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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Evola e Gentile (parte 1 de 3)

Segue a primeira parte de nosso trabalho sobre "Evola e Gentile", que seria a base de nossa palestra no "Encontro Nacional Evoliano" iniciado hoje (15/12) na Paraíba, mas que infelizmente não poderemos proferir por motivos alheios à nossa vontade.


Evola e Gentile
Por Victor Emanuel Vilela Barbuy

Mestre do denominado Tradicionalismo Integral e mais importante pensador esotérico antimoderno de todos os tempos ao lado de René Guénon, de quem se considerava discípulo e cuja obra A crise do Mundo Moderno (La crise du Monde Moderne) traduziu para o idioma italiano e prefaciou[1], Evola é, sem sombra de dúvida, o autor mais influente nos círculos da chamada Nova Direita europeia. Giorgio Almirante, fundador e secretário do Movimento Social Italiano (MSI) e principal líder da denominada Direita italiana entre a segunda metade da década de 1940 e o final da década de 1980, declarou, certa feita, que Evola era “o nosso Marcuse, mas melhor”[2], e o filósofo Franco Volpi, que foi Professor de História da Filosofia da Universidade de Pádua e colaborador do jornal La Repubblica, afirmou, de acordo com o escritor e jornalista Giano Accame, em entrevista ao telejornal Tg1, da RAI, que “os grandes do pensamento italiano do século XX são três: Croce, Gentile e Evola”[3].
Mestre do Attualismo, Giovanni Gentile é, na abalizada opinião do filósofo e historiador da Filosofia Michele Federico Sciacca, o maior filósofo italiano do século 20[4]. Conhecido como o “filósofo do Fascismo”, ou, como diria Evola, o filósofo “especificadamente fascista”[5], Gentile é inegavelmente o principal doutrinador do Fascismo ao lado de Benito Mussolini, com quem, aliás, colaborou na redação do famoso texto A Doutrina do Fascismo (La Dottrina del Fascismo), que, publicado em 1932 na Enciclopédia Italiana (Enciclopedia Italiana), se constitui no mais importante texto doutrinário fascista. Organizada por Gentile e publicada graças ao mecenato do Senador Giovanni Treccani, a Enciclopédia Italiana é, sem dúvida, uma das mais importantes enciclopédias de todo o Mundo e um dos grandes legados do autor da Teoria geral do espírito como ato puro (Teoria generale dello spirito come atto puro), ao lado da reforma do ensino que levou a cabo como Ministro da Instrução Pública do Reino da Itália e, é claro, de sua Filosofia Atual, que faz dele o maior filósofo idealista desde Hegel.
Patrick Romanell, que foi Professor de Filosofia da Universidade do Texas, afirma, na introdução que fez à sua tradução do Breviário de estética (Breviario di estetica), de Benedetto Croce, que Gentile “carrega tanto a honra de haver sido o mais rigoroso neo-Hegeliano de toda a história da filosofia ocidental quanto a desonra de haver sido o filósofo oficial do Fascismo na Itália”[6].
Concordamos com Romanell quando este afirma que Gentile porta a honra de haver sido o mais rigoroso pensador neo-Hegeliano da história da filosofia ocidental. Discordamos dele, porém, quando afirma que o filósofo do Attualismo leva a desonra de haver sido o “filósofo oficial do Fascismo na Itália”, posto que, embora discordemos de certos aspectos da Doutrina do Fascio, todos eles de caráter não-tradicional, reconhecemos o valor e a importância histórica do Fascismo, lídimo representante italiano dos Movimentos tradicionalistas de renovação nacional florescidos em todo o Mundo durante os primeiros decênios do século XX e que teve o mérito de salvar a Itália do liberalismo e do comunismo, de dar a ela a Ordem e o Desenvolvimento e de reconduzi-la a sua vocação histórica, herdada do Império Romano, de dilatar o Imperium e a Auctoritas.
Dentre os aspectos não-tradicionais do Fascismo a que fizemos referência no parágrafo precedente, podemos destacar a estatolatria e o modelo corporativo de cunho estatizante, que via nas corporações meros órgãos do Estado Totalitário, ao passo que o corporativismo tradicional, que encontrou seu apogeu na tão gloriosa quanto achincalhada era conhecida como Idade Média, se caracterizou pela autonomia das corporações, que, em vez de meros órgãos do Estado eram a peça-mestra da Sociedade.
