Mostrando postagens com marcador COMUNISMO. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador COMUNISMO. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Por que teorizar a História sem Marx?

Propaganda do Partido Comunista Alemão, citando a frase de Karl Marx, que acusa as religiões de serem o ópio ou seja uma droga das massas. Década de 1930. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.
            
Saudações a todos os Construtores amigos e leitores do Construindo História Hoje, trago diante de vocês hoje com bastante ousadia um tema complexo, do qual muitos historiadores experientes fogem do assunto para não serem tidos como revisionistas ou extremistas, dentre outras classificações. Trago este tema em pauta, pois acredito que pontuar a História principalmente pela Teoria em uma análise ultrapassada e que se mostrou de todas as formas absurda, é persistir em um verdadeiro fracasso no olhar do passado. Utilizando os ensinamentos de Marx, continuaram criando uma História por demais simplista baseada na luta de classes, no confronto entre burguesia e proletariado.

Por não crer e não aceitar o que nos é ensinado seja na Universidade ou nas Escolas de Ensino Médio e Fundamental que trago está análise. Talvez seja somente uma gota de água em tal incêndio que se alastra por décadas sem fim, mas ninguém nunca vai poder dizer que fiquei calado enquanto mentiam descaradamente para estudantes. Não vou fazer parte desse grupo de indivíduos que temem perderem o respeito dos outros membros da “hierarquia dos historiadores”. O mesmo grupo de individuo que temem perderem o luxo, conforto proporcionado pelos seus salários que foram conquistando embutindo mentiras nas mentes de universitários e jovens alunos.

A miséria religiosa é, de um lado, a expressão da miséria real e, de outro, o protesto contra ela. A religião é o soluço da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, o espírito de uma situação carente de espirito. É o ópio do povo.”

Karl Marx, em Crítica da Filosofia do Direito de Hegel (1844).

Quando o sociólogo Karl Heinrich Marx realizou está infeliz alegação sobre algo que tem por base a Cultura e Tradição humanas, posso dizer isso me baseando em um principio bem simples, e dela posso expandir a interpretação errônea de qualquer teorização da História que tenha bases marxistas. Neste assunto, basta citarmos sua famosa frase que por aqueles momentos da história de uma forma ou outra, Karl Marx inspirou-se em Immanuel Kant e Ludwick Feuderback dentre outros que já há haviam utilizado com este sentido:

"A religião é o ópio do povo!" Em alemão "Die Religion ... Sie ist das Opium des Volkes".

 Coloco aqui a expressão original, pois não sendo o alemão um idioma de origem latina torna as traduções prejudicadas e muitas vezes o sentido original acaba perdendo para mais forte ou mais fraco, ao invés de entender-se a profundidade da questão empregada pelo autor ou nesse caso a gravidade da alegação feita por Karl Marx.

            Aqui podemos ver que para Marx, a religião era improdutiva e como tal uma droga, mas nós historiadores sabemos que todas as primeiras grandes civilizações humanas tiveram por base suas crenças mais primitivas. Olhemos para os Babilônicos, Egípcios, Sumérios e posteriormente para os Gregos e Romanos. Todas estas civilizações iniciaram seu processo urbano, arquitetônico tendo por base suas crenças religiosas. Através delas esses povos foram levados a romper os limites do possível e tornaram possível através da matemática e posteriormente arquitetura as maiores obras de construção que o mundo já viu. As mesmas religiões que Marx chamou de droga, levaram os humanos à matemática, poesia, música, geografia, história, enfim não existe nenhuma de nossas primeiras civilizações que começou sem explorar sua capacidade criativa advindo da fé e da capacidade que somos mais que apenas humanos, nós somos extremamente humanos e como tais sabedores de sua essência divina. E nesta crença erguemos aquilo que chamamos de civilização.

            Na seguinte citação de sua obra “O Capital”, vemos como Marx compara o modus operandi, da burguesia com a atividade da Igreja Cristã, acredito que mais claro não preciso ser sobre como tal individuo pode ter autoridade Teórica na História:

"Nada de espantar que as formas de produção social que precederam a produção burguesa sejam tratadas da mesma maneira que os Padres da igreja tratam as religiões que precederam o Cristianismo."

 Karl Marx, em O Capital (1867).

            Marx, juntamente com Friedrich Engels elaborou a Teoria da luta de classes com o objetivo de designar o confronto entre o que consideravam os opressores, a burguesia, e os oprimidos, o proletariado. Eles enquadraram a Religião como parte de um sistema ideológico onde os opressores, a burguesia utiliza-se da religião para controlar, ou seja, “oprimir” o proletariado. Muitos críticos ao seu pensamento se revelaram, classificando a sua visão de mundo como Historicista, o que traria uma intenção de prever a história de modo supostamente ineficiente. Exemplos desses críticos são Bohm-Bawerk, Karl Popper e Paul Johnson.

