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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Joaquim Falcão 'falou e disse' sobre o cerceamento da liberdade acadêmica: é doutrinação e idolatria!


"Ensino sem ampla liberdade de pesquisar não é ensino. É doutrinação. Pesquisa sem erros e acertos, debate e experimentação não é pesquisa. É idolatria."


            JC e-mail 4848, de 04 de novembro de 2013
8. Em favor da liberdade acadêmica


Artigo de Joaquim Falcão* publicado na Folha. Eis aí, ao lado da defesa da liberdade acadêmica, uma boa campanha para nossos artistas: a exigência de uma Justiça responsabilizante


Vetar biografias não autorizadas por herdeiros dos retratados é proibição de múltiplas inconstitucionalidades. Muito além da violação da liberdade de expressão. Fere gravemente a liberdade acadêmica, a liberdade de ensinar e de pesquisar.

A Constituição Federal é clara no seu artigo 206. O ensino será ministrado com base na liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber. Em seu artigo 218, determina que a pesquisa científica e tecnológica é prioritária e é obrigação do Estado incentivá-la.

A posição de alguns artistas de exigir seu consentimento aos livros publicados sobre suas vidas fere gravemente programas e projetos de inúmeros centros, cursos, institutos e faculdades de história.

Atinge professores, pesquisadores e historiadores profissionais. E todos os que usam do método histórico para fazer avançar o conhecimento em suas áreas de atuação não históricas.

Não se pode pesquisar a vida das instituições sem conhecer a vida dos que fizeram essas instituições. Não se pode melhor saber do Supremo sem conhecer seus ministros. Sem pesquisar, explicar e aplaudir a coragem cívica de ministros como Adauto Lúcio Cardoso, Evandro Lins e Silva e Aliomar Baleeiro. Teríamos que pedir permissão aos seus herdeiros? E se negassem? Reduzir-se-ia o Brasil?

Não se pode saber a história da advocacia sem conhecer a vida de Sobral Pinto ou Rui Barbosa. Nem conhecer nosso patrimônio arquitetônico e cultural sem conhecer as vidas de Lúcio Costa, Mário de Andrade ou Aloísio Magalhães.

Pesquisar é formar profissionais, investir em instituições, tecnologias, bibliotecas. Custa recursos, talento e sonhos. Quem irá pesquisar se os herdeiros é que vão decidir o destino do trabalho acadêmico? Não devemos transformar nossa história em capitanias hereditárias.

Ensino sem ampla liberdade de pesquisar não é ensino. É doutrinação. Pesquisa sem erros e acertos, debate e experimentação não é pesquisa. É idolatria.

Não posso ser professor nem pesquisador --o que a Constituição Federal de 1988 me assegura-- se a liberdade de publicar minhas pesquisas, inclusive comercialmente, não me for assegurada.

Defender a privacidade é necessário. Mas quem abre para revistas de celebridades sua casa, seu quarto, sua festa, sua intimidade já fez juridicamente uma opção: abriu mão voluntariamente de um conceito mais amplo de seu direito à privacidade. Assim tem entendido a nossa Justiça.


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O aquecimento global é uma religião


O aquecimento global causado pelo homem é, para muitos, uma religião cujo deus a ser adorado é a Terra.  A característica essencial de qualquer religião é que suas declarações devem todas ser aceitas por uma questão de fé, e não pela apresentação de provas concretas.  Questionar tais declarações transforma qualquer um em pecador.

Ninguém nega que a temperatura da Terra se altera.  Milhões de anos atrás, grande parte do nosso planeta estava coberta de gelo - em alguns lugares com camadas de mais de 1,5 km de espessura -, um período que alguns cientistas chamam de "Terra bola de neve".  Como hoje a Terra não está mais coberta por essa camada de 1,5 km de gelo, então é seguro concluir que deve ter havido um pouco de aquecimento global.  Eu não sei a causa desse aquecimento, mas seria capaz de apostar toda a minha riqueza que esse aquecimento não foi causado por usinas termelétricas a carvão, lâmpadas incandescentes e automóveis andando incessantemente pelas rodovias.

A mera ideia de que a humanidade tem o poder de causar significativas mudanças paramétricas na Terra representa o ápice da arrogância.  Que tal algumas outras perguntas, já que a temperatura é apenas uma das características da Terra.  Por exemplo, peguemos a órbita da Terra.  Se todos nós, 6,5 bilhões de seres humanos que habitamos a Terra, começássemos ritmicamente a pular ao mesmo tempo e durante um longo período, você acha que conseguiríamos alterar a órbita ou a rotação da Terra?  Seguindo o mesmo raciocínio, você acha que a humanidade seria capaz de conseguir alterar a direção e a periodicidade das marés?  Existe alguma coisa que a humanidade possa fazer para provocar ou impedir um tsunami ou furacão?

Certamente você me diria, "Willians, é uma estupidez sugerir que a humanidade pode alterar a órbita ou a rotação da Terra, as marés, ou mesmo provocar ou impedir tsunamis ou furacões!".  E você estaria certo, é claro.  Da mesma maneira, é absurdo crer que as atividades da humanidade são capazes de provocar mudanças globalizadas na temperatura da Terra.

Todavia, existem muitos interesses em jogo, o que torna urgentemente necessário fazer as pessoas aceitarem e endossarem a religião do aquecimento global.  Existe tanta coisa em jogo que alguns cientistas, utilizando gordas subvenções governamentais, estão fraudulentamente manipulando dados climáticos e praticando abertamente atividades criminosas, como revelado no recente escândalo que vem sendo apelidado de "Climate gate".  Uma das mais perigosas características da religião do aquecimento global é o nível de intimidação feito sobre os hereges ou os aspirantes a hereges.