Isto posto, cumpre assinalar que os aspectos não-tradicionais do Fascismo não são suficientes para fazer dele um Movimento não-tradicional. Aliás, a Revolução Fascista, movida pela Vontade de Transcendência e pela Vontade de Império e profundamente inspirada na Tradição da Eterna Roma dos Césares, foi, inegavelmente, uma Revolução Tradicional no mais alto sentido da palavra. E, uma vez que falamos em Fascismo e em Tradição, julgamos oportuno transcrever algumas palavras do Duce Benito Mussolini, no Breve prelúdio (Breve preludio) ao primeiro número da revista Gerarchia, por ele dirigida, em 1922, e transcritas no livro Tempos da revolução fascista (Tempi della rivoluzione fascista): “A tradição é certamente uma das maiores forças espirituais dos povos, porquanto forma sucessiva e constantemente o seu espírito”[7].
Pouco adiante, observa o Duce que, conciliando os conceitos de “conservação e de renovação, de tradição e de progresso”, os fascistas “não nos agarramos desesperadamente ao passado, como a uma tábua suprema de salvação, nem nos atiramos de olhos fechados nas nuvens sedutoras do futuro”[8].
Registre-se, ademais, que o Fascismo é, inegavelmente, um “movimento revolucionário que modelou grande parte da história do século XX”, como registra A. James Gregor (cujo verdadeiro nome é Anthony Gimigliano), Professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e um dos mais importantes e honestos estudiosos do fenômeno fascista na Itália[9]. Ainda segundo Gregor, o principal aspecto que diferencia o totalitarismo de Mussolini daqueles de Stálin e de Hitler é a coerência de sua doutrina. Como sublinha o referido autor, “mesmo antes de sua ascensão ao poder, o Fascismo havia articulado uma consistente e relevante ideologia [diríamos doutrina] de renovação nacional e desenvolvimento, predicada na suposição de que somente uma unidade ‘orgânica’ de todos os elementos da comunidade serviria aos propósitos de uma nação ‘proletária’ em sua desigual disputa com as ‘plutocracias’”[10] Ademais, de acordo com o autor de Giovanni Gentile: Filosófo do Fascismo (Giovanni Gentile: Philosopher of Fascism), “o Fascismo possui uma ideologia [mais uma vez, diríamos doutrina] que era mais coerente e relevante para a revolução moderna do que praticamente qualquer outra coleção de ideias do século XX”[11], havendo os “intelectuais do Fascismo de Mussolini criado a mais consistente, coerente e relevante lógica doutrinária para a reação nacionalista e as revoluções desenvolvimentistas em nosso tempo”[12].
Feito este longo parêntese, voltemos a falar de Evola e de Gentile, que são os temas centrais da presente palestra.
Gentile jamais admirou Evola e o seu ideário, havendo sido devido, sobretudo, a ele o fato de o pensamento evoliano haver marchado no silêncio durante a Era Fascista. Isto se explica em virtude de Gentile haver sido a figura de proa da nau da Cultura Italiana durante o vintênio fascista e também durante os primeiros meses da República Social Italiana, também conhecida como República de Salò, isto é, até seu assassinato, em abril de 1944.
Faz-se mister sublinhar, contudo, que Gentile reconheceu, ao menos parcialmente, o valor de Evola nos campos do esoterismo e da alquimia, tanto que solicitou ao pensador tradicionalista esotérico que fosse o curador do verbete sobre a revista iniciática Atanòr na Enciclopédia Italiana.
Evola também jamais admirou Gentile, a quem votou mesmo, na expressão do pensador e escritor português António José de Brito, “injusto desprezo”[13], havendo chegado a afirmar que era tão somente por ignorância ou por um “provincialismo intelectual” que pensadores como Croce e Gentile, que ele sequer considerava filósofos, haviam podido ser levados a sério e mesmo admirados na Itália. Na opinião do pensador esotérico, era necessário não haver estudado diretamente “os grandes sistemas do idealismo transcendental germânico”, não haver tomado conhecimento dos “problemas imanentes que conduziram, por exemplo, além de Hegel, ao ’segundo’ Fichte e ao ‘segundo’ Schelling, a Schopenhauer e ao próprio von Hartmann, para não perceber que Croce e Gentile não são senão dois fracos epígonos, cujo único mérito é o de haver conduzido ao absurdo as posições do idealismo absoluto, até um verdadeiro e próprio colapso especulativo”[14].
O pensamento filosófico e religioso de Evola e de Gentile é muito diverso, o mesmo se dando em relação ao pensamento político de ambos, tanto que os aspectos que Evola mais condena no Fascismo são os aspectos do mesmo mais afirmados por Gentile, a exemplo do Estado Ético de inspiração hegeliana, do nacionalismo, do culto do Trabalho e do culto do Risorgimento e de seus heróis, ou profetas, vistos como precursores do Fascismo. Com efeito, assim afirma o filósofo do Idealismo Atual em seu artigo intitulado Risorgimento e Fascismo, publicado em 1931, na revista Politica sociale e em diversos jornais e transcrito na obra Memórias italianas e problemas da filosofia e da vida (Memorie italiane e problemi della filosofia e della vita), de 1936:

