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quinta-feira, 28 de maio de 2015

Essencialismo


Saul Aaron Kripke

A Antropologia filosófica é o “ser humano por ele mesmo”, sobre como o s humano se define e se vê. Destacaremos três definições dentre várias dentro da Antropologia: Essencialista (ou Metafísica), Naturalista (ou Científica) e Histórico-Social (nas vertentes existencialista e dialética). A teoria Essencialista busca a igualdade na diversidade dos homens, mesmo que cada ser humano seja diferente, na educação existe um padrão a ser seguido.

O Essencialismo é uma doutrina filosófica segundo a qual os particulares (pessoas, cadeiras, árvores, números, etc.) têm pelo menos algumas propriedades essencialmente. Um particular tem uma certa propriedade essencialmente quando esse particular não poderia existir sem ter essa propriedade. Por exemplo, intuitivamente, Sócrates não poderia deixar de ter a propriedade de ser um ser humano; mas poderia não ter sido ateniense, se tivesse nascido noutra cidade.

A definição formal de propriedade essencial é a seguinte:

Um particular tem uma dada propriedade essencialmente se, e só se, esse particular tem essa propriedade em todos os mundos possíveis nos quais esse particular existe.
Deste modo, podemos distinguir as propriedades essenciais das propriedades necessárias:

Um particular tem uma propriedade necessariamente se, e só se, esse particular tem essa propriedade em todos os mundos possíveis.
Dada a definição, só os existentes necessários — os particulares que existem em todos os mundos possíveis — podem ter propriedades necessárias. Os particulares contingentes, como as pessoas, as árvores, etc., só podem ter propriedades essenciais, mas não necessárias.

Um particular tem uma dada propriedade contingentemente quando tem efectivamente essa propriedade, mas poderia não ter; ou, na linguagem dos mundos possíveis, quando esse particular tem essa propriedade no mundo tal como é, mas não a tem em alguns mundos possíveis.

Há propriedades essenciais triviais, como a propriedade de não ser mais alto do que si próprio. Este tipo de propriedades essenciais não caracterizam a tese do essencialismo, que defende a existência de propriedades essenciais substanciais, como a propriedade que a água tem de ser H2O, ou a propriedade que Sócrates tem de ser um ser humano, ou a propriedade que o João tem de ser filho de Maria.

História do essencialismo

As primeiras ideias essencialistas foram defendidas por Aristóteles, mas caíram em desgraça com o nascimento da ciência moderna; tais ideias foram "condenadas por associação pecaminosa", isto é, por estarem de algum modo relacionado com a metafísica medieval, considerada incompatível com a ciência moderna. Quine condena o essencialismo em parte por causa deste preconceito, e em parte porque o essencialismo pressupõe a noção de que o mundo tem uma natureza independente do modo como o pensamos ou descrevemos (realismo), ao qual Quine se opunha igualmente.

Willard Van Orman Quine, em "Three Grades of Modal Involvement", caracterizou da seguinte maneira o essencialismo: "A doutrina de que alguns dos atributos de uma coisa (inteiramente independente da linguagem em que a coisa é referida, se é que é referida) pode ser essencial à coisa, e outros, acidentais."

Quine opõe-se ao essencialismo por considerar que as coisas não têm em si mesmas propriedades essenciais ou acidentais; tudo depende da maneira como as descrevemos. Para provar esta tese, Quine apresenta os famosos argumentos do ciclista matemático e dos planetas. Mas nenhum dos argumentos consegue fazer mais do que refutar a teoria linguística da necessidade, desenvolvida por Carnap e rejeitada por Quine. A nova teoria essencialista apresentada por Kripke e outros filósofos não é abalada pelos argumentos de Quine.

Atualmente muitos filósofos aceitam o essencialismo substancial de Kripke; outros, todavia, continuam a rejeitar estas ideias, favorecendo a ideia positivista de que a lógica, ou a linguagem, é "a mãe da necessidade".

Um dos avanços mais significativos da filosofia do século XX foi o fato de Saul Kripke ter mostrado claramente que as refutações fáceis do essencialismo, que pareciam mostrar que se tratava de uma teoria irremediavelmente defeituosa, resultavam na verdade de uma confusão elementar entre palavras e coisas. Se os nomes próprios não forem encarados como designadores rígidos, ou se não se admitir outros designadores quaisquer que sejam rígidos, é impossível refutar o essencialismo, mas fica-se com a sensação falsa de que se refuta o essencialismo. Isto porque nesse caso se consegue mostrar trivialmente que a frase "Sócrates era um ser humano" é falsa em alguns mundos possíveis, nomeadamente, nos mundos possíveis em que não estamos a falar de Sócrates, mas de outro particular referido pelo nosso nome "Sócrates".

Só que, como não estamos já a falar de Sócrates, mas de outro particular, não conseguimos refutar realmente o essencialismo: apenas confundimos palavras com coisas. Seria como tentar provar que Cavaco Silva, presidente de Portugal, poderia ter sido Mário Soares: num mundo possível em que ele perdeu as eleições e em que Mário Soares ganhou as eleições, a expressão "o presidente da República" refere Mário Soares. Mas pensar que, por causa disto, Cavaco Silva poderia ter sido Mário Soares, é confundir palavras com coisas.


quarta-feira, 27 de maio de 2015

Pós-estruturalismo

Jacques Derrida,  foi um dos mais importantes filósofos do pós-estruturalismo e pós-modernismo.

Pós-estruturalismo refere-se a uma tendência à radicalização e à superação da perspectiva estruturalista. No campo propriamente filosófico seus principais representantes são: (Jacques Derrida, Gilles Deleuze, Jean-François Lyotard).

Também podem ser considerados pós-estruturalistas ou próximos às teses pós-estruturalistas Giorgio Agamben, Jean Baudrillard, Judith Butler, Félix Guattari, Julia Kristeva, Sarah Kofman, Philippe Lacoue-Labarthe e Jean-Luc Nancy.

O prefixo pós não é todavia interpretado como sinal de contraposição ao estruturalismo. De fato, esses pensadores levaram às últimas conseqüências os conceitos e desenvolvimentos do estruturalismo, até dissolvê-los no desconstrutivismo, construtivismo ou no relativismo e no pós-modernismo. O movimento pós-estruturalista está intimamente ligado ao pós-modernismo - embora os dois conceitos não sejam sinônimos.

O pós-estruturalismo instaura uma teoria da desconstrução na análise literária, liberando o texto para uma pluralidade de sentidos. A realidade é considerada como uma construção social e subjetiva. A abordagem é mais aberta no que diz respeito à diversidade de métodos. Em contraste com o estruturalismo, que não afirma a independência e superioridade do significante em relação ao significado, para eles os dois são inseparáveis, os pós-estruturalistas não veem o significante e o significado como inseparáveis e sim como separáveis.

Não se trata exatamente de um movimento, e poucos desses pensadores aceitam o rótulo de 'pós-estruturalista' - criado por outros para designar genericamente um conjunto de diferentes reações ao estruturalismo. Consequentemente, nenhum dos ditos pós-estruturalistas se sentiu na obrigação de elaborar um "manifesto" do pós-estruturalismo.

Como corrente filosófica, embora não constituindo propriamente uma "escola", o pós-estruturalismo caracteriza-se pela recusa em atribuir ao cogito cartesiano, ao sujeito ou ao homem, qualquer privilégio gnoseológico ou axiológico, privilegiando, em vez disso, uma análise das formas simbólicas, da linguagem, mais como constituintes da subjetividade do que como constituídas por esta.

São tipicas da abordagem pós-estruturalista a retomada dos temas nietzscheanos, como a crítica da consciência e do negativo (por Deleuze) ou o projeto genealógico (por Foucault), a radicalização e a superação da valorização ontológica da linguagem heideggeriana e uma perspectiva anti-dogmática e anti-positivista. De modo geral, os pós-estruturalistas rejeitam definições que encerrem verdades absolutas sobre o mundo, pois a verdade dependeria do contexto histórico de cada indivíduo.

O conceito pós-estruturalismo "pode" ser, ou não, interligado ao de pós-modernismo (verificando que pós-modernismo é referido a movimentos culturais, não políticos e sociais), aos quais, os últimos, retrata a ruptura com os grandes esquemas meta-narrativos que pretendem explicar ou significar o mundo social, mas, em sua grande pretensão, não explicam nada (retoricamente vazio). Assim, é possível dizer que o pós-estruturalismo não condiz com o positivismo, já, que o mesmo, se utiliza de meta-teorias para embasar esquemas teóricos de pré-conceituação de uma certa visão de mundo que retrata o social como coisa. 

Em relação a abordagem nietzscheana, exitem dúvidas, pois, a crítica da consciência não significa elimina-la, ao contrário, mas, transforma-la, considerando o fator sócio histórico em que a problemática esta inserida ao discernir um determinado assunto. Ao contrário da genealogia de Foucault, que incide em descontruir justamente os grandes esquemas metanarrativos, pondo um "ponto" no significante e libertando a pluralidade de significados. Assim, pode haver alguma intersecção entre pós-estruturalismo e modernidade, ou não, se, se considerado o inverso da penúltima afirmação do referido texto, pois, as duas vertentes consideram exatamente o contrário, não pretendem "rejeitar definições que encerrem verdades absolutas sobre o mundo", mas, sim, rejeitam definições que pretendem ser verdades absolutas sobre o mundo, já, que se trata exatamente da diferença entre estruturalismo X pós-estruturalismo e modernidade X pós-modernidade.

Relativismo


Protágoras de Abdera

O relativismo é uma doutrina que prega que algo é relativo, contrário de uma ideia absoluta, categórica. O relativismo, dessa forma, leva em consideração diversos tipos de análise, mesmo sendo análises aparentemente contraditórias. As diversas culturas humanas geram diferentes padrões segundo os quais as avaliações são geradas.

