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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Mazdeismo/Zoroastrismo: história, religião e filosofia.



Simbolo do Zoroastrismo. A chama sagrada (Avarkhvarsh, o fogo radiante).

Sobre o Autor: Paul Du Breuil é hoje o maior especialista do zoroastrismo, da filosofia masdaica e da religião dos parses.

OBSERVAÇÃO: Os reis aquemênidas foram “reis justos”, segundo as Gâthâs, tendo introduzido uma forma de governo humanizado, suscetível de servir de exemplo a toda a nação humana. É preciso compreender que entre os grandes reis Ciro, Dario e Xerxes, a noção de raça, procedia de uma ordem superior e espiritual. Atualmente só os ossetas do Cáucaso representariam a última ilhota dos antigos arianos. Os proto-arianos vindos provavelmente da bacia do Volga, ao norte do Cáspio, como seus predecessores do fim do terceiro milênio. Ora, originados de tribos arianas, isto é, indo-européias, da Rússia meridional, essas faces aquemênidas, persas e medas ofereceram uma morfologia muito diferente daquela da europeia nórdica, dolicocéfala e loira de olhos azuis, como Tácito se divertiu em descrever no seu Germânia, ou como os poetas gregos, de Homero a Eurípides, construíam a imagem dos heróis mitológicos. Isso mostra até que ponto a reinvindicação do termo ariano pelo pangermanismo podia é abusiva. Os arianos, ou primeiros habitantes indo-europeus do Irã interior e exterior, país que tira seu nome desses povos, persas e medas, cimérios e citas, e, a leste, os da Índia bramânica, não teriam mais que um longínquo parentesco étnico com os indo-europeus que fundaram os povos da Europa ocidental.


Zoroastro, segundo ilustração de fieis.

§ A moral do Estado sassânida protegia o casamento, a família, condenava o aborto, encorajava a adoção. O zoroastrismo tradicionalmente monogâmico. As mulheres possuíam uma liberdade até então desconhecida no mundo antigo.

§ Primeiros crentes na ressurreição da alma, os parses estimam que dar o seu corpo aos abutres, após a morte é uma ato de generosidade última de sua vida para com a natureza criada por Ahura Mazda.

§ Somente consideravam fieis masdeianos os filhos de pais parses, não aceitavam casamentos mistos.

§ Ainda bebê a criança parse terá sido previamente apresentada ao templo e marcada com cinza do fogo sagrado na testa.

§ O fogo sagrado do fiel masdeiano deve ser alimentado com madeira de sândalo (Machi).

§ Para os parses o casamento é o ato primordial da vida, os noivos recebem arroz sobre seus corpos em sinal de prosperidade.

§ O masdeismo ignora a reencarnação, crendo em uma única vida terrena e uma única vida eterna no pós-morte.

§ As façanhas da cavalaria persa, que antecipou em um milênio o nascimento da cavalaria europeia. A perenidade desse fenômeno moral na tradição zoroástrica confirma bem que ela foi a fonte da ética cavalheiresca, tal qual se elaborou na cavalaria dos partas e dos sassânidas, muito tempo antes de nossos orgulhosos paladinos da Idade Média saírem formando cruzadas. De resto, Eugene d’Ors não se enganara quando reconheceu a ética de um código de cavalaria na moral zoroástrica.

§ Os parses demonstram também a mais perfeita tolerância para com as outras religiões.

§ O aborto permanece sendo, no parsismo, um crime contra a vida, tão grave como fazer uma colheita antes do tempo, revestindo-se, praticamente, do caráter de um assassinato metafísico.

§ Zoroastro condena as matanças de bois em rituais de sacrifícios, bem como serão severamente rejeitadas também, e vivamente, o êxtase artificial das drogas alucinógenas (haoma, cânhamo).
           
          A carência que se constata no campo do conhecimento do parsismo é agravada pelo fato de que esta etnia está em diminuição demográfica alarmante e que muitos dos seus representantes estão em vias de perder sua identidade cultural.

*Parse: Povo persa do antigo Irã (palavra que tem origem nos povos Indo-arianos) que também era chamado de Pérsia.



Ahura Mazda 

            A obra de Zoroastro nos é dada a conhecer pelas Gâthâs, textos arcaicos que lhe são formalmente atribuídos por textos contemporâneos (Yashts). E pelos textos do Avesta tardio, que reagruparam o conjunto das tradições nas épocas parta, sassânida e pós-sassânida. O termo Zend-Avesta, retomado por Anquetil du Perron e Darmesteter, é impróprio para designar o Avesta, palavra derivada do pálavi apastâk, de onde a forma persa avasta: prescrição, fundamento. Zend significa “conhecimento” no dialeto médio-parta e designava não um livro mas a glosa do texto sagrado. Apastak-u-Zand “Avesta e Zend” foi durante muito tempo e abusivamente atribuído ao conjunto da literatura avéstica e do seu comentário original (Haug). A língua das Gatas originais é do velho iraniano oriental, parente vago do sânscrito dos vedas e de certos velhos dialetos afegãos.

            O que resta do Avesta limita-se apenas a um quarto do Avesta primitivo, que contava com 21 livros (nasks). O conjunto do Avesta compõe-se dos principais textos seguintes, que simplificamos para maior clareza:

GÂTHÂS: composto por 72 hinos.

YAST: 22 hinos de adoração.

VIDEVDÁT: código religioso, dogmas, regras e informações médicas da época parta.

VISPERED: textos litúrgicos.

NIRANGANSTAN: código ritual, liturgia dos mortos.

            Agora seguem os textos mais tardios, redigidos na época sassânida (212/642) ou pós sassânida no século IX sob o Islã.

BAHMAN YASHT: apocalipse pálavi do mundo e de suas idades, que remontam igualmente a tratados avésticos perdidos.

