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domingo, 23 de agosto de 2020

História oficial X História dos excluídos

 


"A história escrita e oficial é sempre a história dos vencedores e poderosos, em detrimento da verdadeira história, a dos oprimidos, massacrados, humilhados e menos favorecidos que construíram nossa sociedade com suas mãos, com seu sangue. Seja trabalhando nas indústrias, nas lavouras ou nos campos de batalhas das muitas guerras que sempre prometiam serem às últimas."

Leandro Claudir Pedroso

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Um breve resumo da Pré-história

Autor: Leandro Claudir Pedroso

Idade da Pedra

Paleolítico: 2,5 m.a.a (milhões de anos atrás) até 12 mil AP (Antes do Presente). Surgimento do Homo habilis (primeira espécie humana) na África. Termina com a substituição da economia baseada em caça, pesca e coleta para produção de alimentos e criação de animais.

Paleolítico Inferior: 2,5 m.a.a até 300 mil AP.

Inicia com o surgimento do Homo habilis, e termina com o surgimento do Homo sapiens neanderthaliensis.

Homo habilis, desenvolve cultura material e sistemática. Capacidade craniana de 750 cc (centímetros cúbicos), pesavam em torno de 40 Kg. Sua indústria lítica era a Olduvaiense, eram necrófagos (carniceiros).

Homo erectus, também surge na África neste período. Instrumentos líticos, ossos de animais, estruturas de habitação, produção de instrumentos, vida em sociedade. Surgiu a 1,5 m.a.a até 300 mil AP, possuía uma capacidade craniana de 1100 cc e tinha uma estatura de 1,70 m. Sua indústria lítica era a Acheulense, confecção de instrumentos (lanças endurecidas), expansão para regiões mais frias, defesa contra predadores, agregador social. Dominaram em 1,4 m.a.a. Caminhavam grandes distâncias, cozinhavam tubérculos, nem todos os grupos erectus utilizavam o fogo e nem todos tinham lanças com pontas endurecidas.

Principal atividade do Paleolítico Inferior era a obtenção de alimentos, caça, coleta de frutas, raízes, tubérculos e sementes.

Paleolítico Médio: 300.000 AP até 40.000 AP.

Inicia com o surgimento do Homo sapiens neanderthalensis (desenvolve-se na Europa e Oriente Médio) em torno de 300.000 AP. Neste período também surge o Homo sapiens arcaico (África e Ásia). A característica deste período que justifica o sapiente no nome das espécies hominídeas é a Cultura Imaterial (religiosidade).

Também surgiu na África nesta mesma época o Homo sapiens sapiens, há mais ou menos 10.000 anos AP. Sem grandes distinções culturais até as mudanças climáticas da transição do Pleistoceno para o Holoceno teve que se adaptar, seu processo cultural fica significativo a partir de 40.000 AP no início do Paleolítico Superior.

Homo sapiens Neanderthalensis:  1,65 m de altura, 1450 cc de capacidade craniana (mesmo do sapiens sapiens), utilizava a técnica de lascamento Levallois e Mustierense.

Homo sapiens arcaico: iniciou o Paleolítico Médio com sua indústria lítica vinculada a Acheulense (do Homo erectus), mas gradativamente passou para a Mustierense, no Norte da África usou a Ateriense. Praticavam necrofagia. Tinham as mesmas características físicas do Homo sapiens neanderthalensis, com a diferença de serem mais altos e menos corpulentos. Caçavam animais de pequeno porte e sepultavam seus mortos. Sua economia era baseada na caça, coleta e pesca. No final do Paleolítico Médio a caça já estava especializada, caçavam manadas de herbívoros. Seus acampamentos eram próximos de água e afloramentos rochosos, onde retiravam matéria prima para seus instrumentos, utilizavam também grutas como acampamentos. Em sítios a céu aberto construíam cabanas rusticas, havia divisão de tarefas por meio do sexo, homens caçavam e mulheres coletavam, cuidavam de seus feridos e enfermos. Possuíam um elevado grau de consciência social e solidariedade, tinham agrupamentos familiares presentes no Paleolítico Superior, mas poderiam existir desde o Médio.      

A cultura imaterial define o Paleolítico Médio, neste período os grupos humanos sapiens sepultavam seus mortos e mais ou menos em 100.000 A.P começaram a preparar os corpos para sepultamento, estabeleceram locais específicos para sepultamento (cemitérios) no fundo de cavernas, realizavam ritos fúnebres com oferendas de flores.

Neste período houve o desenvolvimento de arte móvel com objetos decorados. O Homo sapiens sapiens conviveu por 60.000 anos com os Neanderthais e os Sapiens arcaicos. Mas com o domínio dos Sapiens sapiens os outros grupos humanos foram desaparecendo até a extinção.

Paleolítico Superior: 40.000-12.000 AP

O Homo sapiens sapiens é a espécie dominante, sua produção tecnológica está vinculada as mudanças ambientais, e justamente a produção tecnológica lítica é o marco deste período. Os humanos começaram a observar o ciclo da vida dos animais e plantas, os grupos de caçadores-coletores já dominavam técnicas de cultivo e pastoreio, mas por várias razões não viviam delas. Sua economia era baseada inicialmente na caça e progressivamente complementada com a pesca e coleta de mariscos.

Culturas:

Cultura Chatelperronense (Europa): de transição para o Paleolítico Superior, instrumentos elaborados incluíam buris, facas, cinzéis e outras ferramentas leves.

Cultura Aurinhacense (Oriente Médio, Ásia, Norte da África): 40.000 A.P, relacionada também ao homem de Cro-magnon.

Cultura Gravettense: relacionada a arte rupestre e arte móvel.

Cultura Salutrense (Oeste da Europa): 20.000 – 15.000; período mais frio da última glaciação. Objetos finamente talhados, pontos bifaciais feitos com percussão talha lítica e pressão descamação, as batidas eram feitas com bastões de chifres ou madeiras.

Cultura Madalenense: pontas de projeteis microcristalinos, surgimento dos propulsores de lança (azagaia). Os povos desta cultura estocavam sementes. Utilizavam as úmidas cavernas como locais de rituais, cozinhavam alimentos, mas também ingeriam crus, possuíam assentamentos de curta duração, o esquartejamento da caça indicava a distribuição de carne e a solidariedade social, possuíam adornos corporais.

Arte rupestre ou parietal (pintura de paredes): era o suporte para ritos religiosos, eram realizadas em abrigos sob rochas e cavernas.

No final do Paleolítico Superior já tinham o domínio das técnicas de domesticação de plantas e animais.

Mesolítico: 30.000 – 9.000 AP

Período de transição da economia baseada na caça, pesca e coleta, para a produção de alimentos e criação de animais. Esse processo de transição ocorreu ainda o Paleolítico Superior, por isso muitos pesquisadores preferem usar o termo Paleolítico Superior Final.