"O Fascismo é filho do Risorgimento: do Risorgimento heróico, criador de um Estado moderno, que é potência política na medida em que é potência econômica e civilização: um homem novo, vivo, são, inteligente, original.
Perder este fio, rompê-lo, não pode ser e não é de interesse do Fascismo. Cuja revolução é progresso na medida em que é restauração: consolidação das bases para edificar-vos sobre um sólido edifício, alto, na luz. Toda originalidade sem tradição, como toda espontaneidade sem disciplina, é veleidade estéril, não vontade viril. Capricho, não programa. Não é o espírito do Fascismo, mas sua caricatura"[15].

Isto posto, cumpre assinalar que, na opinião do autor de Os profetas do “Risorgimento” Italiano (I profetti del Risorgimento Italiano), o Risorgimento foi um movimento de cunho tradicionalista, coincidindo com aquela renovação geral que pode ser considerada lato sensu como Romantismo, considerando Vincenzo Gioberti e Antonio Rosmini, dois dos principais vultos do Risorgimento, como os mais importantes pensadores tradicionalistas italianos[16].
Tal não é, como bem sabemos, a opinião de Evola. Ao contrário, sempre foi ele um agudo crítico do Risorgimento. Com efeito, para o filósofo do Idealismo Mágico, Giuseppe Mazzini – que para Gentile era um dos grandes precursores da Nova Itália[17] – “não é senão o expoente italiano do protestantismo e do mal europeu[18].
A despeito, porém, de todas as divergências, Evola e Gentile têm importantes elementos em comum: ambos são grandes filósofos e doutrinadores políticos; ambos são tradicionalistas, ainda que cada qual a seu modo; ambos, por fim, pertencem ao rol dos maiores vultos do pensamento universal do século XX e também ao rol dos maiores vultos da denominada Terceira Posição, ao lado de nomes como os de Gabriele D’Annunzio e Giovanni Papini, Luigi Pirandello e Alfredo Rocco, Filippo-Tomaso Marinetti e Ardengo Soffici, Ugo Spirito e Giuseppe Prezzolini, Giorgio Del Vecchio e Gino Arias, Sergio Panunzio e Robert Michels, Martin Heidegger e Carl Schmitt, Gottfried Feder e Ferdinand Fried, Ernst Jünger e Knut Hamsun, Ezra Pound e T.S. Eliot, G.K. Chesterton e Hilaire Belloc, Sir Oswald Mosley e Wyndham Lewis, D.H. Lawrence e Louis-Férdinand Céline, Drieu la Rochelle e Robert Brasillach, Charles Maurras e Maurice Barrès, Léon Degrelle e Henri de Man, Corneliu Codreanu e Mircea Eliade, José Antonio Primo de Rivera e Ramiro de Maeztu, António Sardinha e João Ameal, Francisco Rolão Preto e Fernando Pessoa, sem falar nos nossos Plínio Salgado e Gustavo Barroso, Miguel Reale e Alfredo Buzaid, Câmara Cascudo e San Tiago Dantas, Gerardo Mello Mourão e Tasso da Silveira, Goffredo e Ignacio da Silva Telles, Jackson de Figueiredo e Arlindo Veiga dos Santos.
Feitas essas considerações, passemos a falar, separadamente, da vida e da obra dos dois grandes pensadores de que cuida a presente palestra, principiando por Julius Evola.

[1] GUÉNON, René. La crisi del Mondo Moderno. Trad. italiana e intr. de Julius Evola. Roma: Edizioni Mediteranee, 2003.
[2] ALMIRANTE, Giorgio, apud LAMENDOLA, Francesco. Alcuni aspetti del pensiero filosofico di Julius Evola. Disponível em: http://www.juliusevola.it/documenti/template.asp?cod=615. Acesso em 16 de novembro de 2010.
[3] Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=YMUtRc3u4SI. Acesso em 16 de novembro de 2010.
[4] SCIACCA, Michele Federico. História da Filosofia - vol. III. São Paulo: Mestre Jou, 1962, p. 216.
[5] EVOLA, Julius. Gli uomini e le rovine. 1ª ed. Roma: Edizioni del`Ascia, 1953, p. 21. Apud BRITO, António José de. Apontamentos sobre Julius Evola. Disponível em: http://cadernosevolianos.weblog.com.pt/arquivo/093086.html. Acesso em 16 de novembro de 2010.
[6] ROMANELL, Patrick. Translator's Introduction. In CROCE, Benedetto. Guide to Aesthetics. Trad., intr. e notas de Patrick Romanell. 2ª ed. Indianápolis: Hackett Pub Co Inc, 1995, p. VIII.
[7] MUSSOLINI, Benito. Tempi della rivoluzione fascista. Milão: Alpes, 1930, p. 13.
[8] Idem, p. 14.
[9] GREGOR, A. James. Presentazione. In PIRAINO, Marco e FIORITO, Stefano. L’identità fascista: Progetto politico e dottrina del fascismo. 2ª ed. Lulu Enterprises, 2009, p. 5.
[10] Idem. Phoenix: Fascism in our time. 1ª ed., 4ª reimpr. New Brunswick: Transaction Books, 2009, p. 176.
[11] Idem, p. 21.
[12] Idem, p. 184.
[13] BRITO, António José de. Apontamentos sobre Julius Evola. Disponível em: http://cadernosevolianos.weblog.com.pt/arquivo/093086.html. Acesso em 16 de novembro de 2010.
[14] EVOLA, Julius. Gentile non è il nostro filosofo. Disponível em: http://www.juliusevola.it/documenti/template.asp?cod=373. Acesso em 16 de novembro de 2010.
[15] GENTILE, Giovanni. Risorgimento e fascismo. In Idem. Memorie italiane e problemi della filosofia della vita. Florença: G. C. Sansoni – Editore, 1936-XIV, p. 120.
[16] Idem. La tradizione italiana. In Idem Frammenti di estetica e di filosofia della storia. Florença: Le Lettere, 1992, pp. 112-113.
[17] Cf. Idem. Mazzini e la Nuova Italia. In Idem. I profetti del Risorgimento Italiano. 3ª ed. acresc. Florença: G. C. Sansoni-Editore, 1944-XXII, pp. 127-152.
[18] EVOLA, Julius. Imperialismo pagano: Il fascismo dinnanzi al pericolo euro-cristiano. 4ª ed. corrigida, com dois apêndices e Heidnischer Imperialismus. Roma: Edizioni Mediteranee, 2004,p. 93.

