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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Julgamento da História. Francisco Franco, herói ou vilão?


General Francisco Franco em 1967. Foto: Beretty-Rapho.

Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco y Bahamonde, general e estadista espanhol (El Ferrol 1892- Madri 1975). Comandando a Legião Estrangeira no Marrocos (1923 – 1927), tornou-se, em 1926, o mais jovem general da Espanha. Galgou o generalato aos 32 anos de idade pela sua capacidade revelada em Abd-el-Crim, no Marrocos. Exerceu o cargo de diretor da Acadêmia Militar de Saragoça na sequência 1928-1931. Extinta posteriormente pelo governo republicano, exilou-se nas Ilhas Baleares. Chefe do Estado-Maior do Exército (1933), participou da repressão à greve dos mineiros das Astúrias (1934). 

Afastado pela Frente Popular, que o enviou para as Canárias como comnadante-geral das tropas (1936), participou do levante nacionalista de julho de 1936, sendo, posteriormente nomeado generalíssimo e chefe do governo (29-30 de setembro de 1936) pela junta de Burgos. Proclamado caudillo, depois chefe de Estado do governo e do Exército (30 de janeiro de 1938), instaurou, ao final da guerra, um regime autoritário, teoricamente inspirado nos princípios da Falange, partido único.

Francisco Franco em 1938. Foto: Enciclopédia Larousse Cultural.

Assumiu a chefia do Estado-Maior do exército espanhol em 1935, quando da guerra civil entre esquerdistas, direitistas e monarquistas. A luta foi sangrenta e fratricida. Como falecimento de Sanjurjo, em desastre aéreo, assumiu a chefia geral das tropas fiéis aos direitistas. Recebeu ajuda dos alemães e italianos num combate aos adeptos de Moscou. Durante a II Guerra Mundial enviou a Divisão Azul para a frente russa, em socorro dos alemães, cessado aí sua ajuda. A Divisão Azul era formada por voluntários espanhóis. Em 1945 a Carta de Direitos contornou a sua difícil situação em relação a outros países aliados contra o nazi-fascismo. 

Governando com o apoio da Igreja e do Exército, criou cortes (1942) cujos membros eram eleitos pelas corporações ou nomeados pelo governo. Em 1947, Francisco Franco com suas convicções monárquicas fez com que fosse votada uma “lei de sucessão”, que estipulava que a Espanha voltava a ser uma monarquia e Franco seu protetor-regente. 

 Franco com as tropas Nacionalistas Espanhola em 1938. Imagem: Enciclopédia Barsa.

Em 1969, escolheu D. Juan Carlos de Bourbon como

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

São Bento de Nursia. “Ora et Labora”.


 
São Bento de Nursia. Imagem: Museu São Marcos

São Bento de Nursia, abade, viveu entre os anos 480 e 547d.C. É considerado o Patrono da Europa e Patriarca do monaquismo ocidental. Teve por lema “Ora et Labora” (Orai e Trabalhai), representado simbolicamente pelo arado e pela Cruz. 

Monge e teólogo italiano nascido em Núrsia, na Itália central, perto de Spoleto, Itália, fundador da Ordem Beneditina (531) e considerado o patriarca do monasticismo, cujos ensinamentos foram básicos para a fundação das ordens monásticas ocidentais no início da Idade Média. Descendente de uma família aristocrática, foi enviado a Roma para fazer estudos clássicos, mas onde formou o pensamento de que só se escapa do demônio com a reclusão e exercícios religiosos e se tornou eremita. 

Seguiu para Enfide, uma pequena comunidade de estudantes a cerca de 50 km de Roma, passando a morar em uma gruta, perto de Subíaco, nos montes Abruzzi, hoje chamada Dsacro Speco. Com o tempo sua aura de santidade começou a atrair outros seguidores e discípulos que queriam estudar com ele. Convidado pelos monges de Vicóvaro aceitou ser seu Abade, porém impôs regras severas. Um monge chamado Florentius tentou minar o trabalho e o acusou de subversão.

Depois de sofrer um atentado contra a sua vida, fugiu da região de Subíaco para construir um mosteiro em Monte Cassino (529-531), onde redigiu suas célebres normas hoje conhecidas como As Regras de São Benedito, que seria o guia de todas as comunidades monásticas posteriores. No mosteiro ele reuniu vários discípulos, congregando-os em 12 prédios com 12 membros cada um, com ele próprio como superior geral, fundando, assim, a ordem dos beneditinos, e que se transformou em um centro para aprendizado e espiritualidade. 

