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domingo, 13 de janeiro de 2013

Maniqueísmo. Origem e fundamentos!



Mani (216-276 d.C), fundador do Maniqueísmo. Imagem: Recuerdos de Pandora.

Trata-se de uma filosofia dualística que divide o mundo entre bem, ou Deus, e mal, ou o Diabo. Com a popularização do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do bem e do mal.O Maniqueísmo como filosofia religiosa sincrética e dualística fundada e propagada por Mani que divide o mundo entre Bom, ou Deus, e Mau, ou o Diabo. A matéria é intrinsecamente má, e o espírito, intrinsecamente bom. Com a popularização do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do Bem e do Mal.

A origem do maniqueísmo

Quando o gnosticismo primitivo já perdia a sua influência no mundo greco-romano, surgiu na Babilônia e na Pérsia, no século III, uma nova vertente, o maniqueísmo.

O seu fundador foi o profeta persa Mani (ou Manés), após ter sido "visitado" duas vezes por um anjo que o convocou para esta tarefa, fato este comum entre aqueles que fundam religiões e seitas até hoje. Suas ideias sincretizam elementos do Zoroastrismo, do Hinduísmo, do Budismo, do Judaísmo e do Cristianismo. Desse modo, Mani considerava Zoroastro, Buda e Jesus como "pais da Justiça", e pretendia, através de uma revelação divina, purificar e superar as mensagens individuais de cada um deles, anunciando uma verdade completa.

“Conforme as suas ideias, a fusão dos dois elementos primordiais, o reino da luz e o reino das trevas, teria originado o mundo material, essencialmente mau.”

Para redimir os homens de sua existência imperfeita, os "pais da Justiça" haviam vindo à Terra, mas como a mensagem deles havia sido corrompida, Mani viera a fim de completar a missão deles, como o Paráclito prometido por Cristo, e trouxera segredos para a purificação da luz, apenas destinados aos eleitos que praticassem uma rigorosa vida ascética. Os impuros, no máximo podiam vir a ser catecúmenos e ouvintes, obrigados apenas à observância dos dez mandamentos.

As ideias maniqueístas espalharam-se desde as fronteiras com a China até ao Norte d'África. Mani acabou crucificado no final do século III, e os seus adeptos sofreram perseguições na Babilônia e no Império Romano.

Os maniqueus eram uma seita de reputação sinistra. Eram ilegais e, mais tarde, seriam selvagenmente perseguidos. Tinham aura de uma sociedade secreta: nas cidades estrangeiras, só se hospedavam na casa de membros de sua própria seita; seus líderes viajavam por uma rede de "células" espalhadas por todo o mundo romano. Os pagãos viam-nos com horror, os cristãos ortodoxos, com temor e ódio. Eles eram os "bolcheviques" do século IV; uma "quinta-coluna" de origem estrangeira, determinada a se infiltrar na Igreja Cristã e portadora de uma solução singularmente radical para os problemas religiosos da época.

Os maniqueístas procuravam respostas para perguntas que as religiões dominantes não possuíam resposta como por exemplo podemos citar:

De onde provem o mal?

A resposta maniqueísta para o problema da origem do mal foi o cerne do maniqueísmo para seus adeptos. Era uma resposta simples e drástica, é-nos plenamente conhecida a partir dos textos agostinianos (Agostinho de Hipona, ele mesmo foi maniqueu durante nove anos de sua vida) e, neste século, pudemos novamente penetrar nos sentimentos religiosos íntimos dos maniqueus graças á descoberta, em regiões tão distantes quanto o Egito e Xinjiang, das literaturas apaixonadas das comunidades maniqueístas.


Representação artística de maniqueus, seguidores de Mani. Imagem:  Recuerdos de Pandora. 

Os conventículos dos maniqueístas eram onde se reunião para ouvir as leituras da grande "Carta de Fundação" de Mani. Nessa ocasião solene, os ouvintes eram "enchidos de luz". Essa "iluminação" era a experiência religiosa inicial e básica de um maniqueu: era um homem que se haveria tornado agudamente cônscio de sua condição. Era como se tivesse sido despertado de um sono profundo por um grito distante:

"(...) Um homem ergueu a voz para o mundo, dizendo: Abençoado aquele que conhecer sua alma."