Alguns anos atrás, a Dra. Heidi Cullen, a climatologista do Weather Channel, exortou a Sociedade Meteorológica Americana a retirar seu selo de aprovação de qualquer meteorologista televisivo que expressasse ceticismo quanto às previsões sobre o aquecimento global antropogênico.  Scott Pelley, correspondente do programa "60 minutes", da rede CBS, comparou os céticos do aquecimento global a "negadores do Holocausto".  Já o ex-vice-presidente americano Al Gore chamou os céticos de "negadores do aquecimento global".  Mas a coisa fica ainda pior.  Em um de seus programas, a Dra. Cullen recebeu como convidado o colunista Dave Roberts, que, no dia 19 de setembro de 2006, em sua publicação online, disse que "Quando finalmente estivermos levando a sério o aquecimento global, quando estivermos sentindo todos os seus impactos e estivermos em uma luta em escala mundial para tentar minimizar os estragos, deveríamos implementar tribunais semelhantes aos de crimes de guerra para julgar esses canalhas - uma espécie de Nuremberg climático".

Como resultado, muitos climatologistas foram intimidados a ficar em silêncio.  Isso significa que o público não está informado sobre os seguintes fatos contra-alarmistas: Durantes longos períodos de tempo, não se percebe absolutamente nenhuma relação direta entre os níveis de CO2 e a temperatura.  Os seres humanos contribuem com aproximadamente 3,4% dos níveis anuais de CO2, ao passo que a natureza contribui com 96,6%.  Houve um aumento estrondoso das formas de vida 550 milhões de anos atrás (no Período Cambriano), quando os níveis de CO2 eram 18 vezes maiores que os de hoje.  Durante o Período Jurássico, quando os dinossauros perambulavam pela Terra, os níveis de CO2 eram até nove vezes maiores que os de hoje.  

O mundo sem ninguém: o sonho dos ambientalistas


 Os ambientalistas estão sempre pregando a preservação do ambiente.  O objetivo deles parece ser evitar que a ação humana altere a fauna e a flora.  No entanto, a própria sobrevivência do homem depende de sua interação com o ambiente, transformando-o para satisfazer suas necessidades e retirando dele o que é preciso para sobreviver (e viver).  Visto que é inevitável que o ser humano altere o meio em que vive, os ambientalistas parecem querer que o atual estado do ambiente seja preservado, e que não ocorra nenhuma alteração adicional na quantidade atual de plantas e animais — mesmo que isso implique uma diminuição da quantidade e qualidade de vida dos seres humanos, deixando claro que esta ideologia valoriza mais insetos, sapos, micos e mato do que o homem.  Uma pergunta que surge é por que o atual estado deve ser preservado?  O que há de tão bom nele?  Por que, por exemplo, o imenso deserto verde amazônico deve ter seu tamanho colossal mantido?  Murray Rothbard, ao analisar as conseqüências econômicas das leis de preservação faz exatamente essas perguntas:

Quantos e quantos escritores reclamam da brutal devastação que o capitalismo impõe as florestas americanas!  Porém, é evidente que a terra na América tem sido usada para produções que são mais valorizadas do que a produção de madeira, e, consequentemente, a terra foi destinada aos fins que melhor satisfaziam os desejos dos consumidores.[1]  Em que critério além deste os críticos podem se basear?  Se eles acham que muita floresta foi cortada, como eles podem estabelecer um critério quantitativo para determinar quanto é "muito"?  Na verdade, é impossível estabelecer um critério destes, do mesmo modo que é impossível estabelecer qualquer critério para a ação do mercado fora do mercado.  Toda tentativa de fazer isso vai ser arbitrária e não será baseada em nenhum princípio racional.[2]


 150 anos sem ninguém: O edifício mais alto de Boston desmorona sobre a mata que domina a cidade.

Então, se não existe este critério, poderíamos levar as reivindicações dos ambientalistas as suas últimas consequências lógicas.  O History Channel exibe uma série de documentários que mostra o que aconteceria com o planeta Terra se todas as pessoas desaparecessem de uma hora para outra.  Nos primeiros seis meses, os animais selvagens já estariam novamente vivendo nas cidades.  Com um ano, o mato estaria tomando conta da área urbana, e com cinco anos as ruas e estradas teriam desaparecido embaixo deste mato.  Passados 25 anos sem ninguém, as estruturas de concreto e aço começam a ruir sem o trabalho humano de conservação, e após 200 anos somente as mais resistentes estruturas de concreto reforçado ainda estarão de pé.  Mas transcorridos 500 anos, mesmo estas sucumbirão, e após mil anos quase todas as evidencias da civilização terão desaparecido e as cidades serão novamente grandes florestas.  Seria este o mundo ideal que os ambientalistas querem impor à humanidade?  Se não, por que não?  Em que ponto eles pretendem parar de advogar agressões contra a propriedade alheia em nome de uma preservação?

Há aqueles que alegam que as leis de preservação são essenciais para manter a vida humana; que caso os humanos não tivessem suas liberdades de ação cerceadas por um ente superior e altruísta, eles acabariam com os recursos naturais e deixariam o ambiente do planeta hostil à vida.  Estes ambientalistas falham em reconhecer que um sistema de inviolabilidade dos direitos de propriedade, que se oriente pelos preços do livre mercado para alocar os recursos, é a melhor maneira de garantir um ambiente sustentável e o maior bem estar para as pessoas (leia mais aqui e aqui).  E sobre a alegação da necessidade de se preservar recursos não-renováveis, Rothbard faz a seguinte análise:

.. há de se presumir que os recursos não-renováveis deverão ser usados em algum momento, e deve ser encontrado um ponto de equilíbrio entre a produção presente e a futura.  Por que as vontades da presente geração possuem tão pouco peso nessa decisão?  Por que a geração futura possui um valor tão maior, capaz de impor à atual um fardo muito mais pesado?  O que a futura geração tem para merecer este tratamento privilegiado?  Na verdade, uma vez que as futuras gerações tendem a ser mais ricas do que a presente, seria melhor aplicar o inverso! .. Além do mais, transcorridos alguns anos, o futuro terá se tornado o presente; então as gerações futuras também devem ter suas produções e consumos restritos em nome de outro "futuro" fantasmagórico?  Jamais devemos esquecer que o objetivo de toda atividade produtiva são bens e serviços que irão e poderão ser consumidos apenas em algum presente.  Não existe nenhuma justificação racional para penalizar o consumo em um presente e privilegiar um presente futuro; e seria ainda mais impossível justificar a restrição de todos os presentes em favor de algum "futuro" ilusório que pode nunca chegar e está sempre além do horizonte.  No entanto, este é o objetivo das leis de conservação.  As leis de conservação são na verdade legislações fantasiosas da Terra do Nunca. [3] [4]


O planeta-cidade Coruscant, capital da galáxia.