 São Bento de Nursia como Abade. Imagem: Subiaco (Itália), Gustavo H.

Morreu em 21 de março (547), quando orava no altar. Seu corpo, bem como o da Santa Escolástica, parecem que foram desenterrados durante o assalto a Monte Cassino na Segunda Guerra Mundial. Mas tem uma tradição que diz que foram trasladados para Fleury na França (703). O Papa São Gregório Magno (590-604) escreveu a sua vida e foi proclamado padroeiro da Europa (1964) pelo Papa Paulo VI (1963-1978) e é comemorado no dia 11 de Julho. 

Seu mosteiro de Monte Cassino tornou-se símbolo histórico de resistência, pois foi destruído e reconstruído várias vezes por terremotos e guerras, sendo sua última reconstrução ocorrida após um bombardeio durante a segunda guerra mundial.

Em todo o segundo livro dos Diálogos, Gregório nos ilustra como a vida de São Bento estava imersa em uma atmosfera de oração, principal fundamento de sua existência. Sem a oração não há experiência de Deus.
 
Mas a espiritualidade de Bento não era uma interioridade fora da realidade. Na inquietude e na confusão de seu tempo, ele vivia sob o olhar de Deus e justamente assim não perde mais de vista os deveres da vida cotidiana e o homem com suas necessidades concretas. Vendo Deus, entende a realidade do homem e sua missão. Na sua Regra, ele qualifica a vida monástica como “uma escola do serviço do Senhor” e pede a seus monges que “à Obra de Deus não se anteponha nada” .

Sublinha, porém, que a oração é em primeiro lugar um ato de escuta, que deve pois traduzir-se em ação concreta. “O Senhor espera que nós respondamos todo dia, com fatos, a seus santos ensinamentos”, ele afirma. Assim, a vida do monge se torna uma simbiose fecunda entre ação e contemplação, “a fim de que em tudo Deus seja glorificado”.
 
Em contraste com uma auto-realização fácil e egocêntrica, hoje mesmo exaltada, o primeiro e irrenunciável empenho do discípulo de São Bento é a sincera busca de Deus, sobre o caminho traçado por Cristo humilde e obediente, ao amor do qual ele não deve antepor qualquer coisa e justamente assim, no serviço ao outro, torna-se homem do serviço e da paz.
 
No exercício da obediência transformada em ato com uma fé animada pelo amor, o monge conquista a humildade. Deste modo, o homem se torna sempre mais conforme a Cristo e alcança a verdadeira autorealização como criatura à imagem e semelhança de Deus. 

À obediência do discípulo deve corresponder a sabedoria do Abade, que no mosteiro. Sua figura, delineada como um perfil de espiritual beleza e de exigente empenho, pode ser considerada como um autoretrato de Bento, pois – como escreve Gregório Magno – “o Santo não pode de modo algum ensinar diversamente de como viveu”. 

 São Bento de Nursia. Imagem: Abadia Farfa (Itália), Daniel D.

O Abade deve ser ao mesmo tempo um tenro pai e também um severo mestre, um verdadeiro educador. Inflexível contra os vícios, é, porém, chamado sobretudo a imitar a ternura do Bom Pastor, a “ajudar muito mais que dominar”, a “acentuar mais com os fatos que com as palavras tudo o que é bom e santo” e a “ilustrar os divinos mandamentos com seu exemplo”.
 
Para estar em grau de decidir responsavelmente, o Abade também deve ser alguém que escuta “o conselho dos irmãos”, porque “mesmo Deus revela ao mais

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A Pirâmide Perdida de Djedefre.


Reconstrução grafica da Pirâmide de Djedefre. Imagem: History

Durante uma escavação em um lugar afastado do Planalto de Gizé, uma equipe de arqueólogos encontrou evidências de uma quarta pirâmide. Construída pelo Faraó Djedefré (Dyedefra), filho e sucessor de Quéops (Keops), ficou esquecida e soterrada pelas areias do deserto por mais de 5000 anos. 