O historicismo constitui esse modo ineficaz de analisar a história, assim, a base de uma visão de mundo tipicamente moderna e ocidental fundamentada nas ideias de Marx e Engels. Esta se fundamenta na noção de que as configurações do mundo humano, num dado momento presente, sempre são o resultado de processos históricos de formação, os quais são passíveis de ser mentalmente reconstruídos e, portanto, compreendidos. Como tal o Comunismo e Socialismo que tem por bases as ideias de Marx tem a pretensão de dizer que sua doutrina é capaz de certa forma predizer os acontecimentos futuros. Então quando retornamos a avaliar a afirmação de Marx que diz: “A Religião...é o ópio do povo!”, não estamos somente diante de uma afirmação presente, mas ao contrário que abrange na realidade da mente ideológica comunista uma compreensão e ação no Passado, Presente e Futuro como nos mostrar os teóricos do historicismo já citados.

Então o próprio Marx e a ideologia comunista nos deixam uma base para analisarmos com detalhes sua repulsa pela religião. Deixando dessa forma claro que qualquer que seja a ideologia que utilize seus ensinos deve levar a afirmação historicista em consideração.

Seja Socialismo ou Comunismo tratando-se de Teoria da História Marx colocou a Religião em uma posição de total desprestigio em relação ao seu valor e contribuição para o bem e desenvolvimento da civilização Humana, mas será que isto é uma realidade? Consultemos os autos da História!

Posso refutar a afirmação de Karl Marx, partindo do princípio que ao colocar a Religião em tal posição diz-se nas entrelinhas que ela também não contribuiu de forma benéfica na Civilização. Falo da Tradição e Cultura. Não posso aceitar uma historiografia que usa por base essa premissa, pois esquecem que as primeiras grandes civilizações ergueram-se através de sua Tradição e Cultura que teve por base SEMPRE A RELIGIÃO!

Religião está que levaram tribos de origens distintas a se unirem e formarem a Suméria por cultuarem os mesmos deuses ou similares e sincréticos.

Religião está que levou nômades do deserto há erguerem cidades, templos, pirâmides (diga-se de passagem, a mais incrível obra da engenharia humana) e palácios em honra a seus deuses. Estabelecendo as bases da civilização egípcia que cresceu e prosperou através do comércio. Civilização que tinha como centro de todo o seu “universo” seus deuses.

Veja o trecho a seguir e como Marx compara a Religião as burguesias que são o alvo de seus constantes ataques:

"Os economistas têm uma maneira singular de proceder. Para eles existem apenas duas espécies de instituições, as artificiais e as naturais. As instituições feudais são instituições artificiais; as da burguesia são instituições naturais. Nisto assemelham-se aos teólogos, que também distinguem duas espécies de religiões: qualquer religião que não seja a sua é uma invenção dos homens, enquanto que a sua própria religião é uma emanação de Deus. Deste modo, houve história, mas já não há."

Karl Marx, Miséria da Filosofia, 1837.

Religião está que estava presente no berço da Filosofia ocidental, na Grécia, aonde vemos uma história riquíssima baseada no culto aos deuses. Através do culto aos deuses desenvolveu-se todo um sistema de leis, tratados, festivais, arquitetura, poesia, música, teatro e tantas outras obras que não teria espaço nesta pequena reflexão para coloca-las em seus merecidos lugares. Então eu me pergunto como uma DROGA, como Karl Marx definiu a Religião poderia ser capaz de ter dado origem ha própria Civilização humana e ainda ter sido a base de todos os seus principais eventos histórico. Ela estava lá há RELIGIÃO.

Religião está que estava igualmente presente em Roma, o Império que conquistou “o mundo” e levou a “Paz Romana” aos mais longínquos locais da terra. Roma levou aos quatro cantos do mundo conhecido seus deuses e junto a eles sua arte, arquitetura, comercio direito e deveres dos cidadãos e tudo isso tinha por base seus princípios religiosos.

Talvez você esteja se perguntando como isso foi possível? Mas, eu posso mostrar como Marx errou ao chamar a maior dádiva da Civilização Humana, seja ela Ocidental ou Oriental, em ópio do povo, ou seja, a droga que embriaga a mente e tornam as pessoas meros escravos da burguesia. Vejamos então:

Quando as primeiras tribos nômades do deserto do Saara tiveram que se deslocar no fim da última Era Glacial na busca de novas regiões aonde se houve água. Essas tribos já possuíam seus deuses, mitos, contos, orações e ídolos que levavam consigo aonde fossem. Sua religião mantinha se viva através da história oral. Mas ao encontrarem nas margens do Rio Nilo, todo o tipo de recursos para sua permanência sem a necessidade de deslocamento na busca de mais recursos, pois ali havia água, animais para caça e pesca, e matéria prima para seus diversos utensílios. Essas antigas tribos nômades estabeleceram-se e firmaram as bases do que seria o Grande Império Egípcio.  Consigo estava sua fé, seus deuses, e como gratidão por encontrar tal paraíso no meio do deserto começou a aperfeiçoar o culto aos deuses.

 O desejo de criar Templos em honra a aqueles que os guiaram a terras tão prospera, era o mínimo de gratidão na mente dessas pessoas. Mas, para tanto nossos ancestrais tiveram que aprender através do erro e do acerto as bases de toda nossa sociedade atual. Eles aprenderam matemática, arquitetura, engenharia, astronomia e desenvolveram a escrita, e por meio da fé criaram uma das primeiras grandes civilizações humanas.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

As “Bruxas da Noite”, um pesadelo para os nazistas durante a II Guerra Mundial.