ARTA VIRAF NAMAK: livro da descida de Arta Viraf ao inferno, viagem mítica de um fiel, antigo precursor de Dante.

MAINYO I-KHARD: livro que responde 72 questões doutrinárias zoroástricas.

BUNDAHISN: manual de cosmologia religiosa.

VICITAKIHA I ZATSPRAM: seleções de Zatspram, de tendências zervanita acentuada.

DENKART: análise do Avesta, compreendendo também nasks perdidos do antigo Avesta, que data do século IX.

DASDISTAN I DENIK: relata a respostas de um eminente estudioso, Mihr Xvarset, sobre 92 questões de liturgia e de dogmática.

SRAND GUMANIK VICAR: obra de apologética zoroástrica de Martanfarrux, e de polêmica doutrinária contra as religiões estrangeiras (maniqueísmo, cristianismo, judaísmo e islamismo) e as heresias.

SAYAST NE SAYAST: é um tratado de casuística no tocante às questões de ritual e de orações.

SADDAR: espécie de manual do crente masdiano perfeito.

RIVAYATS: coleção de correspondência em persa entre os parses da Índia e os zartoshtis do Irã, mantida do século XV ao século XVIII, sob a forma de perguntas e reposta sobre o ritual, os costumes, as prescrições, cerimônias, usos, cultos etc.


Fiel orando diante do Fogo Sagrado (Avarkhvarsh).

Idiomas falados pelos fieis masdeianos desde a origem dos escritos com Zoroastro.

AVESTICO à PÁLAVI à PERSIANO à GUJARATI

Origem do Sábio do antigo Irã.

            Hermódoro, Plutarco, Plínio o Velho, fazem remontar a fundação do zoroastrismo e citam Eudóxico, que o faz viver 6.000 anos antes da morte de Platão, e Hermipo diz que Zoroastro compôs dois milhões de versos e que Agonaces, que foi o mestre de Zoroastro, viveu 5.000 anos antes da guerra de Tróia. Plutarco repete que Zoroastro, o Mago, viveu 5.000 anos antes da guerra de Tróia. Heraclito o vê sobrevivente da Atlântida. Da mesma forma, uma cronologia mítica de um ciclo cósmico de seis milênios justifica a datação fabulosa emprestada àquele de quem eles forma o profeta. Esta datação audaciosa teve seus partidários, cujas hipóteses se fundamentaram na tradição hiperbórea, de onde reputava-se vir o povo ARYA (ariano) depois da última época glacial. Pela história, contra a lenda, Zoroastro teria lançado sua pregação pouco antes da seca, que, mais ou menos em -800, começou a desertificar a Ásia central, e ele seria, pois, um contemporâneo dos últimos assírios e dos primeiros aquemênidas, ancestrais de Ciro e Dario.

Bakdhi: a criação de Ormasd (o mito zoroastrico da criação)

“Um príncipe semita de nome Azhi Dahak (forma arabeizada em Zohak) destronou Yima, o primeiro rei dos árias, que acabara de perder sua proteção divina simbolizada pela glória luminosa de Xvarnah. Mas Atar, o Fogo Celeste, salva esta luz divina das mãos tenebrosas do dragão Zohar “de três goelas”. Então o astucioso bandido turaniano Afrasiab também procura apoderar-se da Glória dos povos arianos e, não conseguindo, lança este desafio demoníaco : ‘Pois seja! Eu não consegui apoderar-me da Glória que pertence aos povos arianos e não conseguindo, lança este desafio demoníaco: ‘Pois seja! Mas eu corromperei tudo, grãos e licores, todas as coisas de grandeza, de bondade, de beleza que Ahura-Masda cansa-se de produzir, sempre ardente por criar’ (Yt. 19, 57, 58).


Procissão de Parsis com o Avarkhvarsh, o fogo radiante.

            Zohak, demônio das tempestades, dragão de três cabeças que deseja devastar o mundo preso por mil anos pelas forças da luz, no monte Demavant, onde fica até o fim dos tempos. Libertado por Ahriman para devastar o mundo, o dragão será, então, morto a cacetadas por Karsasp, um dos reis imortais da gesta ariana. O Avesta, por seu lado, enunciará uma diferença radical entre arianos e não-arianos: a religião e a realeza são as melhores que existem, a Boa Religião sendo a dos descendentes de Yima (o primeiro rei dos Árias), e a má a dos povos árabes descendentes de Dahak/Zohak.

           As duas etnias proto-arianas que, sedentarizadas, vão formar as colunas do antigo Irã de onde sairá o império Aquemênida, formam os persas elamizados desde Aquemenes (-700), e Teispes (-675/-640), e os medas, Madaia (Daiku, -715).

           Os proto-arianos vindos provavelmente da bacia do Volga, ao norte do Cáspio, como seus predecessores do fim do terceiro milênio. Ora, originados de tribos arianas, isto é, indo-européias, da Rússia meridional, essas faces aquemênidas, persas e medas ofereceram uma morfologia muito diferente daquela da europeia nórdica, dolicocéfala e loira de olhos azuis, como Tácito se divertiu em descrever no seu Germânia, ou como os poetas gregos, de Homero a Eurípides, construíam a imagem dos heróis mitológicos. Isso mostra até que ponto a reinvindicação do termo ariano pelo  pangermanismo podia ser abusiva.

Várias celebrações diante do Fogo Sagrado (Avarkhvarsh, o fogo radiante).

            Os arianos, ou primeiros habitantes indo-europeus do Irã interior e exterior, país que tira seu nome desses povos, persas e medas, cimérios e citas, e, a leste, os da Índia bramânica, não teriam mais que um longínquo parentesco étnico com os indo-europeus que fundaram os povos da Europa ocidental. Atualmente só os ossetas do Cáucaso representariam a última ilhota dos antigos arianos.

