Autor: LEANDRO CLAUDIR PEDROSO
RESUMO
Para aqueles que
estudam a História a presença e influência do positivismo no Brasil sempre foi
uma realidade analisada e estudada como base de nossa República, pois em nossas
terras encontrou terreno fértil nas mentes sedentas por novas ideias. Para
tanto vemos que o mesmo foi trazido para o Brasil por vários pensadores que
tiveram sua experiência no exterior ou a proximidade com as ideias de Comte.
Aqui em nossa pátria são muitos os nomes que se sobressaíram por meio das
doutrinas do mestre de Montpellier e cada um destes trouxe suas peculiaridades
e acréscimos para o Apostolado Positivista no Brasil. O mesmo se da em relação
à ampla abrangência da atuação do movimento em praticamente todos os Estados da
Federação, ainda que com diferenças e particularidades de cada região. Em todo
o envolvimento que o comtismo teve em nosso país, ele conseguiu abranger
praticamente todas as áreas de atuação intelectual, seja da medicina a política
chegando à literatura e ensino de modo a confundir-se com a nossa própria
história. E devido a todas essas marcas, o Positivismo no Brasil serviu como
uma alavanca evolutiva em nossa cultura, uma cultura jovem de uma nação jovem,
que carecia de sua presença e o mesmo não deixou faltar.
Palavras chaves: História. Positivismo. Brasil. República.
Augusto Comte.
1 INTRODUÇÃO
Neste
trabalho traremos ao conhecimento do leitor as informações concernentes ao
positivismo em tratando de sua origem e ideias, seus pensamentos baseados nas
ideias de Augusto Comte, bem como os propostos objetivos estabelecidos pelo
Mestre de Montpellier como era também chamado Comte. Nos pontos relativos aos
pensadores internacionais que difundiram as ideias comtianas traremos as
principais mentes envolvidas e sua relação com a propagação do movimento pelo
mundo, suas ideias e as vertentes de pensamentos dentro do positivismo ao qual
pertenciam e aqueles relacionados a ascensão das ciências naturais aos quais
muito influenciou. Desenvolveremos as ideias com base nos eventos históricos
datados da origem da filosofia Positivistas e depois de deixarmos os leitores
cientes dos propósitos de Comte com o mesmo e seu interesse com o olhar cientifico
sobre a sociologia, embarcaremos na influência que o mesmo teve no Brasil, sua
ação em nosso país que se desenvolveu no meio dos centros culturais dos Estados
de nossa nação, conheceremos os principais centros de difusão do Positivismo no
Brasil e o modo como os mesmo influenciou a vida politica e intelectual de
nossa nação em meados do século XIX e inicio do XX. Discorreremos pelos
principais nomes relacionados às ações da filosofia comtiana e os Estados aonde
atuaram e a ligação dos mesmos com a causa republicana, uma das ações aonde o
Positivismo foi predominante para a derrocada do império e a ascensão da
República. Poderemos observar ao longo do trabalho a relação entre as Escolas
politécnicas do sudeste do Brasil e a influência das mesmas em seus alunos e
professores, aos quais viriam a ser divulgadores dos pensamentos de Augusto
Comte em nossa pátria. Bem como também não seria diferente nas faculdades de
ciências exatas e biológicas, o positivismo teve ai uma grande influência, em
trabalhos e teses dos quais muitas foram elaboradas por aqueles que viriam ser
os divulgadores da filosofia do Mestre de Montpellier. Apresentaremos as datas
aproximadas da chegada das primeiras obras positivistas no Brasil e a regiões
aonde foram divulgadas e o impacto causado por elas nas diversas áreas da
cultura e politica nacionais. Bem como o nome dos primeiros divulgadores da
filosofia positivista aqui e sua busca no exterior e em terras nacionais por
aprimorarem seus conhecimentos. Em por menores traremos com alguns detalhes
aqueles nomes de positivistas nacionais que marcaram suas épocas pelo
engajamento com as ideias de Comte. E ao final exporemos em amplo espectro as
ações e os engajados nelas por cada região do Brasil respectivamente, desde o
momento da chegada da filosofia as suas respectivas regiões e suas principais
influências e aqueles que por ela fizeram uso para um melhor desenvolvimento da
sociedade com base na ciência pelos pensamentos filosóficos comtianos.