E a ausência do uso ou ameaça do uso de violência física para preservar o ambiente também não significa que ocorreria um cenário inverso ao mundo sem ninguém — um mundo superlotado e completamente alterado pela ação humana, algo como o planeta Coruscant, a capital da galáxia na saga Guerra nas Estrelas, que possui a totalidade de sua superfície ocupada por uma cidade.  Em um livre mercado, a simples satisfação que as pessoas obtêm ao apreciar uma paisagem natural seria o suficiente para que diversas áreas fossem mantidas intactas pelos seus proprietários.  Mas se um mundo como Coruscant fosse o resultado da ausência de agressão, seria, obviamente, muito bem vindo.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O lado B de Stalin e o culto ao ditador


O ditador que matou milhões de pessoas de fome, traiu companheiros e usou seu povo como bucha de canhão... Ainda tem fãs na Rússia, para quem ele foi responsável pela modernização do país e pela vitória sobre Hitler.

No começo do ano, no povoado de Akura, na Geórgia, a população reinaugurou um busto de Josef Stalin, o ditador que comandou a União Soviética com mãos de ferro e sede de sangue por três décadas, de 1922 até sua morte, há 60 anos. A estátua havia sido retirada pela prefeitura em 2010, mas os moradores resolveram gastar dinheiro do próprio bolso para restaurar a obra e devolvê-la ao seu pedestal na praça principal do lugar. "Não se pode esconder a história", disse a moradora Elgudja Bluishvili. "Se foi bom ou mau, ele agora é parte disso, e nasceu na Geórgia."


A história já deu a Stalin seu lugar: o de tirano cruel. O homem sem escrúpulos que não se importou em matar milhões de ucranianos, cazaques e siberianos de fome durante o perío-do de coletivização do campo na URSS, no início dos anos 30. O líder responsável pela morte de 700 mil bolcheviques e militares nos chamados Processos de Moscou, no qual a maioria das "confissões" era obtida por meio de tortura. O maquiavélico que fez alianças com membros do partido apenas para isolar supostos adversários e, em seguida, traí-los e condená-los à morte. O comunista sem princípios que se aliou ao nazismo com o pacto de não agressão de 1939. O general paspalho que usou a população russa como bucha de canhão na Segunda Guerra, na qual a URSS perdeu quase 24 milhões de pessoas (em comparação, as baixas da derrotada Alemanha não chegaram aos 8 milhões). Por fim, sua morte levou à divisão mundial do comunismo, com defensores e detratores que romperam com o monolito esquerdista que seguia os ditames de Moscou.

A volta do culto à personalidade de Stalin nos países da antiga União Soviética, em especial na Geórgia, onde nasceu, e na Rússia, a capital do império, não é obra de amadores nem se limita a fãs esparsos do ditador bigodudo. Ela encontra eco em intelectuais e historiadores. E pode ser vista nas ruas de Moscou. Desde outubro do ano passado, uma organização civil chamada Sindicato dos Cidadãos Russos recolhe assinaturas para devolver a Volgogrado o nome pelo qual a cidade se tornou célebre em todo o mundo: Stalingrado. Ali, durante a Guerra Civil que se seguiu à Revolução Bolchevique, Stalin conduziu o Exército Vermelho e conquistou uma grande vitória. Em 1925, quando ele já exercia plenamente o poder na URSS, o Comitê Central do Partido Comunista propôs que a cidade ganhasse seu nome - e como Stalingrado ela foi palco de uma das maiores, mais sangrentas e heroicas batalhas da Segunda Guerra. O nome perdurou até 1961.


Stalingrado

No site da organização, explica-se que "a posição do Sindicato dos Cidadãos da Rússia é simples e compreensível a cada patriota". O abaixo-assinado recolheu na internet 9 780 assinaturas a favor da mudança - e 687 contra. Na véspera das últimas eleições presidenciais, já se acreditava que o presidente russo, Vladimir Putin, rebatizaria a cidade para atrair eleitores. Membros do Clube de Especialistas de Volgogrado conseguiram mudar o nome da cidade por um dia em comemoração aos 70 anos da vitória das tropas soviéticas, em 2 de fevereiro. "A ideia é fazer disso uma tradição, enquanto não se resolve a questão da renomeação da cidade", diz o cientista político Vitáli Arkov, membro do grupo.

Stalin, batizado Iosif Vissarionovich Djugashvili, morreu em março de 1953. Desde então, a Rússia está na terceira onda de "desestalinização". A primeira, conduzida por Nikita Kruschev em seu discurso secreto no 20º Congresso do Partido Comunista da URSS, revelou os crimes de Stalin. Em 1961, quando Stalingrado foi rebatizada de Volgogrado, o corpo do tirano foi retirado do gélido mausoléu da Praça Vermelha, onde ainda hoje estão em exposição os restos de seu predecessor, Vladimir Lenin. Stalin foi enterrado próximo de um dos muros do Kremlin - ainda hoje é um dos túmulos mais visitados no local.

A segunda onda veio nos anos 80, com a perestroika de Mikhail Gorbachev. O líder que implodiu a URSS combatia qualquer manifestação de apoio ao totalitarismo. Um dos pontos altos dessa fase foi o filme Pokaianie (Confissão), de 1984. Uma crítica alegórica ao stalinismo, a ficção do georgiano Tenghiz Abuladze foi imediatamente proibida na União Soviética. Relançado três anos depois, com a abertura promovida por Gorbachev, ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cannes em 1987.

