quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Alemanha reduz Forças Armadas e suspende serviço militar obrigatório

Os líderes da coalizão de governo da Alemanha concordaram em suspender o serviço militar obrigatório a partir de julho próximo e em reduzir o contingente. A decisão marca uma mudança profunda para o país.

As lideranças do governo de coalizão da Alemanha concordaram em suspender o serviço militar obrigatório a partir de 1° de julho de 2011. A proposta do ministro da Defesa, Karl Theodor zu Guttenberg, foi aceita durante as conversações realizadas a portas fechadas na noite desta quinta-feira (9/12) em Berlim.

A União Democrata Cristã (CDU), da chanceler Angela Merkel, e seu partido-irmão bávaro, a União Social Cristã (CSU), já haviam aprovado a ideia em suas convenções, realizadas nas últimas seis semanas. O Partido Liberal (FDP), parceiro de coalizão, já tinha incluído a proposta em seu programa de governo, divulgado durante as eleições parlamentares do ano passado.

O próximo passo será a aprovação de um projeto de lei, a ser preparado durante uma reunião de gabinete na próxima quarta-feira, para posteriormente ser levado à aprovação do Parlamento alemão.

Menos soldados

O plano prevê ainda a redução do contingente militar dos quase 250 mil soldados, que os país possui atualmente, para 185 mil. Destes, 170 mil seriam soldados profissionais, com voluntários compondo o restante. O governo espera economizar com a reforma até 8,3 bilhões de euros.

Reforma foi proposta pelo  ministro GuttenbergBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Reforma foi proposta pelo ministro GuttenbergEntretanto, a suspensão do serviço militar obrigatório pode criar alguns problemas novos. O serviço comunitário prestado por aqueles que se recusam a servir as Forças Armadas também seria prejudicado.

Instituições sociais e de assistência temem que a medida leve à falta de pessoal, já que essas entidades dependem em grande parte da mão de obra de jovens que cumprem o serviço civil como alternativa ao serviço militar obrigatório. A suspensão significa também que o número de estudantes tende a crescer, o que eventualmente causaria problemas para as universidades.

O período do serviço militar obrigatório na Alemanha fora encurtado em 2010, ficando com a duração de seis meses. A obrigatoriedade aplicava-se apenas aos rapazes. As mulheres podiam ingressar nas Forças Armadas alemãs, a Bundeswehr, como profissionais ou voluntárias, não sendo obrigadas a se alistar.

A proposta apresentada pelo ministro da Defesa, Karl-Theodor zu Guttenberg, é uma das maiores reformas da história da Bundeswehr. Será a primeira vez que não haverá alistamento militar obrigatório desde a reintrodução do serviço militar, em 1957. A exigência do serviço militar permanece, porém, prevista na Lei Fundamental (Constituição) alemã, podendo ser reativada, caso necessário.

Durante a Guerra Fria, a Bundeswehr tinha cerca de 500 mil soldados, e o chamado Exército Nacional do Povo, da Alemanha Oriental, dispunha de cerca de 170 mil homens. Após a queda do Muro de Berlim, o exército oriental foi dissolvido e parcialmente integrado às forças da Alemanha reunificada. Estas foram inicialmente reduzidas a 370 mil integrantes, sendo enxugadas paulatinamente nas décadas seguintes.

MD/dpa/ap/rtr
Revisão: Alexandre Schossler

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Europa no difícil caminho para a liberdade e a democracia

Brasil amplia presença nos países africanos de língua portuguesa

Presença das novelas brasileiras nos países africanos de língua portuguesa é só o lado visível de um fenômeno que tem também aspectos econômicos e políticos: o crescente interesse do Brasil pelas ex-colônias de Portugal.

Quem anda pelas ruas de Maputo, capital de Moçambique, pode facilmente ouvir jovens usando gírias tiradas de novelas da Globo, como "Eu sou chique, bem!" e "Tá podendo!".

Nas bancas de jornais de Luanda, capital de Angola, revistas especializadas em televisão estampam atrizes brasileiras na capa, como Taís Araújo e Juliana Paes.

Também em Luanda é fácil encontrar franquias de redes populares no Brasil, como Bob's, Mundo Verde e O Boticário. Isso sem falar nos templos da Igreja Universal do Reino de Deus, presente em todos os países africanos de língua portuguesa.