Relativismo e historicismo

Em sentido amplo, o qualificativo, originário do alemão Historismus, é dado a correntes do pensamento, segundo as quais é a história que faz o homem e não o homem que faz a história. Baseia-se no modelo romântico inaugurado por Herder e Schelling, para os quais o universo deixou de ser um sistema e passou a ser entendido como história, numa passagem do cosmológico para o antropocêntrico. De certa maneira, é o exato contrário do conservadorismo, gerando uma fuga para a frente, através do evolucionismo e do progressismo.
O historicismo ensina que “tudo é histórico” ou provisório e variável; o que ontem era importante, hoje deixa de ser tal. Ora a verdade é conhecida e vivida na história, sujeita a contínuas mudanças; ela é “filha do seu tempo”. Tudo o que é verdadeiro e bom é tal unicamente para o seu tempo, e não de modo universal, para todos os tempos e todos os homens. Nenhuma cultura tem o direito de se julgar melhor do que as outras; todos os modos de pensar e viver têm o mesmo direito.

 Max Weber, em suas obras sobre epistemologia, abre espaço para o relativismo nas ciências da cultura quando diz que a ciência é verdade para todos que querem a verdade, ou seja, por mais diferentes que sejam as análises geradas por pontos de vista culturais diferentes, elas sempre serão cientificamente verdadeiras, enquanto não refutadas.

Assim podemos concluir que o Relativismo é um termo filosófico que se baseia na relatividade do conhecimento e repudia qualquer verdade ou valor absoluto. Todo ponto de vista é válido.

Na filosofia moderna o relativismo por vezes assume a denominação de "relativismo cético", relação feita com sua crença na impossibilidade do pensador ou qualquer ser humano chegar a uma verdade objetiva, muito menos absoluta.

Nietzsche na sua obra "A Gaia Ciência", no tópico intitulado "Nosso novo infinito", assim afirma: "o mundo para nós tornou-se novamente infinito no sentido de que não podemos negar a possibilidade de se prestar a uma infinidade de interpretações"; frase que Michel Foucault objeta: "Se a interpretação nunca se pode completar, é porque simplesmente não há nada a interpretar...pois, no fundo, tudo já é interpretação".

No diálogo platônico "Teeteto", atribui-se a Protágoras uma concepção relativista do conhecimento, por haver afirmado que "o homem é a medida de todas as coisas". Nesse caso, cada um de nós é, por assim dizer, o juiz daquilo que é e daquilo que não é. Sócrates levanta então uma série de objeções contra essa forma radical de relativismo subjetivista, tentando mostrar a incoerência interna da suposição de que o que parece verdadeiro a alguém é verdadeiro para ele ou ela. Se são verdadeiras todas as opiniões mantidas por qualquer pessoa, então também é preciso reconhecer a verdade da opinião do oponente de Protágoras que considera que o relativismo é falso. Ou seja, se o relativismo é verdadeiro, então ele é falso (desde que alguém o considere falso). Haveria, por assim dizer, uma auto-refutação (ou uma autodestruição) do relativismo cognitivo.

Em nossos dias, o relativismo cognitivo tem assumido várias formas distintas. Nas versões mais radicais, entende-se que quaisquer opiniões são igualmente justificáveis, dadas suas respectivas regras de evidência, e que não há questão objetiva sobre qual conjunto de regras deve ser preferido ("igualitarismo cognitivo" ou tese da "equipolência das razões"). Em suma, é possível dar boas razões tanto para se admitir quanto para se recusar qualquer opinião. E, portanto, o procedimento de dar boas razões nunca permite decidir entre opiniões rivais, nunca nos obriga a substituir uma crença por outra. Nesse caso, uma crítica do relativismo cognitivo pode ser feita de acordo com a seguinte linha argumentativa (seguida, por exemplo, por Paul Boghossian em "What the Sokal Hoax Ought to Teach Us"): se toda regra de evidência é tão boa quanto qualquer outra, então para que uma opinião qualquer seja tomada como justificada basta formular um conjunto apropriado de regras em relação ao qual ela está justificada. Em particular, a opinião de que nem toda regra de evidência é tão boa quanto qualquer outra deve poder ser igualmente justificada. (E o relativista assim não consegue mostrar, mas deveria mostrar, que a sua posição é melhor que a de seu oponente.) Uma alternativa seria dizer que algumas regras de evidência são melhores do que outras; mas então deveria haver fatos independentes de perspectiva sobre o que as torna melhores do que outras, e nesse caso estaríamos assumindo a falsidade do relativismo cognitivo.

Em contraposição, há espécies de relativismo que são bastante triviais, como, por exemplo, a tese da diversidade (também chamada de "relativismo cultural"): consiste em registrar que diferentes pessoas mantêm crenças diferentes; que as opiniões variam de comunidade para comunidade, de uma época para outra. Nesse caso, não se afirma que tais crenças ou opiniões sejam verdadeiras ou justificadas, e portanto não se tem ainda um relativismo cognitivo (epistemológico). Tal diversidade de crenças é plenamente compatível com uma visão absolutista ou objetivista do conhecimento.

Dentro deste conceito antropófago, o relativismo cultural é um ponto de vista extremo oposto ao etnocentrismo, que leva em consideração apenas um ponto de vista em detrimento aos demais. Porém, os críticos dessa visão apontam que o relativismo torna impossível um avanço científico nas ciências da cultura na medida em que coloca todos os tipos de análise, absurdas ou não, em igualdade de veracidade.

Todavia, não são essas formas de relativismo (extremamente fortes ou fracas) que encontramos nas filosofias de Kuhn, Rorty e até mesmo Feyerabend (em alguns de seus últimos escritos). O que eles sugerem, a partir de evidências históricas, é que as preferências por certos padrões de investigação, por certos objetivos cognitivos variam com o tempo e dependem do contexto considerado. E mais do que isso: sua validade e autoridade dependem da prática estabelecida no interior de uma comunidade. Eles questionam as tentativas de codificar a racionalidade científica mediante um certo conjunto de regras metodológicas que guiam a atividade científica; mas não apenas isso, questionam também a tese de que a racionalidade científica permaneça em grande parte estável e invariante com o passar do tempo, apesar das novas descobertas e das mudanças sociais e culturais. Eles criticam o que Shakespeare chamou "essencialismo": a suposição de que as marcas características da racionalidade científica não estão elas próprias sujeitas a mudanças e revisões. Eles reconhecem que as normas do que conta como "boa ciência" também se transformam ao longo da história e não devem ser consideradas como uma estrutura rígida que não sofre mudanças substanciais.

No caso específico das ciências naturais, eles reconhecem, fazendo justiça à história da ciência, que as mudanças e as divergências envolvem não apenas as teorias (não apenas afirmações fatuais), mas também os critérios e os valores característicos da prática científica. Por exemplo, é possível, em certas ocasiões, justificar uma teoria T1 com respeito aos princípios e valores de um sistema evidencial E1 (por exemplo, que permite hipóteses sobre inobserváveis) e ainda justificar uma teoria alternativa T2 (incompatível com T1) com respeito aos princípios e valores de outro sistema evidencial E2 (por exemplo, do empirismo indutivista), mesmo na ausência de uma fundamentação independente que sem petição de princípio "favoreça inequivocamente" E1 ou E2 (ou seja, um caso de incomensurabilidade) A justificação de uma crença é sempre relativa a um sistema evidencial e, havendo uma disputa entre E1 e E2, poderia não haver acordo racional quanto à aceitação de T1 ou T2, mesmo que tivéssemos à disposição todas as evidências possíveis.

Por outro lado, quando se dá preferência a um sistema evidencial a partir de um meta-sistema dominante, tal escolha racional não pressupõe que esse meta-sistema represente uma visão objetiva ou correta (em todo tempo e lugar) que permita justificar de modo absoluto. Quando ocorre de abandonarmos a ciência normal anterior, de transcendermos nossa própria tradição de pesquisa, não somos levados a um "ponto arquimediano", fora do espaço e do tempo, que defina absolutamente o que deva ser racional, visto que a própria racionalidade científica pode transformar-se no processo evolutivo da ciência. Como diz Feyerabend (1993), os padrões de um debate científico só parecem ser "objetivos" porque se omite a referência à tradição considerada, ao grupo de adeptos que os utilizam.

Assim sendo, o relativismo cognitivo não consiste apenas em afirmar que a verdade (ou a justificação) de toda crença é relativa a princípios e padrões de um sistema de regras de evidência; trata-se ainda de recusar a suposição de um sistema absoluto, neutro (independente) e universal em relação ao qual toda crença possa ser julgada. Nesse sentido, o relativista não atribui "estatuto privilegiado" a nenhuma visão particular, nem mesmo ao relativismo. O relativista não pode impedir que o absolutista sustente que o relativismo é falso; mas ainda assim é permitido ao relativista manter a preferência por sua posição (que a seus olhos se "salienta" em relação às demais), pois (segundo o relativista) o absolutista também não tem como evitar que o relativista se mantenha relativista. As tentativas de mostrar que o relativismo é inconsistente (ou se auto-refuta) baseiam-se na suposição de que o relativista deva apresentar uma defesa em que sua posição se mostre, sem petição de princípio, melhor que a de seu oponente e possa compeli-lo a optar pelo relativismo. Mas o relativista consistentemente admite que não é só o relativismo que tem boas razões em seu favor; também o absolutista pode ter suas boas razões para manter-se em tal posição, numa típica situação de incomensurabilidade. Enfim, não há nada de paradoxal em o relativismo ser mantido por uns e não por outros, pois ninguém está obrigado a aceitar todas as opiniões dos outros como sendo verdadeiras. Por exemplo, um relativista poderia acreditar que a Terra gira em torno de si mesma e que é falso que está fixa, ao mesmo tempo em que está ciente de que alguém acredita que ela se mantenha fixa. (Harré e Krausz, 1996, p. 98) O que o relativista tenciona é, nas palavras de Goodman, converter alguém ao seu ponto de vista, sem tentar fundamentar absolutamente esse seu ponto de vista. O que ele diz é: "Veja como as pessoas naquela época tinham uma outra concepção de mundo. Se você estivesse no lugar delas, não manteria suas crenças atuais". Com efeito, o relativista não se obriga a demonstrar que a partir de certas premissas segue-se inexoravelmente a verdade do relativismo.