Assim despertado, o maniqueu percebia vividamente que era livre. Podia identificar-se apenas com uma parte de si mesmo, sua "alma boa". Claramente, grande parte dele não pertencia a esse oásis de pureza: as tensões de suas paixões, sua cólera, sua sexualidade, seu corpo poluído e o vasto mundo da "natureza de rubros dentes e garras" que existia fora dele. Tudo isso o oprimia. Era patente que o que havia de bom nele ansiava por ser "libertado", por "retornar", fundir-se outra vez com um sereno estado original de perfeição - um "Reino de Luz" - do qual se sentia isolado.

No entanto, era igualmente claro que os homens não haviam conseguido realizar isto, que constituía o único desejo possível do que de melhor havia em sua natureza.

Portanto, essa "Alma Boa" obviamente agia sob pressão: por alguma razão misteriosa, via-se "aprisionada", "Retida", confinada e "Violada", empurrada de um lado para outro por uma força que, temporariamente, era mais forte do que ela.

"Pois é fato que realmente pecamos contra nossa vontade (...) por essa razão, buscamos o conhecimento da razão das coisas."

Era esse "Conhecimento" da razão das coisas" que os maniqueus deixavam claro. Em suma, conquanto todos estivessem consciência da mescla íntima de bem e mal dentro de cada um e no mundo ao redor, era ao mesmo tempo, profundamente repugnante para o homem religioso, assim como absurdo para o pensador racional, que esse mal pudesse provir de Deus. Deus é bom, totalmente inocente. Devia ser protegido da mais tênue suspeita de responsabilidade direta ou indireta pelo mal. Essa desesperada "piedade para com o Ser Divino" explica a natureza drástica do sistema religioso dos maniqueus.

Os MANIQUEUS eram DUALISTAS tão convencidos de que o mal não podia provir de um Deus bom que acreditavam ser ele proveniente de uma invasão do bem - o "Reino da Luz" - por uma força ou demônio hostil, de poder igual, eterno e totalmente distinto: o "Reino das Trevas". "A primeira coisa que um homem deve fazer", dizia o catecismo maniqueísta chinês, "é distinguir os Dois Princípios (o Bem e o Mal). Aquele que deseja ingressar em nossa religião deve saber que os Dois Princípios têm naturezas absolutamente distintas: como pode quem não traz viva em si essa distinção pôr em prática a doutrina?"

Representação artística do dualismo presente no maniqueísmo. Imagem: Recuerdos de Pandora.

No tocante a esta questão , os maniqueus eram racionalistas inflexíveis. Acreditavam que podiam sustentar o dogma fundamental de sua religião unicamente por intermédio da razão:

*De onde vieram esses pecados? Perguntariam;

*De onde proveio o mal?

*Proveio o mal de um Homem, de onde veio esse homem?

*Proveio o mal de um Anjo, de onde veio esse Anjo?

*E, se disserdes 'De Deus..., então, será como se todo  pecado e todo o mal estivessem ligados, numa cadeia ininterrupta, ao próprio Deus.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Discurso do Cacique Guaicaípuro Cuatemoc, aos Líderes da Comunidade Europeia.



Imagem ilustrativa de um Cacique. Fonte: Fotolog Escarniohc.

22 de fevereiro de 2008.

O Discurso do século

Um surpreendente discurso feito pelo embaixador Guaicaípuro Cuatemoc, de descendência indígena, advogando o pagamento da dívida externa do seu país, o México, deixou embasbacados os principais chefes de Estado da Comunidade Europeia. A conferência dos chefes de Estado da União Europeia, Mercosul e Caribe, em maio de 2002 em Madri, viveu um momento revelador e surpreendente: os chefes de Estado europeus ouviram perplexos e calados um discurso irônico, cáustico e de exatidão histórica que lhes fez Guaicaípuro Cuatemoc.

"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a descobriram só há 500 anos”.

 O irmão europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financista europeu me pede o pagamento - ao meu país -, com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irmão europeu me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Eu também posso reclamar pagamento e juros.

Consta no Arquivo da Cia. das Índias Ocidentais que, somente entre os anos 1503 e 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.

Teria sido isso um saque?

Não acredito, porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento!
Teria sido espoliação?

Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão.

Teria sido genocídio?

Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a atual civilização europeia se devem à inundação de metais preciosos tirados das Américas.

Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos.

Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva. Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano 'MARSHALL MONTEZUMA', para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra, e de outras conquistas da civilização.

Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar:
Os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos produtivo desses fundos?

NÃO. No aspecto estratégico, dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias formas de extermínio mútuo. No aspecto financeiro, foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros quanto independerem das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.

Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos em cobrar.

Ao dizer isto, esclarecemos que NÃO NOS REBAIXAREMOS A COBRAR DE NOSSOS IRMÃOS EUROPEUS, AS MESMAS VIS E SANGUINÁRIAS TAXAS 20% e até 30% de juros ao ano que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

QUAL A ORIGEM E O SIGNIFICADO DA ESTRELA DE DAVI (MAGEN DAVID) QUE APARECE NA BANDEIRA DE ISRAEL?



Estrela de Davi na bandeira de Israel. Imagem: Numinosumteologia.

Circula no youtube um vídeo que afirma que a Estrela de Davi, símbolo que aparece na bandeira de Israel, foi uma imposição de uma seita secreta chamada illuminati aos judeus por ocasião da formação do Estado de Israel em 1948.  O símbolo, diz ainda o vídeo, teria origem pagã e não judaica.

É verdade que o símbolo não é originalmente judaico (aliás, a cruz também não é um símbolo originalmente cristão), mas a versão que afirma ser o hexagrama uma imposição de uma suposta seita chamada illuminati não passa de um delírio sem fundamento.

Abaixo uma explicação sobre a origem do símbolo num livro especializado em cultura e religião judaica:

A estrela de Davi, de seis pontas, ou selo de Salomão, também chamada de “Magen Davi”, tornou-se um símbolo dos judeus no fim da Idade Média (grifo nosso). Em tempos anteriores, ela figurava também em símbolos cristãos e islâmicos. Foi, mais tarde, adotada pelo movimento sionista e na bandeira de Israel [1].

Sinagoga, séc. III. Imagem: Numinosumteologia.
Ronald Eisenberg diz que o símbolo remonta a uma época ainda mais antiga. Ele afirma que a Estrela de Davi já era um símbolo popular na Europa e no Oriente Médio desde os tempos antigos por causa de sua simetria geométrica. O primeiro uso conhecido do hexagrama judaico foi encontrado em um selo de cerca do século VI a.C. Na sinagoga de Cafarnaum, em Israel (segundo ou terceiro século d.C.), o hexagrama aparece como decoração em um friso de pedra, que também possui um pentagrama (estrela de cinco pontas) e uma suástica [2].

Hexagrama em colar assírio (centro). Imagem: Numinosumteologia.

Uma investigação mais atenta confirma que o hexagrama não é um símbolo originalmente judaico. Ele aparece em gravuras budistas e até mesmo em relevos assírios[3] feitos algumas dezenas de séculos antes de Cristo. Ao que parece, o movimento sionista resgatou esse emblema antigo e lhe deu novo significado. Seja como for, em dado momento os judeus viram no símbolo uma ótima representação para a nação judaica.

Muitas tentativas foram feitas para explicar o emprego da estrela da Davi pelos judeus, que em hebraico transliterado aparece como “magen David” (lê-se maguén David), literalmente “escudo de Davi”. Segundo Elza Galdino há uma tradição judaica [em minha opinião, pouco crível] que diz que os soldados do rei Davi tinham em seus escudos a estrela de seis pontas [4]. Outra tradição, continua Elza Galdino, diz que os dois triângulos seriam formados pelo entrelaçamento de duas letras gregas “delta” (Δ), equivalente à letra hebraica “dalet” (ד), que aparece no começo e no fim da grafia hebraica do nome desse rei. Esta última explicação faz sentido, desde que o símbolo seja admitido que uma assimilação cultural e não uma criação judaica. É possível que algum judeu tenha notado que o hexagrama lembra dois deltas entrelaçados e acabou achando que seria um bom emblema para a nação judaica. Acho esta uma explicação aceitável, ainda assim carece de provas.

Os dois deltas no nome de Davi. Imagem: Numinosumteologia.

Sobre o primeiro uso do hexagrama como símbolo dos judeus, recorro a Grace Cohen:

O principal símbolo que representa o povo judeu hoje é a estrela de seis pontas. Embora geralmente referido como Magen David (escudo de David), não há nenhuma referência bíblica ou talmúdica para esta associação. Amplamente utilizado como um motivo geométrico ou amuleto em outras culturas, a estrela de seis pontas foi oficialmente usada como um símbolo judaico em Praga, em 1354, quando o imperador Carlos IV concedeu o privilégio aos judeus de exibirem a sua própria bandeira em ocasiões especiais [5].

