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sábado, 12 de dezembro de 2015

Uma discussão histórica acerca do filme Alexandre, o Grande de Oliver Stone.




Autor: *Contrutor CHH


É um drama biográfico e também considerado um épico, realizado em 2004, com base na biografia elaborada pelo escritor inglês Robin Lane Fox, no qual foi inspirado o roteiro do filme. O filme tem inicio em 323 a.C, na Babilônia. Com a morte precoce de Alexandre, o Grande com apenas 33 anos. Depois o filme passa os eventos para Alexandria no Egito, passados já mais de 40 anos da morte de Alexandre.

Seu ex- general Ptolomeu, que conhecia Alexandre intimamente, conta para um escriba as glórias e desventuras de Alexandre, bem como sobre sua morte precoce quando havia conquistado quase todo o mundo conhecido da época.  Triste Ptolomeu frisa que as grandes vitórias dos exércitos de Alexandre foram esquecidas.  Embora segundo a narrativa de Ptolomeu ele fosse chamado de tirano. Ptolomeu diz que antes de Alexandre, havia tribos e depois dele tudo passou a ser possível.

Era um império não de terras e de ouro, mas da mente, uma civilização helênica aberta a todos. No oriente, o vasto império persa dominava quase todo o mundo conhecido. No ocidente, as outrora cidades-estados gregas, Tebas, Atenas, Esparta, haviam perdido o orgulho. Reis persas pagavam aos gregos com ouro, para usá-los como mercenários. Felipe II da Macedônia, o pai de Alexandre, começou a mudar tudo, uniu as tribos de pastores da Macedônia. Criou um exército profissional macedônio, que subjugou os traiçoeiros gregos. Então se voltou para a Pérsia, onde se dizia que o rei Dario, em seu trono na Babilônia, temia Felipe. Alexandre era filho da rainha Olímpia, e nasceu em Pela na Macedônia no ano de 356 a.C.

Quando Felipe II da Macedônia, também conhecido como Felipe, o Caolho foi assassinado 336 a.C. O assassinato se deu durante os festivais de outubro em Aigai era nesses festivais que se celebravam aos casamentos e Filipe pretendia casar sua filha, mas ao entra Filipe sozinho no teatro para o casamento de sua filha, usando um manto branco, e ficou no centro da orquestra, recebendo as aclamações dos espectadores. Foi quando Pausânias atacou Filipe porque este não fez nada ao saber que Pausânias havia sido atacado e ferido por inimigos. Mas o motivo pessoal de Pausânias não excluía uma conspiração da qual ele seria apenas uma peça. Alexandre o sucedeu ao trono aos 20 anos de idade sob a alcunha de Alexandre III, mas ficou mesmo conhecido por Alexandre, o Grande. A vida de Alexandre como rei foi marcada por conquistas seguidas, não perdeu nunca nenhuma batalha. Em 335 é aclamado, no Congresso Pan-Helênico de Corinto, general de todas as forças gregas.

Tornou-se o mais famoso general da Antiguidade, comandando os gregos na conquista do Império Persa. Com um exército de 35.000 infantes, 5.000 cavaleiros e uma frota de 169 trirremes, atingiu o Helesponto em 334. Venceu o exército persa às margens do Rio Granico. Ocupou rapidamente várias cidades, assim como a região litorânea e a Frígia, com sua capital, Górdio. Nesta cidade, cortou um nó complicado que, segundo a tradição, daria o Império da Ásia a quem o desembaraçasse.

Em 333, na Planície de Isso, que dá acesso à Síria, venceu novamente os persas. Passa às cidades da Fenícia, arrasando Tiro (332), por lhe ter oferecido resistência. Gaza é vencida. Atinge o Egito onde é recebido como descendente dos faraós. Recebe o titulo de filho de Amon, o que aumentou sua popularidade, funda no delta do Nilo a cidade de Alexandria, que será um dos centros mais ricos do mundo antigo, e vence o rei, Dario III, em Arbela e Gaugamela (331). Conduz seus exércitos vitoriosos em direção da Índia; atinge o Indus, derrota o Rei Porus e ocupa a região. Ao chegar ao delta rio, a expedição dividiu-se em duas partes: uma embarcou na frota e, navegando pelo Índico e pelo Golfo Pérsico, atingiu a Mesopotâmia; a outra regressou por terra, dirigida pelo próprio Alexandre.

Chegará a Babilônia em 324. Em dois lustros, a extraordinária campanha de Alexandre havia transformado a situação do mundo civilizado. Em seu regresso procurou organizar o império que conquistara. Sua finalidade era realizar a união entre vencedores e vencidos. Fundou na Ásia muitas cidades, sobretudo na Pérsia, garantindo assim as estradas que ligam a Pérsia à bacia Indus. Adotou ante os orientais uma política de tolerância, quanto a religião, às leis, aos costumes. Escolheu muitos persas como colaboradores de confiança, dando-lhes postos importantes no exército e no governo de territórios.

A morte cortou seus projetos ambiciosos. Faleceu atacado por febre violenta em 323, quando contava apenas 33 anos.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Um desconstrucionista, desconstruindo a História.


Alun Munslow
            Alun Munslow é professor, dedicado a publicar textos inseridos nas discussões a respeito das condições cognitivas do saber histórico a partir de perspectivas pós-modernas. Sua obra Desconstruindo a história insere-se nesse debate. 
Aonde Muslow não se reduz à defesa de uma perspectiva teórica sobre o conhecimento historiográfico. O autor identifica e descreve três abordagens: reconstrucionismo, construcionismo e desconstrucionismo. Toda estrutura do Desconstruindo a história gira em torno de uma estratégia: colocar quatro questões a cada uma das três abordagens. 
1º O empirismo pode constituir-se como uma epistemologia? 
 2º Qual o caráter e a função da evidencia? 
3º Qual o papel do historiador e como ele usa as teorias sociais para compreender e explicar a história? 
4º Qual a importância da forma narrativa para a explanação histórica? 
 No capítulo três, Munslow caracteriza a abordagem da qual é adepto, o desconstrucionismo. E o faz marcando as diferenças entre este, o reconstrucionismo e o construcionismo. Nega o pressuposto teórico que atribui à historiografia condições de conhecer o passado como realmente aconteceu, seja pela análise empírica, seja por meio de uso de teorias sociais. Sendo o Desconstrucionismo uma narrativa historiográfica não é apenas um meio de apresentação dos resultados de pesquisa. Não havendo uma relação precisa de correspondência entre o passado e sua representação narrativa.
É o historiador, no presente, organiza as informações de uma determinada maneira a fim de que a narrativa tenha um dado significado, impondo ao passado um enredo de um tipo específico. Embora Munslow seja adepto do deconstrucionismo, ele não reduziu totalmente as outras duas abordagens (rescontrucionismo e construcionismo). Desconstruindo a história, pode ser considerado um livro que introduz o leitor em um ambiente intelectual bem delimitado.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

III Geração da Escola de Annales

Jacques Le Goff

Autor: Construtor CHH 
          
Segundo minhas leituras do livro de Teoria II a geração da Escola dos Annales que mais me interessou foi a III Geração. As principais razões de minha preferencia por esta Escola estão centradas no fato de ser uma Escola aonde o policentrismo prevaleceu diferente do que ocorreu nas duas gerações anteriores. 

Permitindo assim o desenvolvimento de uma escola mais disposta a permitir a influência do pensamento americano como a psico-história, a história da cultura popular, antropologia simbólica, dentre outras.  É nesta geração que tudo passa a ser objeto de pesquisa para o historiador. E o enfoque econômico foi transferido para a superestrutura cultural. E é nesta geração que temos a oportunidade de estudar as pesquisas de Jacques Le Goff, aonde o tempo é visto como um mecanismo de dominação social, controle da sociedade e de sua consciência. 

Michelle Perrot

Outra importante característica da III Geração dos Annales foi a presença de ulheres, como Michelle Perrot que  voltou seus estudos para a história das mulheres e dos excluídos da história como operários e prisioneiros. 

Robert Mandrou

Outro nome importante dessa geração foi George Duby e seus estudos direcionados para a história das ideologias, imaginário social e sua interação com o mundo real. Ainda nesta geração temos um autor preocupado em dar voz às massas anônimas, e o universo das crenças, este autor é Robert Mandrou, um historiador francês. Ainda temos na III Geração dos Annales Jean Delumeau, que explora em seus estudos os medos individuais e coletivos da civilização ocidental do século XIV ao XVIII.  

