quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Estados Unidos e América latina no século XIX

    No século XIX, as relações entre os Estados Unidos e a América Latina foram moldadas por uma série de eventos e políticas que refletiam a expansão territorial americana, o imperialismo e a intervenção direta na região. Este período foi marcado pela Doutrina Monroe, anunciada em 1823 pelo presidente James Monroe, que estabelecia o continente americano como uma esfera de influência exclusiva dos EUA, visando impedir a recolonização europeia após as independências latino-americanas. A doutrina também refletia a visão expansionista americana, conhecida como "Destino Manifesto", que justificava a expansão territorial dos Estados Unidos como um direito divino e natural.

    A expansão para o oeste foi uma das maiores realizações da política territorial dos EUA no século XIX. Com a compra da Louisiana em 1803, a anexação do Texas em 1845, e a Guerra Mexicano-Americana (1846-1848), os EUA dobraram seu território, chegando até o Oceano Pacífico. A Guerra Mexicano-Americana, em particular, resultou na perda de mais de um terço do território mexicano, incluindo os atuais estados da Califórnia, Arizona e Novo México, e consolidou o poder dos EUA na América do Norte. Este avanço intensificou o interesse econômico e militar na América Latina, especialmente em áreas estratégicas como o Caribe e a América Central.

   Outro fator importante foi a Guerra Civil Americana (1861-1865), que teve efeitos indiretos na América Latina. A vitória do Norte, industrial e antiescravagista, consolidou o poder federal e influenciou a política externa dos EUA, que passou a intensificar a sua presença na América Latina após o fim do conflito. A guerra também interrompeu temporariamente a expansão territorial dos EUA e levou o país a buscar novas formas de projeção de poder, como o imperialismo econômico.

    No final do século XIX, os Estados Unidos adotaram uma postura mais agressiva e intervencionista em relação à América Latina. Em 1898, a Guerra Hispano-Americana marcou o início do imperialismo norte-americano no Caribe, resultando na anexação de Porto Rico e na ocupação de Cuba. Ao mesmo tempo, os EUA buscaram expandir seu controle sobre a América Central, principalmente em relação à construção de um canal que ligasse os oceanos Atlântico e Pacífico, o que culminaria mais tarde com a construção do Canal do Panamá.

    Essas intervenções consolidaram a hegemonia dos EUA sobre a América Latina e criaram uma base para o "Big Stick" e a Doutrina do Corolário Roosevelt, políticas do início do século XX que formalizariam a intervenção americana na região sempre que necessário. No século XIX, os EUA moldaram sua política externa com base no interesse econômico e estratégico, estabelecendo-se como potência regional e lançando as bases para o imperialismo no continente.

Você quer saber mais?

BETHELL, Leslie. História da América Latina: da independência a 1870. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1999.

LYNCH, John. As revoluções hispano-americanas 1808-1826. 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004.

HOBSBAWM, Eric J. A era das revoluções: 1789-1848. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

SKIDMORE, Thomas E.; SMITH, Peter H. História contemporânea da América Latina. 8. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2010.

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

3T- Das unificações italiana e alemã até à abolição da escravidão

 Unificação italiana e alemã

Embalada pelo Primavera dos Povos de 1848, o reino de Piemonte-Sardenha, mais industrializado da península itálica, deu início a um processo de unificação. Em 1859, o primeiro ministro conde de Cavour, apoiado por Napoleão III, da França, derrotou as forças austríacas e incorporou diversos territórios ao norte da península. No sul, o republicano Giuseppe Garibaldi, organizou os camponeses no exército dos camisas vermelhas, tomam o Reino das Duas Sicílias. Com essa vitória, em 1861, a unificação da Itália foi concretizada por Vitor Emanuel II, rei do Piemonte-Sardenha, foi proclamado rei da Itália. Em 1866, Veneza é incorporada e em 1870 a cidade de Roma é anexada e a unificação concluída. Desde o Congresso de Viena de 1815, a Alemanha estava dividida em vários Estados, reunidos na Confederação Germânica. Liderados pelo Império Austríaco e pela Prússia. Em 1862, por escolha de Guilherme I, rei da Prússia, Otto von Bismarck assumiu o cargo de chanceler. Ele foi um dos principais líderes da Restauração e se transformou na figura mais importante da unificação alemã. Bismarck para despertar  sentimento nacional dos alemães, escolheu a guerra. Dominou regiões ao norte ocupadas pela Dinamarca, depois declarou guerra a Áustria e vitorioso reunião todos os Estados do Norte na Confederação Germânica do Norte, liderada pela Prússia. Mais tarde na Guerra Franco-Prussiana anexou a Alsácia-Lorena, rica em carvão. Em 1871, Guilherme I foi coroado imperador da Alemanha, e Bismarck tornou-se chefe militar do país.