A ideologia dos líderes nazistas sempre foi pontuada por esoterismo e magia, mas se alguma vez tiveram verdadeira razão para acreditar em bruxas as responsáveis foram as ​​Nachthexen (Bruxas da Noite). Assim, os alemães chamavam os militares aviadores do 588° Regimento de Bombardeiros da Noite da União Soviética.



Em 2 de novembro de 1938, Polina Osipenko ,Valentina Grizodúbovatres e Marina Raskova receberam a distinção de Heroínas da União Soviética por vários recordes de distância percorrida em voo, foram as primeiras mulheres a recebê-lo e as únicas antes do início da Segunda Guerra Mundial. Marina Raskova, que também foi à primeira mulher instrutora na Academia da Força Aérea, foi entrevistada por Stalin pessoalmente que lhe deu o posto de Major. Quando Hitler quebrou o pacto de não agressão com a União Soviética, Marina liderou uma campanha para que as mulheres tivessem permissão para lutar contra os alemães no ar. Em 1941, graças à sua amizade com Stalin alcançou seu objetivo: a criação de três regimentos de voo compostos exclusivamente por mulheres, incluindo 588° Regimento de Bombardeiros da Noite. Este regimento foi composto por 400 mulheres, entre pilotos e pessoal de terra, que tinham uma idade média de 22 anos. Quando Marina encontrou-se com todas elas, assustou-se com a perspectiva de que mulheres tão jovens pudessem morrer. Dirigindo-se ao Regimento a Major Raskova, perguntou-lhes:

“Vocês não tem medo de ir para o front? Vocês não sabem que os alemães podem matar você?”

Todo o Regimento respondeu em uníssono:

“Não se atirarmos primeiro, Major Raskova!”



Os alemães avançavam rapidamente e a aprendizagem que deveria durar vários anos na Academia da Força Aérea foi reduzido há alguns meses. Tiveram que passar por um duro treinamento físico e um curso de táticas de combate, mas nenhuma delas se queixou sobre isso. Além disso, as aeronaves escolhidas para o Regimento de Bombardeiros da Noite foram os Polikarpov U-2 (Po-2), o biplano mais produzido no mundo criado, inicialmente, para a prática de voo e pulverização de campos.



Polikarpov Po-2. Ilustração técnica. Imagem: 

O problema é que essas aeronaves eram muito lentas, obsoletas (fabricadas em 1927) e foram construídos com madeira e lona. Essas "Vassouras Voadoras", sem rádio ou paraquedas, preferiam morrer a cair nas mãos dos alemães, transportando dois tripulantes (piloto e navegador) tinham espaço para duas bombas, e às vezes devido a sistemas desatualizados e mau funcionamento lançavam as bombas com as mãos. Há princípio, eles não tinham chance contra os rápidos caças alemães, mas sua capacidade de manobrar e fazer curvas bruscas e rápidas dificultavam muito a possibilidade de serem abatidos. Além disso, sua lentidão permitia voarem tão baixo a ponto de passarem entre os bosques, onde caças alemães não poderiam atravessar.

Devido à sua pequena capacidade de carga, As Bruxas da Noite realizavam várias operações na mesma noite, sempre seguindo as mesmas táticas quando se aproximaram do alvo desligavam seus motores barulhentos e planavam até alcançar o objetivo, jogando bombas e logo após religavam o motor para sair do local.

domingo, 1 de setembro de 2013

Uma análise da autobiografia de Pu Yi: O Último Imperador da China.


O jovem Pu Yi já entronado Imperador da China. Imagem: O Último Imperador da China; autobiografia de Pu Yi.

Saudações construtoras a todos os amigos e visitantes do Construindo História Hoje. Como todos já têm visto, tem sido momentos de grandes transformações para o Projeto Construindo História Hoje, e nenhuma dessas mudanças seria possível sem vocês, que de todos os meios contribuem para o bom desenvolvimento de nossa empreitada pelas veredas da história.

Recentemente terminei de ler o livro O Último Imperador da China, a autobiografia de Pu Yi Xiansheng, o livro cujo nome no original em Chinês chamava-se “A Primeira Metade da Minha Vida”, foi traduzida para o inglês como “From Emperor to Citizen” que deu origem ao clássico filme de Bernardo Betolucci, The Last Emperator de 1987. O filme de Bertolucci baseado na autobiografia de Pu Yi foi o primeiro a receber permissão do governo Chinês para ser gravado dentro da Cidade Proibida. A saga de Pu Yi é fantástica em todos os sentidos, pois podemos acompanhar pelas próprias palavras do último imperador desde sua ascensão ao trono até sua prisão nos campos de concentração do Partido Comunista Chinês. No filme de Bertolucci, uma verdadeira obra prima da sétima arte, com tão boa direção, roteiro, cenografia, iluminação e figurino, ainda assim nada se compara ao livro, aonde podemos com os mais fantásticos detalhes compreender a epopeia vivida por um homem que nasceu para ser imperador e acabou como jardineiro-botânico e bibliotecário na China Comunista. Trago aos meus leitores um pequeno vislumbre desta maravilhosa obra e espero por meio desta postagem leva-los a conhecer está grandiosa história. Com um conteúdo humano fantástico, pois uma pessoa que passou por tantas transformações em sua vida “publica” e privada, sem enlouquecer, é forçosamente um personagem interessante. Afinal, não é qualquer um que deixa de ser “deus” para ser jardineiro, e Pu Yi recorda todas suas transformações com um notável bom humor. Como entender a psicologia de um personagem desses?