Por fim, a terceira onda é recente. Iniciou-se em 2010 com a nomeação de Mikhail Fedotov ao cargo de chefe do Comitê Presidencial para os Direitos Humanos. Uma das primeiras ações de Fedotov foi declarar guerra ao culto a Stalin. Ele contava com o apoio do então presidente Dmitri Medvedev para a criação de um novo projeto de "desestalinização da consciência russa" a partir de 2011. A confirmação de Fedotov no cargo em 2012 levou os russos, que antes acreditavam na contrariedade de Putin ao processo, a crer no seu apoio à desestalinização, apesar de seu silêncio quanto ao assunto.

O silêncio se explica. Até hoje o tirano goza da simpatia de uma boa parcela da população russa. De acordo com estudo do VtsIOM (Centro Russo de Pesquisas de Opinião Pública) publicado em abril de 2011, um em cada quatro russos afirma que sua família sofreu repressão na era Stalin. Mas só 26% dos entrevistados apoiam a "desestalinização" - e quase metade consideram os esforços como "tagarelice" e "mitificação". Também cresceu o número de russos que consideram o papel de Stalin como positivo: de 15% em 2007 para 26% em 2011.


Avanços econômicos

Combater o georgiano, notaram logo as autoridades russas, não era tarefa fácil. Na primeira vez em que se ensaiou uma reabilitação do tirano, não havia transcorrido nem dez anos de sua morte. O líder Leonid Brejnev, considerado um neostalinista, citou Stalin nas comemorações dos 20 anos do fim da Grande Guerra Patriótica, o nome como os russos chamam a Segunda Guerra. "Não devemos encobrir os erros, mas também não podemos encobrir os méritos. Portanto, respeitemos Stalin", disse Brejnev, sob aplausos.

Que méritos são esses? O ex-vice-presidente da Comissão Presidencial Contra a Falsificação da História em Favor dos Interesses da Rússia Issaak Kalina é conhecido por defender o uso de livros de história da Federação Russa redigidos por Aleksandr Filippov, os quais se referem a Stalin como "um administrador eficiente" e à repressão civil como "custos" do progresso. De fato, a habilidade como "administrador" é o principal argumento dos que advogam em seu favor hoje. Mesmo durante sua vida, teve seus méritos reconhecidos, até pela insuspeita revista conservadora norte-americana Time, que o escolheu "homem do ano" duas vezes, em 1939 e 1942.

Basta uma análise de alguns números dos dois primeiros Planos Quinquenais soviéticos, tocados a mando de Stalin. Vale lembrar que o planeta enfrentava a Grande Depressão que sobreveio ao Crash de 1929 (a URSS era um país isolado, mas ainda assim os avanços são impressionantes). "A economia soviética, segundo as mais recentes e confiáveis estimativas, cresceu no mínimo 70% entre 1933 e 1938", registra Richard Overy, professor do King¿s College de Londres, em seu livro Os Ditadores. Ainda que os esforços soviéticos não tenham valorizado o consumo de massa, o planejamento econômico dos comunistas foi capaz de, entre 1928 e 1937, fazer a produção de máquinas crescer incríveis 2 425%. O número da produção de automóveis foi catapultado de 800 unidades anuais para 200 mil no mesmo período. Muitos fundamentos do estudo da macroeconomia, hoje matéria obrigatória em cursos de economia, são resultado do trabalho dos burocratas soviéticos.

"Vinte milhões de pessoas morreram em três ou quatro anos com a Guerra Civil, e a Primeira Guerra resultou em ainda mais 1,5 milhão de mortos. O país sumiu do mapa da política mundial, era apenas sangue, chamas, violência", diz o historiador Aléksandr Vershínin, do Centro de Análises da Governança. "Stalin surgiu do sangue da guerra civil. E, no lugar do caos, instalou a calmaria."

Se houve calma, foi a paz dos cemitérios. Não existem números definitivos, mas fala-se em 8 milhões de mortos de fome na URSS, 5 milhões dos quais na Ucrânia, por causa da política de industrialização e da coletivização forçada do campo. Stalin enviava comissários para checar a produção e identificar desvio de grãos, mas não dava ouvidos às críticas. Quando um funcionário ousou relatar o que ocorria na Ucrânia, Stalin o cortou, como relata Simon Sebag Montefiore em Stalin, a Corte do Czar Vermelho: "Fabricar tal conto de fadas sobre a fome! Achou que nos assustaria, mas não vai funcionar". Em seguida, sugeriu que o burocrata deixasse o comitê central do partido na Ucrânia e entrasse para a União dos Escritores, onde poderia se dedicar à ficção. Mas a fome era real. Tristemente real.

Linha do tempo

1902 - A primeira das sete prisões de Stalin, que usava o codinome Koba, tirado de um romance

1905 - Atende ao congresso do partido, na Finlândia, onde atrai pouca atenção

1912 - Por indicação de Lenin, entra para o comitê central do partido e adota o nome Stalin

1913 - Publica um artigo sobre marxismo e questão nacional que vai ajudá-lo a crescer no partido

1917 - Torna-se editor responsável do Pravda, o jornal oficial dos bolcheviques

1917 - Na Revolução de Outubro, é ofuscado pelas ações de Leon Trotski

1918 - Destaca-se em vários fronts na Guerra Civil. Também vira comissário de nacionalidades

1921 - Em seu testamento político, Lenin pede que Stalin não ocupe o secretariado

1922 - Assume o posto que só deixaria morto: secretário-geral do comitê central do Partido Comunista

1924 - Lenin morre. Stalin e aliados eclipsam Trotski, o sucessor natural na liderança da União Soviética

1924 - Stalin assume o poder em um triunvirato, ao lado de Grigory Zinoviev e Lev Kamenev