As novelas da Globo, as lanchonetes do Bob's e os templos da igreja de Edir Macedo são apenas a face visível de um fenômeno relativamente recente: a crescente presença brasileira nas antigas colônias portuguesas na África. Além do visível aspecto cultural, essa presença possui um viés econômico e outro político.

Relações econômicas priorizam Angola e Moçambique

Atriz Taís Araújo na capa de uma revista de AngolaBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Atriz Taís Araújo na capa de uma revista de Angola

O lado econômico é especialmente forte na relação com Angola – cuja independência, em 1975, o Brasil foi o primeiro país a reconhecer. Apenas quatro anos depois, a Petrobras chegava ao país africano, hoje o terceiro maior produtor de petróleo da África.

Mas, segundo o site da petrolífera, foi só recentemente – a partir de novembro de 2006 – que a empresa passou a atuar de forma mais agressiva em Angola, como operadora em três blocos de exploração de petróleo.

Também forte em Angola é a Construtora Norberto Odebrecht, que está no país desde 1984, quando iniciou a construção da hidrelétrica de Capanda, com capacidade de geração de 520 megawatts.

Hoje a empresa atua em diversos setores, como a construção de rodovias e em projetos de pavimentação, saneamento e urbanização, empregando mais de 24 mil pessoas.

"As relações do Brasil com Angola são muito mais intensas e muito mais antigas", afirma o sociólogo alemão Gerhard Seibert, do Centro de Estudos Africanos de Lisboa. "Mas Moçambique também desempenha um papel econômico cada vez maior."

Na província de Tete, no centro de Moçambique, a mineradora brasileira Vale está investindo 1,3 bilhão de dólares para extrair carvão de uma das maiores minas não exploradas do mundo. A produção anual deverá chegar a 11 milhões de toneladas a partir de dezembro de 2010 e empregar 1,5 mil pessoas. O contrato foi assinado em 2007.

Brasil busca papel maior no cenário internacional

No aspecto político, Seibert vê uma clara mudança na política brasileira para a África com a chegada à presidência de Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro de 2003.

Lula foi o presidente brasileiro que mais viagens fez à África – foram dez até o final de 2009, incluindo todos os países de língua portuguesa, alguns mais de uma vez. Também no seu governo, o número de países africanos nos quais o Brasil possui representação diplomática passou de 18 para 34.

Na opinião de Seibert, essa valorização da África na política externa brasileira segue objetivos econômicos: a busca de mercados para produtos e empresas brasileiras e a garantia de matérias-primas.

Mas há, também, objetivos políticos: "As relações com a África fazem parte de uma política externa que tenta dar um papel maior ao Brasil no contexto internacional, e isso inclui a ambição de ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU".

Para o especialista, a África é só uma parte da política externa "mais expansiva" adotada pelo governo Lula. Ela inclui ainda a maior presença do país em fóruns internacionais como o G20 ou as reuniões com os países BRIC (Rússia, Índia e China).

Já Lula apresenta sua política africana como o pagamento de uma dívida, afirmando que o Brasil tem um compromisso moral e ético com o continente, uma referência ao passado escravagista brasileiro. O presidente gosta de repetir que o Brasil é o país com a maior população negra fora da África.

Estudar no Brasil

As frequentes visitas à África trouxeram popularidade a Lula no continente, o que, somado ao mundo idílico apresentado em várias novelas televisivas, acaba por reforçar uma imagem positiva do Brasil.

Primeiro-ministro Maria Neves estudou na FGVBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Primeiro-ministro Maria Neves estudou na FGV

"A imagem que temos do Brasil é muito boa, até porque a mídia que vem do Brasil são as novelas", conta o universitário são-tomense Edileny Lima de Souza, que estuda administração de empresas na PUC em Porto Alegre.

O guineense Francisco Ialá, que cursa Direito na mesma universidade, diz que também no seu país a imagem do Brasil é muito boa. "As novelas que mais passam na Guiné-Bissau são as brasileiras. Toda a cultura brasileira influencia a Guiné-Bissau."