Consequências da Guerra do Paraguai

As causas da Guerra do Paraguai estão centradas no processo de formação das nações platinas no contexto da segunda metade do século XIX. Cada nação possuía seus interesses econômicos e políticos, e a defesa desses interesses causou o choque entre o Paraguai e Brasil, Argentina e Uruguai. A guerra deixou grandes prejuízos tanto no Brasil como no Paraguai, que foi arrasado. Aproximadamente 70% da população masculina foi dizimada e o que restou eram velhos, crianças e mutilados de guerra. Com relação ao Brasil, a contenda custou milhares de vidas e afetou bastante a economia, sendo necessário tomar vários empréstimos para manter o equilíbrio financeiro. A Inglaterra não participou diretamente do conflito, porém foi o único  país a lucrar com ela.

Características do Segundo Reinado no Brasil

O Segundo Reinado é o momento em que o Brasil se consolida como nação. O regime político do país era a monarquia parlamentarista, onde o Imperador escolhia o Presidente do Conselho (equivalente ao cargo de primeiro-ministro) através de uma lista com três nomes. No plano econômico, o café adquire importância fundamental, sendo o produto mais exportado pelo Brasil. Chegam as primeiras ferrovias e barcos a vapor com o objetivo de melhorar a circulação do chamado "ouro negro". Em meio à prosperidade cafeeira, o Brasil se encontra num dilema, pois quem trabalhava nas plantações de café eram pessoas escravizadas. Desde o governo de Dom João VI, o país havia se comprometido a abolir a escravidão. No entanto, a elite cafeeira se opunha, pois isso acarretaria perdas econômicas. A solução é terminar com o trabalho servil de forma gradual. Será no Segundo Reinado que o Brasil se vê às voltas com o maior conflito armado da América do Sul: a Guerra do Paraguai. Por fim, sem apoio das elites rurais e do exército, a monarquia é derrubada através de um golpe militar. A Família Imperial é obrigada a deixar o país e se instala a república.

Marcos da Segunda Revolução Industrial

    Da mesma forma que o uso do carvão  e do ferro marcou a industrialização inglesa do século XVIII, o aço, o petróleo e a eletricidade se transformaram em símbolos da Segunda Revolução Industrial, que, ao contrário da primeira, se espalhou por vários países. Algumas das principais descobertas desse período foram: O Processo Bessemer, descoberto em 1856 por Henry Bessemer, a injeção de um jato de ar frio no minério de ferro em fusão permitia retirar as impurezas do minério e obter o aço. Em 1870, o motor de combustão interna, que transforma a energia térmica em mecânica por meio da queima de combustíveis. A invenção do dínamo, em 1870 que transforma energia mecânica em energia elétrica.

Capitalismo financeiro e sua influência no imperialismo na África, Índia e na China

    Nas últimas décadas do século XIX, a economia capitalista se expandiu enormemente. As indústrias passaram a ser controladas por bancos e instituições financeiras. Com isso, elas se capitalizaram e puderam ampliar ainda mais seus negócios. Tomava forma o capitalismo financeiro. A necessidade  de novos mercados e de novas fontes de matérias-primas tornou-se mais urgente. Os países mais industrializados da Europa passaram então a buscar mercados consumidores para seus produtos em outras regiões do planeta, como África, China e Índia. Ao dominar novos territórios e transformá-los em colônias as nações industrializadas formaram impérios.

Rebelião Ashanti

    Uma das revoltas mais significativas contra o domínio britânico na África, ocorreu entre os anos de 1890-1900. 

Ópio

    Em 1836, apesar de não exercer o domínio político na China, a Companhia das Índias Orientais Britânicas comercializavam com o território chinês. E o ópio era o principal produto comercializado.

Revoltas do Período Regencial

    Durante o Período Regencial no Brasil, houve diversas revoltas provinciais, que ameaçaram dividir o jovem Estado brasileiro em diferentes repúblicas. As principais revoltas foram: Sabinada (Bahia, 1837), Revolta dos Malês (Salvador, 1835), Balaiada (Maranhão, 1838-1841), Cabanagem (Grão-Pará, 1835-1840), As Rusgas Cuiabanas (Mato Grosso, 1834) e Guerra dos Farrapos (Rio Grande do Sul, 1835-1845).

Partido Conservador e Partido Liberal no Segundo Reinado

   Durante o Segundo Reinado no Brasil existiam duas forças políticas principais, o Partido Conservador e o Partido Liberal. Respectivamente suas principais características eram: Em essência eram semelhantes, pois ambos representavam os interesses da aristocracia rural. Mas, enquanto o Partido Liberal tinha uma base urbana e de fendiam mais autonomia nas províncias, o Partido Conservador representava os setores agrários favoráveis à centralização.

Abolição da escravidão

    A abolição da escravidão no Brasil foi lenta e gradual, e seus principais momentos foram: 1850-Lei Eusébio de Queiroz proíbe o tráfico de escravos; 1871-Lei do Ventre Livre declara livres os filhos nascidos a partir dessa data; 1885-Lei dos Sexagenários liberta os escravos com mais de 60 anos; 1888-Lei Áurea assinada pela princesa Isabel abole a escravidão definitivamente do Brasil.