1928 - Começa o processo de industrialização e de coletivização da agricultura na URSS

1929 - Stalin manda Trotski para o exílio, acusado de trair a revolução. Ele seria morto no México, em 1940

1934 - Sergo Kirov é assassinado em Leningrado. Foi o pretexto para os expurgos no partido

1936 - Kamenev e Zinoviev são julgados por traição, depois de confessarem sob tortura, condenados e mortos

1937 - Mikhail Tukhachevsky, maior autoridade militar do país, é condenado à morte por traição

1939 - URSS e Alemanha assinam o pacto de não agressão, que garante aos comunistas o leste da Polônia

1941 - Com a Operação Barbarossa, a Alemanha invade a URSS e em outubro chega perto de Moscou

1945 - Tropas soviéticas entram em Berlim e colocam a bandeira comunista no alto do Reichstag

1948 - Tito, o líder comunista da Iugoslávia, é o primeiro dirigente a romper com o stalinismo

1947 - Jdanov, membro do comitê central, inicia uma série de expurgos entre intelectuais e cientistas soviéticos

1953 - Stalin comanda a prisão e morte de médicos, a maioria judeus, que trabalhavam no Kremlin

1953 - Stalin morre sozinho em sua dacha depois de ser vítima de um acidente vascular cerebral

1956 - No 20º Congresso do Partido Comunista, Nikita Kruschev denuncia os crimes de Stalin


A vida íntima do ditador

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O Holocausto Comunista


O holocausto comunista Vencedora do prêmio Pulitzer, Anne Applebaum mergulhou nos arquivos secretos da URSS para mostrar os bastidores de um regime assassino.
 
A jornalista Anne Applebaum começou a desconfiar que alguma coisa estava errada quando percebeu um número crescente de jovens usando camisetas com símbolos soviéticos, em especial a foice e o martelo. Foi aí que ela se perguntou por que as pessoas toleram e até aceitam um regime cruel como o comunismo da União Soviética enquanto desprezam veementemente o nazismo.

Ex-correspondente da revista The Economist na Europa Oriental, Anne teve acesso aos arquivos oficiais, até então secretos, do comunismo soviético. Entrevistou sobreviventes e analisou documentos até desembocar no livro Gulag, a History (“Gulag, uma História”, inédito no Brasil ), que devassa a máquina de matar montada pelo stalinismo. O livro narra a história dos campos de trabalho soviéticos e descreve o dia-a-dia desses lugares – e todas as atrocidades cometidas em nome da foice e do martelo. Com Gulag, Anne ganhou o Pulitzer de 2004, mais importante prêmio do jornalismo. De Washington, onde é colunista e integrante do conselho editorial do jornal The Washington Post, a jornalista falou com a Super.

O que exatamente era o Gulag?

É uma abreviação em russo para “Administração Central dos Campos”. Um nome burocrático para o órgão que administrava todos os campos de trabalho.

Quem foi o responsável pela criação desses campos?

Os czares já tinham pequenas colônias de trabalho forçado. De certa forma, a União Soviética se construiu sobre essa tradição. Stálin sempre admirou a utilização de trabalho forçado por Pedro, o Grande, durante a construção de São Petersburgo. Mas o gulag era um fenômeno bem diferente, bem maior, com milhões de pessoas. O maior campo, Kolyma, era seis vezes mais extenso que a França. O gulag se tornou parte considerável da economia soviética e ícone central da ideologia do regime. Cidades inteiras foram construídas pelos prisioneiros, assim como quase todas as estradas da Sibéria, aeroportos e campos de petróleo.

É possível comparar o gulag a um campo de concentração nazista?

O gulag durou muito mais tempo, atravessando ciclos de enorme crueldade e relativa humanidade. Os campos nazistas duraram menos e tiveram menos variações: simplesmente se tornaram cada vez mais cruéis até que os aliados venceram a guerra. O gulag tinha vários tipos de campos, desde as letais minas de ouro de Kolyma, onde 3 milhões de pessoas morreram, até os “luxuosos” institutos secretos, nos arredores de Moscou, onde cientistas prisioneiros construíam armas para o Exército Vermelho.

A definição de “inimigo” era muito mais enganosa que a definição de “judeu” na Alemanha nazista. Salvo pequenas exceções, nenhum judeu poderia mudar seu status e escapar com vida do nazismo. Enquanto milhões de prisioneiros soviéticos temiam morrer – e milhões morreram –, não existia nenhuma categoria particular cuja morte era garantida. Alguns poderiam provar seu valor e trabalhar em empregos confortáveis, como engenheiros ou geólogos, em que tinham a integridade preservada.

Os campos de concentração eram verdadeiras fábricas de cadáveres. Pouquíssimas pessoas faziam trabalhos forçados – a maioria das vítimas era mandada diretamente para as câmaras de gás e depois cremada. Esse tipo de assassinato não teve um equivalente soviético. Mas, é claro, a União Soviética encontrou maneiras de matar milhões de cidadãos. Normalmente, eles eram levados até florestas, recebiam um tiro na cabeça e terminavam em túmulos coletivos. A polícia secreta usava “emanações exaustivas”, espécie primitiva de gás mortal, como os nazistas faziam antes de ter as câmaras de gás. Prisioneiros também morriam por negligência. Eram mandados para cortar árvores durante o inverno e morriam de frio. Trancados em celas punitivas, morriam de fome. Doentes eram largados em hospitais sem aquecimento e comida. Os campos soviéticos não foram criados para produzir cadáveres em massa – no entanto, acabaram produzindo.

Você disse que as definições de “inimigo” no regime soviético eram elásticas. Qual era, então, a razão que a polícia secreta encontrava para prender pessoas?