Neolítico: 12.000 – 5.000 AP

Inserção de ferramentas e instrumentos que facilitam agricultura e pastoreio. Produção de alimentos e domesticação de animais, passam a viver de agricultura e pastoreio, coleta e caça completam a economia. O Mesolítico havia sido concluído, a transição foi efetivada para a agricultura.

A transição do Pleistoceno para o Holoceno gerou mudanças climáticas, alterando flora e fauna, tais mudanças influenciaram diretamente o modo de vida do homem.

Produção de alimentos

Processo muito gradativa, quando ocorre a transição caçador-coletar para produção de alimentos, vislumbramos um novo período. Domesticação de plantas começou com o conhecimento. Difusão da agricultura e muitos casos fruto da dispersão dos agricultores e não pela propagação de ideias. Caçadores coletores eram botânicos por experiência com enorme conhecimento botânico. Muitos grupos apesar de terem condições de ampliar a produção de alimentos, optaram por continuar com a economia baseado na caça e coleta.

Domesticação de animais

Observação e conhecimento das espécies caçadas. Domesticar não significa amansar e sim alterar a genética, o habitat e o comportamento do animal.

Domesticação preferencial de animais mais jovens.

Castração dos considerados ineptos.

Selecionar os que irão cruzar.

Etapas da domesticação: 1- cativeiro, 2- criação.

Não tinham apenas em mente a obtenção de carne para consumir, mas também em ter mais peles, lãs, leite e outros derivados destes.

O motivo que levou estes grupos a necessidade de capturar e depois criar animais deve estar relacionada a redução da caça do final do Pleistoceno, ocasionada pela mudança climática.               

Diante das espécies caçadas, começaram a criar os animais. Começou como um complemento e foi aos poucos se tornando a economia principal. Os caçadores do Paleolítico Superior já eram botânicos e zoológicos experientes, mas tinham outras alternativas para se alimentar na caça coleta que ainda era abundante. Tecelagem, polimento de certos artefatos líticos. Agora o estilo de vida sedentário predominava.

Da produção de alimentos aos Estados

Agricultura

Pastoreio

Olaria

Tecelagem

Polimento de artefatos líticos.

Sedentarismo.

Aldeias com crescente divisão entre categorias sociais. Surgiram especialistas, resultado direto do sedentarismo e da divisão de tarefas (criador de animais, oleiro, tecelão etc). Divisão do trabalho relacionado ao sexo. Mulheres trabalhavam olaria, cestaria e até certo momento a agricultura, com a invenção do arado, a agricultura e criação de animais passou a ter atividade do homem. O chefe a ser o monarca, passando a ter funções militares e com cargo hereditário. A agricultura pós fim a solidariedade, substituída pela competição e pela posse de maior número de recursos. Cada agricultor com seu campo, gado, casa e utensílios. Sepultamentos dentro da casa, não mais em cemitérios comuns. Junto a propriedade privada veio a pilhagem, roubo, guerras e saques. Surge a classe de guerreiros profissionais.

O desenvolvimento das aldeias para cidades foi determinado por três fatores: Primeiro foi uma serie de invenções e avanços técnicos posteriores a produção de alimentos, como irrigação, drenagem, arado, meio de transporte aperfeiçoado. Segundo foi o fim da autossuficiência da aldeia neolítica. E terceiro a concentração de poder econômico e político nas mãos da classe militar e sacerdotal.

Você quer saber mais?

PUHL, Juliane Maria. Pré-história. Canoas: Ed. Ulbra, 2013.

COTRIM, Gilberto. História Geral: Brasil e Geral. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.

ARRUDA, José Jobson de A; PILETTI, Nelson. Toda História. São Paulo: Editora Ática, 1999. 

     

domingo, 9 de agosto de 2020

A REDESCOBERTA DO EGITO

 

A esfinge só foi completamente desenterrada entre 1925 e 1936, durante escavações lideradas por Émile Baraize.

A

 redescoberta do Egito faraônico inicia-se com duas datas precisas: 1789 e 1824. Antes disso não se sabia absolutamente nada a respeito desse período. A primeira das duas datas (1798) corresponde à extraordinária expedição do general Napoleão Bonaparte no Egito. Com surpreendente visão de longo alcance, além de  um corajoso exército, levou consigo um excelente grupo de técnico e de homens entendidos no assunto, munidos de livros, duzentas caixas de instrumentos científicos e duas tipografias completas, visto que em todo o Egito não existia nada disso. Ao todo cento e sessenta e sete “cientistas civis”, compreendendo naturalistas, botânicos, cartógrafos, engenheiros, astrônomos geólogos, historiadores e, pelo que consta, desenhistas e arqueólogos. Esse douto esquadrão recebeu o apelido de “Asnos”.

Champollion e os hieróglifos

Entre os objetos recolhidos durante a expedição napoleônica havia uma estela fendida, com aparência totalmente insignificante, Deu-a casualmente a um oficial do Gênio, um tal Bouchard, que a passou a um dos “Asnos”. Na estela três inscrições, a primeira em hieróglifo; a segunda em demótico; a terceira em grego – que indicava tratar-se de uma oferta sacerdotal feita por Ptolomeu V Epifane – constituía a chave para decifrar as duas primeiras. Constatou-se logo que o documento era de excepcional interesse e por ordem pessoal de Napoleão a estela foi imediatamente reproduzida e litografada, sendo que depois de várias cópias foram enviadas a vários especialistas de línguas mortas.

Gastaram-se quinze anos para a interpretação de pelo menos a parte em demótico. O mérito disso cabe ao sueco J. D. Akerblad (1814). Mas os hieróglifos resistiam, inflexíveis. Como para a história, existiam apenas duas fontes de referência: a primeira eram os Hieroglyfhica, obra de Orapolo Nilótico que parece ter vivido no século IV d. C. Parecia antigo, dizia ser egípcio e portanto não havia motivo de se contestar quanto à autoria de sua obra que, no entanto, infelizmente se tornou inaceitável, embora tivesse algumas intuições certas. Surgiu, posteriormente, a segunda fonte com a obra de P. Athanasius Kircher, este de indiscutível e vasta cultura; mas a sua Lingua Aegyptiaca restituta, publicada em Roma (1643), era de tal modo estranha que levou seus alunos a proclamar, e sem hesitação, que num obelisco em Roma está inciso um hino à Santíssima Trindade.