Mapa

Império do Brasil, China, Índia e continente africano.

3T- Da Guerra Fria ao período de redemocratização no Brasil

Guerra Fria

A Guerra Fria foi um conflito ideológico, econômico e político entre os Estados Unidos e União Soviética por zonas de influência no mundo. Os E.U.A representavam os interesses capitalistas e a U.R.S.S os  interesses socialistas/comunistas. Iniciou-se em 1947 com a Doutrina Truman, onde os E.U.A oferecia ajuda a qualquer país que quisesse conter o avanço comunista. Foi seguido pelo Plano Marshall que concedia empréstimos a juros baixos aos governos europeus ocidentais para auxiliá-los a reconstruir suas economias. Em 1949 é criada a OTAN, Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma aliança militar de países capitalistas. Temendo as políticas do E.U.A a U.R.S.S cria em 1947 o Cominform para controlar as ideologias dos Partidos Comunistas da Europa Oriental e em 1949 surge o Comecon, Conselho de Assistência Econômica Mútua para integrar as economias comunistas  do bloco europeu. Por fiim em 1955 é criado o Pacto de Varsóvia, a aliança militar do bloco soviético. A partir daí os conflitos de fato se manterão nas periferias como a Guerra do Vietnã, Coréia, Cuba e Afeganistão, enquato Estados Unidos e União Soviética nunca entrarão em guerra de fato, devido ao perigo nuclear, daí a designação de Guerra Fria, que perdurará até 1991.

Revolução socialista na China

    Em 1911, um movimento nacionalista depôs o imperador da China e proclamou a república. Ao mesmo tempo, vários grupos iniciaram uma guerra civil pelo poder; entre eles, um movimento revolucionário de inspiração socialista, liderado por Mao Tsé-tung. Esse movimento revolucionário derrotou o governo capitalista e chegou ao poder, apoiado pelos camponeses, estabelecendo a República Popular da China, em 1949.

Crise dos Mísseis de 1962

    Em 1961, Cuba se proclamou um país socialistas. Em abril do mesmo ano os Estados Unidos tenta derrubar o governo de Fidel Castro, invadindo Cuba peal Baía dos Porcos. No entanto, a ação fracassou aumentando as tensões entre os dois países. A tentativa de invasão levou Cuba a estabelecer, em 1962, uma aliança com a União Soviética, que se concretizou com a instalação de mísseis soviéticos na ilha. O governo dos Estados Unidos reagiu decretando um bloqueio naval a Cuba e exigindo a retirada imediata dos mísseis do país. Criou um enorme clima de tensão internacional. Durante treze dias, o mundo acreditou estar à beira  de uma nova guerra mundial, dessa vez de proporções nucleares. Sob a supervisão da ONU, os soviéticos concordaram em retirar os mísseis de Cuba, com a condição de os Estados Unidos removerem seus mísseis da Turquia.

Formação do Estado de Israel

    Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo inteiro tomou conhecimento do massacre de milhões de judeus organizado pelo Estado nazista de Adolf Hitler. Além disso, a população judaica que havia sobrevivido ao Holocausto, em geral sem recursos para garantir sua sobrevivência, era vista como um encargo que os governos europeus não estavam dispostos a assumir. Assim, o movimento sionista se fortaleceu, e, entre 1945-1948, aproximadamente 85 mil judeus foram viver na Palestina. Porém a região não era desabitada, era ocupada por palestinos de origem árabe o que gerou conflitos. Quando a situação se tornou insustentável, a ONU aprovou, em 1947,a divisão da Palestina em dois Estados um árabe e outro judeu.

Fatores que levaram a independência africana

    A crise do colonialismo  causada pela Primeira e Segunda Guerra Mundial que colocou em xeque os discurso da ideologia da superioridade branca. Ficou evidente que a origem do soldado não influenciava sua capacidade de atuação. Os africanos também puderam comparar suas condições de vida com as dos europeus. Também não houve reconhecimento por seus esforços de guerra ao lado colonizadores. Devido as guerras muitos oficiais de administradores brancos tiveram que ser enviados para Europa, permitindo que nativos ocupassem cargos importantes  na administração colonial. Com a Guerra Fria e a busca por zonas de influência criou-se um contexto internacional favorável a independência. O Pan-africanismo, surgiu em consequência  da constituição de uma elite intelectual nativa  com as bases ideológicas dos movimentos pela independência. 

Política de segregação racial sul-africana

    Apartheid, uma legislação que classificou os sul-africanos em brancos, mestiços, negros e indianos e segregou as etnias nativas. Estabeleceu acessos separados para negros nas escolas, praias, clubes, ônibus, universidades e outros espaços de convivência; proibiu os casamentos inter-raciais.

Processos de independência no Oriente Médio

   Tiveram início ao final da Primeira Guerra Mundial com a derrota e a desagregação do Império Turco-Otomano. 