George Duby

A contribuição de Emmanuel Le Roy Ladurie foi à utilização de métodos propagandísticos e quantitativos em pesquisa histórica. Por essas inovações e por este grande grupo de historiadores por excelência é que para mim a III Geração dos Annales foi a que mais me interessou.


Emmanuel Le Roy Ladurie

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Historiografia Desconstrucionista e da Nova Historiografia Alemã.


Jacques Derrida e Hayden White

História Desconstrucionista
           
A historiografia desconstrucionista é uma área da história voltada para a relação existente entre o leitor e o texto de modo que podemos entender que nenhum texto está livre de ser analisado de diferentes formas, pois não existe uma interpretação que esclareça corretamente todos os pontos de um tema em questão de forma satisfatória, mas sim muitas interpretações para cada tema.

A historiografia desconstrucionista segundo o livro da disciplina pode ser entendida de duas maneiras. No primeiro método ela pode ser entendida em sentido estrito de autoria de Jacques Derrida, que entende a desconstrução como a leitura de textos, buscando contradições e ambiguidades internas. Como a presença de oposições no texto, mas havendo pelo escritor privilégios para um tema em detrimento do outro. Derrida também aborda  o fato da historiografia escrita ser privilegiada no ocidente em relação a historiografia oral, mas Derriba afirma que o desconstrucionismo nesta base não se sustenta.

 O desconstrucionismo marca a ruptura com o estruturalismo. Em seus textos Derrida procura mostrar que descontruir um texto é procurar nele a direção ou opressão por parte do escritor da obra. É a desestabilização em si mesmo, mas não de forma negativa. Não se trata para o desconstrucionismo destruir o que já está construído, mas sim pensar além dos mesmos.

Segundo o historiador Hayden White, ao analisarmos o passado com algo que exista somente o que foi escrito pelo historiador, a história organizada por pistas pelos historiadores estamos sendo desconstrucionistas. Sendo para este autor a linguagem historiográfica o ponto principal para o entendimento do tipo de relato. Dentro da historiografia desconstrucionista temos a Meta-história que procura a condição da narrativa histórica. Não sendo a escrita um acontecimento, mas uma variedade de conexões e interconexões por meio das quais podemos ver em seu delineamento os acontecimentos.

Nova Historiografia Alemã


Reinhart Koselleck

            Conforme podemos ver no livro da disciplina, a nova historiografia alemã surge logo após a unificação da Alemanha Ocidental e Oriental. Passando nesse período um processo de ocidentalização desde meados do século XX, em relação aos trabalhos historiográficos. Houve um aprofundamento nos debates sobre história social e história cultural nas universidades.

Antes da unificação a Alemanha Ocidental tinha seus estudos historiográficos voltados para a história social desde 1970 direcionado a antropologia cultural. Já a Alemanha Oriental tem seus estudos voltados para uma história social a serviço do sistema, somente na década de 1980 é que os estudos historiográficos voltam-se para a história cultural.

Além dos estudos voltados para a história cultural e social encontramos a historiografia dos conceitos que por meio de Reinhart Koselleck como figura central vão elaborar três dicionários dos conceitos básicos, princípios históricos, e conceitos político-sociais. Koselleck é que elabora os fundamentos dos dicionários serão importantíssimos para a história dos conceitos que procura termos difundidos no vocabulário historiográfico moderno, podendo ter vários sentidos bem como um só.

A história dos conceitos e a história social devem ser entendidas que uma sociedade e seus conceitos encontre-se em uma relação de polarização. A nova historiografia alemã já é conhecida no século XX como o maior movimento de sistematização teórica da ciência histórica desse período. Com obras de caráter mais teórico sobre a sociedade, política, história cultural, história dos trabalhadores, história das vivências a partir da história oral e ciência histórica e memória.

Ideologia Liberal (Liberalismo), analisando seus princípios e as mudanças que passaram ao longo dos séculos XIX, XX e XXI.


Adam Smith, mais importante teórico do liberalismo.

Autor: Construtor CHH

            O liberalismo se refere à educação abrangentemente humanística e tolerante. Mas também com um sentido pejorativo voltado a libertinagem. No século XIX, o Liberalismo teve seu primeiro uso político para designar os pregadores do reformismo radical e republicano contrário à monarquia espanhola.

E nesse século também que se delineia a ideia do homem com seu próprio senso de autorealização. Já no século XX, as características marcantes dos liberais foi a expansão dos direitos civis por meio do feminismo, igualdade racial, direito de voto a todos os cidadãos sem distinção, luta pela assistência médica gratuita e universal a todos os cidadãos, a busca pela erradicação da pobreza extrema.

Outra grande conquista do Liberalismo no século XX foi à ascensão do internacionalismo liberal que é responsável pelo surgimento da Liga das Nações e depois das Organizações das Nações Unidas em substituição da primeira. No alvorecer do século XXI, os governos democráticos e liberais se caracterizam pelo fundamental direito civil, o individualismo que se expande ao mesmo tempo que os avanços tecnológicos, sociedades marcadas pelo pluralismo e a busca constante pelo bem-estar pessoal acima do bem-estar da sociedade.

Neste século XXI, o Liberalismo é marcado pela descentralização política e pelo avanço na maioria das regiões do mundo.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Resenha do filme Ágora (Alexandria. Pt. Br.)


A atriz britânica Rachel Weisz, interpreta Hipátia. 

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Autor: Construtor CHH

O filme Ágora (que em grego significa assembleia ou lugar de reunião) passa-se na cidade de Alexandria no ano de 391 d.C, após Império Romano adotar o Cristianismo como religião oficial. Aonde muito oficiais romanos converteram-se unicamente por interesse de status e poder na sociedade romana. Podemos ver no filme segundo a visão do diretor e produtor grupos de cristãos da antiguidade que matavam os gregos politeístas e queimavam papiros e pergaminhos que continham dados antiquíssimos da história e ciências humanas. Mas o diretor deixa de abordar que me grande parte foi por ignorância, pois esses cristãos em sua maioria eram iletrados e não tinha ideia do prejuízo que estavam causando para a civilização humana.

A figura central do filme ‘Ágora’ é Hipátia, uma filosofa, matemática e astrônoma que era uma figura revolucionária para sua época principalmente por ser mulher e estar a frente da educação de homens. Em várias cenas aparece a biblioteca de Alexandria com seus escrito milenares, debates em praça pública entre cristãos e politeístas, aonde realizavam provas sobre qual Deus ou deuses era mais poderoso  e protegeria o seu seguidor de passar pelo fogo sem se ferir. Em um desses debates acaba em tragédia, pois o sacerdote politeísta não consegue passar pelo fogo como o cristão e acaba morrendo queimado. Os politeístas consideram o cristianismo um perigo para suas tradições e costumes.

O filme também aborda as relações da professora Hipátia com seu escravo Davus que demonstra grande interesse por filosofia, matemática e astronomia e ela como professora valoriza o interesse de Davus pelo conhecimento. Hipátia em suas aulas fala sobre a união e não a divisão entre seus discípulos mesmo que os cristãos e politeístas divirjam de opiniões e teorias.

 Por está época o Bispo Cristão de Alexandria era Theophilus e durante esse bispado o escravo Davus de Hipátia converte-se ao Cristianismo. Davus desde o inicio da trama demonstra gostar de Hipátia mais que uma professora e Orestes outro aluno de aluno deseja casar-se com ela, mas ela não deseja o casamento com homem algum prefere os estudos e as letras, pois o casamento lhe privaria dos mesmos.

Após o incidente na praça aonde um sacerdote politeísta acabou queimado em um desafio do Deus ou deuses mais poderosos os politeístas decidem organizar um ataque aos Cristãos e começam a distribuir espadas entre seus fieis, Hipátia demonstra grande desagrado com esses acontecimentos. Quando o ataque dos politeísta tem inicio o Bispo Theophilus estava pregando na ‘Agora’ da praça central, quando tem inicio o ataque dos politeístas que atacam homens, mulheres e crianças indefesos, matando e mutilando. No desenvolver desse evento Davus, o escravo de Hipátia escolhe seu partido na batalha ao lado dos Cristãos que ao final invertem o ataque por ser a maioria e os politeístas acabam tendo que recuar para dentro dos muros da Biblioteca de Alexandria, ficando sitiados.