Você quer saber mais?

http://cristianismopatriotismoenacionalismo.blogspot.com/

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

AS CIVILIZAÇÕES QUE OS EUROPEUS DESTRUÍRAM

O Grande "Achado" da história!

Captura de Atahualpa por Francisco Pizarro

1-É possível nomear aquele que já tem nome?

2- É possível colocar-se como deus diante dos homens e ditar seus caminhos?

3-É possível chegar a uma terra e dizer que a História começa com a sua chegada, como se os nativos estavam estáticos; sem idioma, cultura ou organização própria como se estivessem parados no tempo e só começassem a se movimentar com a chegada do europeu?

4-É possível destruir culturas que em muitos aspectos supera a sua?


R-Os Espanhóis mostraram para a humanidade que sim!

Quando os europeus chegaram ao continente que denominariam América (A popularidade trazida pelas narrativas das viagens de Américo Vespúcio converteu-o num dos autores mais vendidos à época. Foi o cartógrafo Martin Waldseemüller quem primeiro nomeou o novo continente de América em sua homenagem em 1507).

Eric o vermelho (Eiríkur rauði). Xilogravura frontispício de 1688 Icelandic publication of Arngrímur Jónsson's Gronlandia (Greenland). Fiske Icelandic Collection.

Agora que sabemos porque nosso continente traz um nome de um europeu ao invés de um nome de um herói ou deus nativo, vamos olhar um pouco para o homem que foi Ele chegou à costa do atual Canadá e EUA, aonde denominaram a terra de o primeiro europeu a chegar a América, no ano 1000 dc Erik o Vermelho um Viking. Vinland devido ao grande número de vinhas ali encontradas, mas devido à distância impediu que realizassem um contato mais freqüente com o continente. O ponto do continente onde mais permaneciam é hoje a denominada Ilha da Groenlândia aonde na época chegaram a cultivar cereais em toda parte sul da ilha devido ao clima local mais ameno que o atual.

Malinche e Cortés in Tlatelolco. Codex da História de Tlaxcala (s.XVI)

Agora falaremos de quem oficialmente segundo eles mesmos foram os primeiros europeus a chegarem na nomeada América, falaremos de Colombo e sua chegada ao novo continente, e sua repercussão no mundo que pensavam na época ser bem menor e isso se dava não só na Europa em relação ao restante da Ásia e África, mas também aqui na América onde os povos nativos não se conheciam em sua totalidade.

O desembarque de Colombo é um símbolo de um grande processo, cuja conseqüência é a globalização da humanidade. Segundo o autor Miguel Leon Portilla nós americanos só podemos comemorar esse acontecimento e não celebrar, porque nesse processo houve abusos e a morte de 50 milhões de nativos. O mesmo número de mortos que houve na II Guerra Mundial.

Engraçado ninguém lembrar disso? Mas devemos comemorar, pois não podemos permitir que esse fato horrendo ocorrido com os nativos caia no esquecimento.

Outro problema a ser abordado é alguns conceitos inseridos pelos europeus aos nativos, como certas terminologias errôneas.

Quando Colombo teve o primeiro contato com os nativos chamou-lhes de “Índios”. Essa denominação surgiu porque se julgou terem chegado às Índias e por isso passou a se chamar de índios aos habitantes da região. Uma denominação errada que não foi corrigida mesmo depois de descobrirem que não estavam nas Índias, pois não se deram ao trabalho de respeitar a designação que cada povo tinha e mantiveram a sua absurda nomenclatura.

No período colonial, índio para o espanhol era aquele que deveria trabalhar nas minas, cidades e fazendas, ser reconhecido como índio era sinônimo de trabalho compulsório para aqueles de sangue e cor de pele que consideravam inferiores, bem apropriado para o colonizador espanhol branco.

Cortés e a Malinche com Monctezuma em Tenochtitlán. Facsimile (c. 1890) Lienzo de Tlaxcala.

Dentro do mesmo problema temos a designação de “altas culturas” que era aplicada pelos europeus somente aos povos da Confederação Asteca e ao Império Inca que sobrepujaram outros povos das suas respectivas regiões. Enquanto o correto é que todas as sociedades americanas que passaram pelo processo de adoção da agricultura extensiva e da revolução urbana deveriam receber essa designação.

Abordando a terminologia altas culturas da outra forma da se uma impressão de dominação política dos Astecas e Incas sobre os outros povos. Tanto Astecas como os Incas, no período anterior as suas expansões, eram tribos no mesmo estágio cultural que seus vizinhos e em certo momento, chegaram a estar a eles subordinados. Por um processo especifico, e numa expansão rápida, passaram a subjugar, dominar e tributar outros povos, outrora seus iguais.