Governo de Juscelino Kubitschek

    Durante os anos de 1956-1961, durante o governo de Juscelino Kubitschek, com seu slogan de “fazer o Brasil progredir cinquenta anos em cinco”. O Brasil teve uma grande euforia em razão do crescimento econômico, resultado, em grande parte dos incentivos ao desenvolvimento industrial, e da construção de uma nova capital.

Intervenção civil-militar no Brasil

    Após a renúncia do presidente Jânio Quadros e a nomeação de seu vice, Jango (João Goulart) como presidente em 1961, o Brasil passou por uma instabilidade política devido ao apoio de Jango aos movimentos sociais. O que foi vista pelos conservadores como o primeiro passo para adoção do comunismo no Brasil. A consequência desses eventos foram a organização da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, uma manifestação contra Jango, que culminou na mobilização de tropas militares de Minas Gerais para o Rio de Janeiro onde estava Jango. Na madrugada do dia 2 de abril de 1964, o Congresso Nacional declarou vaga a presidência da república, empossando o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, no lugar de Jango. Iniciava-se a ditadura civil-militar no Brasil.

Fim da intervenção civil-militar no Brasil

    O fim da ditadura civil-militar no Brasil, ocorreu em 1985 com a eleição de um presidente civil pelo Colégio Eleitoral. O nome desse presidente eleito era Tancredo Neves do PSD, partido da oposição ao regime militar.

Mapa 

    Estados Unidos, União Soviética, Brasil, China, Israel e Cuba.

Os governos dos presidentes José Sarney e Fernando Collor de Mello

    José Sarney e Fernando Collor de Mello governaram o Brasil em um período de intensa transformação política e econômica, marcado pelo fim da ditadura militar e a consolidação da democracia. Sarney (1985-1990) enfrentou desafios econômicos e participou da criação da Constituição de 1988, garantindo avanços democráticos. Já Collor (1990-1992), eleito pelo voto direto, adotou políticas de combate à inflação e abertura econômica, mas seu governo foi interrompido pelo primeiro impeachment da história do país, em meio a denúncias de corrupção.     

Governo José Sarney (1985-1990)

    O governo de José Sarney marcou uma fase de transição importante na história do Brasil, após o fim da ditadura militar e a retomada do processo democrático. Sarney assumiu a presidência em 1985, após a morte de Tancredo Neves, que havia sido eleito indiretamente. Enfrentou desafios como a hiperinflação e a necessidade de estabilização econômica. Para tentar conter a inflação, instituiu o Plano Cruzado em 1986, congelando preços e salários, mas a medida teve efeitos temporários e foi seguida por uma volta da inflação. Em 1988, durante seu mandato, foi promulgada a nova Constituição, um marco importante na garantia dos direitos civis e sociais, assegurando avanços na democracia brasileira. Contudo, a economia instável e as dificuldades de governabilidade geraram críticas ao seu governo. Mesmo com suas limitações, Sarney abriu caminho para a continuidade da redemocratização do país e contribuiu para a construção de uma base política mais democrática.

Governo Fernando Collor de Mello (1990-1992)

   Fernando Collor de Mello assumiu a presidência em 1990 com um discurso de modernização e combate à corrupção, sendo o primeiro presidente eleito por voto direto após o período militar. Em seu governo, implementou o Plano Collor, que promoveu o congelamento dos ativos financeiros da população e cortes nos gastos públicos, buscando conter a inflação, mas gerou descontentamento social pela perda de poupanças e impacto econômico. Collor também iniciou políticas de abertura econômica, incentivando a competição com produtos importados e privatizando empresas estatais. No entanto, denúncias de corrupção envolvendo Collor e seu tesoureiro Paulo César Farias desgastaram rapidamente sua popularidade. Em 1992, após investigações e pressões populares, Collor sofreu impeachment, tornando-se o primeiro presidente brasileiro a perder o cargo por um processo de impedimento, encerrando seu mandato de forma turbulenta e marcando a história política do Brasil.

Você quer saber mais?

CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 13. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.

SKIDMORE, Thomas E. Brasil: de Castelo a Tancredo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

GASPARI, Elio. A Ditadura Derrotada. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 14. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2013.

MEDEIROS, André de Carvalho. Os governos José Sarney e Fernando Collor de Mello: uma análise da política econômica. Brasília: Editora da UnB, 2004.

domingo, 27 de outubro de 2024

Imperialismo e neocolonialismo

    O neocolonialismo, ocorrido entre o final do século XIX e início do século XX, foi um período em que potências europeias ampliaram sua influência e dominação sobre territórios na África, Ásia e Oceania, motivadas pela necessidade de matérias-primas e novos mercados. Esse processo, impulsionado pela Revolução Industrial, visava suprir a demanda crescente por recursos naturais como ouro, diamante, petróleo e borracha, ao mesmo tempo em que oferecia às metrópoles uma base de consumo e investimento para os produtos manufaturados. No entanto, ao expandirem suas influências, esses países também levaram elementos culturais, tecnológicos e infraestruturas para as colônias, alterando de forma complexa as dinâmicas locais.