  No decorrer dos dias de sitio que se passam começa a faltar comida para os politeístas que mesmo sitiados incitam e provocam os Cristãos por cima dos muros  com expressões como “pesão caixões para seu Deus carpinteiro!”. Durante o sitio sem ter o que fazer o filósofos começam a divagar sobre os corpos celestes, os Errantes (que são os planetas), as estrelas e as teorias sobre a Terra e seus ciclos  e o das estrelas errantes. Abordam a hipótese de Aristarco sobre a Terra se mover, dentre outros assuntos.

 O prefeito romano de Alexandria ao tomar conhecimento dos últimos acontecimentos na cidade, escreve um édito e envia a mesma. O édito é lido em frente aos portões da Biblioteca de Alexandria para que os politeístas e Cristãos possam ouvir. No Édito o prefeito de Alexandria perdoa os politeístas insurgentes e permite que eles saiam do Seapeum e deixem os Cristãos entrarem no Serapeum da Biblioteca e façam uso dele. Por ser iletrada a maioria não sabia a importância dos documentos presentes na biblioteca, pois achavam que estavam relacionados com os deuses do politeísmo e não com ciência, história e outras artes. Durante esse acontecimento Hipátia junto com alguns de seus alunos tenta salvar pergaminhos e papiros desesperadamente. O principal grupo cristão responsável pelo ataque à biblioteca de Alexandria foi a Ordem dos monges Parabolanos.

                   Davus, ex-escravo de Hipátia agora um monge parabolano, está dividido entre sua mestra e a fé Cristã, ele ataca Hipátia em certo momento do filme e  depois desiste entregando uma espada para que Hipátia o matasse por tê-la atacado, ela larga a espada no chão em um gesto de piedade e sai. Por esse período somente ritual cristão e judaico são permitidos em Alexandria. Foi quando falece o Bispo Theophilus e sobe ao bispado o Bispo Cirilo. Com o Bispo Cirilo tem inicio os confrontos com os judeus. Ao mesmo tempo Orestes ex-discipulo de Hipátia torna-se prefeito de Alexandria e converte-se ao cristianismo por interesses pessoais como ascensão ao poder.

Mesmo com todos esses eventos ocorrendo Hipátia continua suas pesquisas em relação aos Errantes (planetas).

Enquanto isso o atrito entre judeus e cristãos aumenta, após os judeus armarem uma cilada para os cristãos dentro de uma igreja aonde dezenas são mortos a pedradas por judeus. Após o Bispo Cirilo saber do incidente organiza uma resposta aos judeus. Grupos de cristãos sob ordens do Bispo Cirilo atacam os judeus e seus comércios.

O prefeito Oreste e os governantes de Alexandria não sabem o que fazer para acabar com os conflitos, pois não possuem legiões suficientes para deter as agressões mutuas dos grupos divergentes. Devido a isso os judeus fogem de Alexandria derrotados.

Hipátia que continua em seus estudos e descobre na visão do filme que os errantes seriam explicados através de elipses e não círculos. Ela tem esse vislumbre através do cone de Apolonio.

A partir de agora o Bispo Cirilo volta-se para Hipátia, pois vê nela uma oposição. Hipátia é acusada de ateísmo e bruxaria. Após ser levada para ser apedrejada pelo parabolanos, Davus, seu ex-escravo mata ela asfixiada sem que os outros parabolanos vejam e diz para eles que ela desmaiou,  pois não desejava que ela morresse apedrejada com muito mais sofrimento. Hipátia é apedrejada depois de morta, mas os parabolanos não souberam disso. 

O filme foi proibido no Egito pela censura, por conter cenas consideradas um insulto para a religião. O “Observatório Anti-difamação Religiosa” protestou contra o filme por "promover ódio ao cristianismo e reforçar falsos clichés sobre a Igreja Católica". O filme teve problemas de distribuição nos Estados Unidos da América e Itália.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

A “Ponte de Adão” ou “Ponte de Rama” citada no Ramáiana é localizada.


"Ponte de Adão" ou "Ponte de Rama."

A NASA capturou imagens de uma misteriosa e antiga ponte entre a Índia e o Sri Lanka. A ponte era transitável a pé supostamente até 1480 d.C, quando um ciclone de  areia  a destruiu.

Esta ponte recém-descoberta tem-se verificado ser feita de uma cadeia de calcário. Sua curvatura única e composição por idade revela que é feita pelo homem. Atualmente, a ponte nomeada como Ponte de Adão (mais popularmente conhecido como Setubandha) possuí cerca de 18 milhas (30 km) de comprimento.


A "Ponte de Rama" fica entre a ilha de Pamban na Índia e a Ilha de Mannar no Sri-Lanka.

A ponte de Adão também é chamada ponte de Rama porque está escrito no Ramáiana que foi construída para permitir a Rama atingir a ilha de Lanka onde a sua esposa Sita estava prisioneira do rei-demônio Ravana.

Esta informação é um aspecto crucial para uma visão sobre a lenda misteriosa chamada Ramayana, segundo a qual a ponte foi construída sob a supervisão de Rama.


Ilha de Danush Kodi, fim do subcontinente indiano frente ao Sri Lanka.

Esta ponte começa na Índia, na ilha de Dhanushkodi Pamban e termina na ilha de Mannar no Sri Lanka. A profundida entre a Índia e o Sri Lanka é de apenas 3 a 30 pés (1-10 metros) de profundidade. Devido às águas rasas, esta ponte apresenta um problema para a navegação de grandes navios que não podem viajar nas águas rasas do canal Pamban.

A ponte foi mencionada por Ibn Khordadbeh no seu Livro de Estradas e Reinos chamando-lhe Set Bandhai ou "Ponte do Mar". Mais tarde surge referida em trabalhos do século XI, por Al-Biruni.


Vista aérea da "Ponte de Adão".

O nome Ponte de Adão provavelmente provém de uma lenda islâmica, de acordo com a qual Adão teria usado a ponte para atingir o Pico de Adão no Sri Lanka, onde ficou apoiado sobre um só pé durante um milhar de anos, deixando uma grande marca que se assemelha a uma pegada. Tanto o pico como a ponte receberiam, pois o nome de Adão por causa desta lenda. O nome Ponte de Rama ou Rama Setu (sânscrito; setu: ponte) foi dado a esta ponte de baixios em Rameshwaram, na mitologia hindu identificando-a com a ponte construída pelo exército de Rama formado por homens-macacos ditos Vanara, usado para chegar a Ceilão para salvar a sua esposa Sita do rei Rakshasa, Ravana, como descreve o épico sânscrito Ramáiana


Índia ao norte, Sri Lanka ao sul.

O mar que separa Índia e Ceilão é chamado Sethusamudram "Mar da Ponte". Mapas de um cartógrafo neerlandês de 1747, disponíveis em Tanjore na biblioteca Saraswathi Mahal designam a área de Ramancoil, forma coloquial do termo tamil Raman Kovil (templo de Rama) Outro mapa da Índia Mogol de J. Rennel em 1788, na mesma biblioteca, chama a área de "Rama Temple". Muitos outros mapas presentes no atlas histórico Schwartzberg's  e outras fontes chamam à área nomes como Koti, Sethubandha e Sethubandha Rameswaram, entre outros. Valmiki Ramayan chamou à ponte construída por Rama Setu Bandhanam no verso 2-22-76.


Vista geral da "Ponte de Adão" ou "Ponte de Rama."

O mapa mais antigo que chama à zona "Ponte de Adão" foi concebido por um cartógrafo britânico em 1804.

Há um impasse entre os geólogos. Alguns geólogos argumentam que esta estrutura é natural enquanto outros sustentam que é feita por mão humana. O Supremo Tribunal de Madras afirmou numa ocasião que a estrutura era artificial.
A descoberta desta ponte não é apenas importante para os arqueólogos, mas também dá uma oportunidade para que o mundo saiba uma história antiga ligada à mitologia indiana.