Putnam

Voltando agora ao tema da mudança científica (que envolve teorias, métodos, valores etc.), coloca-se a seguinte questão central em nossa análise: podemos abandonar o "essencialismo" (isto é, as tentativas de apresentar cânones a-históricos, absolutos, objetivos e imutáveis de racionalidade científica) sem nos comprometermos pelo menos com uma forma moderada de relativismo acerca do valor cognitivo da ciência? Dois importantes filósofos contemporâneos, Putnam e Laudan, dizem que sim, ou seja, que podemos encontrar uma alternativa ao essencialismo (positivismo) e ao relativismo. Vejamos como isso ocorre.

Putnam utiliza-se de uma proposta de Peirce que consiste em caracterizar a verdade como o limite ideal de uma investigação conduzida racionalmente. Ou seja, a verdade é o que se obtém, a longo prazo, com a aplicação sistemática dos métodos racionais da ciência. Desenvolvida por Putnam em seu realismo interno, essa teoria da verdade encerra duas ideias centrais:

"(...) a verdade é independente da justificação aqui e agora, mas não de toda justificação. Afirmar que um enunciado é verdadeiro é afirmar que ele poderia ser justificado, e presume-se que a verdade seja estável e "convergente"; se um enunciado assim como sua negação pudessem ser "justificados", mesmo em condições tão ideais quanto se possa esperar, não haveria sentido em pensar o enunciado como tendo um valor-de-verdade" . Portanto, sem pretender formular uma exata definição de verdade, Putnam explica a noção de verdade como uma idealização da aceitabilidade racional e, portanto, como um conceito-limite objetivo e transcultural. Para Putnam (1983), a verdade é um ideal regulador em direção ao qual nossa investigação racional deve convergir. Para a maioria dos enunciados, existem condições epistêmicas melhores e piores, embora Putnam saliente que "não há uma simples regra geral ou método universal para saber que condições são melhores ou piores para justificar um juízo empírico arbitrário" (p. xvii). Ainda que Putnam reconheça que a "verdade" é tão vaga e dependente do interesse e do contexto quanto nós, e que não há uma matriz fixa e a-histórica de padrões de racionalidade, uma tese central do seu realismo interno é que se trata de uma questão objetiva a de "qual seria o veredicto se as condições fossem suficientemente boas, um veredicto a que a opinião deveria ‘convergir’ se fôssemos razoáveis"4 . Em termos comparativos, "deve haver um sentido objetivo em que alguns juízos sobre o que é ‘razoável’ são melhores que outros"5 , não importa qual seja o contexto histórico e cultural.
Mas se não temos a mínima ideia de o que pode ser corretamente asseverado por nós em situações epistemicamente ideais e perfeitas, que papel a verdade (no sentido do realismo interno) pode desempenhar na prática e no avanço da ciência? Tal noção idealizada de verdade não seria, do ponto de vista do agente, totalmente indiferente a suas crenças atuais sobre a realidade. Além disso, o que seria para uma investigação ter um final? De fato, é difícil imaginar um resultado da pesquisa científica que sobreviveria a todas as objeções que pudessem ser levantadas, pois não temos como antecipar tudo que possa ocorrer durante uma conversação. Concordamos com Field que não é necessário haver sistemas "maximamente bons", ou seja, para cada sistema científico, sempre poderia haver outro melhor.

Contudo, se "considerar uma certa investigação como ideal é supor que não se deveria questionar seu resultado" , ou que foram eliminadas as possibilidades de erro, então podemos estar seguros (da verdade) das conclusões fundamentadas a partir de uma tal investigação. A afirmação de que uma investigação ideal conduz à verdade torna-se, entretanto, uma conseqüência trivial da própria caracterização da investigação ideal (como a que estabelece resultados para além de qualquer controvérsia) e da verdade (tal que a proposição de que p é verdadeira se e somente se p), e por isso não detém nenhuma força explicativa. Desse modo, podemos com Davidson (1990) suspeitar que "se fossem explicitadas as condições sob as quais alguém está idealmente justificado em asseverar alguma coisa, ficaria claro que ou essas condições permitem a possibilidade de erro, ou elas são tão ideais que não fazem uso da tencionada conexão com as habilidades humanas" .

Por outro lado, ainda que toda investigação ideal resulte em conclusões verdadeiras, não se segue que todas as proposições verdadeiras possam ser alcançadas por uma investigação ideal. Talvez existam hipóteses que mesmo em condições ideais não poderíamos justificar sua asserção ou negação. Horwich considera, a título de exemplo, as proposições com conceitos vagos, as teorias subdeterminadas pelos dados e certas suposições probabilísticas.

Além disso, por que haveria uma situação ideal única em que as opiniões poderiam ser corretamente julgadas? Ou, em termos comparativos, por que existiriam objetivamente "melhores e piores situações epistêmicas com respeito a enunciados particulares", como supõe Putnam ? Pelo contrário, as evidências históricas indicam que as preferências científicas por certas teorias, métodos e objetivos cognitivos variam com o tempo, dependem do contexto da pesquisa científica, sem que se possa vislumbrar "um término ideal" a que todas essas transformações convergem.

Laudan

Uma outra importante alternativa de compreensão da mudança científica é apresentada por Laudan. Inicialmente, Laudan (1977) também foi um adepto da tese essencialista de que "existem certas características muito gerais de uma teoria da racionalidade científica que são transtemporais e transculturais" , desde o pensamento dos pré-socráticos até hoje. Todavia, a partir de sua proposta de um modelo reticulado de racionalidade, Laudan (1984) muda de posição e considera que a avaliação epistêmica é sempre feita dentro de um amplo sistema de crenças fatuais, metodológicas e valorativas, que dependem uma das outras e podem sofrer mudanças ao longo do tempo. Com o tempo, podem ocorrer revisões e mudanças racionais nos três níveis da rede de compromissos científicos. Num processo holístico de arranjos parciais no interior dessa rede, cada uma de suas partes pode ser modificada e aperfeiçoada, de modo paulatino e local (portanto, sem revoluções científicas), com base em outras partes que temporariamente são admitidas, desde que certas condições relevantes sejam satisfeitas. E diferentes caminhos racionais podem ser seguidos no intento de aumentar a consistência entre os valores explícitos e implícitos na ciência. É possível assim compreender a objetividade e racionalidade das reformas científicas (na ontologia, na metodologia ou na especificação dos objetivos epistêmicos) sem assumir que exista algum núcleo fundamental de princípios e juízos de racionalidade que permaneçam invariantes durante a evolução da ciência. Desse modo, "o reconhecimento do fato de que os valores e objetivos da ciência mudam em nada impede nosso uso de uma noção robusta de progresso científico cognitivo". No caso de uma mudança científica, espera-se um ganho na credibilidade e coerência de diversos tipos de suposições (fatuais, metodológicas e epistemológicas), explícitas ou implícitas, do corpo total da ciência. Todavia, como salientam os críticos, de diferentes modos é possível obter racionalmente coerência no sistema de proposições, regras e valores da ciência. Em certos casos, diante de uma inovação incompatível com a ciência atual, podemos rejeitar a inovação e manter a credibilidade do sistema de hipóteses científicas anterior, utilizando certos tipos de razões que autorizam essa escolha. Mas podemos, em outras circunstâncias, aceitar a inovação científica e alterar algumas suposições do sistema existente, fazendo uso de padrões metodológicos conflitantes com os precedentes. Ou seja, a "racionalidade como coerência epistêmica pode subdeterminar as mudanças científicas que ela sanciona", e assim pode haver boas razões tanto para se manter quanto para se substituir uma parte do sistema. Com isso, volta-se a admitir alguma forma de "essencialismo" (em que a racionalidade se define em termos coerências, num nível metametodológico) e também de relativismo cognitivo, pois se abrem diferentes caminhos igualmente bons para se alcançar a coerência epistêmica.

As referidas propostas de Putnam e Laudan nos mostram as dificuldades dos projetos epistemológicos que buscaram combater o essencialismo sem cair no relativismo. Parece legítimo perguntar: Não seria o caso de se reconsiderar a possibilidade de admitir um relativismo "moderado"? Afinal, com ele podemos conceder "juízos de superioridade relativa" em certos domínios de investigação (em que um paradigma predomina), ainda que não exista um critério universal de validade pelo qual podemos mostrar que uma mudança científica é racional e progressiva. Como o próprio Laudan reconhece, só podemos dizer que o progresso ocorreu em relação aos padrões que hoje aceitamos. Não temos de pressupor algum tipo de medida objetiva ou investigação ideal para compreendermos as mudanças racionais da ciência. Ou seja, a possibilidade de transcender nossas práticas presentes por outras práticas futuras (que expressem o melhor de nós) não requer uma noção de "validade absoluta e universal" ou de "aceitabilidade para uma comunidade ideal". Como salienta Kuhn (1970), compreendemos o progresso da ciência (as mudanças racionais da ciência) de modo retrospectivo - avaliando comparativamente um paradigma com seus predecessores -, não como um processo dirigido a um fim último e perfeito.

Deve-se notar que em um tal relativismo epistemológico "moderado" e limitado, a existência de boas razões para uma mudança científica não exclui a possibilidade de haver outras boas razões para se defender o sistema global anterior, não exclui portanto a possibilidade de incomensurabilidade local. O que se considera ser uma "forte razão" também pode sofrer modificações, dependendo das circunstâncias e dos compromissos assumidos. Assim sendo, a apresentação de boas razões nem sempre é decisiva na escolha entre constelações alternativas de crenças científicas. Em outras palavras, mesmo que a mudança científica seja racional (com apresentação de boas razões), isso não quer dizer que não seja racional manter o sistema antigo em vez de optar pelo novo (afinal, eles não lidam com os mesmos problemas, não adotam os mesmos critérios de adequação das respostas etc.). Isso se nota quando a transição de um paradigma a outro acarreta as chamadas "perdas epistêmicas", que constituem boas razões para se resistir à mudança e manter a tradição. (Por exemplo, a mecânica newtoniana não explicava, até sua plena aceitação, por que todos os planetas do sistema solar giram em um mesmo sentido, embora tal fenômeno fosse naturalmente explicado pela teoria cartesiana dos vórtices.

domingo, 26 de abril de 2015

Calvinismo e Capitalismo: análise das ideias de Max Weber e H.R. Trevor-Roper

   
Professor de história da Universidade de Oxford por vinte e três anos, H.R. Trevor-Roper, possui conclusões diferentes acerca da origem do capitalismo nas potencias protestantes. Primeiramente, Trevor-Roper propõe um período diferente do de Weber como marco do capitalismo. O historiador postula alguns problemas que fragiliza as conclusões de Weber, vejamos:

Em primeiro lugar, Trevor-Roper apresenta que empiricamente a tese de Weber não passa no teste, pois nações que se mantiveram na tradição religiosa católica, como é o exemplo da Áustria e da França e que, portanto, não gozavam do mesmo rigor moral e das concepções doutrinárias dos calvinistas que lastrearam o sucesso econômico dos países onde foram beligerantes, contudo, progrediram à semelhança dos países protestantes. Ao mesmo tempo em que nos pergunta o porquê da Escócia, com forte tradição calvinista e recursos naturais generosos, não teve o mesmo ímpeto desenvolvimentista que a anglicana Inglaterra. Para Trevor-Hope, situações como estas são pontuais na hora de avaliar com cautela alguns axiomas propostos por Weber.