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Registros da Crucificação de Jesus fora do Novo Testamento.


Cristo crucificado. Imagem: pintura de Velasquez (1632).
Além dos Evangelhos e das Epístolas paulinas, outros testemunhos importantes a respeito da crucificação de Jesus são citadas pelo historiador judeu Flávio Josefo, pelo historiador romanoTacitus e pelo Talmude. Abaixo os detalhes de cada uma das fontes:

1-Flávio Josefo nasceu em Jerusalém, em 37 ou 38 d.C., e pertencia à aristocracia sacerdotal judaica. Na guerra judaica (66 – 70 d.C.), foi o responsável pela proteção de Jerusalém contra o exército romano. Diante do poderio das tropas imperiais Jerusalém foi totalmente destruída e Josefo foi feito prisioneiro. Após obter o perdão imperial (supostamente profetizou que Vespaziano seria imperador), recebeu cidadania romana (daí o nome latino Flavius Josephus), uma residência, terras e uma pensão imperial. As obras mais famosas de Josefo são: Antiguidades Judaicas,Guerras Judaicas, A Vida de Josefo (uma polêmica autobiografia) eContra Apion (uma apologia). O trecho em que Josefo cita Jesus parece ter sofrido interpolações cristãs (o trecho ficou conhecido como Testimonium Flavianum, Ant. 18,63s)[1], por isso citarei o texto colocando entre colchetes aquilo que, de acordo com Dominic Crossan[2], provavelmente representa acréscimo cristão:

“Por volta dessa época viveu Jesus, um homem sábio [se é que se deve chamá-lo de homem]. Pois ele era capaz de proezas surpreendentes e ensinava as pessoas a aceitar a verdade com alegria. Ele conseguiu converter muito judeus e muitos gregos. [Ele era o messias]. Quando Pilatos, ao saber que ele havia sido acusado pelos homens mais influentes entre nós, condenou-o a crucificação, aqueles que o amavam em primeiro lugar não desistiram por sua afeição por ele. [No terceiro dia ele apareceu-lhes recuperado para a vida, pois os profetas de Deus haviam previsto esta e inúmeras outras coisas maravilhosas sobre ele.] E a tribo dos cristãos, assim chamados por causa dele, não desapareceu até hoje.”
(Antiguidades Judaicas, 18,63).

2. P. Cornelius Tacitus era membro da aristocracia senatorial romana. Nascido por volta de 55, foi contemporâneo mais jovem de Flávio Josefo. São de sua autoria duas famosas obras: as Histórias (c. 105/110) e os Anais (c. 116/117). Tacitus tinha repulsa tanto pelos judeus como pelos cristãos.    Duas frases escritas por ele mostram isso: “com relação a qualquer outro povo [os judeus] sentem apenas ódio e inimizade” (Histórias 5.5.1); “[os cristãos são] uma classe de homens detestados por seus maus hábitos” (Anais 15.44). No intuito de explicar a origem do movimento cristão, ele fala da crucificação de Jesus:
“Este nome (christiani) vem de Cristo, que foi executado sob Tibério pelo procurador Pôncio Pilatus”.
(Anais, 15,44,3).

Rituais Mágicos Judaicos.


Ilustração da vida difícil que leva uma pessoal possuída por um Dybbuk. O espirito decadente acompanha seu hospedeiro aonde ele for. Segundo a tradição judaica  absorvendo sua energia vital e fazendo o vivo passar pelas mesmas aflições que o Dybbuk, passou quando estava vivo e encarnado. Imagem: Maskofreason. 