Desta forma identificar somente Astecas e Incas como as altas culturas é esquecer a rede de dominação e tributação construída por estes Estados, além de referir-se a culturas que se tornaram hegemônicas e dominantes a partir de uma expansão militar, e não por uma suposta sofisticação cultural própria e autônoma.

Outro termo avassalador para aqueles que almejam o respeito aos nativos da nomeada América é o Pré-Colombiano, pois essa expressão supõe que estas sociedades não têm História e que, no máximo, a História se inicia com a chegada do europeu civilizado e culto. Posicionando como marco da História da nomeada América é a chegada de Colombo e com ele veio a forma civilizada de viver.

Quando estudamos o Império Inca (América do Sul) e Asteca (América Central) nos é revelado a existência de sociedades extremamente complexas e hierarquizadas com mitologia e religião próprias a sua realidade.

A Confederação Asteca tem sua origem na cultura mãe da civilização meso-americana a cultura Olmeca (um exemplo de sua cultura é o centro cerimonial de La Ventana) e seus predecessores. Os mexicas provenientes do norte instalaram-se no vale do Anahuac em 1168 as margens do lago Texcoco e assimilaram para sua cultura muito da cultura Olmeca. O conflito pela terra com as cidades vizinhas leva-os lentamente a vitórias consecutivas onde foram edificando templos, casas, palácios, aquedutos e montou-se uma burocracia estatal e hierarquizou-se a religião. Sua economia baseava-se no modo de produção tributário que exige que as comunidades aldeãs extraiam da terra o alimento necessário para sua auto-sustentação e a manutenção da Classe-Estado. Teotihuacán era sua capital e era composta por um conjunto arquitetônico ligado por diversas estradas. O fim de sua civilização veio com a chegada de Hernando Cortes um navegado Português a serviço da coroa espanhola que esteve no México em 1519, em expedição onde submeteu os Astecas tornando-se governador geral do México em 1521. Praticou uma serie de castigos aos nativos da região, tornando-se famoso por suas crueldades.

Conquistadores espanhoís massacraram o glorioso Império Inca

Falaremos um pouco sobre o Império Inca que não foi nada mais nada menos que o sucessor de culturas anteriores, períodos em que as autoridades centrais conseguiram controlar as comunidades das montanhas e costeiras. O Horizonte (Império) Primitivo era centrado em Chavín de Huantar um templo nas montanhas lestes que teve seu apogeu a uns 3000 anos atrás, quando influenciou outras colônias da região. No Horizonte (Império) Médio temos Tiahuanaco perto do lago Titicaca na Bolívia e Huari no atual Peru, ambos foram verdadeiras colônias urbanas de Estados de vasta extensão há 2500 anos atrás. No Período Intermediário Tardio que corresponde aos séculos imediatamente anteriores a expansão inca, tinha sido um tempo de guerras. A expansão inca daria se por meio de 8 comunidades que procediam da região Colha próxima do lago Titicaca, de língua aimará. Apos submeterem as populações locais de língua quíchua concentraram esforços em dominar o vale onde construiriam sua futura capital.

O Império Inca, respeitando as antigas funções das comunidades aldeãs chamadas ayullus, incorporou militarmente outros estados impondo uma unidade política, econômico-social e religiosa, justificando a denominação de Império. A ideologia transmitida pelos incas aos povos submetidos referia-se ao soberano como filho do sol que lhe outorgava proteção divina. Sendo assim o Império Inca era apresentado desta forma: os historiadores oficiais escreviam duas historias; uma para a hierarquia e outra para o povo. Na segunda versão se excluía tudo o que pudesse diminuir o respeito e a fidelidade ao soberano, a História foi deliberadamente falsificada para divinizar o inca e tornar sua vontade a dos deuses.

Fato interessante em relação às conquistas incas é a apropriação e adaptação de costumes e técnicas de outros povos a sua sociedade. Aquilo que encontrassem em uma cultura que fosse ser útil ao Império eles utilizavam, um exemplo é o sistema de correio e o sistema numérico através de cordas que foram assimilados da cultura Chimu pelos incas conquistada.

A partir de Cuzco o Império estava dividido em duas partes subdivididas em quatro. Nas regiões rebeldes os incas designaram governadores para substituir o senhor natural.

O Império organizava sua economia pelo sistema de Mita que correspondia ao serviço prestado ao inca nas mais diferentes formas. Como na função de soldados, na agricultura, no trabalho de pedreiros, todos eles constituíam dispêndio de energia em beneficio do Estado, devidos, em proporções diferentes, por quase todos os grupos étnicos incorporados pelos incas (Tahuantinsuyo: Quatro cantos).

Não havia doação ou pagamento de qualquer coisa com seus próprios recursos se não contarmos as terras cultivadas em beneficio do Estado. Os únicos itens cedidos em espécie ao estado eram fornecidos por aqueles que não haviam constituído família. A real grande renda do Estado consistia na prestação de energia e tempo gasto em beneficio do Estado num grande numero de empreendimentos.

Outra política utilizada pelos incas para manter o controle sobre os povos conquistados era o reassentamento que funcionava num sistema de deportação da população local para outro local e suas fazendas eram concedidas aos mitmacs (povos fieis aos incas e que manteriam a região sob vigilância e controle dos incas).