Em segundo lugar, Trevor-Roper também aponta para o fato de que nem todos os calvinistas eram rigorosos em sua piedade e nem todos agiam conforme suas crenças, colocando em xeque, então, o depósito moral que Weber alega possuir os calvinistas e que tanto foi primordial no desenvolvimento das potências protestantes. Na verdade, Trevor-Roper indica até mesmo a circulação nas trincheiras morais por parte de alguns calvinistas, haja vista que muitos, mesmo defendendo confessionalmente o calvinismo, ajudaram a financiar causas católicas contra os protestantes e isso por causa do lucro e poder.

Em terceiro lugar, Trevor-Roper também pontua que muitas das nações que abraçaram o calvinismo como expressão da fé cristã protestante não se desenvolveram economicamente por causa de tais crenças, mas sim porque em seus territórios circulavam comerciantes estrangeiros (flamengos) que já eram empreendedores em seu país de origem e uma vez expulsos de sua terra natal, encontraram em países como a Holanda, por exemplo, as circunstâncias necessárias à livre empresa. Hoper faz questão de dizer, inclusive, que as idéias calvinistas sobre economia pouco efeito fizeram sobre os naturais de Escócia, Holanda e Suíça. E, mesmo cem anos após a militância de João Calvino, não se produziu um único grande empresário calvinista em terras suíças.

Trevor-Roper afirma categoricamente que havia fortes movimentos capitalistas antes da Reforma Protestante, especialmente capitaneada por Lisboa, Antuérpia, Milão, só para citar alguns. Tais centros eram economicamente ativos e foram eles que deixaram a herança do capitalismo para o século XVI e não a ética calvinista.

Para Trevor-Roper a confusão começa quando Weber não percebe que o que aconteceu foi tão somente à emigração destes capitalistas para as regiões onde afluíam às idéias protestantes. Eles levaram o conhecimento e as técnicas de mercado para tais lugares, fugindo das perseguições que lhes eram impostas. Na verdade, o que para Weber foi uma contribuição doutrinária e prática do calvinismo, para Trevor-Roper tudo não passou de contingência histórica, pois tais empreendedores aportaram em bolsões calvinistas, mas, independentemente de onde estivessem, levariam seus conhecimentos de mercado a efeito, até mesmo para lhes garantir a sobrevivência, possibilitando assim o progresso econômico de qualquer maneira. Destarte, para Trevor-Roper, o calvinismo levou a fama, sem merecer, de padrinho do capitalismo nas proposições de Max Weber.

Trevor-Roper é conclusivo ao afirmar que perseguições praticadas por autoridades católicas contra alguns poderosos homens de negócios na Europa que compartilhavam das idéias do humanista Erasmo de Roterdã, o que atraiu o ódio da Igreja Católica, foi o que forçou tais empresários a fugir para ambientes mais seguros, geralmente em países protestantes, sendo este, enfim, o evento catalisador para o florescimento do capitalismo em domínios calvinistas.

Nossa proposta foi à abordagem resumida de duas proposições distintas que explicam a origem do capitalismo e qual a relação deste com a Reforma Protestante. Avanços no intuito de chegar a conclusões mais aprofundadas serão necessários em investigações posteriores. O assunto é rico. O contexto histórico situado é amplo. O tema é instigante. Outros autores precisarão ser convocados à contribuição.

Humanismo muito além da religião


Em meados do século XVII a Europa viveu uma transformação que seria fundamental para quase tudo que se passou no mundo desde então. Na expressão do historiador inglês Hugh Trevor-Roper (1914-2003), ela virou “de cabeça para baixo” em termos políticos, econômicos e intelectuais. Ou melhor, sua cabeça virou para o norte: países como Inglaterra e Holanda passaram a ser as potências do continente; Itália e Espanha entraram em decadência. O poder, em outras palavras, se deslocou das regiões católicas – que incluíam ainda Flandres e o sul da Alemanha – para as protestantes, como também Suíça e a França dos huguenotes, comandada por banqueiros e industriais calvinistas. O capitalismo tal como o conhecemos nasceu, e com ele as diferenças de ritmo e mentalidade que marcariam o jogo das nações nos séculos seguintes.

Em seu fascinante volume de ensaios sobre o tema, A Crise do Século XVII – Religião, A Reforma e Mudança Social, enfim publicado no Brasil (editora Topbooks), Trevor-Roper tenta entender o que se passou no intervalo que vai do fim do Renascimento, que data em 1620, até o surgimento do Iluminismo, ao redor de 1660. Um movimento, de certo modo, era continuidade do outro, mas sofreu um deslocamento geográfico tão rápido quanto evidente. Segundo a conhecida tese do sociólogo alemão Max Weber, essa mudança se deu por uma razão ética: a moral protestante estava mais predisposta ao espírito capitalista, por infundir no indivíduo mais autonomia intelectual e menos aversão ao lucro. Trevor-Roper está de acordo, mas tenta acrescentar nuances importantes à visão. Para ele, a religião foi um dos fatores, não o único.

O primeiro e melhor ensaio do livro, que está no subtítulo do volume (originalmente publicado em 1967 pela Liberty Fund), é eloquente ao mostrar que os países católicos no início daquele século estavam, por assim dizer, preparados para dar o salto capitalista, para converter seu mundo comercial e financista em uma economia baseada na indústria, em novas escalas de produção. Havia condições materiais e culturais para tanto. Mas uma série de acontecimentos mudou o panorama. Nos países protestantes, empreendedores calvinistas formavam “a elite econômica da Europa”; nos católicos, existia um hiato entre a Igreja e as forças produtivas. Só que a diferença não se deve apenas à mentalidade calvinista.

Um dos acontecimentos centrais foi a expansão do poder da Espanha, responsável maior pela Contra-Reforma, pela aproximação entre Estado e Igreja que se intensificou com as novas concorrências. Diferentemente da Itália, em especial de cidades mercantis como Veneza, a Espanha tinha sua riqueza apoiada em uma sociedade ainda feudal e burocrática que havia sido “acidentalmente alçada ao poder mundial pela prata da América”. Como tal, essa riqueza da monarquia espanhola era mais aparente do que duradoura, porque fora de sintonia com os novos tempos. O seu era um capitalismo de Estado, centralizador e opressor, menos tolerante com heresias, dominado por príncipes personalistas. Ou seja: não foi apenas o protestantismo que abriu espaço para o capitalismo, mas também o catolicismo que fechou as portas para ele.

Outros fatos se passaram no campo das idéias. Não por causa da moral protestante, e sim porque tolerada por ela, a filosofia iluminista começou a vicejar nos países do norte europeu. Pensadores do protestantismo francês (huguenotes), como Languet e Duplessis-Mornay, formulavam a nova ciência política, pós-Maquiavel. Na Holanda o conceito de Direito Natural era forjado por Grotius e outros intelectuais. Na Inglaterra de Cromwell, apesar do messianismo de seu líder, o ensaísmo de Francis Bacon lançava as bases da ciência moderna, empírica, e Thomas Hobbes propunha a submissão do poder religioso ao político. Na terra de Calvino, a Suíça, assim como na Escócia, as universidades fomentavam o pensamento laico de Montesquieu, David Hume, Adam Smith e Voltaire, influenciando cabeças como as do grande historiador Edward Gibbon e a do fundador americano Thomas Jefferson.

Qual era então a conexão entre calvinismo e Iluminismo? Era moral, social ou teológica? Para responder a essa pergunta, Trevor-Roper, no quarto ensaio, As Origens Religiosas do Iluminismo, vai primeiro às raízes do movimento no final da Renascença. E lá encontra, em destaque, o pensamento de Erasmo de Roterdã (1466-1536), representante mais completo de uma era liberal, pacífica e cosmopolita, anterior às guerras religiosas da primeira metade do século 17. Era uma época em que se acreditava numa Igreja unida, consensual, em que correntes como os arminianos (seguidores de Armínio, que dizia que a fé depende da vontade individual) e os socinianos (seguidores de Socino, que não acreditava em pecado original) discordavam de Calvino e não eram perseguidas por isso. Trevor-Roper resume: “Podemos dizer que as diferentes sociedades calvinistas da Europa contribuíram para o Iluminismo apenas na medida em que se afastaram do calvinismo.”

O Iluminismo teve, sim, bases religiosas, mas delas se distanciaria cada vez mais. O calvinismo mudou o paradigma ético, ao romper com o antiindividualismo católico, mas foram movimentos dissidentes do calvinismo que abriram caminho para a afirmação da razão crítica e do livre-arbítrio. Weber estava certo em seu diagnóstico a respeito da nova ética, mas não em associá-la com tanta ênfase ao calvinismo. O humanismo de outro herdeiro de Erasmo, Montaigne, na virada para o século 17, era também produto dessa reação ao puritanismo religioso. Sem as “heresias” ao próprio protestantismo, sem o pensamento laico ou laicizante de todos esses inimigos de utopias e ideologias, o novo mundo capitalista não teria irrompido com a mesma força.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Tópicos Principais do Positivismo de Augusto Comte


            O Positivismo de Comte é a corrente filosófica que promove e estrutura o último estágio de desenvolvimento que a humanidade teria atingido, de acordo com sua teoria. Comte usa o termo filosofia tal como Aristóteles, i.e., como definição do sistema geral de conhecimento humano. Descarta conhecimentos que não possam ser comprovados experimentalmente. Compreende não apenas uma teoria da ciência, mas também uma concepção de história e proposta de reforma da sociedade e da religião. Positivismo em sentido amplo designa teoria que exclua toda e qualquer negação e afirme apenas o idêntico.

