Esses imigrantes desembarcaram
num lugar costeiro, que chamaram de Panutla, localizado na região da atual Sierra
Madre Oriental. (Panutla que dizer “Lugar dos que
chegaram pela água”).
Algum tempo depois, orientados
pelos deuses, costearam o litoral, “descendo” em direção ao sul, até fundarem
Tamoanchán, em homenagem à “Tamoanchán mítica” de onde
vieram.
Nessa Tamoanchán terrena
viveram muito tempo, até que os deuses resolveram, sabe-lá o porquê,
abandoná-los, regressando todos por mar “ao oriente, para a sua “Tamoanchán
celestial”.
Junto com eles, os deuses
levaram os sábios e os livros mágicos que eles haviam trazido consigo de
além-mar – os
amoxtli ou códices -, prometendo
retornar quando o mundo estivesse para acabar.
Felizmente, nem todos os
sábios se foram. Quatro anciões dos quais temos os seus nomes:
Oxomoco
Cipactonal,
Tlaltetecuin
Xuchicahuaca
Permaneceram em terra. Esses
quatro sábios reescreveram alguns livros, dos quais o mais importante era o Tonalpohualli,
um calendário ritual do qual os astecas e mesoamericanos em geral iriam se
servir por toda a vida.
Muito tempo se passou, até
que, numa certa época, talvez por condições climáticas adversas, vários grupos
começaram a abandonar Tamoanchán. Os Olmecas foram os
primeiros a fazê-lo.
Não podendo regressar por mar
à sua pátria mítica, os olmecas regressaram a Panutla, o local onde haviam
desembarcado pela primeira vez. Em pouco tempo se espalharam pelos arredores, tornando-se
a primeira grande civilização mesoamericana.
Outros grupos também partiram
e fundaram Teotihuacán
(“Lugar dos Homens que se tornaram deuses”), a
cidade mais importante e misteriosa da “Antiguidade” mesoamericana.
Subindo em direção ao Norte,
os povos da etnia nahua se instalaram
num lugar que chamaram de Chicomoztoc (“As Sete
Cavernas”), onde viveram durante muitíssimo tempo, até se tornarem
esquecidos dos que haviam ficado nas regiões mais ao Sul. A esse
importantíssimo grupo pertenciam os astecas.
Passado um largo tempo, os
povos que habitavam as Sete Cavernas passaram a ser conhecidos como “Chichimecas”, ou “bárbaros”, pois haviam se tornado caçadores rudes
e incultos. Seus deuses lhes ordenaram, então, que retornassem a Panutla, o
local onde haviam desembarcado os seus ancestrais.
Grandes levas migratórias
deixaram o Norte em direção ao Vale do México – então chamado Anahuac (“O Vale às Margens do Lago”) -, sendo que os astecas
foram o último povo a retornar.
Durante o tempo em que
estiveram instalados no Norte, nas “Siete Cuevas” (Chicomoztoc), os astecas haviam
desenvolvido um novo mito: o de que seriam naturais de um lugar chamado Aztlán.
(Ninguém até hoje sabe precisar onde fica este lugar, mas o nome permaneceu na
memória dos astecas como sua pátria de origem nas vastidões ermas do Norte,
dando origem inclusive, à própria
denominação “asteca”, que significa “habitante de Aztlán”.) De Aztlán eles
partiram, guiados por seu deus particular Huitzilopochtli (“Colibri
Esquerdo”), que os instruiu na prática dos sacrifícios humanos.
Após longa peregrinação, os
astecas estavam de volta ao coração da América Central. Mas como haviam sido os
últimos a retornar, já ninguém mais os reconheceu e foram tratados como
estranhos pelas outras etnias (“o povo cujo rosto ninguém conhecia”, dizia-se
deles).
Após infinitos trabalhos e
grandes feitos guerreiros, os astecas conquistaram finalmente o Vale do México,
tornando-se a última grande civilização pré-colombiana da América Central.
FRANCHINI.
A.S. As Melhores Histórias das Mitologias Astecas, Maia e Inca. Porto Alegre:
Artes e Ofícios, 2014 , pg.22-23.
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