      Zoroastro condena as matanças de bois em rituais de sacrifícios, bem como serão severamente rejeitadas também, e vivamente, o êxtase artificial das drogas alucinógenas (haoma, cânhamo).

         Segundo os Gâthâs, a biografia se relata assim: Zoroastro nasceu de uma rica família de criadores, os Spitama, de casta sacerdotal e herdeira de uma tradição de poetas inspirados. O profeta foi o terceiro filho de Dugdova, que irradiou luz durante sua concepção, e de Purushaspa, nome cuja terminação indica ainda a etimologia de cavalo, que se encontra também no Vishtaspa, sinais de uma antroponímia bem característica do meio de criadores de cavalo do primeiros clãs sedentarizados nos confins das estepes e das regiões irrigadas.

Vida e vocação de Zoroastro

            Plinio afirma, com a lenda masdaica, que Zoroastro veio ao  mundo rindo e que ele ria em cada um de seus aniversários, mas acrescenta que as vibrações do cérebro da criança eram tão fortes que dificilmente se podia pousar a mão em sua cabeça. Desde sua tenra idade Zoroastro foi atacado por mágicos que, enciumados de sua santidade, o arrebataram de seu pai. Dpois, tendo acendido uma enorme chama no deserto, eles ali jogaram o menino, que não sofrerá nenhum mal. Este foi seu terceiro milagre, depois do riso no seu nascimento e depois de ter escapado do gládio do cavi Durasrab. Antes do sétimo e último milagre no qual ele sairá vencedor do veneno, ele foi precipitado, sem danos, nos cascos dos touros e abandonado entre os lobos. Desde a idade dos 7 anos seu pai o confiara a um mestre eminente, Burzin-Curus, com o qual ele fez progressos admiráveis. Aos 15 anos ele já fazia muito de bom e mergulhava em longas meditações. Sua reputação se espalhou tanto entre os humildes como entre os grandes, embora ele denunciasse as crueldades dos carapans e dos cavis, uns por sua magia e suas imolações de bois, outros por sua injustiça e pela proteção que davam aos primeiros. Zoroastro já tinha o hábito de se isolar nas montanhas e ali viver de frutas e de um queijo incorruptível, abstendo-se de toda alimentação animal. Quando completou 20 deixou seus pais e se retirou para meditar numa gruta. Seu pai quis oferecer-lhe bens, mas o Sábio só conservou, em memória dele, o seu custi, o cordão sagrado indo-iraniano. Com a idade de 30 anos impossibilitado de difundir sua doutrina ele foge da Meda, onde nasceu até Seistão e Bactriana, onde Zoroastro se refugia numa montanha vizinha, elevado sítio da Ariana Vaeja, onde seu sucesso na Bactriana, juntoa Vishtaspa.

“Pela sua pregação Zoroastro aparece como um adversário apaixonado da religião ariana tradicional.”

          Durante muitos anos Zoroastro e seu primo Maidiomaha viajaram de aldeia em aldeia para converter chefes de tribos em favor de sua causa. Começou então, para o Sábio, um longo retiro de uma dezena de anos, vinte anos segundo Plínio o Velho, tendo como único discípulo consigo seu querido primo Maiodiomaha.

“Ele via, então, o sobrevoo da humanidade por poderosos anjos dirigidos por prodigiosas entidades, cada uma delas respondendo por um domínio, que governavam segundo o Reino de Ahura Masda. Zoroastro as definirá em sete expressões divinas:”

1- SABEDORIA (Masda).

2- BOM PENSAMENTO (Vohu Manah).

3- ORDEM JUSTA (Asha Vahista).

4- REINO DIVINO (Khshatra).

5- DEVOÇÃO (Armaiti).

6- SAÚDE (Haurvatat).

7- IMORTALIDADE (Ameretat).

*Tão intimamente ligados como as sete cores do arco-íris, esses seres sagrados identificados mais tarde como os “arcanjos” do zoroastrismo antes  dos da tradição bíblica são unicamente os atributos personificados de Masda e seus principais modos de atividade entre os homens e na natureza.

“Arquétipos supremos do Deus único Ahura Masda, foi ele que, antes de tudo, pensou o mundo, ele que pôs a felicidade na luz celeste... Tu fizeste aparecer divinamente o Soberano universal.”

(Y.31.7).


           Zoroastro casou com a filha de Frashaoshtra (membro da corte do rei Vishtaspa, que recorreu a seu irmão Jamaspa para introduzir Zoroastro na corte), que lhe deu três filhos: Isatvastar, Urvatatnar e Quirshid-Chichar, e três filhas: Freni, Trithi e Puruchista.

      Na corte de Vishtaspa, Zoroastro percorreu, sem cessar, as regiões vizinhas a pé, a cavalo, camelo ou iaque, para difundir a fé masdaica, durante 30 anos. Zoroastro e seu benfeitor erigiram altares de fogo por toda parte e os templos do fogo.

      Para Zoroastro, Deus não é somente a fonte  da luz física do sol e dos astros cintilantes. Ele é o apelo secreto que desperta na consciência toda luz moral e espiritual.

      Com a divisão do povo ária em Índia e em Irã no segundo milênio, ergue-se também uma oposição dos deuses e dos demônios. Os deuses hindus, tornam-se demônios no mazdeismo como daevas da corte Ahrimaniana.


ATAR: fogo primordial, o Polo da Luz essencial que precede e engendra os fogos estelares do cosmos. Que no principio do mazdeismo fora criado pelo próprio Ahura-Mazda, mas depois de interpretações teológicas distintas de Zoroastro, que colocaram Ahura-Mazda além do universo e somente o veste. O que permanece é a ‘luz’ do grande deus masdeano torna-se, para o Autor de Gâthâs, sinônimo de ‘pensamento puro’.