Infelizmente, as dispensões destes dois ilustres estudiosos desencadearam todos aqueles que as tinham como boas. Somente a dois não atribuíram nenhum valor, desde o início. O primeiro foi o inglês Thomas Young, o qual seguiu pelo caminho certo, mas que, não encontrando, afinal, uma confirmação para o seu trabalho apenas por motivo de um erro banal de transcrição, deu-se por derrotado. O outro foi o grande Jean-François Champollion (1790 – 1832). Champollion foi um verdadeiro gênio da linguagem, iniciou o estudo das línguas orientais com onze anos, já conhecendo paralelamente todas as européias, e aos dezenove anos se tornara professor de história em Grenoble.

Está claro que a estela encontrada, a qual se chamou “Estela de Rosetta”, se tornasse a sua obsessão. E entregou-se a ela de corpo e alma, intensamente em concorrências com os mais ilustres peritos e jamais abandou a terrível empresa que aos poucos tinha desencorajado os outros. Procedeu  por etapas: na sua Lettre à M. Dacier, lida na Academia Real ao 27 de setembro de 1822, anunciava a primeira  descoberta sobre o uso do alfabeto fonético do qual os egípcios se serviam para escrever os nomes dos reis gregos e dos imperadores romanos.

Dito nestes termos, não parece muito : mas derrubava o conceito difundido por Orapollo, de que a escrita hieroglífica seria apenas ideográfica. E finalmente, em 1824 (esta foi a data mais importante para a redescoberta do Egito) vinha a lume o seu Précis du système hièroglyphique des anciens Egyptiens. Embora ainda rudimentar, a chave era finalmente encontrada. Todavia, continuava ainda sem solução  o problema mais importante; seria necessário entender aquilo que agora se podia ler, isto é, renascer uma língua morta a pelo menos dezoito séculos.

Também isso se dedicou Champollion até a morte, que lhe ocorreu por enfarte quando contava apenas quarenta e dois anos. A sua Gramática egípcia e o seu Dicionário, publicados postumamente (1834-1845 lançaram as bases para este cansativo renascimento que durará mais ou menos por um século.

Você quer saber mais? 

A.Arborio Mella, Federico. O Egito dos Faraós (L’Egitto Dei Faraoni), Editora Hemus, São Paulo, 1981. 

http://www.britishmuseum.org/explore/highlights/highlight_image.aspx?image=an16456b.jpg&retpage=26981



quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Castelo, residência do senhor feudal

Reconstituição do castelo de Coucy (Aisne), séc. XIII -XV, com seu torreão de 31 m de diâmetro e 60 m de altura, importante testemunho da arte medieval. Fonte: Larousse Cultural.

Conhecida como residência feudal fortificada, defendida por fosso, muralhas e torres, assim eram os castelos na idade média. Com a queda império romano e vácuo deixado pelo poder central, as grandes propriedades latifundiárias têm sua importância aumentada, e devido a independência econômica e jurídica a “villa” se torna um local de proteção fortificada. As cidades perderam sua importância e o “castellum” se torna o último refúgio da população. Na França do século X o castelo é o herdeiro da “villa” possuindo seu próprio reduto o torreão, além de outros edifícios murados, sendo edificado em alvenaria só a partir do século XI, para resistir aos incêndios provocados em batalha. A partir do século XIV o castelo se torna um reduto de lazer, devido ao progresso da artilharia perdeu sua função de local de segurança.

Torreão ou torre central

Torre larga e ameada que constitui o reduto de um castelo; bastilhão, a parte mais forte do castelo onde o senhor feudal se refugiava em caso de cerco. Era a área mais segura do castelo e não tinha portas ou janelas na parte inferior. Com paredes grandes e grossas, era o abrigo perfeito em caso de cerco. Normalmente o torreão era mais alta que a parede.

Muro

Os castelos estavam cercados por um muro, que era a fortificação defensiva que cercava o castelo inteiro. Muitas vezes, as paredes eram cercadas por um fosso, para dificultar a invasão dos invasores. As paredes podiam atingir 12 metros de altura e 3 metros de espessura. Para torná-los mais expelíveis, fossos foram construídos em torno deles para impedir a passagem dos atacantes. No início, as paredes dos castelos eram de madeira, mas a partir do século IX a pedra começou a ser usada para a formação de paredes. Os muros serviam para fazer com que os invasores perdessem tempo tentando escalá-los.

Torre

Torres de defesa poderiam ser construídas ao longo das muralhas. Para comunicar as torres da muralha, um pequeno corredor foi feito se juntando a elas, conhecido como estrada redonda. Além disso, para proteger a parede, às vezes era feita uma parede inferior à sua frente, conhecida como ante muralha.

As torres são as projeções colocadas ao longo da parede, com a função de proteger o castelo. Nas torres escondiam os defensores do castelo para defendê-lo de possíveis ataques. Muitas das torres tinham buracos, conhecidos como saeteras ou fendas. Os parafusos eram os buracos dos quais as armas lançadas. Pelo contrário, as abrasões eram os buracos usados ​​para armas de fogo. As torres eram conectadas umas às outras por corredores estreitos ao longo da parede, conhecida como estrada redonda ou adarve. Eles foram aprimorados criando saliências conhecidas como construtores, que tinham uma abertura no fundo para derramar água fervente ou atacar com flechas. Enquanto isso, as tropas defensivas do castelo poderiam atacá-los das torres.

Fosso

Chamado de “fosso”, esse detalhe arquitetônico não era projetado para servir a nenhum tipo de entretenimento ou algo parecido, mas sim como uma forma bastante inteligente de proteger o castelo dos ataques de inimigos. Como mecanismo de defesa, os fossos eram muito eficazes. Alguns fossos cercavam o próprio castelo, enquanto outros fossos podiam cercar vários edifícios ou até mesmo uma pequena cidade.  É importante destacar que os castelos sem fossos eram mais vulneráveis ​​a ataques vindos de baixo, já que os saqueadores frequentemente consideravam que a única maneira de surpreender os habitantes de um castelo era escavar sob o castelo e atacar através de caminhos subterrâneos. Com a criação dos fossos, o processo de escavação sob um castelo se tornou algo quase impossível. Quando os fossos estavam cheios de água, eles geralmente eram profundos o suficiente para dificultar o avanço dos invasores, que relutariam em tentar nadar pois sabiam que ficariam muito vulneráveis ​​aos ataques dos guardas do castelo.

Plantações

As grandes propriedades rurais da época medieval eram divididas em três categorias de terras. A primeira – que englobava a maior parte do solo cultivável, era o chamado manso senhorial, onde tudo o que se produzia pertencia ao senhor feudal, o dono da fazenda. Os servos trabalhavam em todas as terras, mas só podiam tirar seu sustento dos minúsculos lotes que formavam a segunda categoria de terras, o manso servil. O trigo, a aveia, a cevada, a ervilha e a uva eram os alimentos mais plantados.

Você quer saber mais?

Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo: Ed. Nova Cultura Ltda, 1998. pg.1233-1234.

https://maestrovirtuale.com/castelo-medieval-partes-e-funcoes/

https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-era-um-feudo-na-idade-media/

https://www.tricurioso.com/2019/03/05/por-que-os-castelos-medievais-tinham-fossos/

domingo, 2 de agosto de 2020

Coronavírus, arma biológica ou evento natural?

Saudações, mentes ávidas do amanhã!

Resisti um pouco a realizar algum trabalho com base em tudo que está acontecendo no mundo, mas vejo agora um cenário um pouco mais claro e capaz de organizar melhor alguns acontecimentos que segundo minha humilde opinião são importantíssimos para entendermos a situação como um todo. Trarei um pequeno apanhado histórico da gripe espanhola que foi um evento pandêmico muito semelhante, mas com algumas diferenças interessantes sobre a atuação do vírus, que nos leva a cogitar alguma origem além da natural, mas o que me interessa é expor ideias e permitir que os amigos possam avaliar e tirar suas próprias conclusões sobre tudo.

Gripe espanhola

Atingiu o mundo entre os anos de 1918-1919, afetava principalmente jovens e foi causada por uma cepa do vírus influenza A subtipo da H1N1. Recebeu este nome, pois a Espanha era um país neutro durante a Primeira Guerra Mundial e seus jornais divulgavam todas as informações ocorridas no país, enquanto os demais países envolvidos no conflito censuravam seus jornais. O primeiro caso conhecido foi no Estados Unidos, no Texas em 1918, chegou na Europa em abril no mesmo ano com a entrada dos Estados Unidos na Guerra,  sua primeira onda acabou em agosto do mesmo ano, iniciando-se a segunda onda que afetou a Ásia, a terceira onda foi de fevereiro de 1919 até maio. Sua virulência foi avassaladora, não se tem exatidão no número de mortos, pois as melhores matérias especificam que morreram entre 20 a 40 milhões de pessoas em todo o mundo, mais que o dobro que a Primeira Guerra Mundial que ceifou cerca de 15 milhões e vidas. O Brasil não ficou incólume ao problema, trazida por marinheiros que combatiam em Dacar no Senegal rapidamente se espalhou, levando em todo período pandêmico 35 mil pessoas a óbito em nossas terras (nossa população era de 28 milhões na época).

Sintomas da gripe espanhola

Dores musculares e nas articulações, intensa dor de cabeça, insônia, febre acima de 38º, cansaço excessivo, dificuldade para respirar, sensação de falta de ar, inflamação da laringe, faringe, traqueia e brônquios, pneumonia, dor abdominal, aumento ou diminuição dos batimentos cardíacos, proteinúria, que é o aumento da concentração de proteína na urina, nefrite. Podiam apresentar manchas marrons no rosto, pele azulada, tosse com sangue e sangramentos pelo nariz e orelhas, e em alguns casos afetava o sistema nervoso central.

SARS-CoV-2

            O primeiro caso constatado de Covid-19 foi na cidade de Wuhan na China em dezembro de 2019. A COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus, denominado SARS-CoV-2, que apresenta um espectro clínico variando de infecções assintomáticas a quadros graves. Os coronavírus são uma grande família de vírus comuns em muitas espécies diferentes de animais, mas é raro a transmissão interespécies.

Na maioria das vezes o vírus ataca o sistema respiratório, mas também pode afetar rins, fígado, coração e praticamente todos os sistemas do organismo, o que diferencia em muito de outros coronavírus. Um dado mais estranho é que está fazendo nossos cientistas pisarem em terreno desconhecido é o fato de  cerca de 50% das pessoas acometidas pela SARS-CoV-2 apresentam quadros de encefalopatia (doença neurológica), foram constatados em vários pacientes, normalmente acompanhados de sintomas como dores de cabeça, perda de olfato (anosmia) e sensações de formigamento, afasia (incapacidade de falar), derrames, convulsões,  confusão e delírios.

Outra característica peculiar do vírus é que em alguns casos ele causa hipóxia silenciosa o que é outro mistério. Nosso sangue normalmente apresenta níveis de saturação de oxigênio de cerca de 98%. Qualquer coisa abaixo de 85% pode nos fazer levar à perda de consciência, coma ou até morte. Mas um grande número de pacientes com Covid-19 apresentam níveis de saturação de oxigênio abaixo de 70%, mesmo abaixo de 60%, mas permanece totalmente consciente e cognitivamente funcional.

Alguns especialistas acreditam que o vírus possa invadir o sistema nervoso, mas outros acham que os sintomas neurológicos são consequências da hipóxia, pois a falta de oxigênio no sangue pode levar aos sintomas advindos de tal situação. Em alguns pacientes o vírus foi encontrado no líquido cefalorraquidiano o que indica que é possível que rompa a barreira hematoencefálica e invada o cérebro. Essa característica da Covid-19 se assemelha com a da gripe espanhola que deixou várias pessoas com problemas no sistema nervoso central.

Evento natural ou artificial?

            Por coincidência a cidade de Wuhan na China, possuí um instituto de virologia o WIV, cientistas deste laboratório alertaram os Estados Unidos em 2018  sobre o fato dos sistemas de segurança usados em seus laboratórios serem precários. O vírus pode ter sido solto acidentalmente e ter se espalhado no mercado  de Huanan na cidade de Wuhan.

            O vencedor do prêmio Nobel de medicina de 2008 pela descoberta do vírus HIV em 1980, o francês Luc Montagnier acredita com base em seus estudos que a SARS-CoV-2 foi criada em um laboratório de Wuhan como parte de pesquisas chinesas em busca da cura para a AIDS. O vírus causador da Covid-19 possuí sequências genéticas do vírus HIV, algo que segundo Luc Montagnier só pode acontecer em vírus manipulados por ferramentas de laboratório criadas pelo homem.

            Em nível de uma análise especulativa, podemos mostrar que os Estados Unidos possuem um longo histórico que terem usados armas biológicas em seus diversos conflitos ao longo da história, desde a Segunda Guerra mundial contra soldados japoneses, passando pela Guerra da Coreia ao Vietnã, e poderia ter sido usado na China para prejudicar a economia do pais, mas o problema teria saído do controle e afeto o próprio Estados Unidos. Do outro lado a própria China tem sido acusada de ter espalhado o vírus para prejudicar a economia mundial e alavancar sua própria. O epidemiologista estadunidense Larry Brilliant pede para que a China seja transparente e permita investigações internacionais para evitar as suspeitas fundamentadas de que o vírus foi criado em laboratório.

            Um outro estudo publicado na revista Nature Medicine, feito por pesquisadores do Reino Unido, Estados Unidos e Austrália constataram que o vírus se desenvolveu de forma natural como parte de um processo evolutivo, só não sabem ainda se a mutação que o tornou mais agressivo se deu ainda em animais ou somente quando passou para seres humanos. Mas saliento que este estudo não descarta o fato do mesmo poder ter sido acidentalmente liberado pelo péssimo sistema de contenção dos laboratórios em Wuhan.