Uma equipe de arqueólogos foi responsável por descobir essa pirâmide gigante. À medida que escavam nas profundezas das câmaras da pirâmide, as provas mostram que esta é a quarta e última pirâmide de Gizé. A sua construção, há cinco mil anos, foi uma corrida contra o tempo. Em apenas sete anos, entre a sua subida ao poder e a sua morte, o envelhecido faraó Djedefré estava determinado em exceder os

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Crucificação, a mais cruel pena de morte



O texto da cruz em três linguas: hebraíco, latim e grego. Imagem: Notícias de Israel.

Quando as procissões passam pela Via Dolorosa em Jerusalém, no formato das cruzes e nas diferentes liturgias não se reconhece apenas a grande variedade da cristandade mas também a riqueza inesgotável da imaginação religiosa. Se, porém, analisarmos a consumação desse tipo de pena de morte de maneira distanciada de todas as tradições eclesiásticas, uma fria e sóbria realidade arqueológico-científica apaga a aura glorificada que estamos acostumados a ver ao redor da cruz, e ela passa a ser o que era em suas origens – a mais cruel, “mais terrível” (Cícero) e “mais miserável de todas as formas de pena de morte” (Flávio Josefo).

A crucificação como pena de morte chegou até Roma como “morte de escravo”, através da Pérsia de Zoroastro, por meio dos gregos. Para os judeus, a crucificação era desconhecida. Crimes especialmente graves eram castigados no antigo Israel com o apedrejamento ou estrangulamento do condenado, sendo o mesmo depois pendurado no “madeiro maldito”.

“Se alguém houver pecado, passível da pena de morte, e tenha sido morto, e o pendurares num madeiro, o seu cadáver não permanecerá no madeiro durante a noite, mas certamente o enterrarás no mesmo dia.”  (Deuteronômio 21:22-23)

Só pela influência dos gregos, que entraram para a História como “helenistas humanísticos”, a crucificação de pessoas ainda vivas se tornou popular. 

Antíoco Epifânio, o tirano greco-sírio (175-164 a.C), proibiu aos judeus, sob ameaça de crucificação em vida, a prática da circuncisão que lhes era obrigatória. Em 7 d.C. o romano Quintinus Varus mandou pregar na cruz 2.000 judeus revoltosos. A sentença romana soava: “Ibis ad Crucem! – Subirás à cruz!” O historiador Flávio Josefo descreve como incontável o número de judeus que foram mandados à crucifixão pelo procurador romano Félix (52-60 d.C). Segundo o costume romano, os condenados eram crucificados completamente nus.


Ramo de espinhos do "atad". Imagem: Notícias de Israel.

O condenado à morte na cruz era conduzido ao local da execução fora da cidade. Durante o trajeto, ele tinha que carregar a trave horizontal; em seu pescoço era pendurada uma placa com seu nome, sua origem e o crime de que era culpado. A viga vertical já se encontrava, deitado no chão, tinha então suas mãos pregados na trave horizontal que gavia trazido.

Os cravos de 20 cm de comprimento e de 2-3 cm de espessura eram pregados nos pulsos para que o corpo esmorecido não se desprendesse da cruz posteriormente. Depois, a trave horizontal com a pessoa pregada era levantada e encaixada em um entalhe da viga, e os pés da pessoa eram pregados. Os romanos deixavam os crucificados como alimento para as aves. Só os judeus conseguiram o direito especial de tirar os crucificados da cruz. Quando os romanos estavam de bom humor, permitiam que se desse de beber aos infratores uma bebida alucinógena – a fim de amenizar a dor – uma mistura de mirra e vinagre ou vinho. Em troca, entretanto, os romanos zombavam antes dos condenados e os coroavam como reis, colocando em suas cabeças coroas de espinhos, trançadas com ramos novos do “atad” (Zizipus lotus), cujos espinhos alcançam 12 cm de comprimento e são terrivelmente dolorosos.


Foto de osso dos pés com cravo de crucificação encontrado em Jerusalém. Imagem: Notícias de Israel.

Devido à variedade de idiomas falados pela população que vivia em Jerusalém, uma placa era confeccionada em três línguas, em

domingo, 26 de agosto de 2012

Educadores Multiplicadores



É com grande satisfação que venho anunciar o ingresso do blogue Construindo História Hoje à Rede de Blogues Educadores Multiplicadores.