            O deus único de Zoroastro torna-se o menos objetivado e o menos formal de todos os deuses, situando Ahura Masda isento de todas as trevas e de toda implicação direta no conflito cósmico. Ahura Masda  (Ormasd em pálavi) domina o duelo dos dois Espíritos: SPENTA MAINYU (Espírito Santo) e AHRA MAINYU (Espírito do Mau; Ahriman – Y. 45.2), seu irmão gêmeo YEMA, combate do qual Ahura Masda não participa diretamente no espaço-tempo desdobrado por ele com parapeito e armadilha contra o Espírito Mau, Ahriman, nome pelo qual é mais conhecido. A criação ideal, portanto permanece puro de todo o mal de toda a eternidade, pois é por livre-arbítrio que um dos dois Espíritos primitivos, o antigo Ahriman, mergulhou numa via tenebrosa (Y.30.3). Ahura Masda/Ormasd só aparece como criatura espiritual pela virtual existência da matéria erigida em suporte do Reino divino, KHSHATRA. Ahura Masda não podia manter Ahrima no Reino que por definição, não pode conter a mínima parcela tenebrosa. Conserva-lo seria o risco de eternizar a ameaça ahrimaniana. Aprisioná-lo no espaço-tempo limitaria a atividade deletéria. Eis por que a criação material GETE tornada necessária pela má escolha e a obstinação do Mau Espírito, o espaço-tempo se tornou um gigantesco campo de batalha no qual os elementos puros devem lutar contra os elementos impuros.



“Ormazd criou antes o universo espiritual, depois fez o universo material e misturou o espiritual ao material.”

            Uma grande confusão, em virtude do sincretismo operado pelos magos, entre o zoroastrismo e o zervanismo, acabou atribuindo a Zoroastro a paternidade do dualismo. No zervanismo, Ormazd, ele próprio e não o Espírito Santo, fica diretamente oposto a Ahriman. Ormazd e Ahriman se veem engendrados pelo deus Zervan, o tempo divinizado e ilimitado AKARANA, deus de origem caldéia, ignorado por Zoroastro mas importante na teologia dos magos. Dualismo radical que, a partir de agora, vai marcar abusivamente o zoroastrismo legalitário dos magos, ao passo que os verdadeiros zoroastrianos permanecerão essencialmente monoteístas até os nossos dias.

“Ahura Masda/Ormazd revela-se o único Mestre do mundo, pois foi ele quem criou o espaço-tempo para que o Espírito Mau nele se aprisione e diante dele se proste até o fim dos tempos.”

            Zoroastro era iconoclasta, ele derruba todos os ídolos antropomórficos e zoomórficos, substituindo-os por uma ética universal na qual os ritos anteriores são estigmatizados, como tantos outros erros.

            O problema do bem e do mal não está exposto de maneira simplista, senão à primeira vista. No espírito avéstico é o bem que aumenta a vida, é o mal que lhe cria obstáculos e que faz crescer a entropia do mundo. O bem, virtude suprema de Masda, corresponde, no plano físico, á luz das estrelas e do Sol, que permite e faz crescer a vida. As trevas se identificam com o mal, não somente no que respeita à ausência, mas no que respeita à recusa de luz. Este ato negador leva ao CONGELAMENTO ESPIRITUAL. O bem se desenvolve pela foça centrífuga dos pensamentos, das palavras e das boas ações, Humata, Hukhta, Huvarshta, isto é, dos pensamentos que se pretendem elevados e generosos. O mal se manifesta em todo egocentrismo e na vontade de dividir maus pensamentos, más palavras, más ações, Dushmata, Duzukukta, Duzvarshta.

Spenta Mainyu (O Espírito Santo de Ahura Mazda lutando com Ahrima, o espírito do mal. 

            Para Zoroastro os homens são seres dotados de livre-arbítrio que podem escolher livremente entre a luz e a mentira e Ahriman é a mentira viva, o mais temível dos pecados do antigo Irã. Assim, a busca da verdadeira felicidade depende da única liberdade real de uma vida transfigurada pela fé e pela vontade, que libertam o homem da mentira cósmica. Segundo a sabedoria avesteana, a própria origem da doença e da morte deriva da intrusão, na criação do Ormazd, de 99.999 doenças lançadas por Ahriman, “O Portador da Morte”. O papel do Espírito Santo e da humanidade consiste, pois, em curar o mundo da moléstia ahrimaniana.

            Depois da morte os Justos (Ashavantes) vão para a GARO-DEMANA, a Casa dos Cânticos extáticos, enquanto os servidores de Ahriman vão para a DRUJO-DEMANA, a casa da Mentira, na qual eles habituaram suas almas. Existe ainda o HAMESTAGAN (Púrgatorio), destinado as almas iguais em boas e más ações. SRAOSHA, anjo psico-esplendor, acompanha a alma do morto durante os três dias que precedem sua passagem pela PONTE CHINVAT.

            Os reis aquemênidas foram “reis justos”, segundo as Gâthâs, tendo introduzido uma foram de governo humanizado, suscetível de servir de exemplo a toda a nação humana, suscetível de servir de exemplo a toda a nação humana. É preciso compreender que entre os grandes reis Ciro, Dario e Xerxes, a noção de RAÇA, procedia de uma ordem superior e espiritual.