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A Sociedade dos Nove Desconhecidos


Por Lauro Edison, 18 de setembro a 27 de outubro de 2007
Esqueça a Roza-Cruz, os Iluminatti, a Golden Dawn ou a Maçonaria. Os Nove Desconhecidos formam a mais poderosa sociedade secreta do Universo. Poucos mitos são tão profusos em especulações: da manipulação das massas às viagens na velocidade da luz, da imortalidade às civilizações perdidas. E todas estas maravilhosas ideia sem nenhum apelo ao misticismo.
Segundo a versão principal da lenda, a ordem dos Nove foi fundada na Índia, em 246 a. C., pelo imperador Ashoka. Objetivo: tornar o conhecimento secreto; evitar que caia em mãos erradas. E toda a sabedoria seria armazenada em nove livros, constantemente atualizados e cada qual dedicado a uma ciência: psicologia, gravitação e luz são três delas.
Sobre um dos livros, Talbot Mundy escreveu: “uma única página tem segredos de propaganda o suficiente para que um ladrão possa começar, prontamente, a sua própria religião”.
Escondidos, os Nove interviriam sutilmente no mundo, de tempos em tempos, conduzindo a civilização por caminhos seguros. E muitos ocidentais, ao visitarem o Oriente, teriam entrado em contato com eles, ou com instruções de algum dos nove livros, e retornado com conhecimentos impressionantes.
Ora, e quais ligações poderia haver entre tudo isto e, por exemplo, as estranhas atividades de uma ilha perdida no pacífico? Obviamente, falo de Lost. Eles sobreviveram à queda de um avião, mas se viram presos em uma ilha cheia de eventos absurdos e, voilà, eis a trama mais indecifrável dos últimos tempos! Lost provoca o espectador com visões de mortos, sonhos proféticos e outros milagres, mas então despeja hipóteses tecnológicas, sugerindo (muitas vezes de forma direta) que nada há de realmente sobrenatural ocorrendo na ilha.
Uma fachada de mágica e misticismo para aquilo que, na verdade, é a pura ciência dissimulada, a técnica. Eis o que pode ser a ilha Lost. Eis o que é a Lenda dos Nove Desconhecidos. E parece haver outras conexões intrigantes entre estes dois universos. É fascinante ver um mito tão remoto fazer contato, e de forma tão inesperada, com um dos melhores mitos modernos.

Mas Lost seria apenas a manifestação mais recente da lenda dos Nove. Seja fornecendo a cura da cólera, guardando antigos projetos de vimanas ou enviando gurus bizarros ao ocidente, os Nove dão as caras em várias ocasiões. As pistas são péssimas. E as possibilidades, incríveis.
De qualquer modo, seguiremos as pistas péssimas.
Então rastrearemos a origem do mito. Conheça, enfim, a magnífica Lenda dos Nove Desconhecidos
Materialismo e Espiritualismo

Uma crença existente na humanidade desde tempos imemoriais de que existe uma segunda realidade para além do mundo físico. Seja metafísica, sobrenatural, plano divino, mundo das ideias, o além, a esfera do espírito. Cada um o imagina de um jeito, mas uma coisa é certa: é algo “não físico”, imaterial, intangível. É onde moram os deuses, anjos e fantasmas (e o próprio diabo), e para onde vamos quando morremos.
E materialista foi, por exemplo, Tales de Mileto, pai da filosofia e ciência. Também o foram Demócrito, Nietzsche, Darwin. Não é surpresa: são ocidentais, filhos do racionalismo grego (embora mesmo este inclua uma maioria de espiritualistas, de Platão a Kant). Mas seria estranho descobrir o materialismo entre os orientais, não? O Oriente, afinal, parece o berço do mais fantasioso misticismo.

Será?
Quem quer que tenha sido, o criador da Lenda dos Nove Desconhecidos pensa diferente: nada de fantasmas, deuses ou milagres, apenas Ciência. O misticismo prolífico das diversas tradições orientais – hinduísmo, budismo, confucionismo, etc. – seria apenas um engenhoso disfarce, elaborado pela própria influência dos Nove, para esconder tecnologia de ponta.
Enquanto as outras sociedades secretas são ditas possuidoras de saberes místicos, os Nove teriam a instigante característica de guardar um conhecimento puramente racional, científico.
Mas os Nove Desconhecidos não são Ciência, é claro. São paranoia, mito, teoria da conspiração. São, talvez, uma amostra lúdica daquilo que a Ciência pode se tornar nos próximos mil anos. E, se você possui uma mente excessivamente aberta, esta lenda pode até – quem sabe, vá lá, de repente, quiçá, porventura – se aproximar de alguma coisa real.
O importante, e a razão maior de esta matéria existir, é: seja ou não um completo disparate, esta lenda ilustra de modo simples aquilo que a Ciência não cansa de mostrar, ou seja, que fantasmas e milagres são inúteis. O Universo físico é mais fascinante do que você pensa. Além do quê, a simples ideias de um mito, situado no Oriente, que nega explicitamente as conhecidas realidades místicas orientais, é em si mesmo imperdível.

E por mais absurdo que seja (e ele é muito!), seus absurdos jamais invadem o terreno do sobrenatural. Eis o detalhe crucial. E não será isso algo espetacular? Afinal, dizem que a Ciência e seu materialismo são áridos e desencantados. Mas a Ciência também é absurda, pois o mundo é estranho. Lindamente estranho em suas revelações e possibilidades. Quando se trata de fascinar e assombrar, é realmente difícil superar os fatos. Duvido muito que a lenda dos Nove, ou qualquer outro delírio inspirado, possa conseguir tal feito.
E, no entanto, fugir do sobrenatural é um ótimo começo.
Por isso estamos aqui.
Qual será a origem deste tão improvável “mito sem misticismo”?
O Despertar dos Mágicos

Há uma exceção: os Nove Desconhecidos também são citados em um fórum. Onde? Na teoria de um fã americano de Lost… Mas, fora isso, se você digitar “nine unknown” no Google, será invariavelmente levado ao mesmo texto, repetido dezenas de vezes por toda a web. É um excerto do livro O Despertar dos Mágicos, escrito em 1960 por Louis Pauwels e Jacqües Bergier.
O livro é uma introdução ao “realismo fantástico”: uma visão de mundo que, em nome do entusiasmo, pretendeu buscar a verdade através de meios nada ortodoxos (leia-se: indo além do método científico), abrindo a mente para todas as possibilidades, mas tentando evitar o absurdo.

É difícil fugir do absurdo quando se atropela o método científico, mas a obra de Pauwels e Bergier está muito longe de qualquer delírio místico ou “new age”, destes que infestam as bancas e livrarias, seja na seção de esotéricos, seja na dos mais vendidos. Os “mágicos” de O Despertar dos Mágicos estão muito mais pra cientistas do que pra gurus. “Magia” é tecnologia. E, é claro, a Lenda dos Nove Desconhecidos é um exemplo perfeito, coroando um capítulo chamado “A conspiração em pleno dia”, sobre sociedades secretas.
Não é nenhum desfile de bizarrices. Sociedades secretas “comuns”, como Maçonaria e Iluminatti, são descartadas como brincadeiras ridículas. E Pauwels avança para uma tese engenhosa: quando a tecnologia se torna muito perigosa, é preciso escondê-la.
Isto esteve perto de ocorrer após a 2ª guerra mundial. De fato, houve uma mobilização geral contra a tecnologia. Quando armas de destruição em massa mostraram seu poder, autoridades cogitaram interditar a ciência pública. A ideia era entregar o avanço científico a uma comissão conscienciosa, que decidiria, sem riscos, que uso dar ao conhecimento.
E é aí que entram os Nove Desconhecidos.
Pauwels especula que, no passado distante, o avanço tecnológico teria sido alvo da mesma necessidade de segredo, porque igualmente perigoso. E vai buscar informações sobre os Nove, ao que parece, sobretudo no livro de Talbot Mundy, The Nine Unknown. Como o próprio Pauwels diz (e talvez aumentando), ele é “um misto de realidade e ficção”. Isto não ajuda a credibilidade da lenda, mas, como veremos, quase chega a ser melhor que nada.
Mais adiante, falaremos sobre Mundy e seu livro.
Antes, o ponto de partida da história dos Nove: o imperador Ashoka.
O Império de Ashoka