Esse processo foi intensificado com a expansão rápida, pois a necessidade de povos fieis em meio a recém conquistados se fazia necessária. Para contabilizar a produção os incas utilizavam os quipos, longos cordões aos quais eram amarrados cordõezinhos onde se faziam diferentes tipos de nós, como sinais que eram usados tanto na contabilidade como para registrar fatos históricos.

O Império Inca, igual ao Asteca ou ao Maia, era um sistema econômico-politico-ideologico que tinha como base o modo de produção tributário avançado, baseado na exploração da comunidade aldeã por uma classe-Estado, formada por sacerdotes, guerreiros e burocratas.

O socialismo no Império Inca como proposto por diversos autores não passa de uma ilusão, pois se o socialismo é o ato pelo qual todos os bens de uma sociedade são distribuídos de modo eqüitativo entre todos os seus membros isso não se refere ao Estado inca onde na região do Titicaca o Estado exigia 80 mil cabeças (lhamas, Guanacos, Vicunhas e Alpacas) por ano para cada 15 mil tributados. Se isso corresponde a um sistema socialista não compreendo como devo denominar um sistema opressor.

O conquistador Espanhol Francisco Pizarro foi o carrasco dos incas, pois em 1530 desembarcaram em San Mateo e atingiram Cuzco, apoderando-se da cidade e capturando o inca Atahualpa, que ficou prisioneiro como refém. Os espanhóis assassinaram traiçoeiramente Atahualpa, originando lutas, que terminaram coma a vitória dos conquistadores. Pizarro recebeu o título de marquês com jurisdição até os confins da nação inca. Sua crueldade e orgulho desmedidos empanaram suas qualidades militares e seu arrojo.

Quando chegaram no continente que seu egocentrismo nomeou América os europeus somente queriam três coisas metais preciosos, especiarias e expandir a fé cristã. Todos esses três itens em detrimento de qualquer coisa ou até mesmo pessoas que se opusessem a eles ou simplesmente estavam no caminho deles. Não pouparam crianças, idosos e mulheres nesta devastadora jornada da ganância.

Quando abordamos os quesitos de metais preciosos e especiarias nossos invasores não tinham a menor idéia de respeito à natureza como também não tinham pelos nativos. Agora quando falamos de expansão da fé Cristã não podemos aceitar como dizem alguns autores que a religião legitimou toda a barbárie e usando da Bíblia esses autores se valendo de trechos isolados colocam o Homem Cristão servo de um Deus Antropocêntrico que permite ao mesmo utilizar a natureza como quiser até mesmo destruí-la por completo, não vou citar versículos, mas é notório ao mais leigo cristão praticante que as Sagradas Escrituras jamais legitimam a destruição da criação de Deus. É algo contraditório com a natureza divina e sua própria palavra.

Os espanhóis mataram, estupraram, torturam e mutilaram em nome de sua própria ganância, em nome de sua luxuria, em nome da coroa e de seus reis. Tudo o que fizeram foi simplesmente porque sabiam que sairiam impunes que não havia nada nem ninguém para os impedir, pois o que faziam segundo o conceito que a eles foi dado era em nome do progresso do reino do povo desse reino que os receberia como heróis por mais desumanos que fossem. A fé pode ter sido uma mola propulsora que levou o homem às terras distantes, mas nunca legitimou a desumanidade e a destruição da natureza.

Os eurocentristas (aqueles que consideram ter sido benéfica a chegada dos europeus ao novo continente e que esse continente não era civilizado) ignoram qualquer possibilidade do surgimento na América de algum povo civilizado.

Desconhecem que, enquanto os camponeses morriam de fome durante o feudalismo europeu, Estados centralizados construíam na América complexas obras hidráulicas, controlavam o tempo através do calendário, conseguiam alimentar decentemente todo o povo, que possuíam aposentadoria, pública e gratuita, ou que as primeiras universidades envolvidas com a tecnologia da produção de alimentos surgiram fora da Europa ocidental.

Partindo desse pensamento supomos que o sentimento Europeu em relação aos povos nativos era de medo, por encontrar tão vasto conhecimento e riquezas pertencentes a pessoas que pensavam tão diferentes e estavam tão distantes do mundo Europeu e possuíam ciência, tecnologia e organização social superior a sua.

Os americanistas encontraram nas instituições sociais existentes antes da chegada dos Europeus idéias defendidas na Europa pelos iluministas como: preocupação cientifica, modificação social, critica a realidade existente, luta contra o poder e o obscurantismo. Muitos dos ideais de reciprocidade, liberdade, fraternidade e solidariedade, perseguidos pelos homens da Revolução Francesa, lemas esquecidos nas comemorações européias estavam presentes entre astecas, maias e incas.

Sem sombra de dúvidas as sociedades existentes no continente denominado pelos europeus América não eram o paraíso na terra no qual os Espanhóis esperavam encontrar, pois a exploração dos camponeses pelas classes que controlavam o Estado era algo comum entre os povos astecas, maias e incas.

Mas essa mesma classe que explorava também protegia as comunidades contra ataques exteriores, fome, doenças ou frio sendo capazes de organizar as estruturas produtivas para conseguir alimentar decentemente milhões de pessoas, fato que nenhum Estado moderno latino-americano baseado nos moldes dos “desenvolvidos” e “cultos” europeus conseguem repetir hoje.