            O termo positivo é usado significando real, por oposição ao quimérico, o útil em oposição ao ocioso. Significa também o contrário de negativo e indica tendência de substituir o absoluto pelo relativo.

            A Lei dos Três Estados  Comte afirma ter descoberto uma grande lei fundamental segundo a qual o espírito dos indivíduos (e da humanidade, e das ciências) atravessa um estado teológico (em que se acredita-se que fenômenos são obra de agentes sobrenaturais), um estado metafísico (em que agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas) e um estado positivo (em que se limita a expor fenômenos e suas inter-relações) . É somente no terceiro estado que se realiza o verdadeiro espírito científico ou positivo, que se atém à observação dos fatos, à racionalização sobre eles, e à busca de suas leis (suas relações invariáveis).

            Comte afirma que o espírito positivo está tão afastado do empirismo (que é uma “estéril acumulação de fatos) quanto do misticismo. Somente existe ciência quando se conhecem os fenômenos por suas relações constantes de concomitância e sucessão (i.e., suas leis), acarretando possibilidade de previsão racional.

            Comte afirma que o conhecimento é incompleto e relativo, em oposição às propostas metafísicas do absoluto.

            Ciência é a forma de conhecimento que: (a) tem certeza sensível de observação sistemática e certeza metódica de acesso aos dados fenômenos estudados; (b) relaciona fenômenos a princípios; (c) busca relações de concomitância e sucessão entre fenômenos,i.e., busca suas leis. O fim da Filosofia é a organização das ciências.

            Critérios de Classificação das Ciências  (a) ordem cronológica de seu aparecimento; (b) complexidade crescente de cada uma das ciências; (c) generalidade decrescente; (d) dependência mútua entre estudos científicos.

            Ciências em Estado Positivo  Astronomia; Física; Química; Filosofia; Sociologia (Física Social).

Quanto mais simples é uma ciência, mais rápido entra no estado positivo.

            Sociologia ou Física Social é a mais importante das ciências. Constitui o resumo e o coroamento das demais que a precedem. Significa o ponto de partida da moral, política e da religião.

            Moral, Política e Religião Positivas: (a) estática social, estuda a harmonia das condições de existência e estabelece a ordem social; (b) dinâmica social, estuda o desenvolvimento ordenado da sociedade e estabelece as leis do progresso.

É com Ordem e Progresso que Comte procura superar as duas principais correntes políticas de seu tempo. A corrente conservadora argumentava que os problemas existentes na sociedade emanavam da destruição da ordem anterior (ordem medieval, aristocrática). A corrente progressista achava que os problemas eram originados pela não ruptura total com a ordem anterior. Comte afirma que sem ordem não há progresso, que é o desenvolvimento da própria ordem. Há complementaridade entre ordem e progresso, visando restaurar a unidade social. Idéia-chave “amor por princípio, ordem por base, progresso por fim”.

            A Moral de Comte é geralmente conhecida por suas teses mais populares: altruísmo (viver para outrem), ou negação dos direitos em favor dos deveres, ou a crítica à liberdade de consciência. A moral deveria despertar nos súditos sentimentos de obediência e sujeição, e nos governantes, responsabilidade no exercício da autoridade. Os ricos deveriam administrar perfeitamente seus bens, e os pobres deveriam satisfazer-se com sua posição social. Nem a economia, nem a política poderiam ser vistas separadamente da moral.

            Religião da Humanidade como Grande Ser consiste em ordenar cada natureza individual e religar todas as individualidades. Prega a comunhão de todos os homens no tempo e no espaço. Influenciada pelos sacramentos católico-romanos, com culto à mulher, centralização em Paris, formulação de novo calendário. O calendário positivista inclui dias santos  para “louvar” pensadores como Descartes.

            Heranças do Positivismo atualmente  desprezo pela metafísica; valorização do fato, da experiência e da prova; confiança sem reservas na ciência; forma “científica” aos estudos sociais; sociedade prevista e controlada em todos os níveis.

     Correntes Positivistas   Ortodoxa é minoritária e adota a parte religiosa. Heterodoxa é a majoritária, adota apenas parte filosófico-política.

            Positivismo no Brasil  participação na Proclamação da República (1889) e Constituição de 1891, mote “Ordem e Progresso” na bandeira. Separação da Igreja e do Estado, decreto de feriados, casamento civil, exercício das liberdades religiosa e profissional, fim do anonimato da imprensa, reforma educacional (proposta por Benjamin Constant).

            Ponto Fraco da Teoria Científica de Comte  desconsidera procedimentos hipotéticos e dedutivos, portanto sua metodologia torna-se fraca.

Julian Szymański

ALGUMAS MÁXIMAS DE AUGUSTE COMTE:

Amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim.

Ordem e progresso.

Viver para outrém.

Viver às claras.

A Família, a Pátria, a Humanidade.

O progresso é o desenvolvimento da ordem.

O homem se torna cada vez mais e mais religioso.

Amar, pensar, agir.

Tudo é relativo, eis o único princípio absoluto.

Saber para prever, a fim de prover.

Induzir para deduzir, a fim de construir.

Os vivos são cada vez mais governados pelas culturas deixadas pelos mortos.

O espírito deve ser sempre o ministro do coração, jamais o seu escravo.

Agir por afeição e pensar para agir.

A submissão é a base do aperfeiçoamento.

Os mais nobres fenômenos são sempre subordinados aos fenômenos mais grosseiros.

Conheça-te a ti mesmo para melhorares.

O homem ficará cada vez mais subordinado a humanidade.

O homem resume nele todas as leis do mundo.

O joelho do homem jamais se dobrará se não diante da mulher honrada e amada e não feminista.

Saber não maximizar os detalhes para melhor utilizar o conjunto.

A ordem continuará retrógrada, enquanto que o progresso continuará anárquico.

Ninguém possui outro direito se não de fazer sempre o seu dever.
Satisfazer os pobres mas mantendo os ricos.

Cansa-se de pensar e mesmo de agir, mas não se cansa nunca de amar.

Caso seja o coração que deva colocar as questões, é sempre o espírito que deve responder.

A ciência real deve chegar a sã filosofia e esta ser capaz por sua vez fundar a verdadeira religião.

Toda tendência a dominar os estudos superiores pelos inferiores, deve desaparecer, como prova de imoralidade e como sinal de incapacidade.

Não é somente para modificar a ordem universal que nós necessitamos conhecê-la, nós a estudamos, sobretudo para usá-la dignamente.

Não existe, como princípio, família sem sociedade, como sociedade sem família.


sexta-feira, 5 de setembro de 2014

The Luger Pistol

Editor’s Note: This is a sample article from Gun Digest Research, where you  can search thousands of archived Gun Digest Annual Book archives. To learn more go to http://research.gundigest.com.

From Gun Digest Book, 11th Edition, 1957.
For generations the most famous name in pistols has been Luger. There is no country however small or insignificant in which that name, or its foreign counterpart, Parabellum, is unfamiliar. To make the statement that it is the world’s finest, most accurate, well designed or generally the “best” pistol would merely be expressing an opinion, but what are the reasons for its popularity? Why has it been accepted as the “best” and what is the story behind its phenomenal success?

To relate the tale from the beginning we must go back to a well known arms designer of his day, Hugo Borchardt, a naturalized American citizen. Borchardt was a mechanical genius of some note, for he not only entered the inventing profession at an early age but also developed many diversified types of mechanical devices.
The earliest record we have of Borchardt, as applied to the weapons field, is a letter written in his own hand to Mr. E. G. Westcott, President and Treasurer of The Sharps Rifle Co. of Hartford, Conn., dated March 18, 1875, when Borchardt was applying for the position of Superintendent of that company:

“I took the superintendency of a shop in the worst condition at Trenton (New Jersey), designed the tools and finished a contract for 5,000 guns to the entire satisfaction of the Co. Mr. Meecham, who was treasurer of The Pioneer Breechloading Arms Co., hesitated at first in placing confidence in me, owing very likely to my age, I was 24 years old. There were about 60 hands employed. I afterwards had a foremanship in Singer (Sewing Machine Co.?) and several other places..”
His first patent, for a bullet grooving machine, was issued on July 21, 1874. This was followed by a bullet patching machine in 1875, a breech-loading firearm (Sharps-Borchardt) in 1876, a gun sight in 1877, another breechloading firearm, a shirt neck shaper, a magazine; rock driller; wire straightener; recoil magazine pistol (Borchardt Pistol, 1893), and numerous others.
Borchardt was versatile indeed, but it appears that his many patents added few coins to his coffers, for he was constantly changing jobs and addresses. His part in developing the Sharps-Borchardt rifle was his greatest achievement before forsaking his adopted country for Europe, where he remained for the rest of his life. He did not, however, give up his American citizenship.

Georg Luger was born in Steinach in Tirol in 1849. Originally an officer in the Austrian Army and with a decided liking for mechanical things, he became acquainted with Herr Mannlicher, inventor, among countless other designs, of the Austrian Infantry Ordnance Rifle. Together these two wizards produced an automatic, army rifle, (Luger’s military career was at an end) opening the door to a new vocation, one that was to make Luger world renowned.
In 1891 Luger held a position with the firm of Ludwig Loewe of Berlin, from whence he was sent shortly thereafter to exhibit yet another military rifle in the United States, and where he more than likely first met Hugo Borchardt.
It is known that Borchardt left the United States and took a position as director of the Hungarian Arms Company, but he soon had a disagreement with the Hungarian War Minister, General Fejervary, and undoubtedly through the influence and persuasion of his new friend, Georg Luger, was offered a job with Loewe, which he accepted.
The next we hear of Herr Luger is in the year 1894 when he is once again exhibiting a new weapon before the United States Naval Ordnance Board. That new design was a semi-automatic pistol named after its creator, Borchardt!
The Borchardt Pistol was patented in all of the major countries between 1893 and 1896. Sometime in 1893 the “Automatic Pistol, Borchardt Patent” was offered for sale on the commercial market to the world at large. It was of the finest precision workmanship and only the very best materials were used in its construction. The pistol carried a beautiful, glossy satin finish. The barrel was approximately caliber 30, using a special bottlenecked cartridge. This cartridge was the forerunner of (and interchangeable with) the well known caliber 30 (7.63mm) Mauser round. It is also almost identical to the 7.63mm Mannlicher Pistol cartridge, Model of 1896.
The Borchardt was sold in the United States for $30.00 – that price included a wooden shoulder stock with detachable cheekpiece, leather holster, 3 spare magazines, a wooden dummy magazine which included tools, ramrod and oiler and an instruction manual. For an extra $5.00 a fitted leather case was included. Unfortunately, few of these complete outfits remain intact today although they may be encountered from time to time in some of the larger collections.