Tecnologia perigosa: eis o que permitiu que Ashoka, por volta de 270 a. C., expandisse seu Império, exterminando cem mil calinganeses em uma violenta e arrasadora conquista na Índia. Isto faria dele apenas mais um Gêngis Khan, um Alexandre, um Hitler. Mas Ashoka é historicamente famoso pela sua mudança: abandonou a violência e, segundo Pauwels, “quis proibir para sempre aos homens que utilizassem a inteligência de uma forma prejudicial”. A tática, adivinhe, foi tornar a ciência secreta, fundando os Nove Desconhecidos.
Que tecnologia Ashoka possuía? Basicamente, apenas a tecnologia de guerra. Uma versão mais louca, no entanto, diz que o imperador deparou com destroços impressionantes de uma guerra tecnológica ocorrida 20 mil nos antes. Por hora, não importa. Em posse de conhecimentos devastadores, os Nove interviriam de modo bastante sutil no mundo, poucas vezes deixando pistas.
O nome “Ashoka” lhe é familiar?
Talvez você tenha visto, na televisão, um dos recentes comercias da Ashoka Empreendedores Sociais, uma organização mundial sem fins lucrativos, mas que financia projetos profissionais de impacto social positivo. Começou, por sinal, justamente na Índia, embora fundada por um americano. A origem do nome é esclarecida no site da Ashoka do Brasil. E a explicação é tão boa e concisa que preciso repeti-la aqui:
“Em sânscrito – língua indo-européia de registro escrito mais antigo – Ashoka significa ‘ausência de sofrimento’. Ashoka foi também o nome de um imperador que governou a Índia durante o século III a. C. e é lembrado como um dos maiores inovadores sociais do mundo. Depois de uma guerra pela unificação do país, o imperador Ashoka renunciou à violência e dedicou sua vida à promoção do bem-estar social, da justiça econômica e da tolerância. Em seu governo instituiu serviços de saúde, lançou um amplo programa de abertura de poços, construiu alojamentos para viajantes e plantou milhares de árvores para fazer sombra nas estradas quentes e de muita poeira da Índia. Seus éditos, gravados em pilares de pedra em todo o império, testemunham sua fé na ética como guia para a ação pública.”
Tecnologia e bons propósitos, afinal.
E, como que para colocar minhocas na cabeça criativa dos paranoicos, o slogan deles é: “todo mundo pode mudar o mundo”.
Mas os empreendedores sociais nada dizem sobre “nove desconhecidos”, é claro. E, antes que especulem, também não encontrei nenhum “9” escondido no site da organização! Na verdade, os Nove não são citados em nenhuma história oficial do imperador Ashoka ou da dinastia Mauryan, da qual ele fazia parte. A lenda foi obviamente incorporada depois. Mas há uma pista de onde tudo começou, e que depois nos levará a Lost: a difusão do Dharma.
É fato que Ashoka enviou monges budistas pela Ásia e além, incluindo um de seus filhos, para difundir os princípios do Dharma, isto é, o budismo. Não se distraia pelo fato de Ashoka estar difundindo uma “religião”, pois o que “dharma” significa é: “o caminho das verdades mais altas” ou “o princípio universal que rege toda a realidade”. Trata-se (bem, faça um esforço, em nome da brincadeira) de puro conhecimento racional, e o resto seria fachada.
Pois bem, os monges eram dez, mas foram enviados a nove lugares. A sugestiva lista a seguir saiu de um livro antigo chamado “Mahavamsa”. Eis nossos primeiros “nove” (de muitos suspeitos):
1. Majjhantika
2. Mahadeva
3. Rakkhita
4. Yona Dhammarakkhita
5. Mahadhammarakkhita
6. Maharakkhita
7. Majjhima
8. Sona e Uttara
9. Mahamahinda (filho de Ashoka)
Não é difícil imaginar alguém que, partindo destes “nove”, tenha criado uma versão rudimentar do que, muito depois, viria a ser a rica mitologia dos Nove Desconhecidos. Vamos a ela, afinal.
Os Nove Livros do Conhecimento

Este é, quase com certeza, o aspecto mais instigante do excerto de O Despertar dos Mágicos. E o fato é o seguinte: diz-se que cada um dos Nove Desconhecidos era responsável por um livro, que conteria informações de uma determinada ciência. Tais livros seriam constantemente atualizados.
Estes seriam os seus conteúdos:
Livro I – Psicologia: técnicas de controle e manipulação psicológica das massas, através da compreensão do funcionamento da mente.
Livro II – Fisiologia: como matar ou curar alguém com um toque, por exemplo.
Livro III – Microbiologia: cura de doenças e engenharia biológica.
Livro IV – Química: a alquimia (transmutação dos metais) seria viável.
Livro V – Comunicação: incluindo, talvez, os meios corretos de telepatia.
Livro VI – Gravitação: seria possível controlar a gravidade.
Livro VII – Universo: “a mais vasta cosmogonia concebida pela nossa humanidade”, segundo Pauwels.
Livro VIII – Luz: viagem e Invisibilidade.
Livro IX – Sociologia: as leis que governam a evolução das sociedades.
Estes supostos nove livros se abriram a belas especulações. Ainda no excerto, diz-se que o Judô seria resultado de “vazamento” de informações do Livro II. E o Livro VI é muito citado, aludindo sempre à tecnologia dos “vimanas”, isto é, as supostas máquinas voadoras da antiquidade que infestam a narrativa do sagrado livro hindu, o Mahabharata.
Além da já citada “técnica para fundar uma religião”, presumivelmente vinda do Livro I, uma fonte remota (que ainda veremos) fala na possibilidade de que, com a disciplina correta, seja possível desfazer a própria sombra: obviamente o Livro VIII vem à mente. Como veremos, também não escapou à atenção dos fãs de Lost a possível ligação entre estes nove livros e os projetos de pesquisa financiados pela misteriosa Fundação Hanso.
Voltaremos aos livros durante o texto.
Manifestações dos Nove na História