Era possível ser preso por qualquer razão. Durante ondas de terror maciças, o regime prendeu todo mundo que parecia suspeito. Se alguém contava uma piada política, ia para a cadeia. Se fosse descendente de estrangeiros, também. A maioria dos presos eram trabalhadores e camponeses de origem russa. Nem todos tinham praticado crimes políticos. Milhões eram chamados de presos criminais. Só que chegar atrasado ao trabalho, por exemplo, era considerado crime pelas autoridades.

domingo, 13 de outubro de 2013

Soldados brasileiros aliados aos norte-americanos invadiram à República Dominicana em 1965 temendo a ascensão e uma ditatura comunista.


Durante a ditadura, país invadiu República Dominicana em 1965, junto com forças norte-americanas, para evitar a volta de esquerdista ao poder.

O golpe militar ainda não havia completado um ano em 23 de maio de 1965. Os militares brasileiros, que contaram com apoio e financiamento norte-americano, tinham a primeira oportunidade de devolver o favor. Sob a presidência do marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, o Brasil enviou cerca de 1,3 mil militares para participar, ao lado de tropas dos EUA e de outros países, da invasão da República Dominicana, um pequeno país caribenho que divide a Ilha de Santo Domingo com o miserável Haiti e que em sua história foi governado por um dos mais sórdidos ditadores latino-americanos, Rafael Trujillo. Havia o temor de que o país se transformasse em "uma nova Cuba". A República Dominicana, onde fica a capital mais antiga da América, Santo Domingo, é vizinha da ilha dos irmãos Castro. Além do Brasil, participaram da invasão, cujo objetivo oficial era "manter a ordem e proteger os estrangeiros", outras ditaduras, o Paraguai (sob Alfredo Stroessner) e a Nicarágua (sob Anastácio Somoza), secundadas por soldados hondurenhos e policiais costa-riquenhos.

A invasão foi uma grande inflexão na Política Externa Independente (PEI), que havia caracterizado a diplomacia brasileira nos governos civis de João Goulart e Jânio Quadros. Saía de cena o reforço ao diálogo Sul-Sul com os países mais pobres e a independência em relação às grandes potências, EUA e União Soviética, e entrava o alinhamento automático aos norte-americanos, vistos como líderes na defesa da civilização ocidental contra o comunismo. A intervenção deixou o Brasil com a péssima fama de nação subserviente, subimperialista e "gendarme" dos EUA.

"O Brasil esperava conseguir ganhos com essa política, que não se confirmaram", diz o professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Tullo Vigevani. O jornalista José Maria Mayrink, que esteve em Santo Domingo um ano após o ataque militar como repórter do Jornal do Brasil, chegou a ver muros pichados com a frase "brasileiros, go home", na reedição da sentença sempre atribuída aos "ianques norte-americanos" em suas intervenções em países latino-americanos.

A ditadura brasileira recém-instalada, ainda sem o domínio da linha-dura, que viria a partir de 1968 com o Ato Institucional número 5 (o famigerado AI-5), esperava ter dos Estados Unidos o reconhecimento do Brasil como líder inconteste na América do Sul, além de vantagens comerciais e investimentos em suas Forças Armadas. Isso não ocorreu. Os generais brasileiros Hugo Panasco Alvim e Álvaro da Silva Braga foram escolhidos, em uma concessão especial dos EUA, como os comandantes nominais das tropas, que incluíam 21 mil marines. Mas o general Bruce Palmer Jr., vice-comandante do destacamento, respondeu em uma entrevista à imprensa de seu país que no caso de receber uma ordem do superior brasileiro ou de Washington não hesitaria em seguir a determinação norte-americana.

A declaração de Palmer gerou um grande mal-estar nas tropas da Força Interamericana de Paz (FIP), nome oficial do exército multinacional que atuou sob os auspícios da Organização dos Estados Americanos (OEA). O então embaixador norte-americano no Brasil, Lincoln Gordon - personagem importante na preparação do golpe de 1964 -, apressou-se a negar a informação. O chefe da sucursal da agência de notícias Associated Press no Rio de Janeiro, Frank Butto, confirmou a declaração do oficial norte-americano depois de se comunicar com a matriz, em Nova York, contrariando o embaixador, que então preferiu se calar. O saldo da intervenção que durou 16 meses, depois de vários combates com grupos dominicanos de esquerda, liderados pelo coronel Francisco Caamaño, defensor da volta do presidente deposto Juan Bosch (veja quadro ao lado): quatro militares brasileiros mortos e seis feridos. Entre os norte-americanos, 44 foram mortos e 200 ficaram feridos, tal como cinco paraguaios. Estima-se em 1,7 mil os civis dominicanos mortos.

Big stick

Os soldados latino-americanos eram comandados pelo coronel Carlos Meira Matos, um dos principais ideó-logos do regime militar. O episódio foi o batismo de fogo da Faibras - Força Interamericana do Brasil, que atualmente exerce suas funções no Haiti, o vizinho da República Dominicana. Hoje, no entanto, trata-se de uma delegação da Organização das Nações Unidas (ONU), de caráter pacífico, ao contrário da dos anos 1960, que recebeu críticas de vários países. Imediatamente após a determinação da OEA de que se formasse a força multinacional, o governo uruguaio foi o primeiro a denunciar o que chamou de "uma forma de intervenção armada em um país soberano". Para seu chanceler, Luiz Zaglio, a ação lembrava o período do big stick (grande porrete). A expressão foi criada pelo presidente norte-americano Theodore Roosevelt, para falar dos vizinhos latino-americanos, nos anos 20: "Fale macio, carregue um grande porrete e você irá longe".

Chile, Peru, México, Venezuela e Argentina (para ficar apenas nos paí-ses latino-americanos) se mostraram contrários à intervenção na política interna dominicana. Até mesmo a própria OEA, em seu estatuto, condenava a prática de invadir países para impor políticas de terceiros, de acordo com o artigo 15 da Carta da entidade: "Nenhum Estado ou grupo de Estados têm o direito de intervir, direta ou indiretamente, seja qual for o motivo, nos assuntos internos ou externos de qualquer outro".