Cabala - Rituais mágicos

Invocar anjos e demônios, transformar metal em ouro, criar vida usando barro: para os praticantes da chamada cabala prática, corrente que ganhou força na Idade Média, nada parecia impossível. Conheça os rituais mágicos usados por esses cabalistas para entrar em contato com o sobrenatural.
Texto Michelle Veronese

O rabino Moisés de Viena gostava de contar aos amigos sobre o dia em que estivera na cidade de Rosenburg, na Áustria. Mal havia chegado e um mensageiro bateu à sua porta, dizendo: "Um homem está morrendo e quer um pouco de seu vinho". Ele achou o pedido um tanto estranho, mas atendeu sem fazer perguntas. Mais tarde, descobriu do que se tratava. Corria a lenda, na Idade Média, de que os judeus dominavam as artes ocultas, sendo capazes de invocar anjos e demônios. Também se acreditava que o vinho usado em cerimônias judaicas tinha poderes mágicos e era capaz de curar doenças. O moribundo, como deduziu o rabino, pedira a bebida na esperança de escapar da morte. 
Superstições como essas eram comuns no período medieval. Naquela época, o imaginário coletivo estava povoado por bruxas, magos e demônios. E, se alguma crença destoasse da religião dominante, o cristianismo, logo surgiam especulações, boatos e crendices. Era o caso da cabala ma’asit ou cabala prática, que muita gente via com medo e desconfiança. Segundo os estudiosos do misticismo judaico, essa corrente teria se desenvolvido paralelamente à cabala tradicional. Mas, em vez de estudar ou meditar sobre as forças divinas, seus adeptos propunham maneiras práticas de experimentá-las. "A mística judaica sempre incluiu rituais de magia", diz Michel Schlesinger, rabino da Congregação Israelista Paulista. "Encantamentos, exorcismos e outras práticas eram realizados por essas pessoas. Hoje, esses rituais são vistos pela comunidade judaica apenas como objeto de estudo e curiosidade."

Apesar do caráter mágico, os praticantes da ma’asit rejeitavam a alcunha de magos. Eles eram chamados de ba’alem shem, do hebraico "mestres do Nome". Para entrar em contato com o mundo sobrenatural, esses cabalistas do truque usavam uma série de métodos secretos. O mais importante consistia na recitação dos chamados nomes divinos. Retiradas das escrituras sagradas, eram palavras utilizadas tradicionalmente para se referir a Deus e a seus atributos. Os cabalistas acreditavam que, se essas palavras fossem declamadas no momento certo e seguindo determinados rituais, podiam interferir no curso dos acontecimentos.
A rotina dos adeptos da ma’asit incluía rituais que teriam o poder de alterar a matéria. Esses rituais eram transmitidos de mestre para aluno, geração após geração: estudiosos acreditam que sua origem está na Antiguidade, em regiões como o Egito e a Pérsia.
"O que se tornou conhecido como cabala prática era, na verdade, um conjunto de todas as práticas mágicas encontradas no judaísmo desde o período talmúdico até a Idade Média", diz o historiador Gershom Scholem, no livro A Cabala e Seu Simbolismo.
A maioria desses procedimentos se perdeu com o tempo: somente alguns deles foram registrados em livros e tratados de magia. Entre os poucos exemplares conhecidos do gênero está o Sefer ha-Razim ("Livro dos Segredos" ou "Livro dos Amuletos"), do século 4, que ensina como invocar anjos. O Harba de Moshe ("A Espada de Moisés"), organizado entre os séculos 1 e 4, apresenta uma lista de nomes de anjos que teria sido transmitida diretamente a Moisés, o patriarca bíblico. Seu autor ensina a utilizá-los em todo tipo de encantamento, desde poções para atrair o amor e curar doenças até fórmulas secretas para conseguir andar sobre a água. 
Os encantamentos, por sinal, eram muito populares entre os cabalistas mágicos. Acreditava-se que, fazendo uso de determinados comandos verbais, lidos em voz alta, seria possível conjurar entidades sobrenaturais. Essas práticas se baseavam na crença em uma dimensão invisível - chamada de mundo intermediário ou mundo do meio - habitada por milhares de anjos e demônios. Mas, para invocar tais entidades, era necessário usar os elementos certos e recitar as palavras adequadas no número de vezes indicado. Do contrário, o feitiço poderia dar errado e despertar forças incontroláveis.


Forças sobrenaturais
A crença em anjos e demônios tinha como base alguns trechos específicos do Zohar. Segundo o livro sagrado da cabala, haveria 3 classes de demônios: um grupo parecido com os seres humanos, outro que lembraria anjos e um terceiro em forma de animais. A mais temida, no lado das trevas, era Lilith, a rainha dos demônios, que teria sido a primeira mulher de Adão. Lilith, dizia-se, era casada com Asmodeu e gerenciava suas hordas de uma caverna no fundo do mar. Para identificar a presença de um deles, os praticantes sugeriam afastar as camas e, sobre o chão empoeirado, procurar pegadas semelhantes às de pássaros. A tradição contava que alguns desses seres tinham pés de aves e, mesmo quando disfarçados de humanos, esse aspecto permanecia inalterado. 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Conheça a vida de Sólon, o pai da democracia grega


Sólon. Imagem: Teclo Logo Existo. 