The Borchardt Pistol was originally marketed by the Loewe firm but soon after the weapon was placed on the market, that company absorbed the Deutsche Metallpatronenfabrik of Karlsruhe, forming a company thereafter known as the Deutsche Waffen and Munitionsfabriken of Berlin-Karlsruhe (January 1, 1897). After that date all weapons were manufactured at the DWM plant in Berlin, and only ammunition was made at the Karlsruhe subsidiary.
On November 22, 1894, the Boston Herald printed a glowing report about Borchardt and his new pistol, noting that Georg Luger exhibited the new gun before a U. S. Navy small arms board at Providence, R. I. on November 21, and “that it had a great future before it.” The account went on to say that the “exhibitor fired 24 shots in 43? seconds . range 110 feet, and all were hits.” The magazine was described as holding “eight cartridges, with nickel jacketed bullets,” and these were “the Luger rimless type.”
It is interesting to note that it was Georg Luger and not Hugo Borchardt who brought the pistol to this country for these tests. Notice that the cartridge is indicated as being of the “LUGER rimless type” which leads us to believe that Georg Luger might have had more to do with the marketing of the pistol than is generally believed. Also of interest is the fact that although the press gave it an excellent notice the U. S. Navy failed to follow up the tests with any further trials of the Borchardt Pistol.

The U. S. Army also tested the Borchardt, for the Chief of Ordnance ordered a board of officers to meet at Springfield Armory on October 20, 1897 “to make a thorough test of, and report upon, a Borchardt Automatic Pistol Carbine.” This test was not pursued further so it may be assumed that the pistol did not meet with the complete approval of the officers on the board.
Georg Luger was more than an employee of the new firm of DWM. He received a handsome salary, could patent all of his inventions at company cost and had all of his traveling expenses cared for by the firm. Having no definite office hours, he was more of a partner with a fixed salary and a lengthy contract. After five years his salary was doubled and his contract extended. A point of interest which should be interjected here is that Luger spelled his name exactly that way . LUGER, and not LUEGER or LEUGER as has been erroneously quoted. His personal signature, as early as 1896, bears this out, and members of the Luger family do not recall the name ever having been spelled any other way.
According to close friends and relations, Borchardt and Luger were the best of personal friends though they oftgn had their differences at the factory. Years after the deaths of their husbands the two widows were constant companions. Luger had a son, Georg, Jr., who lives today in Berlin at the age of 81, and who has been of invaluable assistance to the author in bringing to light many of the facts concerning the Luger Pistol and its famous inventor. Herr Luger, Jr. was a famous pistol shot, with a Luger, of course, though he modestly disclaims any outstanding ability. His life was spent with much larger and more complicated weapons than those produced by his sire, namely torpedoes.
Excellent though it was, especially in relations to the other pistols of its day, the Borchardt left a great deal to be desired. The inventor believed his gun to be perfect, though, and so steadfast were his refusals to redesign even the smallest component that DWM, the manufacturers, called upon Herr Luger to make the desired changes. This he did in the following manner. The strong and sturdy action of the Borchardt was retained along with many other of the original features, some being altered slightly and others quite radically. The barrel, though shortened, maintained its long, slim appearance. The grip was inclined at an angle to the receiver and the recoil spring was incorporated in the grip, thereby doing away with two major problems, the angle of the grip and the bulky, protruding, recoil spring housing. The trigger and trigger cover were altered, the latter now completely concealing the rollerpin of the sear and partially covering the sear itself. The position of the ejector was changed from beneath the breechblock to the right side of the receiver, while the extractor remained unchanged. The lanyard ring was moved from the left side of the receiver to the rear, just above the grip safety, a new feature. Buttstock and toggle-knob were completely done away with and all screws, with the exception of the ones holding the wooden grips to the frame, were replaced by pins. The sights remained unchanged.
In the latter part of 1898, November 24 to December 8, a series of pistol trials were held at Bern, Switzerland by a board of army officers. Other pistols entered were: Mauser with 10-shot magazine, Mauser with 6-shot magazine; Bergmann with 10-shot magazine; Borchardt-Luger with 8-shot magazine; Roth with 10-shot magazine; Mannlicher with 7-shot magazine.

Explanation, assembly and firing of 50 rounds followed; then timing per firing of each weapon; target shooting, 3 frames each at 50 meters; endurance of 400 rounds without cleaning or cooling, etc. The Borchardt-Luger was the only weapon in the endurance test to perform satisfactorily. Then followed dust and water tests, and the firing of 20 rounds in each weapon. Again the Borchardt-Luger was the only weapon without malfunction. The point of greatest interest is the fact that the pistol is referred to as the “Borchardt-Luger.” This was a transition piece, a true cross between the Borchardt and the Luger which was to evolve from this and a later Swiss test.
A second series of tests were conducted by the Swiss. They were held at Thun on May 1 to 3, 1899. The Mauser, Bergmann, Roth and Mannlicher Pistols of the previous trials were retested. New models of the Mauser, Hauff and Browning were listed as were the new Mannlicher and a new Borchardt-Luger – these latter two having been modified according to the wishes of the Board. The 1899 tests were conducted in a manner similar to those of the previous year. The Borchardt-Luger of the latter tests was described as “made lighter in weight and fitted with a new safety.” It is more than coincidental that the United States patent on this piece was applied for two days before the start of these tests! [1]
In contrast to the Borchardt, the “Pistole Parabellum,” or “Parabellum Automatic Pistol, Borchardt-Luger System, Swiss Model 1900,” was all that had been expected of it. The weight had been decreased from 40 to 30 ounces, the barrel length from 7? to 4? inches and the overall length from 14 to 9 inches. Also, because greater accuracy could now be got from the pistol, the buttstock was no longer necessary and thereby lessened the weight by another 15 ounces.
The Model 1900 was the first weapon to bear the famous scrolled DWM, trademark of the Deutsche Waffen und Munitionsfabriken of Berlin, where all earlier models were made.
A note of interest is the origin of the name “Parabellum,” thought to derive from a Latin phrase, Si VisPacem Para Bellum. Translated into German this became Bereite Den Krieg vor Parabellum, or in English, “If you Want Peace, Prepare For War.” Consequently, as the pistol was intended as a military weapon, the “For War” or “Parabellum” name came to be coined.
It is known throughout the world today by that name. In mentioning the name “Luger” to a European, with the possible exception of the English, do not be surprised to be met with only a blank stare! The name “Luger” was first applied to the pistol by Hans Tauscher, first representative for the Borchardt and Luger Pistols in the U.S., and later, after World War I, was registered by the post-war importer, A. F. Stoeger; consequently, the name “Luger,” although not an American name has become an American term! In some instances the name “Borchardt-Luger,” “Borchardt-Luger Parabellum” and designations such as “P.08″ (meaning “Pistol, Model 1908,” the year the Germany Army first adopted the Luger), “M943,” the Portuguese military title, “Pistole 1900,” the Swiss version, etc. may be encountered.
The Model 1900 became a success overnight. On April 2, 1901, the Swiss “Bundersrate,” or governing body, officially became the first to adopt it by placing an order with DWM for 3000 pistols. On April 16, 1901, the Commanding Officer of Springfield Armory was officially directed to purchase 1000 Lugers for test by troops of the United Stales Army! Rock Island Arsenal was directed to fabricate a sufficient quantity of russet or black leather holsters and hardened steel combination tools. The 1000 pieces purchased by the U.S. were marked with small ordnance-bomb proofs, and most of the holsters carried the familiar “U.S.” on the flap. These pistols were the original “American Eagle” type, being so marked over the chamber. As far as can be determined these marks were unofficially stamped, and later commercial types carried on with the identical crest. Because these pistols and holsters were issued to and used by U.S. troops, they are considered by some to be U.S. martial weapons!

The Swiss and Americans were not the only ones to test the Model 1900 for in 1903 and 1904 at Rosenburg, Sweden, extensive government trials found the Luger and the Model 1903 Browning in the semi-finals. Although the Swedish report favored the Browning it noted that the Swiss were issuing the Luger to mounted troops. Similar reports indicate that the Parabellum was issued to German officers for use in the Boxer Rebellion in 1901. Other countries to test the Luger in those early days included Austria, Spain, Canada, Russia, Brazil, Luxemburg, Holland, Bulgaria, Norway, Portugal, Chile and several others.
Between 1901 and 1906 rapid advancement was made in making the Luger a better gun, with both military and commercial markets in mind. The first modification of the original was offered in 1902, and was designated the model of that year. Few of these were produced – the type is quite scarce today – but they’ll be remembered for one outstanding reason; they were the first weapons to chamber the 9mm Luger cartridge! Now, half a century later, it is by far the most popular and widely used cartridge in the world. This was an unusual situation – the pistol itself was not successful but the cartridge flourished. Probably an accident – or could it have been planned that way?
The first model to be officially adopted by the German Government was the “Marine Modell 1904,” or what has become known as the “Navy” Luger. Thus it was the German Navy and not the Army who first realized the merits of the Luger. The Naval Luger has a 6-inch barrel with a 2-position rear sight situated on the extreme rear of the rear togggle link. Caliber was the new 9mm.
One of the most interesting, different, costly and coveted variations of the Parabellum is the “Luger Carbine,” which was introduced about 1904 in an attempt to compete with similar weapons marketed at that time by Mauser, Mannlicher and Bergmann. With a barrel too long to be practical as a pistol and too short to meet the requirements of a rifle, it was more nearly the equivalent of a “brush gun.” The Luger Carbine is actually a Model 1900 with a heavy 11?-inch barrel recoiling within a checkered walnut fore-end, and detachable walnut shoulder stock. The 100 to 300 meter rear sight is mounted on the barrel just in front of the chamber. Despite the many rumors of special specimens with assorted differences, all Luger Carbines of the factory production lot are identical and were only produced in caliber 7.65mm Luger. A special cartridge containing one-seventh more powder and having a blackened case was developed for use in the Carbine models.
The German Kaiser, Wilhelm II, because he had difficulty in handling a full sized hunting rifle due to the deformity of his left arm, was extremely fond of hunting deer on his many estates armed with his Luger Carbine. When, prior to the First World War, the President of the United States, Theodore Roosevelt, paid a visit to Germany, he was a guest of the German emperor on at least one of those hunting excursions and was presented with a Luger Carbine by the Kaiser. This gun bears a plaque denoting the presentation, and may be seen today at Roosevelt’s home in New York on display with his many other weapons.