O Segundo Príncipe Chun Tsai Feng, sentado com Pu Yi (a sua direita), e seu irmão bebê, Pujie em 1908. Imagem: O Último Imperador da China; autobiografia de Pu Yi.

Como Imperador

Pu Yi Xiansheng nasceu em Pequim, filho do Segundo Príncipe Chun, o Príncipe Tsai Feng na mansão da família Chun, em sete de fevereiro de 1906. Seu avô, Yi Huan, o sétimo filho do Imperador Tao Kuang que reinou de 1821 a 1850, foi o primeiro Príncipe de Chun. Foi o filho mais velho de seu pai o segundo Príncipe Chun. Foi coroado em dois de dezembro de 1908, aos três anos de idade na condição de décimo soberano da dinastia Ching (A dinastia Ching reinou de 1644-1911) e último imperador da China. Quando explodiu a Revolução de 1911 contra a Dinastia Ching. Foi destronado aos seis anos de idade em 10 de outubro de 1911, por uma seção do Novo Exército, instigado pelas sociedades revolucionárias da burguesia e da pequena burguesia insurgiu-se. Mais insurreições, em outras províncias seguiram-se a essa, e a Dinastia Ching não demorou a cair. Mesmo destronado continuou vivendo na Cidade Imperial de Pequim com toda sua corte, aonde manteve muitas de suas prerrogativas, inclusive o titulo de Imperador. Em 1924 quando as tropas do Kuomintang, o Partido Nacionalista Chinês invade Pequim, ele é expulso pelos militares quando contava 19 anos de idade e refugia-se na embaixada japonesa.


Aqui Pu Yi aparece como Imperador de Manchukuo à serviço do governo japonês.   Imagem: O Último Imperador da China; autobiografia de Pu Yi.

Após a Revolução de 1911sua família foi a primeira a abandonar os velhos costumes e seu pai Tsai Feng (Segundo Príncipe Chun), foi o primeiro dos príncipes a ter um automóvel e a instalar um telefone em sua casa. Foram os primeiros a cortar os rabichos, e ele foi o primeiro dentre os príncipes da nobreza a usar trajes ocidentais. Seu pai Tsai Feng, após renunciar a Regência e ser expulso do palácio imperial pelas forças rebeldes de 1911 pronunciou estas palavras:

“Ter livros é riqueza verdadeira, e dispor de um pouco de ócio é estar a meio caminho da imortalidade.”

Tsai Feng (Segundo Princípe Chun)

O Traidor

Quando em 1931 o Japão invade o nordeste da China no chamado Incidente de Mukden, Pu Yi aos 26 anos é obrigado pelos militares japoneses a tornar-se o imperador fantoche da região ocupada na Manchúria, aonde o governo japonês criou o Estado fantoche de Manchukuo. Governaria o Estado de Manchukuo de 1934 á 1945, até o fim da Segunda Guerra Mundial.

Na União Soviética

Ao fim da Segunda Guerra Mundial, Pu Yi foi capturado pelos soviéticos junto com a primeira leva de criminosos de guerra de “Manchukuo”, ao chegar a União Soviética passaram por uma privilegiada detenção com três grandes refeições russas e uma refeição intermediária à tarde. Havia empregados para atender, médicos e enfermeiras para cuidar de nossa saúde, rádios, livros, jornais e equipamentos para outros tipos de recreação. Havia até pessoas para leva-los para caminhar. Durante os cinco anos que Pu Yi passou na União Soviética nunca abandonou seu ar superior. Membros de sua família dobravam seus acolchoados, arrumavam seu quarto, traziam a comida e lavavam suas roupas. Como não lhes era permitido chamarem-no de “Majestade”, chamavam-no de “Elevado”; e exatamente como nos velhos tempos vinham ao seu quarto para lhe prestar seus respeitos.


Nesta foto Pu Yi aparece junto a outros prisioneiros no presídio de Fushun.   Imagem: O Último Imperador da China; autobiografia de Pu Yi.

Como Pu Yi não abandonava sua forma superior de se portar e recusava-se a estudar e seus pensamentos não haviam mudado em nada de fundamental para admitir sua culpa de traição.

Diante dessas atitudes Pu Yi foi levado pelas autoridades soviéticas para testemunhar em um Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente, em agosto de 1946, ele denunciou veementemente os crimes de guerra cometidos pelos japoneses que ele odiava por tê-lo usado como Imperador fantoche por quase 15 anos. O Testemunho de Pu Yi durou oito dias, e foi o mais demorado do julgamento, dando excelentes notícias para os jornais que no mundo inteiro exploram o sensacionalismo.


Uma das últimas fotos de Pu Yi já em liberdade e trabalhando como jardineiro e bibliotecário. Imagem: O Último Imperador da China; autobiografia de Pu Yi.