Sólon, um dos Sete Sábios da Grécia, acabou com a transmissão de poder hereditária e abriu o acesso aos altos cargos do governo para (quase) toda a população ateniense.

Na Grécia antiga, os aristocratas tinham tanto orgulho de sua origem que se diziam descendentes dos deuses. Cada família recitava a longa lista de antepassados até chegar ao patriarca divino. Com Sólon (638-558 a.C.), não foi diferente: ele traçava sua origem até Poseidon, o deus grego dos mares. Mas, diferentemente dos outros nobres, Sólon se importava com os "reles mortais" e dedicou a vida a construir uma sociedade mais justa e igualitária. Tanto que os historiadores o consideram o pai da democracia ateniense.

"Sólon integra a lista dos Sete Sábios da Grécia ao lado de figuras como o matemático Tales de Mileto", diz o filósofo Ron Owens, da Universidade de Newcastle (Austrália), no livro Solon of Athens (Sólon de Atenas, inédito no Brasil). "Foram feitas várias listas dos sete sábios, e Sólon está em todas elas. Sua influência não era mesmo de desprezar: ao menos 115 autoridades do mundo antigo o mencionam em seus escritos, entre eles Aristóteles (384-322 a.C.)."
Apesar da glória entre seus pares, Sólon é hoje quase um ilustre desconhecido. Sempre que se fala em Atenas, vêm à mente filósofos e matemáticos, mas nunca um sujeito como ele - misto de mercador, poeta e legislador. Afinal, quem foi Sólon? E o que ele agregou à história das ideias?

Sociedade em frangalhos

Sólon nasceu provavelmente em 638 a.C., em Atenas, numa família nobre em decadência. A Grécia estava dividida em dezenas de cidades-estados (poleis, plural de pólis), com governos independentes e uma cultura religiosa comum. Em Atenas, mandava a aristocracia dos eupátridas (os "bem nascidos"), que nomeavam arcontes (magistrados) para legislar em causa própria. Os pobres não tinham acesso ao poder político e muitas vezes pagavam suas dívidas com escravidão. Sólon presenciou essas injustiças ainda jovem, quando embarcou em viagens mercantes para tentar recompor a fortuna da família. Ele viu que artesãos e pequenos proprietários de terras eram alijados das decisões políticas e sempre perdiam para os nobres em disputas judiciais. "A maioria dos camponeses era leal aos aristocratas porque dependia deles para se proteger dos inimigos de Atenas. Mas a população em geral estava cada vez mais insatisfeita", diz o historiador Bernard Randall no livro Solon: The Lawmaker of Athens (Sólon, o Legislador de Atenas, inédito no Brasil).

Busto de Sólon. Imagem: Livro Sólon de Atenas de Gilda Barros.

A oligarquia vetava até os mercadores que enriqueceram com o comércio entre a Grécia e o mundo mediterrâneo. Eles tinham dinheiro suficiente para adquirir armas e terras e por isso esperavam obter uma fatia do poder político. Mas continuaram fora do Areópago, o conselho que escolhia os magistrados. Sua única chance de ganhar uma causa na Justiça era molhando a mão do juiz.

"Com o tempo, mais mercadores se tornaram ricos e viram que a única forma de obter poder seria por meio da força", diz Randall. De fato, ao longo do século 7 a.C., vários tiranos deram golpes em oligarquias gregas com o apoio dos novos-ricos. Em 632 a.C., o nobre Cylon tentou usurpar o poder em Atenas com o respaldo da ilha vizinha de Megara, onde seu sogro governava com mão de ferro. Mas o plano falhou e Cylon deu no pé.

Em 621 a.C., para tentar botar ordem no caos, o arconte Drácon elaborou um código de leis duríssimas contra o crime. Um simples roubo era punido com a morte. Não é à toa que "draconiano" virou sinônimo de extrema rigidez. No entanto, nem mesmo as leis de Drácon acalmaram os ânimos.

Da poesia para as leis

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Cidade submersa encontrada no Caribe é vinculada ao mito de Atlântida.