The year 1906 brought what was to become known as the “New” Model. This is a colloquial designation, not necessarily an official factory term. The part that was new in the “New” Model was the replacing of the old laminated flat recoil spring with one of coiled type. As all Lugers after 1906 have the coiled spring, they are all designated as “New Models,” and consequently all models with the flat recoil spring are called the “Old” Model.
Of even greater historical interest than the U.S. Army Tests of 1901 were the trials that took place in the spring of 1907. These were the tests which led to the adoption by the U.S. Government of the Colt Automatic Pistol, caliber 45, but not before it had successfully competed and won out against the caliber 45 Luger! Records indicate that two, possibly three, of these large Lugers were personally produced by Georg Luger and brought by him to the United States for the Army Tests. Prior to his arrival, Frankford Arsenal supplied him with 5000 rounds of caliber 45 ammunition with which to experiment. Luger pulled the bullets and, with his own special powder, loaded 11mm Bergmann cases which thereby formed the 45 Luger cartridge. The tests were originally planned for the year 1906 but Luger was ill and the tests were postponed until the following year!
The 45 Luger is merely an enlarged version of the 9mm Model 1902/06 with slight modifications necessitated by the use of the larger cartridge. The only specimen known to exist today bears the serial number “2″ and is truly a fine example of Luger workmanship. The initials “GL” appear on the rear toggle link while the absence of proof marks corroborates the fact that this was a super special experimental pistol never intended for sale.
As mentioned earlier, the German Army adopted the Luger in 1908, a move which insured its success for decades to come. The grip safety was omitted from the Model 1902/06 and the first specimens were produced without any accomodation for a “holdopen device.” No stock attachments appeared on these early “P.08′s.”
With the adoption came large orders which could not be filled in the time allotted by DWM. Consequently, the Royal German Arsenal at Erfurt was appointed co-manufacturer. Many thousands of Lugers were turned out of that great establishment, all bearing the insignia of the arsenal, a large crown surmounting the name “Erfurt,” stamped on the forward toggle link instead of the DWM trademark. Almost all DWM and Erfurt Lugers produced for the military will bear the date of manufacture and acceptance stamped into the receiver ring. A new system of numbering was initiated wherein the block of numbers never exceeded 9,999. Once that figure was reached a letter was added beneath the numbers beginning with “a” and so on through the alphabet. This letter becomes as much a part of the serial number as the numbers themselves, a point to remember when recording serial numbers on Luger pistols. Without the inclusion of the letter, hundreds of Lugers would carry the identical number and the difficulties which might arise may well be imagined.
In 1914, Germany entered the Great War armed with two basic Lugers, the military Model of 1908/14 and the Naval Model of 1904/14. The military or Army Model is almost identical to the Model 1908. All types have a 4-inch barrel, stock lug, holdopen device and a letter of the alphabet following the four digit serial number. All are caliber 9mm and will have the date of manufacture over the chamber. According to unofficial sources, approximately 2 million 4-inch barrelled Military Models were produced by both manufacturers, DWM and Erfurl, during the First World War period. In addition to this staggering figure, about 50 million replacement parts were supplied. The majority of these pistols and parts were of DWM manufacture.
Like the military Model, the Naval Model was also exactly the same as the earlier Navy Model of 1908 (1904/08), except for having a wartime date over the chamber. All had the 6-inch barrel, stock lug, 2-position rear sight, and a letter following the serial number. Not nearly as many Navy Models were produced due to the much smaller demands of the junior service.
n 1914, a new model was introduced, “new” consisting of the fitting of an 8-inch barrel to the standard Military Model, and the elimination of the rear sight from the rear toggle link. The caliber was 9mm and the back sight, of tangent type, was on the rear of the barrel just forward of the barrel flange. In this respect, it is similar to that on the Luger Carbine, but the sight itself was not the same. It is adjustable from 100 to 800 meters in 100-meter graduations. One unusual thing about this sight is that it has built-in drift allowance to the left. In other words, when the sight is elevated, it not only moves upward but also to the left to compensate for the drift of the bullet over long ranges. Some front and rear sights are adjustable by means of a tiny set screw on the front sights of Naval models. The Model 1914, or “Long Barrelled Model” as it is sometimes called, was issued complete with a long holster, a shoulder stock and a 32-round helical, or snail, drum. It is claimed that these were issued especially to artillery troops, to machine gun units, and to auxiliary cruisers or “Z” boats in place of a rifle or carbine. The reasoning behind this move was, undoubtedly, that a lighter, smaller and more compact side-arm than the rifle was needed – one that could easily be converted into a pistol-carbine for long range firing, and be much handier for the man who had to serve larger weapons. These “Long Barrelled Models” are quite handy and extremely accurate, and all in all, are a pleasure to fire. The loaded drum makes for a rather bulky weapon but not really as bad as one might think.
After World War I

If there is any period in the complete history of the Luger where almost every rule is broken regarding models, variations, serial numbers, or anything on which a definite conclusion may be based, it is found in the post-World War I period. Perhaps the most important influence upon Luger production after that war was the Treaty of Versailles. This Treaty limited production to calibers not larger than 8mm and barrels no longer than 100mm, or 3 15/16 inches. These restrictions did not require a complete retooling by Luger manufacturers, however, as the pistol is so designed that by merely changing the barrel, and no other parts,the Luger is transformed from one caliber to the other! Because the standard military issue barrel was 4 inches, or l/16th-inch longer than the terms of the Treaty would allow, the barrel had to be shortened in order to conform. The Germans chose a barrel with a length of 3? inches or approximately 98mm. This model became known as the post-War Model, or the Model 1923.
For all practical purposes, the Model 1923 was a Military Model of the 1908/14 type with the two differences of the shorter barrel and smaller caliber. Strangely enough, this Model 1923 was produced almost exclusively for export outside of Germany. The Germans themselves, theoretically restricted by the Treaty of Versailles, continued not only to use the 4-inch barrelled 9mm weapon but also to manufacture them for military and police use inside Germany.
Also under the terms of the Treaty, Germany was permitted to retain an army of 100,000-man strength. These men had to be armed and they assuredly were. In the days immediately following the war, regular Military Models of 1908/14 were issued to this army. These were pistols that had either seen service during the war or were assembled from parts that had been finished but never issued. The only distinctive marking of these particular guns was a new date of issue added to the one already marked over the chamber. Consequently, we find the “two-date” model. (For example, a Luger that already had the date “1918″ over the chamber now had “1920″ above the “1918,” not superimposed upon it. Both dates may be easily distinguished.) These pistols were quickly relegated to the police, however, for whom the “second rate” weapons would suffice, and this double-dating became an outmoded practice very rapidly. In a very few instances, the “two-date” Model may be found with police or military markings on the forward part of the frame, just below the trigger guard.
By 1920 the Germans had begun to manufacture or assemble (probably the latter), “as new” Lugers for the Army. These, too, were EXACTLY like the Model 1908/14 except that they were dated “1920,” “1921″ or “1922.” As I recall, I have never seen any with dates other than these three years. These Lugers were of very fine workmanship, for this period, and appear to have been made entirely of new parts.
Somehow the German Navy benefited by this “stretching” of the limits of the Treaty of Versailles, as Naval Model Lugers have been seen, precisely 1908/14 specifications in all respects, also dated “1920,” etc. and with no other date. Almost all of these types were caliber 9mm! A few have been encountered in caliber 7.65mm, however.
About 1922 the old, established arms firm of Simson & Co. of Suhl, Germany was given a contract to supply Lugers to the 100,000-man Reichswehr. According to reliable sources, they were the only official suppliers of pistols for the 10-year period 1922 to 1932. These Simson & Co. Lugers were assembled from surplus parts left over in large quantities from World War I. In some cases, the receivers were dated. The only date so far seen on Simson & Co. Lugers, however, is that of 1918; the majority of them have the date ground from the receiver ring, leaving it without markings. A few such pieces have been noted chambered for the 7.65mm Luger cartridge. It is more than likely that such pistols were intended for the commercial market, as were possibly a few of those chambered for the 9mm cartridge. Simson & Co. Lugers are identical with the standard Military Model of 1908/14 type, except for markings. All examples observed have 4-inch barrels, stock lug, holdopen, etc. Instead of the DWM trademark, the words “Simson & Co., Suhl” appear on the forward link of the toggle. Lugers assembled by Simson are relatively uncommon but they can hardly be considered “rare”; let’s call them “scarce.”
Great numbers of ex-military issue Lugers were “rejuvenated” and heaped upon the commercial market. Some of these were rebarrelled with “as new” surplus military barrels and others were not rebarrelled at all. Almost all had the dates ground from the receiver ring. Original proof marks were often ground away also and replaced by commercial proof marks of that period. In some cases, the old marks were left on, and one or two commercial ones were added.
An extremely interesting and unusual piece, whether it is of this period or not, is the so-called “Baby” Luger chambered for the 7.65mm Browning, or .32 ACP, cartridge! This strange experimental pistol is reported as “smaller in the overall” than an ordinary Luger, or approximately in the same relation to a standard Luger as the “Baby” Nambu is to a large Nambu Pistol. Very few of these pieces were produced, the number reportedly not more than a dozen. One example has been reported as bearing the serial number “8″ and with the DWM trademark on the toggle. No other specifications have been forthcoming.
Another experimental Luger, certainly worthy of special note, is the “5-shot” or “Pocket” Luger, consisting of a shortened (possibly 2-inch) barrel, normal action and shortened frame, housing a 5-cartridge capacity magazine. The “5-shot” was one of extremely limited production, no more than one or two examples having been produced.
Even before the machine pistol, or sub-machine gun as it is known in this country, first emerged as an accepted military weapon, attempts were made to convert the Luger from semi-automatic to fully automatic fire. Though many attempts were made, none went beyond the experimental stages. This was, undoubtedly, due to the delicate trigger mechanism of the Luger and also to the fact that even in normal semiautomatic firing the ammunition used in a Luger must be fairly well standard in power or the various stoppages common to the Luger will occur.