Mesmo para uma lenda, as “manifestações” dos Nove Desconhecidos são abusivamente raras e esparsas. Era de se esperar que, para uma coisa inventada, ou sobre a qual se pode inventar o quanto quiser, existiria um sem número de histórias, versões e boatos. Mas só o que temos (?) é o que segue:
• 246 a. C. – Ashoka funda os Nove Desconhecidos (como já vimos)
• 370 d. C. (aproximadamente) – Pilar de Ferro de Délhi
Até hoje, na capital da Índia, existe um famoso monumento. É o Pilar de Ferro de Délhi, erigido há mais de 1500 anos pelo imperador Chandragupta II Vikramaditya, da dinastia dos Guptas. Ele resistiu à corrosão por todo este tempo, o que para muitos é um mistério inexplicável  mas, ao que parece, não para os especialistas. Seja como for, a obra é tida como exemplo da excelência e da habilidade dos antigos indianos no processamento de ferro.
Por ser um antigo mistério tecnológico em plena Índia, a coluna acabou sendo vagamente associada à ação dos Nove Desconhecidos. E há um segundo motivo óbvio. Tome fôlego: o imperador Chandragupta II, responsável pelo monumento, é neto de Chandragupta I, fundador da dinastia dos Guptas. Mas este adotou o nome de um imperador antigo que, 600 anos antes, unificara a Índia: era o Chandragupta da dinastia Mauryan, exatamente o avô de Ashoka.
Conclusão espalhafatosa: a Coluna de Ferro de Délhi foi construída pelo neto do imperador que copiou seu nome do avô do fundador dos Nove Desconhecidos (!). Talvez – e põe “talvez” nisso – haja alguma conexão maior entre a dinastia Mauryan e a dinastia Gupta, “explicando” esta suposta ação dos Nove na construção da coluna.
Ou é tudo coincidência e delírio.
• 999 d. C. – A Cabeça de Bronze do Papa
Esta Cabeça de Bronze tem mitologia própria e apenas resvala na lenda dos Nove. Seria um aparelho capaz de responder “sim” ou “não” a qualquer pergunta. Em algumas versões, seu funcionamento é mágico. O importante é que, em outras, o funcionamento é mecânico! Entre seus supostos donos, constam nomes como Roger Bacon, Alberto Magno e Boécio. Mas O Despertar dos Mágicos fala apenas em Gerbert d’Aurillac, o Papa Silvestre II.
E não é à-toa. D’Aurillac era cientista, e teve a fama de ultrapassar sua época. É considerado o inventor do relógio mecânico. Tornou-se Papa no paranoico ano de 999. Pauwels o define como “um dos homens mais misteriosos do Ocidente”. Tudo o que se diz é que, após uma suposta viagem à Índia, ele retornou com conhecimentos impressionantes. Índia? Tecnologia? Obviamente foram os Nove Desconhecidos!
Isto, ao menos, é fato: d’Aurillac realmente fala da cabeça de bronze, na Patrologia Latina, organizada por Migne. O que é de cair o queixo é a afirmação textual do Papa de que a Cabeça de Bronze possui um funcionamento baseado em “um cálculo feito com dois números”. Mesmo em 1960 isto fez Pauwels pensar em nosso moderno código binário de “0” e “1” da informática. É a cara dos Nove, não? Pense no Livro V, da comunicação.
• 1875 – Louis Jacolliot e o mistério das águas do Ganges
O rio Ganges é um dos sete rios sagrados da Índia e, para os hindus, a vida não está completa sem pelo menos um banho ali. Diz-se também que suas águas teriam efeitos curativos. Agora imagine a enorme população da Índia e a corrida de doentes a se banhar junto com pessoas saudáveis! O espantoso não é tanto a cura dos doentes (que decerto nem ocorre), mas o fato de que os saudáveis não são contaminados. Eis o mistério, se há algum.
O francês Louis-François Jacolliot viveu muitos anos na Índia, chegando a ser cônsul da França em Calcutá. Mas, por outro lado, escreveu muitos livros sobre os enigmas da humanidade. Em 1875 escreveu Trois mois sur le Gange et le Brahmapoutre, onde apresenta uma tese incrível: a água do Ganges é continuamente esterilizada pela radiação, o que evita que as pessoas saudáveis se contaminem com o banho dos doentes. De onde vem tal radiação? De um templo secreto dos Nove Desconhecidos, enterrado sob o leito do rio!
O que impressiona Pauwels, em O Despertar dos Mágicos, é que a ideia de “esterilização por meio de radiação” só foi levada a sério um século depois de Jacolliot escrever seu livro. Bem, para uma teoria da conspiração é melhor que nada… Em outros livros, ao que parece, Jacolliot afirmou cabalmente a existência dos Nove.
• 1890 – A. Yersin e a cura da cólera
A história de A. Yersin é rápida e óbvia. Ele foi o bacteriólogo europeu que descobriu a cura da cólera. Mas… Fez muitas viagens por toda a Ásia, inclusive morrendo em sua casa, no Vietnã. Então, é claro, a cura da cólera lhe teria sido fornecida pelos Nove Desconhecidos. Talvez tenha sido o próprio Jacolliot quem disse isto: Yersin teria viajado a Madrasta em 1890, tendo recebido instruções dos Nove sobre a peste e a cólera.
• 1923 – Talbot Mundy publica “The Nine Unknown”
O livro de Mundy não constaria da lista de “manifestações dos Nove” se Pauwels não houvesse dito que se trata de “um misto de ficção e realidade”. Ficção porque narra as aventuras de JimGrim, uma espécie de Indiana Jones com uma queda pelo Oriente. Realidade porque, supostamente, há eventos-chave da narrativa que possuem um fundo real.
Esta história é um pouco mais longa.
William Lancaster Gribbon (1879-1940), famoso como Talbot Mundy, foi um novelista inglês, conhecido por narrar aventuras que se passavam no Oriente. Afinal, Mundy trabalhou um certo tempo na polícia inglesa da Índia, se fascinando por sua cultura. Seu nome é pouco conhecido no Brasil, mas ele teve grande influência sobre Robert E. Howard, o criador de Conan.
O livro The Nine Unknown (“Os Nove Desconhecidos”sem tradução para o português) foi publicado em 1923 e é, sem dúvida, a maior fonte de informação de O Despertar dos Mágicos. É de lá que sai a ideia dos nove livros, por exemplo. Mas antes precisamos conhecer o enigma por trás do protagonista deste livro, isto é, o personagem JimGrim.
James Schuyler Grimm (JimGrim) é o herói de várias novelas de Mundy. Em suas primeiras aventuras, era um agente da inteligência britânica – como um 007, por exemplo. Mundy afirmou que JimGrim era baseado numa pessoa real. Especulou-se, então, que o personagem seria uma versão do próprio Mundy. Aos poucos, porém, o 007 foi se tornando Indiana Jones. As aventuras de JimGrim foram se deslocando para a Índia e ganhando aura de mistério, e The Nine Unknown é uma das primeiras novelas nesta direção.
Qual a história contada em The Nine Unknown?
Existe uma enorme quantidade de ouro na Índia, mas é sabido não haver senão uma mina em todo o país. De onde viria tanto ouro? Na narrativa, JimGrim vai justamente tentar resolver este mistério – pense no Livro IV dos Nove, sobre a transmutação dos metais.
O herói descobre um certo “reverendo”, que passou 80 anos coletando livros na Índia, obtendo conhecimentos proibidos e, por fim, chegando aos responsáveis pelo ouro indiano, isto é, os Nove Desconhecidos – talvez Mundy tenha realmente conhecido uma biblioteca abandonada deste tipo.
Mas, mesmo no romance, os Nove são tão evanescentes que JimGrim jamais os encontra, dando de cara apenas com imitadores – o que, por sinal, gerou a interpretação de que Mundy estaria falando de outros Nove, voltados para propósitos malignos. O autor, indo ainda mais fundo, acrescenta que os Nove Desconhecidos podem remontar à cidade perdida de Atlântida – o que nos levará bem longe, como você vai ver.
Sobre os nove livros do conhecimento, Mundy escreve que “uma única página tem segredos de propaganda o suficiente para que um ladrão possa começar, prontamente, a sua própria religião; e um meio eficiente de resistir a uma hipnose maligna é pensar em difíceis cálculos matemáticos”.
Como autor de extensa matéria sobre os Nove Desconhecidos, vou tentar incrementar a mitologia com pura especulação – que não será mais implausível do que a lenda já é. Veremos se, com os anos, minha sugestão assumidamente inventada será incorporada ao mito. É um teste. Vamos lá:
• 1963 – Auto-Imolação no Vietnã
Em protesto contra o governo de Ngô Đình Diệm, que oprimia a religião budista, o monge vietnamita Thích Quảng Ðức ateou fogo a si mesmo e queimou até a morte, sem mover um músculo. Como ele conseguiu? Diz-se (?) que ele teria tido acesso a instruções dos Nove Desconhecidos, em especial o Livro II, sobre fisiologia, com técnicas sobre a total anulação da dor.
Os Nove teriam interesse em lutar pela religião da qual seu fundador, Ashoka, era um adepto entusiasta, e promoveram um mártir exemplar: após a morte, o monge Quảng Ðức se tornou santo. É que seu corpo foi carbonizado pelo fogo, mas seu coração se manteve intacto e, até hoje, pode ser visto em público para adoração. Golpe de mestre contra Ngô Đình Diệm.
Os Outros Nove
A ideia de “nove entidades” que controlam o mundo, ou que são capazes de intervir nele de forma crucial, é um tema que vai bem além da lenda de Ashoka. Há versões gregas, egípcias, satanistas, hindus e modernas para o que, em geral, se chama de “O Conselho dos Nove”. Vejamos as outras possíveis origens dos Nove Desconhecidos:
• Versão Grega – O Conselho dos Nove
Prometeu ousou dar o poder do fogo aos humanos. Isto enfureceu Zeus. Todos conhecem este mito. Prometeu foi amarrado a uma pedra e teve o seu fígado eternamente devorado por uma águia. E a humanidade também foi punida. Zeus criou o “Conselho dos Nove”:
1. Aphrodite
2. Apollo
3. Athena
4. Demeter
5. Hephaestus
6. Hera
7. Hermes
8. Poseidon
9. Zeus
Este Nove presentearam a humanidade com a famosa Caixa de Pandora, tendo acrescentado que a caixa jamais deveria ser aberta. No mito, como se sabe, é dito que a caixa acaba sendo aberta, e dela saem todas as tragédias e males da humanidade. O interessante é que, neste caso, a curiosidade é a vilã. É por causa dela que a caixa é aberta, abrindo uma era de trevas no mundo.
• Versão Hindu – Os Navnath (Nove Senhores)
Os nomes que você vê a seguir são os “nove senhores”, ou nove santos, da linhagem Nath Sampradaya, da mitologia hindu. Esta última é muito importante, e teria sido fundada pelo próprio Shiva. Já os “navnath” seria uma de tantas ramificações secundárias. Mas como são hindus e são nove, não poderiam faltar nesta matéria:
1. Machindranath
2. Gorakhnath
3. Jalandernath
4. Kanifnath
5. Charpatnath
6. Nageshnath
7. Bharatnath
8. Revannath
9. Gahininath
• Versão Egípcia – A Ennead de Heliópolis
A tradição egípcia parece ser formada por vários grupos de nove deidades, sendo o principal deles a “Ennead de Heliópolis”, encabeçada pelo que seria o criador do Universo, Atum. Este teria sido capaz da façanha de “criar a si mesmo” e, talvez mais incrível, de ter gerado os demais deuses.  Os demais deuses, agora formados, completariam a estranha cosmogonia egípcia. O corpo de Geb, por exemplo, daria forma ao céu.
1. Atum
2. Shu
3. Tefnut
4. Nut & Geb
5. Osiris
6. Isis
7. Nephtys
8. Seth
9. Horus
• Versão “Moderna” – Os Nove Princípios
“E quando eu digo ‘Eu’, não sou eu, mas é o grupo – porque sou um mensageiro dos Nove. Nós somos nove princípios do universo, contudo junto nós somos um.”
As palavras do Dr. Vinod não precisam ser místicas. Pense no Livro VI dos Nove Desconhecidos e todas as suas técnicas de comunicação. Seja como for, as mensagens de Vinod atraíram um círculo de homens poderosos, que acabou se reunindo para ouvir, e talvez obedecer, as instruções dos “nove princípios”. E esses homens formaram uma espécie de contraparte do “Conselho dos Nove”.
A lista a seguir é uma vaga tentativa. São os possíveis membros:
1. Dr. D. G. Vinod (veio da Índia)
2. Andrija Puharich
3. Uri Geller (sim, o entortador de colheres)
4. John Whitmore
5. Phyllis Schlemmer
6. “Bobby Horne”
7. Lyall Watson
8. Ira Einhorn
9. Gene Roddenberry (criador da série Jornada nas Estrelas)
É interessante notar o último membro. A série Jornada nas Estrelas é cheia de “spin-offs”(seriados derivados). Um deles, sugestivamente, se chama Deep Space Nine. Pior: em um episódio deste spin-off há um personagem cujo nome é “Vinod”!
Em 1976 a sonda Viking obteve uma imagem clássica do solo marciano: o famigerado Rosto de Marte. Não apenas um rosto, mas pirâmides pareciam evidentes por todo o terreno ao seu redor. Muita gente criativa logo imaginou: os responsáveis pelas pirâmides do Egito e as marcianas são os mesmos.
Richard C. Hoagland é, até hoje, um dos maiores entusiastas da ideia de “egipcismo” marciano. Conspiração sobre conspiração, há quem diga que, neste ponto, ele teria sido diretamente influenciado pelos Nove, encabeçados por Vinod. O que tudo isto tem a ver com os Nove Desconhecidos de Ashoka?
A banda The Gak Omek parece ser a única entidade no planeta, além de mim, que “percebeu” alguma conexão. Em seu disco, Return of the All-Powerful Light Beingsdeu às músicas nomes derivados da conspiração. Uma delas era Dance of the Nine Unknown Men (sim, “Dança dos Nove Homens Desconhecidos”, mas a melodia é fantástica) e outra Cidonya, a região de Marte.
Mas vamos ao suposto link:
Primeiro, lembre que o Dr. Vinod veio da Índia. Segundo, lembre que Talbot Mundy falara sobre uma origem muito remota dos Nove, remontando à cidade perdida de Atlântida. Pois bem: uma fonte nada confiável diz que o livro sagrado dos hindus, o Mahabharata, falaria sobre uma guerra entre Atlantes e o Império de Rama há 20 mil anos.
Já o famoso manuscrito de Lhasa, em sânscrito, sugeriria que este tal “Império de Rama” seria também uma civilização avançada, capaz de construir veículos voadores (os tais vimanas do Mahabharata), e que existiu na mesma época dos Atlantes, situada ao longo do que hoje é o Paquistão e – adivinhe – a Índia. O resto teremos que “deduzir”.
Obviamente, a guerra tecnológica entre as duas civilizações, há 20 mil anos, se deu em plena Índia. Os destroços foram encontrados em 246 a. C. pelo imperador Ashoka. Havia técnicas impressionantes, e toda uma grandiosa ciência, discerníveis ali. Por exemplo, os segredos da gravitação, contidos no Livro VI, teriam vindo de destroços de vimanas.
20.000 a. C. – Uma guerra tecnológica entre os Rama e os Atlantes deixa incríveis destroços na Índia.
246 a. C. – O imperador Ashoka encontra os destroços. Talvez seguindo instruções, ou talvez deliberadamente, funda os Nove Desconhecidos, com o objetivo de tornar secreto aquele perigoso conhecimento – tudo seria guardado em nove livros, constantemente atualizados.
370 d. C. em diante – Os Nove se manifestam esporadicamente. Criam a estranha Coluna de Ferro de Délhi, entregam ao Papa uma cabeça falante que diz “sim” ou “não”, ajudam Yersin a curar a cólera, ajudam Quảng Ðức a pegar fogo sem dor, entre outras coisas.
2003 – O seriado Lost apresenta conexões interessantes com a lenda dos Nove Desconhecidos, como veremos a seguir.
Conexões com a ilha de Lost