            Quando Alexandre, o Grande, invadiu a Pérsia ele queimou os livros da Lei. Ele matou os sábios homens e os eruditos do país. Ele semeou o ódio entre os grandes. Alexandre também violou o túmulo de Ciro, acreditando poder encontrar ouro. Diferente dos gregos as tradições orientais não separavam a teologia das ciências, fé da razão. Em Persépolis os gregos pilharam a biblioteca real, cuja riqueza só era ultrapassada pela de Alexandria. Os livros persas e notadamente os do primeiro Avesta, contendo toda a ciência persa da astronomia e da medicina, serviram por sal vez à ciência helênica. O incêndio de Persépolis teria sido acidental ou ateado pela vingança grega e seu ciúme pela antiguidade da cidade Santa dos grandes reis sobre o Partenon?

Zoroastro.

            Não se sabe se foi em Persépolis ou em Marakanda (Samaracanda), que foi queimado o primeiro Avesta que continha, originalmente, vinte e um nasks (livros).

            Os dois grandes símbolos do mazdeismo são Hvarekshaeta, o sol glorioso, e Avarkhvarsh, o fogo radioso.

            A partir de 641d.C, a Síria, o Egito e a Pérsia acabaram, praticamente, nas mãos dos árabes. Yazdagird III (632-642 d.C) é derrotado pelos árabes, com a queda do último rei sassânida masdaíco do Irã, os treze séculos de uma glória que os gregos não puderam ofuscar viram o primeiro império do mundo desmoronar.

“Quando é incerto se uma ação é justa ou injusta, abstém-te” (Saddar dos Guebros masdaícos/Os Guebros ou a tolerância, escrito por Voltaire, louvando as regras morais desse povo).

            A fé zoroástrica repousa na esperança do milagre profundo de transfiguração do mundo pelo esforço e pela metamorfose interior do homem. A pretensão deriva de que o orgulho humano procede, precisamente, de uma origem metafísica. Zoroastro espera dos humanos que se conduzam como adultos espirituais e que trabalhem para sua própria salvação, graças a esta faculdade de consciência colocada em nossa alma. Uma má escolha, como a original de Ahriman, que se perpetua na obstinação e na burrice, conduz necessariamente a consequências nefastas. Contudo, a boa escolha, o bom pensamento, a boa palavra, a boa ação (Yt.31).

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O Caso Richard Wagner


Odin e Thor ante o rei dos anões Hreidmar.

          O que significa, pergunta-se Wagner, que uma arte, como a música, tenha surgido com esse poder incomparável na vida do homem moderno? Não há necessidade tampouco de desprezar essa vida moderna ao ver que nela subsiste uma problema; pelo contrário, quando avaliarmos as forças poderosas que governam essa vida e quando evocarmos a imagem do indivíduo violentamente ávido de se elevar e que luta para adquirir a liberdade consciente e a independência do pensamento, é particularmente então que a aparição da música neste mundo parece um enigma. Como não dizer que em semelhante época a música não deveria ter surgido? Mas como então explicar sua existência? É um acaso? Certamente o aparecimento de um grande artista poderia ser furto do acaso, mas uma sequência de artistas como a história da música moderna apresenta, fenômeno que só se repetiu analogamente uma vez, na época dos gregos, induz a pensar que aqui não é o caso que reina, mas uma necessidade. Essa necessidade, aí está justamente o problema ao qual Wagner dá uma pergunta.

          Foi o primeiro que descobriu um mal difundido em todos os povos, em toda a extensão dos países civilizados; em toda parte a língua está afetada por uma doença e essa horrível doença pesa sobre toda a evolução da humanidade. A fim de captar o que mais se opõe ao sentimento, ou seja, o pensamento, a língua teve de galgar os degraus mais elevados que possam ser acessíveis e se afastar sempre mais da poderosa emoção que na origem era capaz de expressar sem esforço; esgotou-se nesse esforço desmedido, no curso do breve período da civilização moderna. Isso de tal forma que não pode mais preencher o papel pelo qual foi criada e que consiste em permitir aos homens sofredores se entenderem a respeito das necessidades mais elementares da vida.

      O homem em sua penúria não consegue mais se fazer compreender nem em se comunicar verdadeiramente com o outro por meio da língua; nesse estado em que tem obscuramente consciência, a língua; nesse estado em que tem obscuramente consciência, a língua se tornou um poder autônomo que aperta os homens com seus braços de fantasma e os impele para onde não querem ir. A partir do momento em que procuram se entender e se unir para uma obra comum, a loucura dos conceitos gerais ou mesmo das puras sonoridades verbais se apodera deles e, nessa impossibilidade em que estão para se exprimir, as criações coletivas de seu espírito levam por sua vez o sinal do desentendimento íntimo, na medida em que não correspondem mais a necessidades reais, mas somente ao nada dessas palavras e desses conceitos tirânicos; é assim que a humanidade acrescenta a seus outros males a submissão à convenção, ou seja, a um acordo entre as palavras e os atos que não correpondem a um acordo de sentimento. Do mesmo modo que as artes em seu declínio chegam a um ponto em que a proliferação mórbida dos meios e das formas adquira uma prepoderância tirânica sobre a alma dos jovens artistas e os reduz à servidão, assim também, no declínio das línguas, nos tornamos escravos das palavras; sob essa coação, ninguém ousa mais se mostrar tal como é nem se exprimir ingenuamente e muito poucos chegam a salvaguardar sua personalidade na luta contra uma cultura que julga afirmar seu sucesso não se colocando serviço de necessidades claramente sentidas, mas envolvendo o indivíduo na rede das “idéias claras e distintas” e ensinando-lhe a pensar corretamente; como se não houvesse um interesse qualquer para tornar o homem apto a pensar e a raciocinar corretamente, se não conseguiu primeiramente lhe ensinar a sentir corretamente!