    A Conferência de Berlim (1884-1885) oficializou a divisão do continente africano entre as potências europeias, marcando o auge do neocolonialismo. Regiões como o Congo Belga, sob domínio da Bélgica, passaram por profundas mudanças econômicas e sociais. O Congo tornou-se um grande fornecedor de borracha, recurso estratégico para o desenvolvimento industrial europeu, mas enfrentou também desafios relacionados ao modelo de exploração intensa. Na Ásia, a Índia foi transformada em uma colônia britânica com infraestrutura moderna, como ferrovias e redes de comunicação, embora o país fosse igualmente utilizado para exportar matéria-prima e consumir produtos britânicos. A China, por sua vez, foi alvo de interesses comerciais de diversas potências ocidentais e do Japão, que buscavam abrir o mercado chinês e controlar importantes portos, resultando em concessões comerciais e zonas de influência que moldaram a economia chinesa por décadas.

    Embora o neocolonialismo tenha causado impactos complexos e, em alguns casos, conflitos, ele também incentivou intercâmbios culturais e tecnológicos. Estruturas de transporte, como ferrovias, sistemas de comunicação e redes de ensino, foram implementadas, contribuindo para a modernização dessas regiões. Assim, o neocolonialismo, além de ter sido uma fase de dominação e exploração, trouxe transformações que influenciam a história e a economia dos países até hoje, deixando um legado que ainda desperta reflexões sobre suas consequências e interações.

Você quer saber mais?

HOBSBAWM, Eric. A era dos impérios: 1875-1914. São Paulo: Paz e Terra, 2015.

SAID, Edward. Cultura e imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Império. Rio de Janeiro: Record, 2001.

domingo, 20 de outubro de 2024

Invasões francesas na América portuguesa

    As invasões francesas no Brasil ocorreram durante o período colonial, no século XVI, quando a França buscava expandir seu império e explorar as riquezas do Novo Mundo. Ao longo desse período, ocorreram duas tentativas principais de colonização francesa em território brasileiro, uma no Rio de Janeiro e outra no Maranhão, ambas com forte impacto nas disputas territoriais e comerciais da época.

França Antártica (1555-1567)

    A primeira invasão francesa aconteceu em 1555, quando Nicolas Durand de Villegaignon, vice-almirante francês, liderou a expedição que resultou na fundação da colônia chamada França Antártica, na Baía de Guanabara, onde hoje está o Rio de Janeiro. Villegaignon construiu um forte na ilha de Serigipe, conhecida hoje como Ilha de Villegaignon, com o objetivo de estabelecer uma colônia permanente e criar uma base de operações na América do Sul. A França Antártica foi composta por uma população mista de católicos e protestantes, incluindo calvinistas que buscavam fugir das perseguições religiosas na Europa.

   Entretanto, conflitos internos, especialmente entre católicos e calvinistas, e dificuldades de sobrevivência fragilizaram a colônia. Preocupados com a presença francesa, os portugueses organizaram uma expedição para retomar o controle da região. Em 1560, o governador-geral Mem de Sá enviou uma frota que destruiu o forte francês. No entanto, os franceses resistiram em áreas próximas até que, em 1567, Estácio de Sá, sobrinho de Mem de Sá, lançou uma nova ofensiva militar que resultou na expulsão definitiva dos franceses e na fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, garantindo o domínio português.

França Equinocial (1612-1615)

    A segunda tentativa de invasão francesa aconteceu em 1612, desta vez no Maranhão. Daniel de la Touche, senhor de La Ravardière, comandou uma expedição que resultou na fundação da França Equinocial. Os franceses estabeleceram a cidade de São Luís, nomeada em homenagem ao rei Luís XIII da França, com o objetivo de controlar o comércio na região norte do Brasil e expandir sua influência na América equatorial.

    Inicialmente, a França Equinocial contou com o apoio de tribos indígenas locais, o que facilitou sua instalação. No entanto, a presença francesa no Maranhão incomodou os portugueses, que logo organizaram uma expedição para retomar o controle da área. Em 1615, Jerônimo de Albuquerque liderou uma ofensiva que derrotou os franceses, incorporando definitivamente a região ao domínio português.

    Essas invasões francesas revelam as tensões coloniais e comerciais entre as potências europeias pelo controle do território brasileiro. Ambas as tentativas foram frustradas, mas deixaram marcas importantes na história do Brasil, como a fundação da cidade do Rio de Janeiro e o desenvolvimento inicial da cidade de São Luís.

Você quer saber mais?

CALDEIRA, Jorge. Náufragos, traficantes e degredados: as primeiras expedições ao Brasil, 1500-1531. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

NOVAIS, Fernando A. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial (1777-1808). São Paulo: Hucitec, 1985.

SILVA, José Custódio de Sá e Faria. As invasões francesas no Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1987.

A estrutura de um feudo

    O feudo, estrutura central do sistema feudal, era uma grande propriedade de terra que servia como base econômica, social e política da Idade Média. Dividido em várias partes, cada uma desempenhava um papel essencial na organização produtiva e na vida cotidiana dos habitantes. A organização interna dos feudos variava, mas geralmente seguia um padrão comum em toda a Europa feudal.