Fãs de Lost: antes de ler o que vem a seguir, é recomendável ler pelo menos a INTRODUÇÃO desta matéria, para melhor compreender os Nove Desconhecidos. O texto a seguir é baseado, também, no universo expandido de Lost, com informações do Lost Experience, por exemplo.
Leigos em Lost: o texto a seguir entrega fatos das 3 primeiras temporadas do seriado. É imperativamente recomendado (na verdade, é ordenado!) que você não ouse estragar as surpresas da série. Se não viu as 3 primeiras temporadas de Lost, pule este capítulo.
Tanto os Nove Desconhecidos quanto Lost possuem uma fachada de misticismo para algo que, talvez, seja pura tecnologia e ciência avançada. Não é surpresa, portanto, que exista uma teoria para o mistério da ilha com base na lenda dos Nove rolando entre os fãs. E, bem… Agora há duas.
O link mais direto entre os Nove e a ilha misteriosa é o “Dharma”, isto é, “o único caminho verdadeiro” ou “caminho das verdades mais altas”. Por um lado, o objetivo do imperador Ashoka, o fundador dos Nove Desconhecidos, era a difusão dos princípios do Dharma. Por outro, a série Lost nos apresenta o ex-magnata das munições, Alvar Hanso, que fundou a Iniciativa Dharma.
Ashoka e Alvar Hanso têm algumas coisas em comum. Ambos usaram a tecnologia em nome da guerra. Depois, abandonaram a violência para, em seguida, fundar organizações secretas, destinadas a obter conhecimento científico e a usá-lo para o bem da humanidade. E ambos estão envolvidos com “o único caminho verdadeiro”, isto é, o Dharma.
Em Lost o termo “Dharma” também é uma sigla, e aliás muito instigante: o seu significado éDepartment of Heuristics And Research on Material Applications, isto é, Departamento de Heurística e Pesquisa em Aplicações Materiais. Dois termos se destacam: “heurística” é o ato de descobrir coisas novas; e “materiais” obviamente nos remete ao materialismo, e à ideia de que não há nenhum conhecimento místico nos planos.
No seriado, a Iniciativa Dharma foi criada com um propósito específico: alterar a chamada Equação de Valenzetti, cujos valores são os famosos “4 8 15 16 23 42”, que representam, cada um, um aspecto do planeta e da vida. Esta equação prediz o tempo que falta para o fim do mundo. Se os valores puderem ser alterados, o mundo será salvo. Coincidência ou não, veja as contas que o especial da Superinteressante sobre Lost publicou:
• Soma: 4+8+15+16+23+42 = 108 (1+0+8 = 9)
• Multiplicação: 4x8x15x16x23x42 = 7418880 (7+4+1+8+8+8+0 = 36; 3+6 = 9)
• Divisão: 4+8+15+16+23+42 divido por 6 = 18 (1+8 = 9)
Sugestivo?
Voltemos à Iniciativa Dharma. Ela financia seis entidades de pesquisa, certamente dedicadas ao objetivo maior de alterar os seis números da equação. E é interessante compará-las com os nove livros da lenda. A hipótese é que, precisando salvar o mundo, a Dharma estaria utilizando as valiosas informações dos Nove Desconhecidos para basear suas pesquisas. Vejamos:
• Iniciativa de Investigação Eletromagnética: está relacionada à anomalia eletromagnética da ilha, situada na estação O Cisne. E a anomalia é causada por um estranho efeito casimir que, em física, é o modo de abrir brechas no espaço-tempo. Os livros sobre gravitação (VI) e luz (VIII), dos Nove, podem ter ajudado na investigação.
• Iniciativa de Previsão Matemática: busca prever tendências e eventos sociais futuros, através de modelos matemáticos. A ideia de que a dinâmica social possa ser captada através de alguma equação exata é estranha, mas está no Livro IX, sobre as “leis que governam a evolução das sociedades”.
• Instituto de Avanço Genômico: parece que este seria o equivalente moderno do Livro II, que guarda os segredos da fisiologia. O objetivo de ambos seria conhecer completamente o corpo humano.
• Prog. de Desenvolvimento e Prevenção do Bem-estar Global: parece tratar da pesquisa de doenças, especificamente. Pode indicar que, em Lost, as quarentenas fossem pesquisas e os humanos, cobaias. A relação óbvia é com Livro III, sobre microbiologia.
• Apelo à Saúde Mental: o nome diz tudo, e nos leva ao Livro I, sobre a manipulação das massas “através da compreensão da mente”. Em Lost, talvez esteja relacionado ao manicômio de Hurley e Libby. A tática da Dharma seria fingir ajudar pacientes especiais, com fins de pesquisa.
• Projeto de Extensão de Vida: muito sugestivo. É possível que os Nove Desconhecidos não sejam trocados por substitutos ao longo do tempo, mas tenham obtido meios de prolongar a vida (outra vez, Livro II). E em Lost alguns personagens não estão envelhecendo.
Bem, hora de pirar de vez: não é apenas a Iniciativa Dharma que possui vínculo com os Nove. Há uma conexão mais profunda da ilha com as civilizações perdidas que, no passado, possuíram tecnologia avançada.
Existe um mistério que vai muito além de tudo o que vimos. Refiro-me a duas coisas que não parecem relacionadas à Dharma: a estátua do pé com quatro dedos e a fumaça negra da floresta. Já que estamos atrás de vestígios de alta tecnologia avançada no passado da ilha, ambos caem como uma luva.
A fumaça negra é, quase certamente, nanotecnologia avançadíssima.
E o pé… ora, o pé tem quatro dedos! Representa uma outra espécie humana distinta.
Seja como for, parece que ele existiu mesmo: a pintura do hatch, segundo alguns, ilustra a tsunami que varreu o povo da ilha, destruiu a estátua e, além disso, trouxe o navio Black Rock para o meio da selva.
O povo não teria sido completamente extinto. As pessoas escutam uns sussurros estranhos na selva, porém sem entender uma palavra. Talvez estejam ouvindo alguma “conversa” de antigos habitantes no subsolo que, é claro, não seria em inglês.
Agora que providenciamos os antigos habitantes com tecnologia avançada, falta ligá-los ao Egito. E, por ridículo que seja, podemos fazer isso: o contador da escotilha, que retorna ao 108 (por sinal, um múltiplo de 9) sempre que o código é digitado no computador, é nosso link. Assim que o código deixa de ser digitado, o contador passa a mostrar hieróglifos, sem mais nem menos. Sim, foi a Dharma que pôs aquilo lá. Mas eles pesquisaram a ilha antes de instalar-se. Vai saber o que descobriram.
Por que a ilha apresenta uma anomalia eletromagnética capaz de dobrar o espaço-tempo, enviando um personagem ao passado e, talvez, causando outros distúrbios temporais?
A teoria “Nove/Lost“, então, fica assim: essa civilização humana distinta que puseram pirâmides em Marte e no Egito, e forneceram tecnologia para povos antigos, e deixaram todos os vestígios que há nela (fumaça negra, anomalia eletromagnética, o pé de quatro dedos, etc). Milênios depois, Ashoka encontra tecnologia de povos antigos e funda os Nove Desconhecidos. Estes, atualmente, estão ligados à Iniciativa Dharma. E agora retornam à ilha, o lugar mais propício à alteração de algum dos valores ambientais da Equação de Vallenzeti.
Pra finalizar, deixo a frase atribuída a Alvar Hanso, que sintetiza a ideia básica que vejo por trás de Lost e da lenda dos Nove Desconhecidos:
“Desde o despertar de nossa espécie, o homem foi abençoado com a curiosidade. Nosso mais precioso presente, sem exceção, é o desejo de saber mais – olhar para o que é aceito como verdade e imaginar o que é possível.” – Discurso no Conselho de Segurança da ONU, 1967
Conclusões