Por meio dos Educadores Multiplicadores será possível compartilhar e trocar experiências com outros educadores e assim beneficiando a cultura e os blogues participantes. Tornando-se melhores mecanismos de auxilio na Educação.

Se você também possui um blogue e deseja fazer parte dos Educadores Multiplicadores, acesse: http://www.educadoresmultiplicadores.com.br, e informe-se como participar.

Agradecimentos ao Professor Gilberto Cantu que indicou o Construindo História Hoje aos Educadores Multiplicadores.

Leandro Claudir

Você quer saber mais?




sábado, 25 de agosto de 2012

Permanência do Fenômeno Revolucionário. PARTE II.


Permanência do Fenômeno Revolucionário. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

Matéria e espírito – O critério a que subordino minha crítica, não exclui, pois, a necessidade e permanência das Revoluções. Mas essa necessidade não é biológica e essa permanência não obedece ao determinismo materialista; pelo contrário: uma e outra se explicam segundo os impositivos do Espírito Humano, mundo a parte, perpetuamente criador e modificador, agindo paralelamente ao desenvolvimento das forças materiais das sociedades, contendo em si mesmo a sua própria dialética, exprimindo-se segundo o seu próprio sentido.

De um lado, perpetuando a evolução das Espécies, determinando o crescimento social, multiplicando os fatos objetivos da história, as energias cegas da Matéria e da Força, conjugando-se em renovados efeitos; de outro lado, prolongando indefinidamente o rumo da Civilização no que esta tem de ético, especulativo, artístico ou religioso, as energias poderosas do Espírito, exprimindo-se em Afirmação e em Negação, criando as dúvidas fecundas e as certezas triunfais.

Os dois planos da História – A Humanidade caminha segundo esses dois planos: o primeiro coletivo, global, movimento de massa, rumos inconscientes de povos; o segundo, individual, singular, atitude isolada do Homem, desferindo impulsos modificadores.

Esses impulsos, porém não podem ser anacrônicos ou antecipados, a menos que se  conferisse um poder absoluto à faculdade criadora do Homem. Neste caso, teríamos de aceitar, não dois mundos autônomos, e sim dois mundos isolados, gravitando segundo centros próprios de equilíbrios originados de essências diversas. Não teríamos uma concepção útil e bela, modificadora de uma “verdade provisória” (para usarmos a Expressão fantasista de Vahinger), mas uma verdade opondo-se a outra verdade.

Aceitamos a gravitação harmoniosa dos contrários. Um mundo de fatos históricos girando em torno da ideia suscitadora de novas expressões. A ideia marcha como o sol, em torno de outros sóis; por isso, como os planetas sem luz própria e subordinados a um sistema, jamais os fatos históricos se repetem nas mesmas circunstâncias.

A comparação na História – Nada mais inseguro do que a comparação histórica. Na matéria dos acontecimentos há apenas a considerar a sua substância e esta é a lição sintética que nos deixou a ciência de Maquiavel.

Porque as circunstâncias de espaço, de tempo, de volume, de massas e de energia desenvolvida desfiguram os episódios de cada ciclo considerado. E também a força da ideia e a capacidade e possibilidade de ação, a localização das incidências das energias revolucionárias variam em cada momento histórico.

Essa variabilidade demonstra o valor consciente da Idéia-Força em relação ao valor inconsciente do Fato Histórico.

Realmente. Cada Revolução, objetivando restabelecer um equilíbrio perdido, desloca certa soma de força que:

1°) ou não chega a corresponder a um quantum matemàticamente preciso;
2°) ou leva um superávit de energia;
3°) ou não se distribui proporcionalmente.

Revolução e Espírito – O inconsciente não erra. Não que lhe repugne o erro; mas pelo fato da nenhuma significação para ele, da verdade ou do erro. Em qualquer sentido que se desenvolva, o inconsciente está certo, ou melhor, está conforme a sua natureza, que não é certa nem errada,  segundo o interesse do Homem.

A Ideia Revolucionária – A ideia é, pois, pelo fato de poder manifestar-se errada ou certa, o resultado das elaborações do Espírito fora dos impositivos da matéria inconsciente. A Ideia Revolucionária, portanto, transcende ao materialismo histórico e ao determinismo evolucionista.

A Ideia é autônoma, justamente porque