A razão pela qual Pu Yi foi chamado para testemunhar era para expor a verdade sobre a invasão japonesa na China, e para demonstrar como o Japão havia me usado como títere para ajuda-los a governar o Nordeste da China ao qual haviam denominado “Manchukuo”. Mesmo denunciando todos os crimes cometidos pelos japoneses Pu Yi escondeu seus próprios crimes do Tribunal Militar Internacional. Mesmo assim um advogado americano gritou no tribunal para Pu Yi: “Você põem a culpa nos japoneses para tudo, mas esquece dos seus próprios crimes, mas cedo ou tarde o governo Chinês irá condená-lo por seus crimes”.

De volta à China

Em 31 de julho de 1950, um trem soviético carregando os criminosos de guerra do “Manchukuo” chegou à estação na fronteira sino-soviética. Devolvido à China depois de cinco anos, já República Popular governada por Mao Tse-Tung, como criminoso de guerra certo de que iria ser fuzilado por crimes de guerra. Não foi! Os soviéticos o levaram até a cidade de Shenyang aonde foi entregue as tropas chinesas que o avisaram que não seria executado, mas sim “reeducado”. De Shenyang foram levados para o presídio de Fushun e colocados em celas! Nos dias que se passaram receberam livros e jornais para começarem seus estudos voltados para o comunismo chinês ou Maoismo.


Aqui Pu Yi aparece posando para uma foto com o uniforme de prisioneiro. Imagem: O Último Imperador da China; autobiografia de Pu Yi.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Nazismo e suas raízes marxistas


Quadro comparativo. Clique na imagem para ampliar. Imagem: http://www.mises.org.br/
Nazismo, uma palavra ou uma ideologia que gera medo, raiva e outros sentimentos negativos às pessoas – até mesmo para aquelas pessoas que pouco sabem a respeito do nazismo e apenas ouviram falar do holocausto e outras atrocidades cometidas por Hitler e seus seguidores. Não compreendo o porquê dessa ignorância se estender aos professores e outros intelectuais. Constantemente o nazismo é tido como uma ideologia de extrema-direita.
Imagem: Coelhovoador.net
Eu acreditava nisso quando era menor e ouvia professores dizendo que Nacional-Socialismo era de extrema-direita, mas recentemente comecei a estudar sobre quais são as verdadeiras políticas de direita e acabei lendo sobre Conservadorismo, Liberalismo e Libertarianismo. Logo estranhei ver o Nacional-Socialismo associado à direita, pois os ideais nazistas não se assemelham em nada com as políticas Conservadoras, Liberais e Libertárias, uma vez que essas ideologias defendem a liberdade individual, livre-mercado e um Estado mínimo. O Nacional-Socialismo defende o coletivismo, o Estado forte e a frente de tudo, a restrição das liberdades individuais, etc. Logo, o Nacional-Socialismo está mais convergente às políticas de esquerda do que direita.
Alguns fatos que me levam a crer isso

Os ideólogos do nazi-fascismo beberam na mesma fonte que Karl Marx bebeu para elaborar sua teoria: eles buscaram Hegel e toda sua dialética. Sendo assim, nazi-fascismo entra em rota de colisão com o que os conservadores pensam. Dentre outros pensadores socialistas que influenciaram o nacional-socialismo foram Sombart, Fichte, Rodbertus e Lasalle.
Marx e Mussolini acreditavam que a realidade histórica como uma síntese resultante de uma antítese que se contrapunha a tese, sendo assim para cada um deles a dialética constitui-se em um instrumento de transformação real. Marx dizia que a dialética era a luta de classes e para Mussolini a dialética viria ser a luta e a origem de todas as coisas.
Uma das principais semelhanças entre nazi-fascimo e socialismo é que ambos buscam um Estado totalitário e defendem o socialismo, no livro Der Nationalsozialismus encontramos a seguinte afirmação “nós somos socialistas e inimigos mortais do atual sistema econômico capitalista”. Mais uma vez em divergência com as ideias da direita, Gobbels afirma no livro Kampf um Berlin(p. 19) que o movimento nacional-socialista tem um só mestre: o marxismo. Outro fator que associa os nacional-socialistas com o socialismo é o próprio nome do partido nazista, que traduzido do alemão é Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Podemos concluir que nazi-fascistas são de esquerda: diferem dos outros por serem nacional-socialistas, enquanto o socialismo marxista é internacional-socialista. Este último deseja um único Estado, como foi na URSS. Porém, tanto nacional-socialistas e internacional-socialistas defendem um Estado forte, centralizador e gestor de tudo. Inclusive a máxima mais conhecida de Benito Mussolini é: “tudo dentro do Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado”. Uma oposição total a todos os ideias liberais e libertários.

sábado, 10 de agosto de 2013

O Colapso do “socialismo real” e seus desdobramentos.


O colapso do socialismo. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

Nesses dias em que grandes mudanças estarão ocorrendo no Projeto Construindo História Hoje, e dentre elas uma reestruturação de layout e afirmação de seus princípios com os estudos históricos, nacionalistas e ampliando nossa visão dos eventos que movimentam a história de nossa civilização Hoje. Lembrando que já são mais de 3 anos de caminhada do Construindo História Hoje desde sua origem. Para darmos inicio a esse novo começo, estarei analisando junto com os leitores o Colapso do socialismo e seus desdobramentos. Boa leitura a todos!
Ah lembrando, não esqueçam de acompanhar o Projeto está semana, pois uma grande novidade está por vir. Aguardo a visita de todos os amigos e simpatizantes.