            Quero deixar claro para meus amigos leitores que diversos sites com matérias que mostravam indícios que a SARS-CoV-2 teria sido criado em laboratório foram retirados do “ar” ou tiveram seus resultados de busca omitidos do Google e outros buscadores, o motivo seria evitar pânico ou ocultar a verdade?

            Lembrando ainda que por incrível que pareça armas biológicas são baratas se comparadas as armas convencionais e possuem ainda o horrendo benefício de eliminar somente pessoas deixando toda a estrutura física dos países intactas, além abalar as bases econômicas das nações deixando brechas para a dependências de outras mais poderosas ou menos afetadas pela pandemia. A verdade é que a origem da SARS-Cov-2 está longe de ser esclarecida principalmente por culpa das autoridades chinesas que estão obstruindo o acesso das demais nações a realizarem uma investigação no foco de origem que foi na cidade de Wuhan e abrir os arquivos de pesquisas realizados nos laboratórios de pesquisas presentes na região.

Segundo o médico sanitarista Luiz Jacintho da Silva  da Universidade Estadual de Campinas, qualquer agente biológico pode ser usado como arma. O B. anthracis, o vírus da varíola, a Yersinia pestis e a toxina do Clostridium botulinum podem ser considerados os "clássicos" das armas biológicas. Desses, dois já foram sérios problemas de saúde pública, o vírus da varíola e a Y. pestis (Anonymous, 2000; Osterholm, 2001). No século XX, a guerra biológica ganhou foros de ciência. Durante a I Guerra Mundial, os alemães desenvolveram e empregaram diversas armas biológicas, mas o impacto dessas não é conhecido (Christopher et al., 1997). Mais recentemente, durante a II Guerra Mundial, tanto os exércitos aliados como os do Eixo, empreenderam pesquisas com o intuito de desenvolver armas biológicas. Até onde é possível saber, apenas os japoneses, durante a ocupação da China, teriam empregado armas biológicas em maior extensão (Christopher et al., 1997, Osterholm, 2001). Na segunda metade do século XX, durante a guerra fria, os Estados Unidos e a então União Soviética, sem dúvida se valendo da experiência acumulada de japoneses e alemães, implantaram projetos para o desenvolvimento de armas biológicas, da mesma maneira que o Canadá e o Reino Unido. Em 1972, o tratado sobre armas biológicas e tóxicas foi assinado e ratificado por diversos países, mas não todos. Apesar da existência do tratado, pelo menos dez países teriam mantido e expandido seus programas de desenvolvimento de armas biológicas (Lancet, 2001; Osterholm, 2001).

Nossa história mostra que nada impede que a SARS-CoV-2 possa supostamente ter sido liberada acidentalmente, mas não o sendo, para gerar um caos global do qual o pais de origem tenha sido o menos afetado, algo muito estranho se levarmos em consideração que o foco original de uma doença normalmente é onde ela é mais avassaladora. Somente 4.634 chineses morreram da Covid-19, enquanto nos Estados Unidos uma nação de primeiro mundo com todo o preparo técnico e um povo esclarecido já perdeu 156.744 de seus cidadãos abatidos por este peculiar e danoso vírus. Deixo estas questões para apreciação de suas mentes ávidas do amanhã.

 

Você quer saber mais?

Scielo

https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2001000600023

Universidade Federal de Santa Maria

https://www.ufsm.br/midias/arco/mitometro-coronavirus-foi-criado-em-laboratorio-por-chineses/

Atlas FGV

https://atlas.fgv.br/verbetes/gripe-espanhola

Tua Saúde

https://www.tuasaude.com/gripe-espanhola/#:~:text=Ap%C3%B3s%20algumas%20horas%20de%20surgimento,sangramentos%20pelo%20nariz%20e%20orelhas.

Ministério da Saúde

https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca

BBC Brasil

https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-53173760

https://www.bbc.com/portuguese/geral-52506223

 

 

 


segunda-feira, 27 de julho de 2020

Estátuas Moai da ilha de Páscoa.

Um dos mais impressionantes conjuntos monumentais do mundo são estas enormes estátuas, chamadas pelos nativos moai, da ilha da Páscoa, dependência do Chile, do qual dista 3.900km, no Pacífico Sul, logo abaixo do trópico de Capricórnio. Ninguém sabe qual o seu significado, quem as esculpiu, quando chegaram ao local e onde s e acham e como ali os primitivos habitantes da ilha conseguiram levantá-las e pô-las em posição. As mais altas de 18m de altura, o que corresponde a de um moderno edifício de seis andares. Feitas de lava basáltica, encontram-se em número de 193 de pé, e 80 deitadas no solo, como se estivessem no curso do transporte desde o Rano Raraku, um dos três grandes vulcões da ilha, e algum motivo tivesse obrigado a interromper o penoso trabalho de seu deslocamento.

Você quer saber mais?

“Grandes Monumentos da Humanidade”. In. Novíssima Enciclopédia Delta- Larousse. Rio de Janeiro: Ed. Delta S.A, 1981.


quinta-feira, 23 de julho de 2020

As estátuas misteriosas dos olmecas


Implantada na costa do Golfo do México, a cultura olmeca produziu, entre 1500 400 a.C., mais de 300 monumentos de basalto e centenas de estatuetas de grande beleza. Apesar de seu pequeno número, as enormes cabeças monolíticas atestam o domínio dos escultores olmecas. O conjunto conta 22 peças monumentais, a maioria proveniente do sítio arqueológico de San Lorenzo, 3 delas de Tres Zapotes , ao sul de Veracruz, e 4 de La Venta, no Tabasco. 

Embora todas representem rostos masculinos, nariz achatado e lábios carnudos, cada uma tem seu estilo próprio. A expressão pode ser séria, calma ou feliz. Ignora-se se as estátuas representam guerreiros ou dirigentes, mas todos usam jóias, plumas, motivos antropomórficos e zoomórficos que atestam elevada condição social. Muitas delas são marcadas por mutilações antigas, feitas talvez para fins rituais ou para desfigurar a imagem de um chefe difamado. 

Medem de 1,47 a 3,40 metros de altura e seu peso varia entre 6 e 50 toneladas. O local de extração dos blocos de pedra era provavelmente as montanhas de Tuxtlas ao sul do Estado de Veracruz. Levar esses blocos para cada local, o mais próximo dos quais é Tres Zapotes, situado em seus contrafortes, e  o mais afastado, La Venta, a 100 quilômetros, necessitava de uma rede de comunicações complexa. Isso implicava uma organização social e política capaz de coordenar a mão-de-obra necessária para tal empresa, bem como o controle da navegação porque as vias de transporte mais acessíveis eram os cursos de água. Junto a muitos parceiros comerciais, os olmecas obtinham as pedras finas que utilizavam como instrumentos (obsidiana), objetos cerimoniais, pequenas imagens e jóias (jadeíta em particular). 