Com certeza ainda temos muito o que aprender com os nativos, pois se tivéssemos seguido o modelo desses povos a América Latina poderia ser um diferencial no mundo do capitalismo “selvagem”. Mostrando ao mesmo que o modelo socioeconômico e cultural europeu não é o senhor da verdade e muito menos da igualdade.

Autor: Leandro CHH

Você quer saber mais?

Peregalli, Enrique, A América que os europeus encontraram / 2000 Atual,

A conquista da América Latina vista pelos índios : relatos astecas, maias e incas / 1984 Vozes,

León-Portilla, Miguel, A conquista da América Latina vista pelos índios : relatos astecas, maias e incas / 1985 Vozes,

Clare, John D.,
Astecas : vida cotidiana / 2002 Melhoramentos,
Jennings, Gary, Orgulho Asteca / 2002 Record,

Lemos, Maria Teresa Toríbio Brittes. Corpo calado : imaginários em confronto / 2000 7Letras,

Ganem, Roberto. Senk Rá : perigosa busca na terra dos Incas / 1999 Melhoramentos,

Ribeiro, Pedro Freire. O soldado Pedro de Cieza de León e o império incaico / 2000 EDUERJ,

Dziekaniak, Leon Hernandes. Machu Picchu : viagem à cidade sagrada dos Incas / 1999 L&PM,

Rossi, Geraldo Abud, Machu Picchu : na trilha dos Incas / 2001 Artes e Ofícios,

Daniel, Antoine B. Os Incas, volume um : a princesa do sol / 2001 Objetiva,

Arquivo secreto do Vaticano publica pedido de divórcio de Henrique 8º

Pedido de anulação contribuiu para cisma entre católicos e anglicanos

O Arquivo Secreto do Vaticano anunciou que irá publicar cópias da carta de 1530 em que nobres e religiosos ingleses pedem ao papa para anular o casamento do rei inglês Henrique 8° com Catarina de Aragão para que ele pudesse se casar com Ana Bolena.

O documento original, arquivado no Vaticano com o nome de "Causa Anglica - O atribulado caso matrimonial de Henrique 8°", contribuiu para desencadear o cisma entre a Igreja Anglicana e a Igreja Católica.

O original e um fac-símile, a partir do qual serão feitas outras cópias, foram apresentados para a imprensa na última terça-feira, na sede do Arquivo Secreto do Vaticano.

O lançamento oficial das cópias do documento está marcado para o dia 24 de junho, durante as comemorações dos 500 anos da ascensão de Henrique 8º ao trono da Inglaterra.

O texto é considerado uma das páginas fundamentais da história inglesa. Nele, 85 nobres e religiosos ingleses se dirigem ao papa Clemente 7° pedindo a anulação do casamento do rei com Catarina de Aragão, a primeira das seis esposas de Henrique 8°.

Para se casar com Catarina, o rei da Inglaterra, que subiu ao trono em 1509, já tinha pedido uma autorização especial do pontífice, porque ela era viúva de seu irmão.

Cópias

A primeira cópia da carta vai ser dada ao papa Bento 16, que deve visitar a Inglaterra até o final do ano. As demais publicações serão vendidos a museus, institutos de cultura e colecionadores privados.

Os interessados deverão desembolsar cerca de R$ 130 mil para comprar uma das cópias e, provavelmente, comprometer-se a expô-la a um público mais amplo.

Até agora, o documento podia ser visto apenas por chefes de Estado ou outras autoridades em visita oficial ao Vaticano.

Segundo o diretor do Arquivo Secreto do Vaticano, monsenhor Sergio Pagano, o dinheiro arrecadado com as vendas vai ser usado para restaurar parte do acervo da instituição, um dos mais ricos do mundo.

Cisma

A carta ao papa foi redigida em duas cópias, ambas assinadas pelos nobres e religiosos com os tradicionais lacres. Uma delas está no Arquivo Secreto Vaticano e a outra no arquivo Nacional de Kew, na Inglaterra.

Um trecho do documento, publicado pela imprensa italiana, mostra que os nobres ingleses já previam a possibilidade de que uma resposta negativa do papa pudesse agravar a situação já delicada da Igreja Católica na Inglaterra.

"Mas se (o papa) não quiser fazê-lo (anular o casamento de Henrique 8º), menosprezando as exigências dos ingleses, eles se sentiriam autorizados a resolver a questão sozinhos e procurariam soluções em outro lugar. A causa do rei é a causa deles. Se (o papa) não intervir ou demorar a agir, a condição deles se tornará mais grave, mas não irresoluta: os remédios extremos são sempre os mais desagradáveis. Mas o doente quer sobretudo sarar", diz o documento.

O cisma entre os anglicanos e a Igreja Católica ocorreria quatro anos mais tarde, em 1534.

Conservação

Pedido de anulação de casamento de Henrique 8º enviado ao papa Clemente 7º (Scrinium/Divulgação)

Selos do documento estão em bom estado de conservação

Segundo os técnicos da editora que vai publicar as cópias para a Santa Sé, o texto de propriedade do Vaticano está em excelentes condições.