Em 15 de junho de 1965, o jornal Folha de S.Paulo noticiou que, no dia anterior, os soldados brasileiros haviam trocado tiros com forças de Francisco Caamaño, os constitucionalistas, como eram conhecidos. O incidente, sem feridos de parte a parte, não teve repercussões, segundo a OEA, e foi qualificado como "violação da cessação de fogo" na linha que as tropas mantinham na Avenida Pasteur, que dividia o setor constitucionalista da zona internacional de segurança, mantida por tropas brasileiras. "Os soldados comuns, os recrutas, eram menosprezados pela população dominicana, e morriam de medo de uma situação de risco real, ao contrário dos fuzileiros navais, esses sim profissionais", afirma o jornalista Mayrink.

O repórter acabou encarregado, depois de voltar da República Dominicana, de avisar à família do cabo brasileiro José Elias Bastos, que vivia no Rio de Janeiro, da morte do rapaz. "Acabei dando a notícia antes do Exército, que enviou um telegrama", afirma Mayrink. "Quando cheguei à casa dele e comecei a perguntar, a família logo desconfiou que havia ocorrido algo grave com o parente." Em sua reportagem sobre a intervenção, o jornalista contou um episódio no qual um soldado brasileiro foi ferido a tiros por jovens de motocicleta, mas sobreviveu. Entrevistado por ele, um motorista de táxi resumiu a relação da população com os brasileiros. "Os dominicanos gostam dos brasileiros porque eles se definem. Eles sorriem para nós quando sorrimos para eles e dão tiros quando damos tiros. Os norte-americanos são mais frios e não reagem, mas depois vêm com tudo em cima da gente", afirmou o motorista.

A vice-cônsul da República Dominicana em São Paulo, Francia Martinez, afirma que todos os soldados estrangeiros, tidos como invasores, eram odiados. "Não tínhamos como diferenciar brasileiros de norte-americanos. Eles usavam fardas iguais", diz ela, que era estudante na Universidade Autônoma de Santo Domingo, um dos focos de revolta. "Perdi muitos amigos. Era um tempo muito difícil, mas todos os jovens levantaram-se contra a ocupação, assim como haviam feito contra a ditadura de Trujillo". Rafael Trujillo, que governou o país com mão de ferro entre 1930 e 1961, foi morto, e em seu lugar assumiu Juan Bosch, um professor com ideais de esquerda, que ficou sete meses no cargo, até ser derrubado por militares, no episódio que levou à intervenção.

Uma longa disputa

Depois do assassinato do ditador dominicano Rafael Trujillo, em 1961, o fundador do Partido Revolucionário Dominicano, Juan Bosch, foi eleito presidente. Ao assumir, em fevereiro de 1963, Bosch iniciou um programa de distribuição de terras e nacionalização de empresas estrangeiras. Sete meses depois, foi derrubado por um golpe de estado liderado pelo general Elias Wessin, líder de um grupo de extrema-direita. Em 24 de abril de 1965, um grupo de militares de esquerda sob a liderança do coronel Francisco Caamaño, que adotou o nome de "constitucionalistas" e defendia a volta de Bosch ao poder, se insurgiu contra o governo, que foi derrubado. Instado por líderes políticos e militares, entre os quais Wessin, Washington preparou uma intervenção na crise dominicana.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Professora Ana Caroline nos mostra a Relação entre Comunismo e Nazismo


Amostra da aula dada aos seus alunos da oitava série. Clique na imagem para ampliar. Imagem: https://www.facebook.com/AnaCampag
Não é raro encontrar pessoas que, inocentemente, afirmam que Nazismo é de direita e que não era Socialista. Nem sei o que pensar de pessoas assim. Recentemente uma professora de história chamada Ana Caroline deu uma verdadeira aula de historia para seus alunos da oitava série. 
Abaixo a transcrição do texto:
A ideologia nazista era baseada no comunismo como afirmava o próprio Hitler ao dizer: “aprendi muito com o comunismo.” Podemos encontrar muitas das ideias do nazismo descritas no livro “Mein Kampf” (Minha Luta) do chanceler da Alemanha. Iniciado na Alemanha uma década após a Revolução Socialista da Rússia, a ideologia nazista se assemelhava profundamente ao comunismo. Na Rússia encontramos um socialismo que pretendia ser internacional, enquanto o socialismo alemão era nacional. Enquanto o comunismo pretende criar um novo homem baseado numa falsa sociologia, o nazismo espera o surgimento de um novo homem com base em uma falsa biologia. Os dois, no entanto, ambicionam ser científicos (ter respaldo na ciência).
A professora nada mais fez que desenterrasse os discursos de Adolf Hitler, socialista e pai, óbvio, do Nazismo. Veja:
“Eu aprendi muito do marxismo, e eu não sonho esconder isso. (…) O que me interessou e me instruiu nos marxistas foram os seus métodos (…) Todo o Nacional Socialismo está contido lá dentro (…) O nacional socialismo é aquilo que o marxismo poderia ter sido se ele fosse libertado dos entraves estúpidos e artificiais de uma pretensa ordem democratica”
(Adolfo Hitler, apud Hermann Rauschning, Hitler m´a dit, Coopération, Paris 1939, pp.211- 212).
Em tempo:
“Eu não sou apenas o vencedor do marxismo. Se se despoja essa doutrina de seu dogmatismo judeu-talmúdico, para guardar dela apenas o seu objetivo final, aquilo que ela contém de vistas corretas e justas, eu sou o realizador do marxismo”.
 (Adolfo Hitler, apud Hermann Rauschning, Hitler m´a dit, Coopération, Paris 1939, pp. 211).
Claro que os socialistas, terroristas de plantão que são, querem por tudo infernizar a vida da jovem professora anticomunista, antifeminista e uma digna e bela mulher que apenas ama a verdade.
Marxistas, humanistas, progressistas, obamistas e neo ateus (o que dá tudo no mesmo) adoram fantasiar o passado da Alemanha Nazista para chamá-los de “extrema direita”. E o que faz um cético político? Obviamente, vai investigar a alegação.
Nada melhor que começar com uma análise do PROGRAMA DO PARTIDO NACIONAL SOCIALISTA DOS TRABALHADORES ALEMÃES, publicado em 24 de fevereiro de 1920, no Hofbrauhaus-Festsaal em Munique. Esse é o paradigma que deu sustentação à todas as ações de Hitler, incluindo o Holocausto Judeu. Não há nada melhor para estudar o cerne da mente nazista do que estudar este documento.
Para cada um dos 25 termos do programa, iniciarei meus comentários com a explicitação de com qual ideologia o nazismo se alinha, podendo ser “Neutro”, “Direita” ou “Esquerda”. (É interessante notar que os pontos iniciais são neutros, mas do décimo para frente à coisa definitivamente se avermelha de vez).