        Quando, em seguida, numa humanidade assim alterada, chega tinindo a música de nossos mestre alemães, o que é que percebemos? Precisamente esse sentimento justo, inimigo de toda convenção, de toda barreira artificial, de toda desinteligência entre os homens. Essa música é retorno à natureza, pois, é na alma dos homens amantes que surgiu a necessidade imperiosa desse retorno e o que vibra em sua arte é a natureza mudada em amor. Pode-se admitir que essa e´uma das respostas que Wagner dá ao problema da significação da música em nosso tempo; mas tem uma segunda. A relação entre a música e a vida não é somente a de uma linguagem com outra espécie de linguagem, é também a relação do mundo sonoro inteiro com o mundo visual inteiro. Mas enquanto fenômeno visual e comparada com as manifestações anteriores da vida, a existência do homem moderno é de uma pobreza, de uma miséria extrema apesar de sua inenarrável confusão de cores que só pode satisfazer o olhar mais superficial.


Wilhelm Richard Wagner (1813-1883).

          Que nos demos ao trabalho de olhar um pouco mais de perto e analisar a impressão produzida por esse jogo de cores violentamente agitado. Não é semelhante ao cintilar e ao reflexo de inumeráveis pequenas pedras e fragmentos de pedras tomadas das civilizações passadas? Que vemos nisso além de luxo inconveniente, animação de comando, aparência afetada? Um traje feito de ouropéis multicoloridos para vestir aqueles que estão nus e tremendo? Uma dança falsamente alegre imposta aos que sofrem? Gestos de orgulhosa fatuidade exigidos de feridos graves?

     

sábado, 9 de agosto de 2014

Erwin Rommel - Biography


Rommel studying maps during the battle at El Alamein

            Erwin Rommel was one of Germany’s most respected military leaders in World War Two. Rommel played a part in two very significant battles during the war – at El Alamein in North Africa and at D-Day. Rommel’s nickname was the ‘Desert Fox’ – a title given to him by the British.
  
            Rommel was born in 1891 in Heidenheim. During World War One, he distinguished himself in the German Third Army and he was decorated for his bravery and leadership. After the war, Rommel remained as an infantry officer and instructor. His chance for real military power came when Hitler, appointed chancellor in 1933, recognised his ability. By 1938, Rommel was a senior military figure in the Wehrmacht. His success in the campaigns of 1939 and especially the successful attack on Western Europe in 1940, lead to Hitler appointing him commander of the Afrika Corps in 1941. It was in the deserts of North Africa that Rommel found real success.

            The nickname ‘Desert Fox’ was well deserved. Rommel was highly respected even by the British. Auchinleck, Rommel’s opposite until his sacking by Churchill, sent a memo to his senior commanders in North Africa, to state that it was their responsibility to ensure that their men thought less of Rommel as a ‘super military leader’ and more of him as a normal German commander.

"…(you must) dispel by all possible means the idea that Rommel represents anything other than the ordinary German general……….PS, I’m not jealous of Rommel."
Auchinleck

            Rommel’s fame in the desert rests on his success as a leader and also his uncompromising belief that all prisoners of war should be well looked after and not abused. One story told at the time was that Italian troops took from British POWs’ their watches and other valuables. When Rommel found out, he ordered that they be returned to their owners immediately. To many British ‘Desert Rats’, Rommel epitomised a gentleman’s approach to a deadly issue – war.

            Rommel knew that his options at the vital battles at El Alamein were limited. Montgomery, who succeeded the dismissed Auchinleck, had the advantage of Bletchley Park feeding him the battle plan Rommel was going to use. Rommel was also seriously starved of the fuel he needed for his attack on Montgomery’s ‘Desert Rats’. The second battle at El Alamein was a very fluid battle but the sheer weight of supplies that Montgomery had access to (amongst other equipment were 300 new Sherman tanks) meant defeat for Rommel. The defeat of the Afrika Corps was the first major setback for Hitler and the Wehrmacht. Hitler ordered Rommel to fight to the last man and the last bullet. Rommel had far too much respect for his men to obey this command and retreated. The Germans left North Africa in May 1943. Despite this refusal to obey Hitler’s command, Rommel did not lose favour with Hitler.

            In February 1944, Rommel was appointed by Hitler to be commander of the defences of the Atlantic Wall. Rommel’s brief was to ensure that Western Europe was impregnable.

            He took full responsibility for the Northern French coastline. The beaches at Normandy were littered with his anti-tank traps which were invisible at full-tide. As it was, the planning at D-Day meant that Rommel’s defences were of little problem to the vast Allied attack. At the time of D-Day, Rommel commanded the important Army Group B.

            On July 17th 1944, Rommel was wounded in an attack on his car by Allied fighter planes. The attack took place near St. Lo.

            Rommel was implicated in the July 1944 Bomb Plot against Hitler and the Gestapo was keen to interview this famous military commander. Hitler was keen to avoid the public show trial of his most famous general and it seems that a 'deal’ was done. Rommel died ‘of his wounds’ on October 14th 1944. He was given a state funeral. But it seems that he committed suicide to a) save himself from a humiliating show trial and b) it seems that Hitler promised that his family would not be punished for Rommel’s indiscretions if he died ‘of his wounds’.

            What impact Rommel would have had on the Allies drive to Germany after D-Day is difficult to speculate. However, the sheer odds against the Wehrmacht and Luftwaffe post-June 1944 were such that this famous commander would have been unable to hinder the Allies progress.

"He was a daring and much-admired general, his personality and his fate creating an enduring legend denied to many orthodox, and ultimately more successful, commanders."
Alan Palmer

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Michel Foucault - Biography

Michel Foucault

            Michel Foucault was a French philosopher or more specifically a historian of systems of thought, a self-made title created when he was promoted to a new professorship at the prestigious Collège de France in 1970. Foucault is generally accepted as having been the most influential social theorist of the second half of the twentieth century. He was born on October 15, 1926, in Poitiers, France, and died in Paris in 1984 from an AIDS-related illness. As an openly homosexual man he was one of the first high-profile intellectuals to succumb to the illness, which was at the time still most unknown. However, it would appear that he knew he had AIDS and he reportedly was not afraid to die as he sometimes shared with his friends his thoughts of suicide. Yet, he continued working relentlessly until the end, spending the last eight months of his life working on the last two volumes of The History of Sexuality, which happened to come out just before he died in Paris at the hospital on June 26th 1984. He is buried at the Cimetière du Vendeuvre in Vienne, in the Rhone-Alpes Region, not far from Poitier the city where he was born.

