nome de graduação. Esta poderá ser um CST (curso superior de tecnologia), uma licenciatura ou um bacharelado. E não para por aí, depois dela vem a pós-graduação, sendo possível fazer uma especialização, um mestrado, um doutorado e ainda um pós-doutorado.

Ufa! Ainda bem que isto é assunto só para daqui a alguns anos!

Modalidades de ensino

De modo geral, quando a escola segue o que foi apontado até agora neste texto chamamos isto de ensino regular (é assim na nossa escola). Porém nem todos conseguem ter acesso ao ensino regular e por isso foram criadas outras maneiras de ensinar e aprender. As mais conhecidas são a Educação de Jovens e Adultos (EJA), a Educação Especial (pode ocorrer em paralelo com a regular) e a Educação a Distância (que é diferente do ensino remoto durante esta pandemia). Além destas existem ainda a Educação Profissional e Tecnológica, a Educação Básica do Campo, a Educação Escolar Indígena e a Educação Escolar Quilombola.

Cursos técnicos (cursos de educação profissional técnica de nível médio)

São cursos voltados para a atuação em uma atividade técnica específica do mercado de trabalho. Quem conclui o ensino fundamental pode se matricular. No entanto, somente aqueles que concluem o ensino médio têm direito a receber o certificado. Entre os cursos técnicos mais conhecidos estão: Administração, Eletrônica, Enfermagem, Informática, Mecânica, Meio Ambiente e Segurança no Trabalho.

Você quer saber mais?

A importância da escola e de estudar

https://construindohistoriahoje.blogspot.com/2020/11/a-importancia-da-escola-e-de-estudar.html

Uma visão geral da educação no mundo

https://construindohistoriahoje.blogspot.com/2020/11/uma-visao-geral-da-educacao-no-mundo-e.html

Cuidar do próximo em tempos de pandemia

https://construindohistoriahoje.blogspot.com/2020/10/cuidar-do-proximo-em-tempos-de-pandemia.html