Comecemos:
25 TERMOS DO PROGRAMA DO PARTIDO NACIONAL SOCIALISTA DOS TRABALHADORES ALEMÃES.
1. Nós exigimos a união de todos os alemães numa Grande Alemanha com base no princípio da autodeterminação de todos os povos.
Neutro. Não é possível qualificar o ponto acima como algo relacionado nem a Esquerda como à Direita.

2. Nós exigimos que o povo alemão tenha direitos iguais àqueles de outras nações; e que os Tratados de Paz de Versalhes e St. Germain sejam abolidas.
Neutro. É, como se nota, o esquerdismo ainda não se manifestou, mas muito menos uma concepção de mundo que possa ser qualificada como “de direita”.

3. Nós exigimos terra e território (colônias) para a manutenção do nosso povo e o assentamento de nossa população excedente.
Neutro, tendendo à Esquerda. Por enquanto, temos apenas um país reconhecendo seu aspecto belicista, e avisando que vai botar para quebrar, o que qualifica o ponto acima como parcialmente neutro. Entretanto, a promessa de “garantir a manutenção do povo”, através da ação do estado, é uma abordagem esquerdista.

4. Somente aqueles que são nossos compatriotas podem se tornar cidadãos. Somente aqueles que têm sangue alemão, independente do credo, podem ser nossos compatriotas. Por esta razão, nenhum judeu pode ser um compatriota.
Neutro. A filosofia do período, tanto esquerdista quanto de direita, não pregava a exclusão dos judeus. Alguns poderiam dizer que Marx teria dito que os judeus “pereceriam no holocausto”, mas ele queria dizer com isso que os judeus deixariam de ter uma identidade de povo (como todos os outros povos deveriam fazê-lo) para se juntar à revolução. Marx não tinha nada contra os judeus, apenas contra o fato de terem uma “identidade judaica”, quando para ele deveriam ter uma identidade de classe (proletários X burgueses). Mesmo assim, a qualificação de um grupo (os judeus) como bodes expiatórios de todos os males é uma extensão da filosofia de guerra de classes de Marx. Mas, por questão de caridade, deixarei este ponto como neutro.

5. Aqueles que não são cidadãos devem viver na Alemanha como estrangeiros e devem ser sujeitos à lei de estrangeiros.
Neutro. Alguns difamadores da esquerda diriam que esta é uma proposta de direita, principalmente pelo fato de alguns Republicanos nos Estados Unidos terem sido contra a imigração ilegal. Entretanto, coibir a imigração ilegal não é o mesmo que definir os estrangeiros como não-cidadãos.

6. O direito de escolher o governo e determinar as leis do Estado pertencerá somente aos cidadãos. Nós portanto exigimos que nenhuma repartição pública, de qualquer natureza, seja no governo central, na província, ou na municipalidade, seja ocupada por qualquer um que não seja um cidadão. Nós combatemos a administração parlamentar corrupta pela qual homens são indicados para vagas por favor do partido, não importando caráter e aptidão.
NeutroÉ a extensão do ponto anterior.

7. Nós exigimos que o Estado especialmente se encarregará de garantir que todos os cidadãos tenham a possibilidade de viver decentemente e recebam um sustento. Se não puder ser possível alimentar toda a população, então os estrangeiros (não cidadãos) devem ser expulsos do Reich.
Esquerda. Enfim, começou a ladainha. Aqui temos a criação de bodes expiatórios para, no caso da população precisar de sustento, jogar neles as culpas pela penúria que porventura a população passasse. Este truque (o da guerra de classes) é essencialmente esquerdista.

8. Qualquer imigração adicional de não alemães deve ser prevenida. Nós exigimos que todos os não alemães que entraram no país desde 2 de Agosto de 1914 sejam forçados a deixar o Reich imediatamente.
NeutroEsta medida era contextual, em um período que a Alemanha passava dificuldades após a Primeira Guerra Mundial. Uma medida abjeta, diga-se, mas que não é diretamente sustentada nem pela filosofia de direita e nem a de esquerda.

9. Todos os cidadãos devem possuir iguais direitos e deveres.
DireitaEsta é uma abordagem essencialmente direitista. Já os esquerdistas pregam que alguns devem ter mais direitos que os outros. Um exemplo está na recente questão da causa gayzista, a PL 122. Com essa proposta, os gayzistas querem que seja proibida a crítica aos gays. Isso é dar mais direito a um grupo em detrimento de outro. Podemos (e devemos) contestar os critérios que os alemães usaram para definir quem seria um cidadão – e, como falarei mais profundamente na conclusão, este foi um truque para usar o princípio de forma distorcida. Mas, em essência, dar direitos e deverem iguais para todos os cidadãos é uma ação com o DNA da direita.

10. O primeiro dever de todo cidadão deve ser trabalhar mental ou fisicamente. Nenhum indivíduo fará qualquer trabalho que atente contra o interesse da comunidade para o benefício de todos.
Esquerda. Coletivismo em detrimento do individualismo é uma manifestação 100% esquerdista. Isso pode ser evidenciado na idéia obsessiva de Karl Marx da guerra de classes, em que ele visualizava grandes “blocos coletivos”, ao invés de indivíduos lutando por seus interesses.