Ambos encontraram um Brasil diferente do que aquele que conheciam pela televisão. "As novelas brasileiras não retratam a situação como ela é. É mais glamour, praia e coisas boas, sem os problemas de infraestrutura, desigualdade e preconceito. São coisas que eu vivenciei e não esperava", diz Edileny

Edileny e Francisco estão entre os quase 4 mil africanos selecionados para estudar no Brasil entre os anos de 2000 e 2009. Eles receberam uma bolsa de estudos do programa PEC-G, do Ministério das Relações Exteriores.

Na África, os principais beneficiados pelo programa são os países de língua portuguesa, Cabo Verde e Guiné-Bissau à frente. A maioria dos estudantes volta ao seu país de origem. Estudar no Brasil é algo comum entre os cabo-verdianos – até o primeiro-ministro do país, José Maria Neves, estudou na Fundação Getúlio Vargas (FGV) nos anos 1980.

Para Edileny e Francisco, o Brasil desempenha um importante papel no ensino superior. "Para os países lusófonos em desenvolvimento, o Brasil desempenha um papel importante na formação de quadros profissionais", diz Edileny, que afirma: "Volto para São Tomé porque quero ajudar meu país a crescer."

Autor: Alexandre Schossler

Revisão: Roselaine Wandscheer


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Lula diz em Lisboa que Brasil pode alavancar economia portuguesa.

Países firmam acordos, entre outras coisas, para impulsionar a língua comum

O Brasil vive no século 21 um momento mágico e excepcional de crescimento econômico e o potencial de que dispõe o país pode contribuir para alavancar a economia portuguesa, afirmou o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, no encerramento da 10º Cúpula Luso-Brasileira na noite desta quarta-feira (19/05).

As relações entre Portugal e o Brasil ganharam novo fôlego com a assinatura de cinco acordos institucionais e dois na área empresarial, que deverão ter forte impacto econômico. No final da sessão plenária, foram rubricados acordos e memorandos de entendimento abrangendo as áreas de luta contra a dopagem, igualdade de gênero, tecnologia para a exploração de hidrocarbonetos na bacia do Atlântico, energias renováveis e meio ambiente.

Portugal oferece aos brasileiros seus conhecimentos no domínio do saneamento básico. No plano empresarial, ganhou destaque a parceria entre a Petrobras e sua congênere portuguesa Galp, com um suporte financeiro de 350 milhões de euros em projetos tecnologicamente avançados de produção de biocombustíveis. Um salto qualitativo sublinhado por Lula.

"Além de produzir um combustível limpo, nós vamos recuperar áreas degradadas, gerar empregos. Uma parte desse óleo será utilizada pela Petrobras numa refinaria lá mesmo, no estado do Pará, para atender a região norte do país, mas a grande parte vai ser refinada aqui em Portugal", disse Lula.

Em tempos de crise, que obrigam à adoção de medidas duras, o presidente brasileiro questionou a falta de uma governança global, já que as dificuldades são globais. E assegurou que o potencial que o Brasil tem pode ajudar a alavancar a economia portuguesa.

"Passamos por uma fase de afirmação dessa cooperação econômica. E os tempos exigem de nós um empenho nesse domínio. Eu quero que saiba, senhor presidente, do empenho de todas as empresas portuguesas e do governo português para receber investimentos brasileiros e também para afirmar investimentos português no Brasil", disse o primeiro-ministro português, José Sócrates, no Palácio das Necessidades.

Apesar das diferenças, atualmente são poucos os desacordos que marcam as relações entre os dois países. Ainda por resolver está a contenda entre a Portugal Telecom e a Telefônica, que quer comprar da empresa portuguesa a participação desta na Vivo, no Brasil. Mas, por outro lado, Bruxelas acaba de dar luz verde aos projetos da Embraer, fabricante aeronáutica brasileira, que quer construir duas unidades em Évora.

Ainda durante a visita, que deve ser a última que Lula faz a Portugal como chefe de Estado e de governo, teve bastante espaço o componente cultural. Os dois países acordaram impulsionar o Plano de Ação para a Promoção, Difusão e Projeção da Língua Portuguesa.

Antes do encontro com Sócrates, o presidente brasileiro foi recebido pelo seu homólogo, Cavaco Silva, com quem, pouco depois, participou da cerimônia de entrega do Prêmio Camões de 2009 ao poeta e romancista cabo-verdiano Arménio Vieira.