2
ENTENDENDO O POSITIVISMO
O
Positivismo é uma escola filosófica, chamada tempos depois de Filosofia
Científica, fundada por Isidore Auguste Marie François Xavier Comte (1798-1857), sendo sua principal marca
a revolta antimetafísica. As bases de Comte se desenvolveram a partir de
reflexões na ciência e filosofia do século XIX, acreditando que somente através
da ciência pode conduzir as pessoas ao conhecimento através da experiência,
sendo considerado pelo mesmo como a base e fundamento metodológico de uma nova
ciência social, a física social ou sociologia que tempos depois também seria
vista por Comte como a Religião da Humanidade. Mas mesmo ele se considerava
continuador de uma ideia iniciada pelo filosofo ligado à Enciclopédia, Nicolas
de Condorcet (1743-1794) que foi talvez o primeiro a formular de
maneira precisa a ideia de que a ciência da sociedade, nas suas várias formas,
deve tomar o caráter de uma matemática social, mas com uma diferença
fundamental, ele os considerava demasiadamente críticos e negativos. Na sua
visão, o pensamento deve ser inteiramente positivo, eliminando as críticas e
negatividade, mas mesmo com essas divergências, sempre considerou com apresso
as ideias de Condorcet mesmo segundo ele nunca ter chegado a entender as leis
que regem a sociedade devido aos seus preconceitos revolucionários como definiu
Comte.
Pela
visão positivista as ações filosóficas e cientificas devem ser norteadas a
atuar somente na análise dos fatos que podem ser comprovados pela experiência,
pois domínio das coisas em si como nos ensina não é acessível ao espirito
humano que deve rejeitar aquilo que estabelecido sem verificação, demarcando
deste modo, as leis e reações entre os fenômenos observados e sua influência.
Dentro do positivismo distinguem-se duas vertentes de pensamento: o então
Positivismo Clássico de Augusto Comte, e o Positivismo lógico, movimento
filosófico surgido entre as duas grandes guerras, que teve no Círculo de Viena
a sua maior expressão. O Positivismo Lógico caracteriza-se por relacionar a
tradição empirista ao formalismo da lógica matemática, recomendando a interação
entre o objeto de estudo a análise da relação entre fatos objetivos e a
linguagem que busca considerá-los. Em relação a esse assunto a posição dos
linguistas que limitavam suas considerações aos fatos da linguagem como um
conjunto de fenômenos que deveriam ser expostos indiferentes aos que as
utilizam. Ação esta que chegou a última instancia em fins do século XIX, com a
ascensão das ciências naturais e do método analítico. Contra ela reagiram além
dos linguistas da chamada escola idealista, alguns linguistas independentes,
como Graziadio
Isaia Ascoli (1829-1907) e Hugo Ernst Mario Schuchardt (1842-1927).
Michael
Löwy (1938) nos escreve suas ideias
de como seria um positivismo ideal, e para tanto ele apresenta três ideias principais
da qual norteia seus pensamentos, em seu primeiro apontamento refere-se ao fato
de que a sociedade humana é organizada por leis naturais que atuam independente
do querer humano ou de suas ações em prol disso. O positivismo propõe que essas
leis e organizam as atividades da vida social, econômica e politica, tem por
base as mesmas estruturas das leis que regem a natureza, e desse modo segundo o
positivismo o que manda na sociedade é a harmonia vigente como no mundo
natural. Com isso temos as bases epistemológicas de que os métodos para
conhecer a sociedade e a natureza são os mesmo, a partir dessa conclusão Löwy
denomina essa ação de naturalismo positivista. Para o próprio Löwy a mais
importante de suas três conclusões sobre o tipo ideal de positivismo é que as
ciências sociais devem ser como as ciências naturais, objetivas, neutras, livre
de juízos de valores e de ideologias.
Trabalhando com a objetividade cientifica, analisando a sociedade com o
mesmo espírito, uma concepção positivista onde as ciências sociais estão
afastadas de qualquer vinculo com as classes sociais, posições politicas,
valores morais, ideologias e visões de mundo. Resume-se em apagar os elementos
ideológicos da ciência social que não passam de preconceitos para o positivismo
e prejuízos para que a objetividade científica.
2.1
METODOLOGIA
Para
a elaboração deste trabalho foi realizada uma pesquisa bibliografia nas obras
em que foram encontrados temas referentes ao Positivismo no Brasil como estão
presentes nas referências. As obras foram estudas para a composição do
trabalho, segundo as informações contidas nas mesmas de modo a extrair os
princípios particulares que foram necessários para a composição deste trabalho.
Foi observado o fenômeno positivista e sua influência em nossa realidade
brasileira, aonde procuramos mostrar a veracidade ou refutar as hipóteses
apresentas aqui.
3 INFLUÊNCIA DO POSITIVISMO NO BRASIL
Outra
contribuição do Positivismo para o Brasil foi à bandeira nacional, adotada pelo
Decreto nº 4, de 19 de novembro de 1889, projeto de Teixeira Mendes, com a
cooperação de Miguel Lemos, cujo protótipo se encontra ainda hoje no Templo da
Humanidade do Rio de Janeiro. Muitas influências do Positivismo podem apontar
para a organização da República de 1889. Dentre elas o acrescimento ao Projeto
da Constituição do Governo Provisório que afirma que nenhuma guerra pode ter
lugar, salvo no caso de agressão imediata, sem recorrer-se ao arbitramento.