CHH

Após a morte de Stalin em 1953, os dirigentes da URSS iniciaram o processo de desestalinização do regime. Ou seja a liberação do regime por meio de medidas importantes, como a denúncia dos crimes de guerra cometidos por Stalin, a revisão dos processos da época estalinista, a anistia e libertação de presos políticos e uma busca da coexistência pacífica com os Estados Unidos.

Paralelo a esse processo de reforma iniciado no Partido Comunista, verificou-se que intelectuais, estudantes e operários começaram a questionar o regime e procuraram pressionar no sentido de se ampliarem as reformas. No entanto o Partido não estava disposto a conceder mais do que já fora estabelecido. Desta forma, em alguns países da Europa Oriental, a situação tornou-se crítica, caminhando para uma contestação severa ao regime e provocando violenta repressão por parte da URSS.

Os principais movimentos de contestação ao modelo soviético forma os ocorridos na Polônia e na Hungria, em 1956 e na antiga Tchecoslováquia em 1968, este último conhecido como “A Primavera de Praga”.


Mapa da ex- União Soviética (Clique na Imagem para ampliar). Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

Na década de 1980, o nome de Mikhail Gorbachev tornou-se extremamente conhecido em todo o mundo. Era o novo dirigente da URSS, empossado em 1985 e que trazia um discurso diferente daquele dos líderes anteriores. As palavras Perestroika e Glasnost ficaram associadas ao novo líder.

Perestroika: é a reestruturação da economia.

Glasnost: é a designação para abertura política.


Mikhail Gorbachev: Secretário-geral do PCUS e último presidente da ex- URSS.  Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

            Os motivos para estas mudanças econômicas e políticas estavam, sem dúvida, na estagnação econômica observada na URSS. O desenvolvimento, ao longo desse século, de uma estrutura econômica dominada pela burocracia atingia níveis insuportáveis para a sociedade. Uma ala do Partido Comunista, percebendo que a continuidade do regime estava ameaçada pela insatisfação social, elaborou então o projeto de mudanças que Gorbachev procurou implementar.

            No entanto, a resistências as reformas foram muito grandes, pois muitos setores da burocracia não queriam perder seus privilégios. Os setores militares também demonstraram sua insatisfação, uma vez que Gorbachev havia proposto o desarmamento e a diminuição das tropas na Europa.


 Bandeira da ex- União Soviética. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

            Os resultados mais concretos dessa luta entre os reformadores e os conservadores pôde ser visto em agosto de 1991, com a tentativa de golpe para tirar Gorbachev do poder. O fracasso do golpe não impediu que várias repúblicas iniciassem um processo separatista. Várias tiveram sua independência reconhecida. O governo tentou desesperadamente, impedir a fragmentação da URSS.

As reformas ressoam no Leste europeu

            As reformas implantadas por Gorbachev tiveram ressonância no Leste europeu. Ali, provavelmente as mudanças já foram maiores do que na própria URSS. O fato marcante é, sem dúvida, a unificação da Alemanha. A parte oriental, que fazia parte do bloco soviético desde 1945. Na Hungria e na Polônia, as reformas trazem o pluripartidarismo e as empresas estrangeiras começam se instalar. Na Romênia e na antiga Tchecoslováquia elege-se novos governos.

Da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas à Comunidade dos Estados Independentes

            Conforme observamos a ascensão de Gorbatchev, em 1985, deflagrou um profundo e rápido processo de mudanças na União Soviética, tanto no plano econômico como no plano político (Perestroika e Glasnost). Estas intensas transformações alteraram inclusive, as relações externas da União Soviética verificando-se uma aproximação com os países ocidentais e, principalmente o fim da Guerra Fria.


Boris Yeltsin, primeiro presidente da Rússia pós URSS. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

            Todas essas questões provocaram, em linhas gerais, as seguintes consequências

1) Reações dos setores conservadores internos tais como os burocratas do Partido Comunista que tinham o controle do aparelho de Estado e que formavam a chamada Nomenklatura; a linha dura das Forças Armadas, inconformada com a nova política de aproximação com o Ocidente e temerosa dos anseios nacionalistas das várias repúblicas.

sábado, 13 de julho de 2013

Presidente Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco


Posse de Castelo Branco. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

1-Introdução
           
Ao iniciarmos o estudo sobre a vida política do primeiro Presidente empoçado pela Revolução de 1964, Marechal Castelo Branco devemos analisar primeiramente os eventos que sucederam a sua posse. Desse modo poderemos ver com mais clareza a situação política nacional em que se encontrava nossa nação e os eventos que levaram há Revolução ou Golpe, dependendo do ponto de vista que são analisadas as questões pertinentes e de interesse nacional. Inicialmente analisaremos um curto governo de Jânio Quadro e após objetivamos esclarecer a política do governo João Belchior Marques Goulart (Jango) que muita indisposição causou nos membros da direita política e militar, devido a sua ligação com políticos socialistas e comunistas. Vale lembrar, que neste período, o mundo vivia o auge da Guerra Fria. Nesse contexto poderemos estudar os motivos que levaram as Forças Armadas a se oporem a posse dele como Presidente devido à renúncia do então Presidente Jânio Quadros. Sua posse só foi aceita pelos militares após a mudança do sistema político de presidencialista para parlamentarista, reduzindo dessa forma os poderes de Jango como presidente. A vitória do movimento civil-militar que derrubou João Goulart em abril de 1964 desferiu um golpe no projeto político da experiência republicana iniciada com o fim do Estado Novo, em 1945. Mas não foi um raio que desceu de um céu azul. Ao contrário, resultou de uma conjunção complexa de condições, de ações e de processos, cuja compreensão permite elucidar o que deixou então surpresos e perplexos não apenas os vencidos, mas também os próprios vencedores.