"No pergaminho (do Vaticano) estão pendurados lacres magnificamente conservados, enquanto o documento que ficou na Inglaterra está em estado de conservação precário. Em algumas partes chega a ser ilegível e não há nenhum lacre", diz um comunicado da editora.

O pergaminho com os 85 lacres, emoldurados em metal e unidos por uma fita de algodão e seda de 40 metros de comprimento, pesa 2,5 kg.

Arquivo secreto

No Arquivo Secreto Vaticano, criado em 1610, são conservados mais de 2 milhões de documentos relativos a 800 anos de história, em um espaço de 85 quilômetros de prateleiras.

Usado sobretudo pelo papa e pela Cúria romana, o arquivo secreto foi aberto aos estudiosos e pesquisadores a partir de 1881.

Além de documentos sobre a história cristã, o arquivo possui importante material sobre a história dos vários países.

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Tempestade desenterra estátua romana em Israel.

Embora danificada, escultura tem sandálias esculpidas com delicadeza

Uma tempestade que atingiu a cidade israelense de Ashkelon revelou uma estátua romana que estava enterrada havia séculos.

A escultura feminina de mármore branco foi encontrada por um transeunte depois que uma tempestade na costa israelense derrubou parte de um rochedo.

A obra tem 1,2 m de altura e pesa 200 kg. Segundo a autoridade que cuida das antiguidades de Israel, a estátua tem entre 1,8 mil e 2 mil anos.

A porta-voz da entidade, Yoli Schwartz, disse que, embora sem os braços e a cabeça, a estátua conta com "sandálias delicadamente esculpidas" e intactas.

O órgão de antiguidades já levou o achado para uma série de testes e estudos.

Por outro lado, a tempestade danificou outros sítios arqueológicos, como o porto romano de Caesarea. As autoridades devem visitar a área para avaliar os danos.

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Alemanha reduz Forças Armadas e suspende serviço militar obrigatório

Os líderes da coalizão de governo da Alemanha concordaram em suspender o serviço militar obrigatório a partir de julho próximo e em reduzir o contingente. A decisão marca uma mudança profunda para o país.

As lideranças do governo de coalizão da Alemanha concordaram em suspender o serviço militar obrigatório a partir de 1° de julho de 2011. A proposta do ministro da Defesa, Karl Theodor zu Guttenberg, foi aceita durante as conversações realizadas a portas fechadas na noite desta quinta-feira (9/12) em Berlim.

A União Democrata Cristã (CDU), da chanceler Angela Merkel, e seu partido-irmão bávaro, a União Social Cristã (CSU), já haviam aprovado a ideia em suas convenções, realizadas nas últimas seis semanas. O Partido Liberal (FDP), parceiro de coalizão, já tinha incluído a proposta em seu programa de governo, divulgado durante as eleições parlamentares do ano passado.

O próximo passo será a aprovação de um projeto de lei, a ser preparado durante uma reunião de gabinete na próxima quarta-feira, para posteriormente ser levado à aprovação do Parlamento alemão.

Menos soldados

O plano prevê ainda a redução do contingente militar dos quase 250 mil soldados, que os país possui atualmente, para 185 mil. Destes, 170 mil seriam soldados profissionais, com voluntários compondo o restante. O governo espera economizar com a reforma até 8,3 bilhões de euros.

Reforma foi proposta pelo  ministro GuttenbergBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Reforma foi proposta pelo ministro GuttenbergEntretanto, a suspensão do serviço militar obrigatório pode criar alguns problemas novos. O serviço comunitário prestado por aqueles que se recusam a servir as Forças Armadas também seria prejudicado.

Instituições sociais e de assistência temem que a medida leve à falta de pessoal, já que essas entidades dependem em grande parte da mão de obra de jovens que cumprem o serviço civil como alternativa ao serviço militar obrigatório. A suspensão significa também que o número de estudantes tende a crescer, o que eventualmente causaria problemas para as universidades.

O período do serviço militar obrigatório na Alemanha fora encurtado em 2010, ficando com a duração de seis meses. A obrigatoriedade aplicava-se apenas aos rapazes. As mulheres podiam ingressar nas Forças Armadas alemãs, a Bundeswehr, como profissionais ou voluntárias, não sendo obrigadas a se alistar.

A proposta apresentada pelo ministro da Defesa, Karl-Theodor zu Guttenberg, é uma das maiores reformas da história da Bundeswehr. Será a primeira vez que não haverá alistamento militar obrigatório desde a reintrodução do serviço militar, em 1957. A exigência do serviço militar permanece, porém, prevista na Lei Fundamental (Constituição) alemã, podendo ser reativada, caso necessário.

Durante a Guerra Fria, a Bundeswehr tinha cerca de 500 mil soldados, e o chamado Exército Nacional do Povo, da Alemanha Oriental, dispunha de cerca de 170 mil homens. Após a queda do Muro de Berlim, o exército oriental foi dissolvido e parcialmente integrado às forças da Alemanha reunificada. Estas foram inicialmente reduzidas a 370 mil integrantes, sendo enxugadas paulatinamente nas décadas seguintes.

MD/dpa/ap/rtr
Revisão: Alexandre Schossler

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