Por razões ainda ignoradas, a civilização olmeca desapareceu por volta de 400 a.C., depois de haver transmitido à maioria das culturas mesoamericanas um substrato cultural comum.

 Você quer saber mais?

SALLES, Catherine. Larousse das Civilizações Antigas: Vol. I – Dos Faráos à Fundação de Roma, 2006.


quarta-feira, 22 de julho de 2020

A origem dos Astecas segundo os relatos de Sahagún

Num tempo muito antigo, um grupo de embarcações trazendo seus ancestrais chegou, através do atual golfo do México, proveniente de Tamoanchán, ficasse onde ficasse. Seus deuses vieram com eles.

Esses imigrantes desembarcaram num lugar costeiro, que chamaram de Panutla, localizado na região da atual Sierra Madre Oriental. (Panutla que dizer “Lugar dos que chegaram pela água”).

Algum tempo depois, orientados pelos deuses, costearam o litoral, “descendo” em direção ao sul, até fundarem Tamoanchán, em homenagem à “Tamoanchán mítica” de onde vieram.

Nessa Tamoanchán terrena viveram muito tempo, até que os deuses resolveram, sabe-lá o porquê, abandoná-los, regressando todos por mar “ao oriente, para a sua “Tamoanchán celestial”.

Junto com eles, os deuses levaram os sábios e os livros mágicos que eles haviam trazido consigo de além-mar – os amoxtli ou códices -, prometendo retornar quando o mundo estivesse para acabar.

Felizmente, nem todos os sábios se foram. Quatro anciões dos quais temos os seus nomes:

Oxomoco

Cipactonal,

Tlaltetecuin

Xuchicahuaca

Permaneceram em terra. Esses quatro sábios reescreveram alguns livros, dos quais o mais importante era o Tonalpohualli, um calendário ritual do qual os astecas e mesoamericanos em geral iriam se servir por toda a vida.

Muito tempo se passou, até que, numa certa época, talvez por condições climáticas adversas, vários grupos começaram a abandonar Tamoanchán. Os Olmecas foram os primeiros a fazê-lo.

Não podendo regressar por mar à sua pátria mítica, os olmecas regressaram a Panutla, o local onde haviam desembarcado pela primeira vez. Em pouco tempo se espalharam pelos arredores, tornando-se a primeira grande civilização mesoamericana.

Outros grupos também partiram e fundaram Teotihuacán (“Lugar dos Homens que se tornaram deuses”), a cidade mais importante e misteriosa da “Antiguidade” mesoamericana.

Subindo em direção ao Norte, os povos da etnia nahua se instalaram num lugar que chamaram de Chicomoztoc (“As Sete Cavernas”), onde viveram durante muitíssimo tempo, até se tornarem esquecidos dos que haviam ficado nas regiões mais ao Sul. A esse importantíssimo grupo pertenciam os astecas.

Passado um largo tempo, os povos que habitavam as Sete Cavernas passaram a ser conhecidos como “Chichimecas”, ou “bárbaros”, pois haviam se tornado caçadores rudes e incultos. Seus deuses lhes ordenaram, então, que retornassem a Panutla, o local onde haviam desembarcado os seus ancestrais.

Grandes levas migratórias deixaram o Norte em direção ao Vale do México – então chamado Anahuac (“O Vale às Margens do Lago”) -, sendo que os astecas foram o último povo a retornar.

Durante o tempo em que estiveram instalados no Norte, nas “Siete Cuevas” (Chicomoztoc), os astecas haviam desenvolvido um novo mito: o de que seriam naturais de um lugar chamado Aztlán. (Ninguém até hoje sabe precisar onde fica este lugar, mas o nome permaneceu na memória dos astecas como sua pátria de origem nas vastidões ermas do Norte, dando origem inclusive, à própria denominação “asteca”, que significa “habitante de Aztlán”.) De Aztlán eles partiram, guiados por seu deus particular Huitzilopochtli (“Colibri Esquerdo”), que os instruiu na prática dos sacrifícios humanos.

Após longa peregrinação, os astecas estavam de volta ao coração da América Central. Mas como haviam sido os últimos a retornar, já ninguém mais os reconheceu e foram tratados como estranhos pelas outras etnias (“o povo cujo rosto ninguém conhecia”, dizia-se deles).

Após infinitos trabalhos e grandes feitos guerreiros, os astecas conquistaram finalmente o Vale do México, tornando-se a última grande civilização pré-colombiana da América Central.

 

 Você quer saber mais?

FRANCHINI. A.S. As Melhores Histórias das Mitologias Astecas, Maia e Inca. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2014 , pg.22-23.

 


segunda-feira, 20 de julho de 2020

TRABALHO AMÉRICA III. POLIGRAFO O CAPITALISMO DIFÍCIL , CAPITÚLO 1-3, pg. 113-129.



  Elabore uma síntese do pensamento de Octavio Ianni, acerca do Imperialismo e as relações de dependência nele implicadas. Em seu texto procure deixar claro as questões de ordem empírica, levantadas pelo autor e as questões teórico-metodológicas.

Octavio Ianni, demonstra que o malogro da política de desenvolvimento econômico destinada a elaborar um capitalismo nacional na América Latina, levou também ao fracasso da política de interdependência ou capitalismo associado. Esses malogros levaram segundo aponta o autor as instabilidades políticas latino-americanas que culminaram com a deposição de presidentes de várias nações. Nesse mesmo contexto encaixam-se as mudanças nas políticas da econômica da América Latina em relação ao livre comercio principalmente com os Estados Unidos. A problemática da dependência esta ligada diretamente como esclarece Octavio Ianni, a brecha econômica e científico-tecnologica, entre o mundo em desenvolvimento e as nações desenvolvidas. Segundo observado no texto a noção de dependência não substitui a de imperialismo ao contrario uma se desdobra na outra se integrando ambas tanto empírica como teoricamente.