Autor: João Carlos (np)
Revisão: Rodrigo Rimon

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Reconhecimento do Estado palestino gera especulações sobre interesse brasileiro .

Mahmud Abbas e Lula em encontro em março de 2010

Para alguns especialistas, posição brasileira não muda nada. Outros veem interesse do Brasil em se firmar como líder internacional independente dos EUA. Há quem sustente que o país queira vender armamento aos palestinos.


Agosto de 2011 é o prazo que os líderes palestinos fixaram como limite para criar suas instituições oficiais e requerer às Nações Unidas o reconhecimento da Palestina como Estado livre e independente, caso as negociações de paz com o governo israelense fracassem completamente.

Há meses a Autoridade Nacional Palestina (ANP) sonha em receber o aval da ONU e assim obter respaldo legal para declarar como palestinos os territórios da Cisjordânia, da Faixa de Gaza – atualmente governada pela organização radical islâmica Hamas – e de Jerusalém Oriental, zona ocupada por Israel em 1967 e anexada ao seu território posteriormente. Apoio moral é o que não falta à ANP.

A Argentina seguiu os passos do Brasil e se juntou, nesta segunda-feira (06/12), a mais de cem países que já reconheceram o Estado palestino. No último 4 de dezembro, o presidente da ANP, Mahmud Abbas, agradeceu a Lula o reconhecimento do Estado palestino, que deverá incluir os territórios ocupados entre 5 e 10 de junho de 1967, durante a guerra dos Seis Dias.

O governo israelense condenou, nesta terça-feira, a decisão de Brasília e de Buenos Aires, alegando que uma solução definitiva do conflito entre israelenses e palestinos – inclusive a instauração de um Estado palestino – só poderia ser fruto de um acordo satisfatório para ambas as partes.

Impacto

"Eles estão destruindo as bases do processo de paz", disse o porta-voz do Ministério israelense das Relações Exteriores, Yigal Palmor, salientando que os anúncios da Argentina e do Brasil não alteram em nada a situação territorial e não promovem a conciliação entre as partes no conflito.

Jorge Gordin, pesquisador do Instituto Alemão para Estudos Globais e Regionais (Giga), tem uma opinião semelhante. "É normal que Israel encare isso como um assunto de vida ou morte, mas não acredito que as posturas da Argentina e do Brasil venham a ter consequências. Se é que isso terá algum efeito, será mais negativo do que positivo, podendo tornar Israel e Estados Unidos ainda mais intransigentes do que são nesse assunto."

O congressista norte-americano Eliot Engel, presidente do subcomitê para o Hemisfério Ocidental da Câmara dos Representantes, criticou o reconhecimento do Estado palestino pelo Brasil. Para Engel, essa não é a maneira de "se obter respaldo como poder emergente ou de se transformar em membro permanente do Conselho de Segurança da ONU". Na visão do político democrata, a posição brasileira em relação ao presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, revela uma "imagem muito obscura" do Brasil.

Já Wolfgang Hein, pesquisador do Giga e – juntamente com Oz Aruch – coautor da análise A política da América Latina para o Oriente Médio: entre Israel e Irã, vê a situação de outra perspectiva.

América Latina e Oriente Médio

"A importância que o Brasil dá às suas relações comerciais com os Estados árabes, incluindo o Irã, não deve ser vista como um empecilho nas trocas econômicas com Israel. A maioria dos países europeus tem boas relações econômicas tanto com Israel como com os Estados árabes", diz Hein.

Ainda segundo Wolfgang Hein, as relações exteriores das nações da América Latina são muito heterogêneas: assim como Chile, Colômbia e México se alinharam com a política norte-americana para o Oriente Médio, nações como Venezuela, Cuba, Bolívia, Nicarágua e Equador cooperam estreitamente com o Irã e fazem frente a Israel. Argentina e Brasil, por sua vez, defendem seus próprios interesses e cultivam relações harmoniosas com ambos.

Jorge Gordin ressalta que ainda é muito cedo para esclarecer todas as razões do reconhecimento do Estado palestino por parte do Brasil e da Argentina neste momento. Por um lado, os anúncios de Lula e da presidente argentina, Cristina Kirchner, aconteceram apenas alguns dias depois que Abbas lhes havia pedido apoio e alguns meses depois da visita do líder árabe. Por outro, a rápida ascensão do Brasil como economia emergente consolidou sua posição como ator político global e exacerbou o interesse de seu governo em articular uma política exterior própria.