Reserva senhorial

    A reserva senhorial era a parte da terra destinada exclusivamente ao senhor feudal. Era a área de produção direta sob o controle do senhor, onde os camponeses trabalhavam gratuitamente através de corveias, um tipo de imposto pago em trabalho. Nessa porção do feudo, eram cultivados os alimentos que abasteciam o castelo e as propriedades do senhor. A reserva era sempre a parte mais produtiva e bem cuidada da propriedade, garantindo a subsistência do senhor e sua família.

Manso servil

   O manso servil, também chamado de tenência, era a parte do feudo onde os servos e vilões cultivavam suas próprias terras. Eles podiam utilizar esse espaço para plantar alimentos para o consumo pessoal e familiar, mas, em troca, deviam prestar serviços e pagar tributos ao senhor feudal, como a talha, uma parte da produção que era entregue ao senhor. Esses camponeses viviam em aldeias dentro da propriedade feudal, próximas ao manso servil.

Manso comunal

    O manso comunal consistia em terras de uso coletivo, acessíveis a todos os camponeses. Essas áreas incluíam pastagens, florestas e rios, onde os servos podiam caçar, pescar e coletar lenha. Era uma área essencial para complementar a subsistência das famílias camponesas, já que oferecia recursos que não eram produzidos diretamente nas terras privadas. No entanto, o uso do manso comunal também estava sujeito a restrições impostas pelo senhor feudal.

Castelo

    O castelo era a residência do senhor feudal e o centro administrativo e militar do feudo. Além de servir como habitação da nobreza, também funcionava como fortificação, oferecendo proteção contra invasores e revoltas. O castelo simbolizava o poder e a autoridade do senhor sobre o feudo e seus habitantes. Durante períodos de guerra ou invasões, os camponeses podiam buscar refúgio temporário dentro das muralhas do castelo.

Igreja

    A igreja ou capela era outro elemento essencial do feudo. A religião ocupava uma posição central na vida feudal, e cada feudo possuía uma igreja que servia à comunidade local. O clero, além de orientar espiritualmente os camponeses, também recolhia o dízimo, um imposto que consistia em 10% da produção agrícola, destinado à manutenção da Igreja. A presença da igreja reforçava o poder ideológico do cristianismo sobre a vida cotidiana dos habitantes do feudo.

Vilarejo

    O vilarejo, ou aldeia, era onde residiam os servos, vilões e artesãos do feudo. Era composto por pequenas habitações de madeira e palha, próximas às terras cultivadas, e abrigava a maior parte da população feudal. O vilarejo era a base da vida comunitária, onde os camponeses viviam em condições simples, trabalhando para garantir sua subsistência e cumprir as obrigações para com o senhor feudal.

Você quer saber mais?

BLOCH, Marc. A sociedade feudal. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

LE GOFF, Jacques. A civilização do ocidente medieval. 3. ed. São Paulo: Vozes, 2015.

DUBY, Georges. Guia da Idade Média: o ocidente feudal. São Paulo: Estação Liberdade, 1993.

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

As invasões holandesas no Brasil

    As invasões holandesas no Brasil ocorreram no contexto das disputas coloniais entre as potências europeias no século XVII. A Holanda, que à época era uma potência emergente e rival da Espanha, tinha grande interesse no comércio de açúcar, que prosperava na região nordeste do Brasil. Em 1580, a União Ibérica unificou as coroas de Portugal e Espanha, levando a Holanda a buscar novas formas de controlar o comércio de açúcar, já que os espanhóis eram seus inimigos. Entre 1624 e 1625, os holandeses realizaram a primeira invasão, capturando Salvador, então capital da colônia portuguesa. No entanto, essa ocupação foi de curta duração, sendo a cidade retomada por uma força luso-espanhola.

    A segunda invasão holandesa começou em 1630, desta vez em Pernambuco, o principal centro de produção de açúcar da colônia. Com a conquista de Olinda e Recife, os holandeses passaram a controlar uma vasta área do Nordeste, incluindo as capitanias da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. O objetivo da invasão era estabelecer o controle do comércio açucareiro e explorar economicamente a colônia.

    Entre 1637 e 1644, o Brasil holandês foi governado por Maurício de Nassau, que trouxe um período de relativa estabilidade e progresso. Nassau incentivou o desenvolvimento urbano, a construção de estradas e pontes, além de promover pesquisas científicas e a tolerância religiosa entre colonos. Recife foi modernizada e se tornou um importante centro cultural e econômico durante seu governo. Ele também tentou reconciliar os interesses dos senhores de engenho portugueses e a Companhia das Índias Ocidentais, que financiava a colonização holandesa.

   Contudo, após sua saída em 1644, devido a desentendimentos com a Companhia, a situação se deteriorou. Os holandeses enfrentaram dificuldades financeiras e a resistência luso-brasileira cresceu, resultando nas batalhas dos Guararapes (1648 e 1649), onde as forças luso-brasileiras, compostas por brancos, negros e indígenas, uniram-se contra o domínio holandês. Essas vitórias foram decisivas para a expulsão dos holandeses, consolidada em 1654, após a rendição em Recife.