Analisando o imperialismo este sempre esteve ligado às perspectivas oferecidas pela nação dominante, sejam nos processos econômicos e políticos como analisa o autor. Os estudos baseados nesses pressupostos procuram demonstrar a relação capital entre os países industrializados e os produtores de matérias-primas. Com  à atuação dos processos econômicos resultantes da Revolução Industrial levaram ao Capitalismo monopolístico em conseqüência aliasse aos interesses do governo metropolitanos. O resultado foi à criação dos impérios, como o britânico e outros. Visando barrar o avanço desses novos impérios econômicos os Estados Unidos elabora a Doutrina Monroe dentre outras, com o objetivo de proteger seus interesses na América Latina. Nesse contexto desenvolvesse as noções entre os países industrializados e os exportadores de matéria prima e todos os demais princípios antagônicos entre países dependentes e metrópoles. Mas o imperialismo prolonga-se internamente na própria nação dominante, pois os mesmos fundamentos governam sua política interna como explica Octavio Ianni. Um exemplo no próprio Estados Unidos é a clara distinção entre as cidades do sul aonde a grande maioria da população formada por negros, descendente de mexicanos ou porto-riquenhos é onde impera a pobreza, miséria e o abandono em relação ao governo. Em contradição nas cidades do norte prevalece uma maioria branca aonde a riqueza, luxúria e amparo do governo estão presentes. O motivo: uma sociedade de classes existente dentro do próprio Estados Unidos. Neste colonialismo interno encontramos os mesmos processos que levam ao imperialismo.
A alienação cultural das nações dominadas pelo imperialismo ocorre pelo controle e manipulação das massas através da mídia como demonstra o autor. É um dos fatores que os coloca diante da dependência estrutural, a forma como o imperialismo se insere no interior da nação subordinada, gerando conseqüências sociais, culturais e também psíquicas provocadas pela própria situação de dependência. Em resumo Octavio Ianni nos mostra que o imperialismo deve ser examinado em todas as suas dimensões principais, para compreendermos as contradições que produz e desenvolve em âmbito global.

O autor aponta a dependência estrutural como característica das sociedades latino-americanas porque historicamente e constitutivamente sempre foram dependentes. Foram criadas como colônias organizadas para atender os interesses mercantilistas das metrópoles.  Sua independência foi devido ao surgimento de uma força política e econômica interna e ao fim do mercantilismo. Sua independência política não foi seguida da econômica, pois passaram a funcionar conforme os interesses ingleses que investiram em suas “independências”. Com a expansão dos Estados Unidos para o sul eliminava a presença inglesa e estabelecia suas políticas de imperialismo na América Latina. Dentro desse sistema de dependência estrutural criada no sistema imperialista formam-se grupos parasitários que se utilizam de situações criticas em suas próprias nações para obter vantagens particulares dentro do sistema de relações de dependência.
Como demonstra o autor às classes dominantes nativas nunca se libertaram politicamente devido as intervenções externas sejam militares, diplomáticas ou econômicas devido a sua correlação com o fluxo da taxa do dólar e da libra esterlina.
Em resumo as sociedades latino-americanas não conseguiram superar a contradição entre sociedade nacional, por um lado, e economia dependente, por outro.

Leandro Claudir Pedroso

OS REGIMES MILITARES SUL-AMERICANOS


Leandro Claudir Pedroso

            Ao procurarmos traços comuns a regimes militares das décadas de 1960 a 1980 e situações políticas diversas notamos que o nacionalismo e “populismo” de Velasco Alvaro no Peru e de Ovando Candia na Bolivia diferem em muito dos regimes repressivos e entreguitas de Pinochet no Chile, de Costa e Silva no Brasil e de Videla na Argentina. Mas nunca havemos de esquecer os pontos comuns entres eles: dissolução das instituições representativas, falência ou crise dos partidos políticos tradicionais, militarização da vida política e social em geral.

            Nos três golpes militares na década de 1960, houve a influência determinante da diplomacia norte-americana. Devido aos seus interesses na América Latina e ao iminente confronto com a URSS por áreas de influência no mundo. Impregnaram a América Latina da idéia de que as democracias eram incapazes de conter o comunismo.

                        No Brasil o golpe militar de 1964 contou como apoio do governo dos Estados Unidos que apoiou a derrubada do governo Goulart. Nesse período o embaixador norte-americano era assíduo freqüentador do palácio presidencial. Onde sugeria nomes para compor ministérios e censurava as escolhas de “esquerdistas.

            É evidente o grau de envolvimento dos Estados Unidos na preparação e execução do golpe de abril de 1964. Examinemos  a Operação Brother Sam que consistiu  no envio às costas brasileiras de um porta-aviões, destróieres dentre outros artefatos bélicos como o objetivo de fornecer apoio logístico, material e militar aos golpistas. Mas para surpresa dos gringos os nossos militares deram conta do recado de acabar com o regime democrático contrariando os prognósticos da CIA que previa uma guerra civil prolongada.

            O Estado militar instaurando credenciava-se principalmente como guardião do capital internacional e defensor da “restauração econômica, com foco constante na luta contra o comunismo internacional que pretendia acabar coma propriedade privada.

            Em 9 de abril de 1964 como AI-1 decretou a morte do regime baseado na Constituição de 1946, na harmonia e independência dos Poderes, na inviolabilidade do mandato parlamentar. Com a criação da SNI (Serviço Nacional de Informação, com o objetivo de levar adiante os “princípios” da Doutrina de Segurança Nacional que tinha por objetivo principal caçar os “inimigos internos”.

            Em 1966 foi a vez da Argentina ser tomada por um governo militar com os iguais ares de “refundação institucional” que o exército argentino tomou o poder comandado por Juan Carlos Onganía.

            O projeto de penetração norte-americana na América Latina tinha exigido a deposição de vários governos civis para garantir a “calma” necessária ao andamento dos negócios e o combate à Revolução Cubana. Bolivia, Brasil em 1964 e Argentina em 1966 eram elos de um processo comum, que por toda parte se auto-intitulava “revolução”.

            Nos anos de 1968-1969 os governos militares entraram em profunda crise, devido à onda de mobilizações populares que percorreu toda a América Latina, desde o México até a Argentina e o Uruguai. Na realidade esses eventos estavam relacionados com uma crise mundial que se instaurava como posso citar: “o maio francês”, a Primavera de Praga, a Ofensiva Tet pelos Vietcongs e do Vietnã do Norte contra a ocupação da Indochina pelo exército dos Estados Unidos, todos esses eventos deram-se no ano de 1968.

            Neste mesmo ano houve no Brasil importantes manifestações estudantis contra a ditadura militar brasileira, as manifestações foram violentamente reprimidas. Haviam no Brasil grupos organizados e oposição ao regime, atuando na clandestinidade, empreendendo ações armadas em todo o país. Podemos citar a Ação Libertadora Nacional (ALN), e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Grupos armados como os citados eram duramente perseguidos e eliminados, com enorme mobilização de tropas do aparelho repressivo do Estado.