Ruínas intrigam cientistas no Caribe. Imagem: Advanced Digital Communications (ADC).

Um grupo de pesquisadores da empresa canadense Advanced Digital Communications diz ter encontrado as ruínas de uma cidade submersa, perdida na costa oeste de Cuba.
Eles acreditam que a cidade foi construída há milhares de anos

Os exploradores usaram sofisticados equipamentos de sonar e um mini-submarino guiado por controle remoto, que encontrou e filmou estruturas em pedra, algumas parecidas com pirâmides, a 700 metros de profundidade. 

A cidade submersa encontra-se no Mar do Caribe, próximo a Península de Guanahacabes em Cuba. Imagem: La Nación.

Os pesquisadores disseram que ainda não sabem explicar a natureza do que foi encontrado, mas isso pode indicar que Cuba já esteve ligada ao território americano por uma faixa de terra que partia da Península de Yucatán no México.

Pirâmides

A Advanced Digital Communications é uma das quatro empresas que está atuando em conjunto com o governo cubano na exploração dos mares, onde há centenas de navios espanhóis do período colonial carregados de tesouros afundados.

Os exploradores registraram as primeiras imagens da cidade submersa no ano passado, por meio de um aparelho de scanner que mostrou estruturas de pedra simetricamente organizadas, remanescentes de uma antiga cidade.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Imperadores Cristãos. Parte V. Imperador Romano Joviano.


Imperador Romano Joviano. Imagem: Enciclopédia Barsa. ed. 1975.

Flávio Joviano, General e Imperador romano nascido em Singidunum (Atual Belgrado), na região do Danúbio, em 331 d.C. Pertencia à Casa de Constantino.  Em 26 de junho de 363 d.C, foi eleito pelos soldados imperador romano pelo exército, após a morte do imperador Juliano. O Imperador Juliano, O Apóstata (Flávio Cláudio Juliano imperador, embora batizado e educado no cristianismo, declarou-se pagão ao iniciar o mandato, e adotou as antigas crenças pagãs greco-romanas, o que lhe valeu o apelido de o Apóstata. Apesar de sua aparente tolerância religiosa, tomou medidas contra os cristãos. Foi o último imperador pagão a ascender ao trono do Império Romano). Foi mortalmente ferido em batalha contra as forças de Sapor II do Império Sassânida. 


A esquerda, Juliano, O Apóstata. Imagem: Denkmäler des klassischen Altertums. 1885. Band I., Seite 763. 

Flávio Joviano tomou parte nas campanhas persas de Juliano, O Apóstata, como Oficial de Estado-Maior. Quando Juliano foi morto a norte de Ctesifonte, junto ao Tigre, os generais estavam profundamente divididos e em desavenças políticas entre si, pelo que uma parte do exército acabou por proclamar Joviano como Imperador. A aposta parece que resultou, pois Joviano acabou por conseguir salvar as legiões do desastre, com o preço de uma paz com os Persas, que foi, no entanto, humilhante para Roma, mas a única via possível para se salvarem milhares de soldados e a região oriental do Império.

Teve como principal ato a adoção do cristianismo como religião oficial do Estado. Publicou um Edito restituindo aos cristãos todos os privilégios retirados por Juliano, o apóstata, restabelecendo o cristianismo.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Imperadores Cristãos. Parte IV. Imperador Romano Constante.


Busto do Imperador Romano Constante. Imagem: Museu Louvre, Paris.

Flávio Júlio Constante nascido em 320 d.C em Sírmio, foi um imperador romano que governou de 337 a 350 d.C. Constante foi o terceiro e mais jovem filho de Constantino I e Fausta, segunda esposa de Constantino.

A partir de 337, ele foi co-imperador com seus irmãos Constâncio II e Constantino II. Na divisão administrativa do império ocorrida após a morte de Constantino. Em 341-342 d.C, Constante liderou uma campanha de sucesso contra os francos.

O escritor Julius Firmicus Maternus mencionou que Constante visitou a Britânia nos primeiros meses de 343, mas não explicou porquê. A velocidade desta viagem, junto com o fato que ele cruzou o Canal da Mancha durante os perigosos meses de inverno, sugere que foi em resposta a algum tipo de emergência militar.

A maior parte dos membros da Dinastia Constantiniana eram devotos Cristãos.