One very unusual Luger is a Model 1908 of World War I vintage, with a 4-inch barrel and a 12-inch silencer about 1? inches in diameter. A threaded metal disc is permanently attached to the barrel in about the same position as the front sight, which has been removed; the tube, or body, of the silencer screws onto the disc. It is assumed that the tube was filled, at intervals, with rubber or composition baffles and possibly steel wool or some comparable material.
Experiments were conducted at the factory in an attempt to perfect a silencer for the Luger. These tests called for removing “0.36 gram of powder (from the cartridge) and replacing it with only 0.25 gram of powder.” This charge reduction was necessary because the bullet velocity had to be reduced below the speed of sound (1126 feet per second at 68 degrees Fahrenheit) or the silencer could not function efficiently. To further insure the lower velocity the weight of the bullet was increased. However, one problem remained – the silencer functioned as desired, but the pistol would fire only as a single shot. This was because “a Luger with silencer does not function automatically due to the heavier bullet and lesser powder charge, the gas pressure being too small to allow sufficient recoil for normal functioning of the action.” No record of further similar tests has been uncovered.
By 1930 the confusion and restrictions of the post-war period had begun to relax and standardization again became the order of the day. Once more DWM changed hands, finally becoming a member firm of the same holding company that controlled the famous Mauser-Werke at Oberndorf on the Neckar. On May 1, 1930, 800 machines, tools and technicians were transferred from the Berlin branch of the DWM factory to the Oberndorf location. DWM then concentrated on the production of ammunition and Mauser became the foremost supplier of Lugers from that time until production was finally halted in 1942.
While the changeover from DWM to Mauser was taking place, Simson & Co., continued to supply all Lugers to the German government. Their contract with the military was terminated in 1932, however, and no more Lugers were produced by that firm thereafter.
About 1933, when Adolph Hitler rapidly ascended to power, steps were taken to legally sidestep most of the restrictions placed upon Luger production. The point was argued, and won, that as cylinders of revolvers were not considered to be a part of the length of the barrel, neither then should the chamber of the barrel on an automatic pistol be considered when measuring barrel lengths. It was a small task to completely throw off the remaining restrictions and return to the old proven and desired ways of Luger production without the annoying regulations.
Mauser continued to use the old DWM trademark until late in 1934 but in that year secret code names were given to the major producers of war material, and Mauser was assigned the code name “S.” The “S” was replaced almost immediately by “S/42.” At the same time, the commercial Mauser Banner trademark first appeared on Luger Pistols. There was a definite reason behind the using of both the code name “S/42″ and the commercial Mauser Banner. The former were elements of secret production, employed to confuse the manufacturer’s identity. The latter was marked on arms supposedly intended for commercial sales, and a few of them actually reached the commercial market. Most, however, were destined for the rapidly growing German military forces of the early and mid-thirties. To doubly insure their carefully guarded secret from being discovered, pistols were not only marked with the code name but also with a code date of manufacture. Consequently we find “S/42″ Lugers carrying the letters “K,” indicating manufacture in 1934, and “G,” indicating those made in 1935. Production under these circumstances did not get under way until late in 1934, so few pieces bearing the “K” designation will be encountered. Those marked with the letter “G,” or 1935, were in much greater evidence. By the beginning of 1936, the cloak of secrecy was thrown off and Lugers of “S/42″ and “Mauser” manufacture, which were in reality one and the same, were marked with the actual dates in numbers over the chamber. It should be noted that the “K” and “G” markings appeared over the chamber in the exact place where the date would normally have been. The names “S/42″ and “Mauser” were placed on the forward link of the toggle where the scrolled DWM trademark had previously been encountered. Those few Lugers intended for commercial sale carried only the “Mauser” marking, and were without dates or other stampings over the chamber. Examples were produced in both 7.65mm and 9mm calibers. All had barrels 4 inches long.

Mauser, however, was not the only supplier of Lugers in the 1934-35 period – during that time another name was added to the growing list of Luger producers. It has been said Herman G?ring, Marshal of the German Air Force, had a personal interest in weapons produced by the Heinrich Krieghoff Waffenfabrik of Suhl. For one reason or another, G?ring decided that his Luftwaffe would be supplied with Lugers produced by that firm. In those days, however, demand far exceeded ability to supply, and the only manner in which any sizable quantity of Lugers could be obtained in a relatively short time was through the assembly of the millions of spare, or replacement parts left over from World War I. Krieghoff acquired the necessary parts, doubtless through his powerful political connections, and began to assemble the Lugers requested by G?ring Like the Mausers, these were marked with a code date, but not with a code name. Because their full production did not begin until 1935, Krieghoff Lugers are to be found bearing only one code date, an “S,” indicating the year 1935, stamped over the chamber. As Krieghoff’s capacity to produce was on a much smaller scale than that of Mauser, and also because he too marketed a small portion of his total output commercially, it was evidently not deemed necessary for the Krieghoff Lugers to employ a code name. Consequently, as did DWM, Krieghoff marked all of his Lugers with his commercial brand. The trademark of Krieghoff was an anchor, the upright body of which was formed by a dagger pointing downward, the letter “H” on the left side of the anchor and the letter “K” on the right. Directly below was the wording, in two lines, “Krieghoff” and “Suhl.” Some examples, however, bear only the word “Suhl,” the “Krieghoff” having been omitted.
Others, some of which are marked only with the word “Suhl” and still others with both words, are found with the added markings “Heinrich Krieghoff Waffenfabrik, Suhl” in two lines on the left side of the frame.Pieces so marked will usually have a letter “P” preceding the serial number. Those Krieghoff Lugers having the letter “P” before the serial number, may not necessarily have the wording on the side of the frame, however. Guns with the “P” are examples of the few commercial Krieghoff Lugers placed for sale in both 7.65mm and 9mm. Areas over the chamber will be unmarked on these commercial pieces. The trademark is, of course, stamped on the forward link of the toggle. Beginning in 1936 Krieghoff, like Mauser, dated his products with the year of manufacture in numbers. Those Krieghoff Lugers with the code date “S,” or 1935 over the chamber were probably not serial numbered higher than #5,000. Pieces dated “1936″ have been observed from the #5,000 series to the #7,000 series. Unlike those of Mauser manufacture, Krieghoff Lugers do not have a letter following the serial number, though with this one exception, they are numbered in the military system. A few examples may be encountered bearing dates of “1936″ and “1937″ which do not conform to the proper serial number range. These were pieces assembled from already numbered surplus parts at those later dates.

Some of the Mauser-made Lugers will be found bearing not only the commercial Mauser Banner but also carrying a date-stamp over the chamber. Such arms were originally intended for commercial sale, but when the German military forces demanded more Lugers than normal Mauser production could supply, pistols previously set aside for the commercial market were merely stamped with a date and accepted by the Army as regular issue weapons.
In 1936 the secret code names were augmented. Mauser was assigned the code number “42″ in addition to the “S/42″ already in use. It is not unusual, then, to find Lugers bearing the code name “S/42″ and, for example, the date “1936,” and also to encounter “42″ pieces having the same date. To add to the confusion, pieces were also produced bearing the same date, “1936,” and inscribed with the commercial Mauser Banner.
In 1941 yet another code name was given to Mauser, in this case “byf.” Most examples of “byf” Lugers will have black plastic grips, a semi-successful experiment. These “byf” Lugers were in addition to and did not replace the “S/42″, “42″ and “Mauser” types.
According to reliable sources none of the Luger producing firms were permitted to sell their pistols commercially after 1940 or 1941. All production was claimed by the Wehrmacht, the German Armed Forces, who had the power to dispose of any surplus as they saw fit.

In 1945 and 1946 a small quantity of Lugers were assembled from surplus parts left over from 1942, the year in which official production of the Luger was superseded by that of the Walther “P.38.” These were put together at the direction of the French Occupation Forces, in whose zone of occupation the Mauser factory was situated. Exact amounts produced and specifications thereof are not known. Krieghoff, too, assembled a few hundred Luger pistols, in the period following the war, for American occupation troops. It was among these latter that the unusual pieces bearing no date and no name were found.
After exactly 30 years of Army service in Germany progress finally caught up with the Luger when that Government adopted the Walther “Heeres Pistole,” or “P.38″ (Pistol Model 1938), though production continued through necessity until 1942. Switzerland, which since 1924 had produced its own Luger, followed suit in 1948, when the Neuhausen replaced it. The loss of World War II by Germany was the coup de gracefor the Luger. Countries that had been dependent upon Germany for their supplies of the pistol were forced to turn in other directions when their orders could no longer be filled by the Mauser Werke.
Regardless of the fact that it is no longer produced, the Luger is not a “has been” by any means. Over a period of 40 years literally millions were produced, most of which are today in the hands of the military the world over. There are thousands of soldiers, marksmen and gun fanciers to whom it will never lose its value as a weapon for defense, shooting, or as a collector’s item.
Quite possibly Luger production may never again be resumed. Should this prove to be true, all Lugers, especially the rarer ones, will increase in value and the demand will grow. No matter which course the armies of the world pursue, the Luger is now and shall always remain one of the greatest handguns in history.
Editor’s Note: This is a sample article from Gun Digest Research, where you  can search thousands of archived Gun Digest Annual Book archives. To learn more go to http://research.gundigest.com.
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