    As invasões holandesas deixaram um impacto duradouro na história do Brasil, tanto na economia, que sofreu grandes perdas com a destruição de engenhos, quanto na cultura, pela influência arquitetônica e científica que os holandeses trouxeram para o Nordeste.

Você quer saber mais?

Boxer, Charles R. A História do Brasil Holandês. São Paulo: Editora Unesp, 1996.

Pereira, João Pedro. Os Holandeses no Brasil: A História das Invasões e da Conquista do Nordeste. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

Lima, Jorge. A Invasão Holandesa e a Resistência Pernambucana: O Papel de Maurício de Nassau. Recife: Editora Universitária, 2010.

Os militares presidentes do Brasil (ditadura civil-militar).

    Os governos dos presidentes militares do Brasil ocorreram durante o período da Ditadura Militar, entre 1964 e 1985. Esse período foi marcado por uma série de golpes, repressão política, censura, mas também por algumas iniciativas de desenvolvimento econômico e infraestrutura. O regime teve cinco presidentes militares: Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo.

    Castelo Branco (1964-1967) foi o primeiro presidente do regime militar. Seu governo focou na estabilização econômica, criando o PAEG (Programa de Ação Econômica do Governo) para controlar a inflação e estimular o crescimento econômico. Ele também aprovou o AI-2 (Ato Institucional nº 2), que extinguiu os partidos políticos existentes e instaurou o bipartidarismo com a Arena e o MDB.

  Costa e Silva (1967-1969) enfrentou uma crescente oposição ao regime, especialmente de movimentos estudantis e intelectuais. Para lidar com isso, ele implementou o Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 1968, que deu ao governo plenos poderes para fechar o Congresso, intervir nos estados e municípios, cassar mandatos e suspender direitos civis, tornando o regime mais autoritário. Seu governo terminou abruptamente por causa de problemas de saúde.

    Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) é lembrado pelo período mais repressivo da ditadura, com forte censura à imprensa, perseguição e tortura de opositores, especialmente guerrilheiros urbanos e rurais. Ao mesmo tempo, o governo de Médici foi marcado pelo chamado "Milagre Econômico", com crescimento do PIB em níveis elevados, impulsionado por obras de infraestrutura, como a construção da Transamazônica e da ponte Rio-Niterói. No entanto, a desigualdade social aumentou.

    Ernesto Geisel (1974-1979) adotou uma política de abertura lenta, gradual e segura, começando um processo de transição para a democracia. Geisel iniciou a distensão política, enfrentando resistências internas dos setores mais radicais das Forças Armadas. Seu governo suspendeu o AI-5 em 1978 e promoveu a reforma partidária, que permitiu o surgimento de novos partidos. No entanto, a repressão ainda continuou, como foi o caso do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, que gerou grande repercussão.

   João Figueiredo (1979-1985) foi o último presidente militar e deu continuidade ao processo de abertura política iniciado por Geisel. Em 1979, aprovou a Lei da Anistia, que permitiu o retorno de exilados políticos e perdoou crimes cometidos tanto por militares quanto por opositores. Seu governo enfrentou uma grave crise econômica, com alta inflação e crescimento da dívida externa. A insatisfação popular crescia, impulsionando movimentos por eleições diretas, como a campanha das "Diretas Já". Em 1985, após eleições indiretas, o civil Tancredo Neves foi eleito, encerrando o ciclo militar.

    Esse período da história brasileira deixou marcas profundas na política e na sociedade, com legados que ainda são debatidos até hoje.

Você quer saber mais?

Skidmore, Thomas E. Brasil: De Castelo a Tancredo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

Gaspari, Elio. A Ditadura Envergonhada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

Dreifuss, René Armand. 1964: A Conquista do Estado. Rio de Janeiro: Vozes, 1981.

Fico, Carlos. O Grande Irmão: Da Espionagem à Filtragem na Ditadura Militar Brasileira (1964-1985). São Paulo: Civilização Brasileira, 2008.

Martins Filho, João Roberto. O Poder Militar no Brasil: Política e Ideologia no Exército Brasileiro (1964-1984). São Paulo: Hucitec, 1995.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

A abolição da escravidão no Brasil

        A abolição da escravidão no Brasil, consumada em 13 de maio de 1888, foi um marco histórico que transformou a sociedade brasileira. Esse processo de libertação foi impulsionado por diversos fatores, incluindo a pressão interna de abolicionistas e a influência internacional do movimento abolicionista. Entre os protagonistas dessa luta estava a Princesa Isabel, filha do Imperador Dom Pedro II, que se destacou como uma fervorosa defensora da causa abolicionista.