Ego brasileiro

"Mais uma vez, só posso descrever cenários possíveis neste momento. Mas Israel possivelmente acha que a Argentina só quer ficar bem com o Brasil, enquanto o Brasil – sim – teria verdadeiros motivos estratégicos para reconhecer o Estado palestino.

Afinal, o governo brasileiro quer assumir uma postura diferente e independente da dos Estados Unidos na política internacional, aponta Godin. Há poucos meses, Lula se apresentou a si mesmo como 'a ponte entre o Irã e o Ocidente'.

Mas será que o Brasil só quer mesmo massagear o próprio ego como "global player"? Será que também não teria chance de participar do processo de reconstrução da Palestina?

Para Hein , "isso pode ser de interesse do Brasil e dos outros países do Mercosul." Outro indício é o fato de o presidente do Uruguai, José Mujica, ter aderido e reconhecido o Estado de Israel junto com o Brasil e a Argentina.

"Mas levando-se em consideração o fato de a União Europeia e até os Estados Unidos estarem comprometidos com esse processo há anos, haveria apenas um pequeno lugar a ser ocupado. Em comparação com as possibilidades de comércio e troca econômica que oferecem os Estados árabes, as que ofereceriam a Palestina como Estado independente não seriam especialmente atraentes", conclui o pesquisador.

Tudo como antes

"Eu diria que, mais do que na reconstrução, o Brasil estaria interessado em vender armamento aos palestinos. O Brasil é um dos grandes exportadores mundiais de armas de médio calibre", arrisca Gordin, deixando no ar a impressão de que, num conflito tão complexo como o que envolve Israel e Palestina, não existem mediadores inocentes nem mostras de solidariedade altruístas.

Em todo o caso, as repercussões do apoio dado pela Argentina e pelo Brasil à causa palestina ainda estão por vir. "Estaríamos diante de um grande marco se, nos próximos dois meses, outros países decidissem reconhecer o Estado palestino; e se fossem potências europeias, a situação se complicaria ainda mais para os Estados Unidos", especula Gordin.

Hein não concorda com seu colega: "Essas mostras de apoio podem fortalecer um pouco a posição dos palestinos em suas negociações com Israel, mas, mesmo que a Palestina seja reconhecida como Estado independente, sua situação não mudaria muito de um dia para outro.

Diante da proporção das disputas entre israelenses e palestinos, não somente no que diz respeito a território, os Estados Unidos e Europa deverão continuar servindo de mediadores, bem como diversos outros países, como Índia e Paquistão. Os problemas no Oriente Médio prometem se manter os mesmos, com a diferença de que a ANP poderia se sentar à mesa de negociações como representante de um Estado internacionalmente reconhecido."

Autor: Evan Romero-Castillo

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Os brancos que se entendam.

Essa expressão nasceu de uma pendenga ocorrida no comando militar do Rio de Janeiro do século 18 e remonta a uma das primeiras punições por racismo no Brasil. Segundo o folclorista Luiz da Câmara Cascudo, certo dia o capitão do Regimento dos Pardos do Rio de Janeiro, Manuel Dias de Resende, foi queixar-se a seu superior por ter sido desrespeitado por um soldado. Diante da reclamação, o major Melo, comandante do Regimento, nada fez a não ser desprezar: “Vocês são pardos, lá se entendam!”. “No século 18, era comum esse tipo de divisão racial entre os regimentos”, diz Célia Azevedo, historiadora da Unicamp.

Ofendido novamente, o capitão Manuel recorreu a dom Luís de Vasconcelos e Souza, vice-rei (governador) da província entre 1779 e 1790. O governador logo mandou prender o major que não levara a reclamação a sério. Sem entender por que estava sendo preso, o major Melo perguntou: “Preso, eu? E por quê?” A resposta foi na mesma medida: “Nós somos brancos, cá nos entendemos”. Com o passar dos anos, a frase tomou a forma atual.

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http://historia.abril.com.br/fatos/brancos-se-entendam-433863.shtml