1.1- O Governo de Jânio Quadro

            Seu símbolo era a vassoura com a qual pretendia limpar o governo da corrupção, prega a defesa dos bons costumes e a moralização administrativa. O Presidente Jânio Quadros governou durante 7 meses e restabeleceu relações comerciais e diplomáticas com os países comunistas. Jânio Quadros como Presidente chegou a condecorar, no dia 19 de agosto de 1961, com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul Ernesto Che Guevara. A política internacional que teve seu início no governo de Vargas foi dada continuidade e um aprofundamento no governo JK, foram dados continuidade pelo Presidente Jânio Quadros. Trabalhou em prol de um engrandecimento da política externa independente (PEI), que visava estabelecer relações com todos os povos, sejam socialistas ou da África. Restabeleceu relações diplomáticas e comerciais com a URSS e a China, algo impensável dentro do plano geopolítico e geoestratégico de inserção brasileiro. Dentro de seu governo realizou a nomeação do primeiro embaixador negro da história do Brasil. Era um defensor ferrenho da política de autodeterminação dos povos, condenando as intervenções estrangeiras. O Presidente Jânio Quadros renuncio em 25 de agosto de 1961 sob pressão dos ministros militares, devido a suas ações de proximidade a nações de política esquerdista como União Soviética, Cuba e China por acreditar estar expandindo o mercado externo, gerou desconfiança dos setores políticos mais conservadores. 

1.2- A Campanha da Legalidade

            Com a renúncia de Jânio Quadros abriu-se uma crise, pois os ministros militares vetavam o nome do Vice-Presidente João Goulart que achava em visita a China. Desse modo assumiu provisoriamente Ranieri Mazzili, presidente da Câmara. Grupos militares divulgaram manifestos contra a posse de Jango, alegando que ele teria ligações com o comunismo. Esses eventos levaram a reação imediata, sobretudo no Rio Grande do Sul, onde civis e militares uniram-se em defesa da legalidade: o governador Leonel Brizola ameaçou inclusive distribuir armas a população. Diante da iminência de uma guerra civil, os ministros militares aceitaram uma solução de compromisso: Jango poderia exercer a Presidência, desde que fosse adotado o regime parlamentarista, o que se fez mediante Ato Adicional à Constituição de 1946. No regime parlamentarista instituído, o presidente era o chefe de Estado, com funções protocolares, sem poder de governar de fato. Ele poderia indicar o primeiro-ministro – chefe do governo -, que deveria ser aprovado pelo Legislativo. Já no presidencialista, o presidente é chefe de Estado e chefe do governo, exercendo o poder Executivo de modo independente em relação ao Legislativo.

1.3 Jango chega ao poder

Após os eventos que se sucederam durante a Crise da Legalidade no dia 2 de setembro de 1960, o Congresso votou a emenda parlamentarista, assumindo a presidência João Goulart. Para Primeiro-Ministro, o Presidente João Goulart indicou, a 8 de setembro, Tancredo Neves, que organizou um Gabinete de coalizão.  Durante seu governo o pais viveu um período instável, com três primeiros ministros em menos de um ano e meio. Em 6 de janeiro de 1963, foi realizado um plebiscito, em que os eleitores escolheram a volta do presidencialismo. Com poderes restaurados João Goulart, adotou medidas reformistas, como o monopólio estatal sobre importação de petróleo e derivados e o controle da remessa de lucros ao exterior, além da criação do 13° salário para todos os trabalhadores. Em 13 de março de 1964, o presidente Jango assinou decretos que nacionalizavam as refinarias de petróleo e desapropriavam, para fins de reforma agrária, propriedades com mais de 100 hectares numa faixa de 10 quilômetros ao longo de rodovias e ferrovias federais. Essas medidas faziam parte do projeto das reformas de base, que incluíam também reforma eleitoral com voto para analfabetos, universitária e bancária dentre outras.

O Presidente João Goulart começou e prosseguia inflexivelmente, em suas políticas de tendências socializantes por meio do dispositivo sindical. Os grupos conservadores, entre eles a hierarquia da Igreja Católica Romana, mostraram as classes médias de que Jango queria impor uma República sindicalista, confiscar propriedades, abolir a religião, etc. As dificuldades econômicas também ajudaram, pois em 1964 a inflação chegava a 92%. A 21 de março de 1964, o Marechal Castelo Branco no posto de chefe do Estado-Maior do Exército, publicou um memorial em que acusava o governo de João Goulart de pretender implantar no Brasil um regime esquerdista. Declarando-se temerosos de uma solução final de esquerda, os generais Olímpio Mourão Filho, Carlos Luis Guedes, Justino Alves e Amauri Kruel, e os governadores Magalhães Pinto, Ademar de Barros, Nei Braga e Carlos Lacerda, desencadearam em 27 de abril de 1964, um movimento militar que em breve obtinha a adesão de unidades de outros Estados da Federação.