            Ainda no inesquecível ano de 1968, depois de atacar e reprimir os movimentos grevistas em São Paulo, foi decretado o Ato Institucional de número 5 (AI-5), que restringia mais as liberdades políticas. Documentos liberados em 2001pelo governo brasileiro revelam que, em dezembro de 1968, o governo norte-americano viu o fechamento do Congresso e a suspensão dos direitos políticos no Brasil como uma “reação lógica” ao perigo comunista. Temiam um Brasil comunista, pois como afirma Henry Kissinger, então conselheiro de Nixon: “Se o Brasil se perder, não será uma outra Cuba. Será uma outra China.”

            Uma questão que não pode deixar de ser salientada é a ocorrida em agosto de 1971 na Bolívia, que vivia por uma situação de “duplo poder”, com um governo militar do general Juan José Torres e um poder real concretizado na Assembléia Popular. Nesse beco sem saída o exército pelo comando do general Hugo Banzer Suárez, deflagrou um golpe militar singularmente brutal. Aonde as Forças armadas ocupavam todo o espaço político e econômico. Com uma crise econômica galopante devido ao declínio das exportações, a Bolívia viu-se obrigada a reciclar-se em torno do narcotráfico, que passou a ser crescentemente administrado pelos próprios militares donos do poder. Mesmo sabendo dessa situação o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger em viagem a Bolívia para aplacar diplomaticamente o ímpeto narcoexportador, agradeceu, no entanto, o empenho no combate contra o “comunismo” do governo boliviano.

            Diferentemente das ditaduras da década de 1960, que possuíam um caráter mais “preventivo” de um eventual contágio de Revolução Cubana, as ditaduras da década de 1970 possuíam um caráter evidentemente contra-revolucionário. Esse ciclo golpista latino-americano da década de 1970 marcou a passagem definitiva do “caudilhismo” militar da primeira metade do século XIX que eram baseadas em um líder para o domínio. Agora o poder seria imposto por meio institucional das Forças Armadas, por toda parte governavam juntas militares.

            Foi nessa década que os Estados Unidos tornou-se o maior exportar de armamento para o terceiro mundo, superando a URSS. Mesmo assim ainda os gastos militares latino-americanos eram baixos por ficarmos longe dos pontos de maior conflito do planeta.

            Ainda assim o fortalecimento das forças militares era uma evento a notar-se. Fato esse que provinha do acirramento dos conflitos de fronteira e a proliferação dos enfrentamentos internos. Um dos maiores objetivos desses gastos era a “contra-insurgência” e o combate aos eventuais conflitos regionais, mas também fazia parte da corrida armamentista mundial. Em grande parte deve-se também a briga dos países industrializados pelo mercado de armamentos na América Latina.  Nessa área a hegemonia política dos Estados Unidos, porém, continuou sendo incontestável. A submissão política do exército argentino, por exemplo, à política hemisférica norte-americana era histórica e condicionou os militares argentinos, inclusive no diz respeito à produção e compra de armamentos. Criando um militarismo dependente que anulava não só a Argentina, mas todos os países da América Latina, pois o modus operanti era praticamente o mesmo para todas as nações em relação aos Estados Unidos.

            No Chile em 1973, o golpe de Pinochet se destaca pela selvageria com a qual destrói seus opositores e toma o poder, pois não perdoou representantes da cultura chilena reconhecidos internacionalmente. Foi um governo extremamente violento, voltado para torturas e assassinatos.

            No Brasil, no mesmo período procurava-se legitimar o Estado Militar, aplicando uma repressão seletiva para a sustentação do Estado. Com o resultado das eleições de 1974 favoráveis ao partido da oposição o MDB. A oposição teve sua representação no Congresso significativamente aumentada. Ainda assim quem mandava era o regime ditatorial que reprimia greves com assassinatos.

            Na Argentina, o governo peronista (1973-1974) vivia em crise permanente. Em 1974 Perón deu seu aval ao golpe policial que derrubou o governo a esquerda peronista de Córdoba e a AAA (Aliança Anti-comunista Argentina) conhecida como esquadrão da morte, operava com toda força.

            Com o golpe militar na Argentina, todo o Cone Sul e parte do resto do subcontinente estava sob controle de ditaduras militares. A segunda metade da década de 1970 seria a etapa mais sombria da história da América do Sul.

            O componente decisivo da instauração das ditaduras foi o terror, “terrorismo de Estado”. Onde tortura, prisões em nome da segurança nacional, assassinatos, produção de provas fraudulentas, coação para confessar crimes não cometidos, seqüestro de recém nascidos etc. foi comum em todas as ditaduras que se seguiram neste período.
            A ligação do governo dos Estados Unidos com as ditaduras no Brasil, Argentina,Uruguai, Chile e Paraguai eram coordenadas pela chamada “Operação Condor”. Seu objetivo era manter os países governados por militares trabalhando juntos e com o apoio da CIA.

            O fim das ditaduras militares na América Latina foi um complexo processo político de dimensões e alcance internacionais.  A Guerra das Malvinas reduziu a pó em pouco tempo o sistema de cooperação entre as ditaduras militares e os Estados Unidos. A ditadura mais pró-imperialista do Cone Sul a argentina, foi deixada na mão pelos Estados Unidos que tomou partido ao lado da Inglaterra no conflito. E se não bastasse outras ditaduras militares como a chilena que deu apoio logístico a Inglaterra e brasileira cedeu seu espaço para pousos caças ingleses em Porto Alegre.

            Os regimes militares do Cone Sul estavam com seus dias contados. É dentro de um quadro de instabilidade econômica e social que avançam as lutas pela liberdade ante as ditaduras. Com o apoio da Anistia Internacional e da ampla adesão popular e de órgãos da Igreja, Imprensa e Advogados, bloqueou as tentativas de reinstalar medidas coercitivas.

            No Brasil o sindicalismo foi um elemento essencial na luta contra a ditadura por meio das ondas grevistas de 1978. Em 1983 é criada a CUT (Central Única dos Trabalhadores) acrescentou um novo fator de crise do regime.

            Embora os sindicalistas não atingiram seu objetivo nas eleições diretas para presidente no ano seguinte, foi suficiente para quebrar a base política do regime militar. Então temos o nosso conhecido José “múmia” Sarney do Arena, já PDS, levar um setor do partido governista chefiado pelo mesmo a aliar-se com a oposição. Levando a eleições indiretas e a eleição de Tancredo Neves (PMDB) para presidente. Com o falecimento de Tancredo, temos inacreditavelmente a posse de Sarney, político vindo do próprio regime militar posto como presidente. E não é de se admirar que no acorde final temos, o regime militar-arenista no poder político da nação.

            As passagens de regimes militares para regimes democráticos, resultaram, portanto, da virada política dos Estados Unidos junto com a crise de dominação política das próprias ditaduras que afundaram devido a crise econômica mundial.



Referências:

GOGGIOLA, Osvaldo. Governos Militares na América Latina. São Paulo: Editora Contexto, 2001.