Um fórum perdido, nos confins da internet, fala de antigos textos Yoga, relacionados aos Nove Desconhecidos, detalhando “práticas de disciplina do self (a mente, o Eu)” – incluindo um modo de “desativar” a própria sombra. Tudo seria feito através de técnicas corporais, físicas. Isto é muito adequado aqui: a mente, ou melhor, a consciência é um mistério para o materialismo.
Pela perplexidade que ela causa, os antigos lhe chamaram “alma” e afirmaram ser algo “não-físico”, uma substância etérea que “permeia” o cérebro. Como, afinal, nosso cérebro físico possui “experiência subjetiva”, isto é, consciência? Esta pode ser a última fronteira da Ciência moderna. Tal como é descrito, o Deus hindu bem poderia ser a própria consciência:
Armas não conseguem cortá-lo,
fogo não pode queimá-lo,
água não consegue molhá-lo,
ventos não podem secá-lo…
ele é eterno e tudo permeia,
sutil, imóvel e sempre o mesmo.
– Bhagavad Gita, II:23-24
A sugestão de que os Nove compreendem a mente e, por isso, são capazes de coisas estranhas como desativar a sombra, é muito instigante. Do que a Ciência será capaz quando compreender a consciência? Terá a mente ligação com a luz? Ou com o espaço e o tempo? Explicará ela os universos paralelos e o livre-arbítrio? E, é claro, estariam os Nove mantendo em segredo este conhecimento espetacular?
Tanta especulação desvairada sobre os Nove e, até aqui, ainda parecia faltar um sentido maior em tudo. O segredo da consciência é um coroamento perfeito para a Lenda dos Nove Desconhecidos: a fronteira final da visão materialista por ela representada, e a esperança de que, ao compreendermos nós mesmos e a nossa mente, as chaves do Universo se abram de uma vez por todas, revelando todas as suas maravilhas.
É impossível concluir este tour de force paranoico sem antes citar as palavras insubstituíveis com que, em O Despertar dos Mágicos, Louis Pauwels conclui o seu magnífico capítulo sobre sociedades secretas:
“Afastados das agitações religiosas, sociais e políticas, resoluta e perfeitamente dissimulados, os Nove Desconhecidos encarnam a imagem da ciência calma, da ciência com consciência. Senhora dos destinos da humanidade, mas abstendo-se de utilizar o seu próprio poder, essa sociedade secreta é a mais bela homenagem possível à liberdade em plena elevação. Vigilantes no âmago da sua glória escondida, esses nove homens veem fazer-se, desfazer-se e tornar a fazer-se as civilizações, menos indiferentes que tolerantes, prontos a auxiliar, mas sempre sob essa imposição de silêncio que é a base da grandeza humana.
Mito ou realidade? Mito soberbo em todo o caso, vindo das profundezas dos séculos – e ressaca do futuro.”
Dos navios aos astrolábios, da imprensa à anestesia: a tecnologia e a Ciência não cessam de melhorar nossas vidas há pelo dois mil anos. Ainda assim a chama do pensamento racional continua sendo hostilizada por inúmeras vertentes, de correntes filosóficas insanas a apologistas da fé cega. E tudo isto no momento mesmo em que os políticos parasitam um povo incapaz de reflexão e cientistas dão a dádiva da visão a pessoas sem olhos.
O pensamento racional é a nossa maior capacidade e esperança.
Lenda dos Nove Desconhecidos é, enquanto mito, uma celebração ao mesmo tempo estranha e bem-vinda dos poderes da razão e da Ciência. Como qualquer teoria da conspiração, é um disparate do começo ao fim – mas não precisamos misturar as coisas, isto é, não precisamos acreditar na lenda. Basta apreciar o fato de que, sendo mito, é um mito sem misticismo.
Sem evocar fantasmas ou deuses, a lenda se abre para possibilidades materialistas que, ao contrário do que dizem, nada têm de enfadonhas ou sem graça.
É claro que a Ciência ainda não avançou tanto. Mas tampouco estamos falando de coisas absurdas: átomos já viajam no tempo; a psicologia evolutiva vem explicando padrões sociais com sucesso inédito na última década; a tecnologia de invisibilidade foi capa da Scientific American recentemente; anéis girando diminuem o peso de objetos em seu centro.
Não estou dizendo que, por tudo isso, a lenda dos Nove pode ser real.
É outro o objetivo desta matéria:
Apresentar às pessoas um mito que, do mesmo modo que as brilhantes ficções científicas dos séculos XIX e XX, tem o poder de inspirar, de fascinar a mente das pessoas com possibilidades maravilhosas e, com isso, despertar-lhes o desejo de conhecer a Ciência e o poder da razão, seja para proveito próprio, seja para, quem sabe, ajudar a humanidade a concretizar sonhos.