Constante promulgou um édito banindo os sacrifícios pagãos em 341.

Imperadores Cristãos. Parte III. Imperador Romano Constâncio II.


Busto de Constâncio II. Imagem: Museu de Arqueologia da Universidade da Pensilvânia.

Nascido em 7 de agosto de 317 d.C em Sírmio, com o nome de Flavius Iulius Constantius, mais conhecido como Constâncio II. Imperador romano oriental de 337 d.C – 361 d.C.   Segundo filho de Constantino I, o Grande, governou o Império Romano do Oriente, em Constantinopla.

Após a morte de Constantino I, o Império Romano foi dividido em três regiões administrativas diferentes e governado por seus três filhos. O mais velho, Constantino II, governou a parte Ocidental, que abrangia a Hispânia e a Gália, com capital em Augusta Treverorum (atual Trier). Constante, o terceiro filho, governou a parte central (Itália e Ilíria), com capital em Mediolanum (atual Milão).

Foi Constâncio II, que inaugurou a Igreja de Hagia Sophia em Fevereiro de 360 d.C.  Nas Crônicas de Sócrates de Constantinopla diz que a igreja foi construída por ordem de Constantino, o Grande. 

Junto com os irmãos Constantino II e Constante foram feitos césares 333 d.C e herdeiros do Império pelo próprio pai Constantino I, o Grande. Antes de morrer, Constantino I dividiu o Império entre seus três filhos, ficando para ele assumir o controle do Oriente, onde continuou a luta contra os persas.

Constâncio II apoiou o irmão Constante na sua ambição de controlar o Ocidente, o que provocou a morte de Constantino II, em Aquiléia (340).

Flavius Iulius Constantius ou Constâncio II. Imagem: Dec Ufcg.

domingo, 11 de novembro de 2012

Imperadores Cristãos. Parte II. Imperador Romano Constantino II.


Busto de Flavius Claudius Constantinus, mais conhecido como Constantino II. Imagem: Enciclopédia Larousse Cultural.

Imperador romano oriental (337-340) Flavius Claudius Constantinus nasceu em Arles, em fevereiro, 316 d.C. Filho mais velho de Constantino I e Fausta, depois da morte de seu meio-irmão Crispo, foi educado em meio cristão. Filho mais velho do Imperador Constantino I e da Imperatriz Fausta, antes de morrer o imperador dividiu o Império entre seus três filhos, tocando para Constantino II o controle da Hispânia, Gália e Britânia, a parte ocidental do Império e residindo em sua capital de Tréveris, enquanto a Constâncio coube o governo da parte oriental, do Egito e províncias asiáticas, e a Constante, o filho mais jovem de Constantino I e Fausta, o controle da Itália, Ilíria e África e por ser menor, sob a tutela do irmão mais velho.

sábado, 10 de novembro de 2012

Imperadores Cristãos. Parte I. Imperador Romano Constantino I.



Estátua de Constantino em York, onde foi aclamado augusto. Imagem: Gunnar Larsson.

Flavius Valerius Constantinus, conhecido como Constantino I, Constantino Magno ou Constantino, o Grande, foi proclamado Augusto pelas suas tropas em 306 e governou o Império Romano até à sua morte. Nascido em 26/2/272, Naísso, Turquia. Faleceu em 22/5/337, Nicomédia, Turquia.

No ano de 312, os soldados romanos passaram a usar nos escudos o monograma cristão. O fato teria motivado por uma visão sobrenatural que seu líder, Constantino 1º, experimentou. Ele passou para a história como o primeiro imperador romano cristão.

Constantino era filho de Constâncio Cloro ou Constâncio I (cujo nome era Caio Flávio Valério Constâncio) e de sua concubina, Helena. Cresceu na corte do imperador Diocleciano e teve educação esmerada. Em 305, juntou-se ao pai, então nomeado "césar" do Ocidente, e participou das campanhas da Britânia (Grã-Bretanha).


Cristograma de Constantino. Imagem: Gunnar Larsson.

No ano seguinte, com a morte de Constâncio Cloro, foi aclamado imperador pelas legiões que comandava. O título, porém, não foi reconhecido em Roma. Em 303, após muitas batalhas e lutas políticas, Constantino conseguiu derrotar seus oponentes, passando a dividir o Império com Licínio. No mesmo ano, foi promulgado o edito de Milão, reconhecendo oficialmente a religião cristã.