            Foucault’s father was a surgeon, and encouraged the same career for his son. Foucault graduated from Saint-Stanislas school having studied philosophy with Louis Girard who would become a notorious professor. After that Foucault attended the Lycée Henri-IV in Paris, then in 1946, equipped with an impressive academic record he entered the École Normale Supérièure d’Ulm, which is the most prestigious French school for humanities studies. Fascinated by psychology he received the equivalent of a BA degree in Psychopathology in 1947. In 1948, working under the famous phenomenologist Maurice Merleau-Ponty, he received another BA type of degree in Philosophy. In 1950 he failed his his agrégation (French University high-level competitive examination for the recruitment of professors) in Philosophy, but succeeded in 1951. During the 1950s he worked in a psychiatric hospital, then from 1954-58 he taught French at the University of Uppsala in Sweden. He then spent a year at the University of Warsaw, and a year at the university of Hamburg.

            Through his impressive career Foucault became known for his many demonstrative arguments that power depends not on material relations or authority but instead primarily on discursive networks. This new perspective as applied to old questions such as madness, social discipline, body-image, truth, normative sexuality etc. were instrumental in designing the post-modern intellectual landscape we are still in nowadays. Today Michel Foucault is listed as the most cited intellectual worldwide in the humanities by The Times Higher Education Guide. This is not so, however if we consider the field of philosophy alone, and that in spite of it being the discipline Foucault was largely educated in, and which, it is safe to say he might have identified with the most. This is probably because Foucault’s definition of philosophy focuses on the critique of truth and does so by conceiving it as inextricable from a critique of history. This is because according to him, it makes philosophy a much richer discipline. Linking philosophy and history, however is considered by many as irreconcilable with the generally accepted definition of philosophy as being independent of it.

            In 1959 Foucault received his doctorat d'état under the supervision of Georges Canguilhem, the famous French philosopher. The paper he presented was published two years later with the name Folie et déraison: Histoire de la folie à l'âge classique (Madness and Unreason: History of Madness in the Classical Age, 1961). In this text, Foucault abolished the possibility of separating madness and reason into universally objective categories. He did so by studying how the division has been historically established, how the distinctions we make between madness and sanity are a result of the invention of madness in the Age of Reason. He does a reading of Descartes' First Meditation, and accuses him of being able to doubt everything except his own sanity, thus excluding madness from his famous hyperbolic doubt.

            In the 1960s Foucault was head of the philosophy departments at the University of Clermont-Ferrand. It was at this time that he met the philosophy student Daniel Defert, whose political activism would be a major influence on Foucault. When Defert went to fulfill his volunteer service requirement in Tunisia, Foucault followed, teaching in Tunisia from 1966-68. They returned to Paris during the time of the student revolts, an event that would have a profound effect on Foucault's work. He took the position of head of the Philosophy Department at the University of Paris-VII at Vincennes where he brought together some of the most promising thinkers in France at the time, which included Alain Badiou and Jacques Rancière. Both went on to become leading thinkers of their generation, and both have taught at EGS. It was also in 1968 that he formed, with others, the Prison Information Group, an organization that gave voice to the concerns of prisoners.

            In The History of Sexuality, Volume 2: The Use of Pleasure, one of his last far-reaching works he wrote: "[W]hat is philosophy today–philosophical activity, I mean–if it is not the critical work that thought brings to bear on itself?". Foucault is here practicing the very kind of critical questioning he is hinting at. It is a sort of reflective movement of thought that challenges the all-too-often uncritical tendencies of philosophical thinking, especially when it fails to see that it is itself part of what needs to be critiqued. In this light, Foucault is not simply stating something to be accepted or refuted, for that too would lead to complacent thinking. On the contrary, in his very use of language here and elsewhere there is a clear opening for something other, perhaps even unknown, which is made possible in part through a challenging use of the questioning mode.
            Foucault’s project, then, should not be confused with traditional history and needs to be wrestled with. He helpfully continues: "In what does it [philosophy] consist, if not in the endeavor to know how and to what extent it might be possible to think differently, instead of legitimating what is already known?" Significantly, he is questioning the very discourse of philosophy as an established tradition whose tendency towards rigidity needs to be interrogated. Foucault’s re-defining of "philosophical activity" characterizes what philosophy needs to be today if it is to do more than simply perpetuate the status quo. There is thus in a very real sense a political and ethical level to Foucault’s work. This is to varying degrees evident in all of his corpus, hence the appeal many critical thinkers still find in his research today.

            Foucault always endeavors to write what he calls a "history of the present" and in spite of the apparent contradiction it is a critical move that has political reach. Because what matters today has roots in the past, a history of the present is a productive space for critical thinking. In Foucault’s own words: "The game is to try to detect those things which have not yet been talked about, those things that, at the present time, introduce, show, give some more or less vague indications of the fragility of our system of thought, in our way of reflecting, in our practices." Early on he refers to such history in terms of archeology and later as his research become more directly political, as genealogy, taking his cue from Friedrich Nietzsche.

            His numerous archaeological, or epistemological studies recognize the changing frameworks of production of knowledge through the history of such practices as science, philosophy, art and literature. In his later genealogical practice, he argues that institutional power, intrinsically linked with knowledge, forms individual human "subjects", and subjects them to disciplinary norms and standards. These norms are produced historically, there is no timeless truth behind them. For him truth is something that is historically produced. Foucault examines the "abnormal" human subject as an object-of-knowledge of the discourses of human and empirical science such as psychiatry, medicine, and penalization.