        A Princesa Isabel, muitas vezes chamada de "Redentora", assumiu a regência do Brasil em duas ocasiões, enquanto seu pai viajava à Europa. Durante sua primeira regência, em 1885, ela já havia assinado a Lei do Ventre Livre, que libertava os filhos de escravas nascidos a partir daquela data. Esse passo significou um avanço significativo na luta pela liberdade, mas a escravidão ainda persistia.

        Com a crescente pressão da sociedade civil, incluindo grupos abolicionistas, intelectuais e artistas, a necessidade de uma mudança definitiva tornou-se evidente. A Casa de Bragança, da qual a Princesa Isabel fazia parte, desempenhou um papel essencial nesse processo. Os membros da família real, especialmente Dom Pedro II, sempre foram contrários à escravidão, reconhecendo sua incompatibilidade com os ideais de justiça e liberdade.

        A assinatura da Lei Áurea foi um ato de coragem e comprometimento da Princesa Isabel. Ela não hesitou em tomar essa decisão, mesmo ciente de que isso poderia gerar descontentamento entre os setores que sustentavam o sistema escravocrata. Ao abolir a escravidão, Isabel não apenas libertou milhões de brasileiros, mas também posicionou o Brasil no contexto global como uma nação que caminhava para a modernidade e a igualdade.

        A determinação e fé da Princesa Isabel serviu como símbolo de esperança e mudança para os que lutavam pela abolição. Sua determinação e fé na liberdade ajudaram a moldar o futuro do Brasil. A abolição, embora tenha sido um triunfo, também trouxe desafios, como a falta de políticas públicas para integrar os ex-escravizados na sociedade.

        Com a abolição da escravidão, o Brasil passou por uma transformação profunda. A Princesa Isabel, ao agir em prol da justiça social, deixou um legado que perdura até hoje, destacando-se como uma das figuras mais emblemáticas da luta pela liberdade. A Casa de Bragança, ao abraçar a causa abolicionista, mostrou que a nobreza também poderia ser um agente de mudança e defender os direitos humanos, pavimentando o caminho para um Brasil mais justo e igualitário.

Você quer saber mais?

Silva, Manuel Nery. A Abolição da Escravatura no Brasil: Uma Questão de Justiça. São Paulo: Editora Moderna, 1998.

Freyre, Gilberto. Casa-Grande & Senzala. São Paulo: Global Editora, 2008.

Oliveira, Darlene F. de. A Abolição da Escravidão: Um Estudo das Propostas de Libertação dos Escravizados no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 2005.

Holloway, Thomas. A Abolitionist's Guide to Brazilian History: A Comparative Perspective on the Abolition of Slavery in Brazil. New York: Cambridge University Press, 2018.

Almeida, Maria Helena Moreira de. A Princesa Isabel e a Abolição da Escravidão. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1997.

Feudalismo, uma breve introdução.

            O feudalismo foi um sistema político, econômico e social que predominou na Europa durante a Idade Média, aproximadamente entre os séculos IX e XV. Esse modelo era caracterizado pela descentralização do poder, onde grandes proprietários de terras, os senhores feudais, detinham autoridade sobre extensas regiões, enquanto o poder central, como o do rei, era muitas vezes limitado.

       A base econômica do feudalismo era a agricultura, e as terras eram divididas em feudos. Os camponeses, principalmente os servos, trabalhavam nas terras em troca de proteção e de uma parcela da produção para sua subsistência. Os servos eram obrigados a prestar serviços ao senhor feudal e pagar tributos em produtos ou trabalho.

        O feudalismo também envolvia uma relação de vassalagem, onde nobres juravam fidelidade aos senhores mais poderosos em troca de terras e proteção militar. A Igreja Católica, poderosa na época, tinha grande influência social e ideológica, legitimando a estrutura feudal e controlando boa parte das terras.  Esse sistema começou a se desintegrar com o crescimento do comércio, o surgimento de burgos e o fortalecimento dos reis, especialmente após as Cruzadas e a Peste Negra, levando ao desenvolvimento de uma sociedade mais urbana e capitalista.

       A Igreja Católica desempenhou um papel fundamental no período feudal, sendo uma das instituições mais respeitadas e influentes da época. Ela oferecia orientação espiritual e legitimava a estrutura social, reforçando a ideia de que a ordem estabelecida era parte de um plano divino. Além de ser uma grande proprietária de terras, a Igreja atuava na educação, preservação do conhecimento e assistência aos necessitados, contribuindo significativamente para a coesão social. Sua presença garantiu estabilidade e serviu como uma autoridade moral e espiritual para a sociedade medieval.

Você quer saber mais?

Duby, Georges. O Ano Mil: A Vida Cotidiana no Ocidente Medieval. São Paulo: Editora Nova Fronteira, 1994.

Bloch, Marc. A Sociedade Feudal. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1990.

Le Goff, Jacques. A Idade Média Explicada aos Meus Filhos. São Paulo: Editora Pioneira, 1998.

Gies, Frances e Joseph Gies. Life in a Medieval Castle. New York: Harper & Row, 1974.

Holt, Richard. Medieval England: A Social History 1250-1550. New York: St. Martin's Press, 1992.