            A 1° de abril, sem apoio militar e preferindo abandonar a Presidência para evitar derramamento de sangue, Jango viajou para o Rio Grande do Sul, onde Leonel Brizola, agora deputado federal, pretendia organizar a resistência. À noite o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, Declarou vaga a Presidência e deu posse ao presidente da Câmara, Ranieri Mazzili. Jango estava deposto. No dia 4, exilou-se no Uruguai, onde falecera em 1974. Agindo rapidamente o comando militar, desmontou o dispositivo sindical em que se apoiava a linha política do Governo deposto.

1.4 Definições de Ditadura Militar

            Ditadura militar é uma forma de governo cujos poderes políticos são controlados por militares. O significado de ditadura se refere a qualquer regime de governo em que todos os poderes estão sob autoridade de um indivíduo ou de um grupo. No caso de uma ditadura formada por militares, estes chegam ao poder quase sempre através de um golpe de Estado. Um golpe de Estado liderado por militares significa que um governo legítimo é derrubado com o apoio de forças de segurança. Algumas ditaduras militares que não conseguem apoio popular são marcadas pela crueldade e pela falta de respeito aos Direitos Humanos nas perseguições aos defensores da oposição.

            Ditadura pode ser vista como um tipo de governo, onde o ditador possui poder e autoridade absoluta. Na ditadura, todos os poderes do Estado ficam concentrados em somente uma pessoa. É um regime antidemocrático e não existe a participação da população. Nos regimes democráticos, o poder é dividido entre Legislativo, Executivo e o Judiciário, e já na ditadura, não há essa divisão, ficam todos os poderes apenas em uma instância. A ditadura possui também vários aspectos de regimes de governo totalitários, ou seja, quando o Estado fica na mão apenas de uma pessoa. Geralmente, para um país tornar-se uma ditadura, ocorre um golpe de estado.

2- Marechal Castelo Branco

O Mal. Castelo Branco nasceu em Fortaleza, Ceará, no dia 20 de Setembro de 1897. Filho do General Cândido Borges Castelo Branco e Antonieta Alencar Castelo Branco. Seu nome completo era Humberto de Alencar Castelo Branco. Por parte de mãe era descendente do romancista José de Alencar. Aos oito anos foi estudar no Recife. Aos 14 anos estudou no Colégio Militar de Porto Alegre. Estudou também na Escola Militar do Realengo, quando se alistou em 1918, na IV Companhia de Estabelecimento, escolhendo a arma de Infantaria, onde se destacou como um dos mais brilhantes membros da Sociedade Acadêmica da Escola Militar sendo declarado aspirante em 1921. Estudou na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais da Armada, em 1923, como primeiro tenente. Frequentou a Escola do Estado Maior, ainda como primeiro tenente, concluindo o curso em dezembro de 1931, em primeiro lugar, com menção honrosa.

 General em 1962, foi promovido a marechal e transferido para a reserva dias antes de assumir a presidência da República. Militar de alta formação, fez todos os cursos superiores do Exército, além dos que realizou nos E.U.A e na França. Participou na Itália da II Guerra Mundial, como encarregado da Seção de Planejamento e Operações da F.E.B. No Brasil, exerceu, entre outros, os cargos de comandante do IV Exército, da Região Militar da Amazônia e chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, do qual fora dispensado pelo Presidente João Goulart (Jango), após tê-lo advertido quanto aos riscos de medidas comunistas no programa da ação governamental.

3- O Golpe Cívil-Militar de 1964

Na desordem que se seguiu à derrocada de Jango, houve uma espécie de disputa surda entre lideranças e dispositivos alternativos. Rapidamente o poder efetivo condensou-se em torno de uma junta militar, reunindo chefes militares das três Armas e que se autodenominara Comando Supremo da Revolução. Após compreendermos os eventos que levaram o Brasil a Revolução de 1964, falaremos agora sobre o primeiro Presidente Militar brasileiro, 26° presidente da República e 20° presidente da República, eleito indiretamente pelo Congresso Nacional a 11 de abril de 1964 e empossado 4 dias depois para completar o quinquênio 1961-1965, face à deposição do Pres. João Goulart pela revolução que, a 9 de abril do mesmo ano, instaurou a VII República com a outorga do Ato Institucional. Teve, contudo, seu mandato prorrogado até 15 de março de 1967, por força de emenda constitucional aprovada em julho pelo Congresso Nacional. Não sendo político, o Marechal Castelo Branco era, entretanto, conhecido por sua atividade militar. A primeira grande dificuldade enfrentada pelos vitoriosos foi definir um programa construtivo, uma identidade política positiva.

3.1- Repressões à política de oposição

            Todos os movimentos de oposição foram considerados subversivos e colocados na ilegalidade e seus membros foram presos. A UNE, CGT, MUT e Ligas Camponesas foram eliminadas. Extinguem-se os partidos políticos e define-se uma recomposição (ARENA – Aliança Renovadora Nacional, aliada ao governo e o MDB – Movimento Democrático Brasileiro, aglutinava políticos que fariam a oposição permitida ao governo).