            Foucault published The Order of Things in 1966, which immediately became a bestseller in France, perhaps surprisingly given the level of complexity of the book (arguably his most difficult to read). It is an archeological study of the development of biology, economics and linguistics through the 18th and 19th centuries. It is in this book that he makes his famous prediction at the end that "man", a subject formed by discourse as a result of the arrangement of knowledge over the last two centuries, will soon be "erased, like a face drawn in sand at the edge of the sea." Less poetically and in the same book: "As the archeology of our thought easily shows, man is an invention of a recent date. And one perhaps nearing its end."

            Foucault's book Archaeology of Knowledge was published in 1969. As with The Order of Things, this text uses an approach to the history of knowledge inspired by Friedrich Nietzsche's work, although not yet using Friedrich Nietzsche terminology of "geneaology", and this is a rare major work for Foucault that does not include a historical study per se. Because what Foucault is really after in this book is the question of archeology as a method of historical analysis. This attitude to history is based on the idea that the historian is only interested in what has implications for present events, so history is always written from the perspective of the present, and fulfills a need of the present. Thus, Foucault's work can be traced to events in his present day. The Order of Things would have been inspired by the rise of structuralism in the 1960s, for example, and the prison uprisings in the early 1970s would have inspired Discipline and Punish: The Birth of the Prison (1975). Discourses are governed by such historical positioning, which have their own logic, which Foucault refers to as an "archive". Archeology, Foucault explains, is the very excavation of such archive.

            In 1975 with the publication of Discipline and Punish: The Birth of the Prison, his work begins to focus more explicitly on power. He rejects the Enlightenment's philosophical and juridical interpretation of power as conceptualized particularly in relation to representative government, and he introduces instead the notion of power as "discipline" and takes the penal system as the context of his analysis, only to generalize it further to society at large. He shows this kind of discipline is a specific historical form of power that was taken up by the state from the army in the 17th century, which spread widely across society through institutions. Here he begins to examine the relationship of power to knowledge and to the body, which would become a pivotal Foucaultian move in his future research. He argues that these institutions, including the army, the factory and the school, all discipline the bodies of their subjects through surveilling, knowledge-gathering techniques, both real and perceived. Indeed, the goal of such exercise of power is to produce "docile bodies" that can be monitored, and which lead to the psychological control of individuals. Foucault goes as far as arguing that such power produces individuals as such. In maping the emergence of a disciplinary society and its new articulation of power, he uses the model of Jeremy Bentham's Panopticon to illustrate the structure of power through an architecture designed for surveillance. The design of Bentham's prison allows for the invisible surveillance of a large number of prisoners by a small number of guards, eventually resulting in the embodiment of surveillance by the prisoners, making the actual guards obsolete. The prison is a tool of knowledge for the institutional formation of subjects, thus power and knowledge are inextricably linked. The rather controversial conclusion of the book is that the prison system is actually an institution whose purpose is to produce criminality and recidivism.

            During the 1970s and 1980s Foucault's reputation grew and he lectured all over the world. In 1971 he was invited to debate Noam Chomsky in on Dutch television for The International Philosophers Project. It gave rise to a fascinating debate, which has been published several times since then. Chomsky argued for the concept of human nature as a political guide for activism while Foucault argued that any notions of human nature cannot escape power and must thus first be analyzed as such.

            During the later years of his professorship at the Collège de France he started writing The History of Sexuality, a major project he would never finish because of his untimely death. The first volume of the work was published in 1976 in French and the English version would follow two years later, entitled The History of Sexuality Volume I: An Introduction. However, the French title was much more indicative of what Foucault was after: "Histoire de la sexualité, tome 1 : La Volonté de savoir", which translates as The History of Sexuality Volume I: The Will to Knowledge (a newer edition is simply named The Will to Knowledge). It is an amazingly prominent work, maybe even his most influential. The main thesis of the work is to be found in part two of the book called "The Repressive Hypothesis" where Foucault articulately explains that in spite of the generally accepted belief that we have been sexually repressed, the notion of sexual repression cannot be separated from the concomitant imperative for us to talk about sex more than ever before. Indeed, according to Foucault it follows in the name of liberating so-called innate tendencies, certain behaviors are actually produced. With the contention that modern power operates to produce the very behaviors it targets, Foucault attacks here again the notion of power as repression of something that is already in place. Such new notion of power has been and continues to be incredibly influential in various fields.

            His last two books, the second and third volumes of the history of sexuality research, entitled The Uses of Pleasure and The Care of the Self respectively, both relate the Western subject's understanding of ourselves as sexual beings to our moral and ethical lives. He traces the history of the construction of subjectivity through the analyses of ancient texts. In The Uses of Pleasure he looks at pleasure in the Greek social system as a play of power in social relations; pleasure is derived from the social position realized through sexuality. Later, in Christianity, pleasure was to become linked with illicit conduct and transgression. In The Care of the Self, Foucault looks at the Greeks' systems of rules that were applied to sexual and other forms of social conduct. He analyses how the rules of self-control allow access to pleasure and to truth. In this structure of a subject's life dominated by the care for the self, excess becomes the danger, rather than the Christian deviance.

            What Foucault made from delving into these ancient texts, is the notion of an ethics to do with one’s relation to one’s self. Indeed the constitution of the self is the overarching question for Foucault at the end of his life. Yet the point for him was not to present a new ethics. Rather, it was the possibility for new analyses that focused on subjectivity itself. Foucault became very interested in the way subjectivity is constructed and especially how subjects produce themselves vis-à-vis truth.