Outra influência positivista diz respeito à reforma do ensino, tanto civil
quanto militar em 1890.
No
Brasil o desenvolvimento do Positivismo foi importantíssimo para o
desenvolvimento de nossas próprias ideias nacionais e de nossa identidade como
nação para o mundo moderno. Sua história em nosso país tem grande importância,
pois foi sob as bases positivistas em sua grande parte que nossa nação se
preparou teoricamente para receber o novo sistema de governo, a República. Logo
após a queda do império se olharmos para os principais envolvidos vemos que a
grande maioria dos republicanos eram de propagandistas positivistas e que logo
após a ruína do império encontramos os mesmos ocupando cargos elevados do
governo e da administração pública. Na área política de nossa nação temos nomes
como o de Benjamin Constant Botelho de Magalhães (1836-1891), positivista e republicano, fez-se sentir
sobre grande número de oficiais principalmente do Exercito, e de civis que mais
tarde tiveram postos de comando na vida brasileira. A primeira constituição
gaúcha de cunho republicano teve fortemente presente as ideias de Comte, ocupou
o governo positivista Júlio
Prates de Castilhos (1860-1903), sucedido por outro, Antônio Augusto
Borges de Medeiros (1863-1961).
Liderando o executivo de outros Estados também estiveram presentes os
positivistas: Lauro
Nina Sodré e Silva (1858-1944), no Pará; Alexandre José Barbosa Lima
(1862-1931), em Pernambuco; João Pinheiro da Silva (1860-1908), em Minas Gerais, sendo estes
apenas alguns nomes das constelações de positivistas republicanos. O
Positivismo de Comte e suas ideias influenciaram as constituições republicanas
do Amazonas e do Espírito Santo.
No
período em que o positivismo esteve presente na vida pública brasileira duas
vertentes de pensamento se destacaram: a primeira era o Positivismo ortodoxo,
seguido pelos que não queriam qualquer atualização no espirito da doutrina,
defendendo até mesmo “os aparatos do culto externo”, que Comte havia prescrito
para dar forma à religião da Humanidade; a segunda era uma visão positivista
que abrangia dentro de uma área mais extensa em que as ideias de Comte eram as
principais, mas sem ser as únicas ideias aceitas. De acordo com Stuart Mill,
estes acreditavam que a simples adesão ás criações dos grandes espíritos
científicos, cujas descobertas foram capitais para a humanidade. Diante destas
duas correntes positivistas do Brasil e suas opiniões divergentes, entraram em
confronto na segunda metade do século XIX e inicio do XX, os seguidores do
segundo grupo voltaram-se para duas áreas distintas, em uma poderiam aceitar a
doutrina comtiana sem a rigidez da ideologia ortodoxa aonde só os pensamentos
de Comte valiam. Essas duas novas áreas nos quais se dirigiram, podem ser
representadas pelas orientações dada ao Positivismo por Littré e pelo
Evolucionismo de Spencer, aonde os ensinamentos de Comte acham um crescimento
junto as ideias de Darwin e Spencer. Deixando de ser algo fechado em si próprio
e permitindo a presença de novas ideias em seu meio como nos mostra Littré,
respondendo deste modo as necessidades da ciência que está em constante
aprimoramento. Deste modo encontrou o Positivismo em Spencer um novo nome para
estenderem suas doutrinas e em Littré alguém que as reformulou para as
necessidades da ciência moderna. Mesmo que com muitas divergências, seus
seguidores encontravam muitas ideias convergentes e assim puderam trabalhar em
conjunto com as ideias filosóficas de cunho cientifica presentes na época. Mas
o interesse pelas reformas de Littré foi se esvanecendo e por fim o Positivismo
Ortodoxo agregou os grupos em uma vertente.
No
inicio do século XX, Augusto Comte tornou-se um nome presente nos círculos
acadêmicos do Brasil, ao ponto de ser visto lado a lado com as ideias dos
filósofos da Antiguidade. Criando um clima geral de completa fascinação por
suas ideias. Em São Paulo ainda que vigorasse as ideias conservadoras da
filosofia, os acadêmicos paulistas abraçavam as novas correntes de pensamento.
As mais influentes eram o materialismo e o positivismo, mas a ação do
positivismo no Brasil instaurou um conflito entre os bispos e o poder
civil. Comte sempre suscitou que o
Positivismo espalhar-se-ia rapidamente pelo mundo, mas nunca imaginou que seria
o Brasil a terra mais fértil aonde suas ideias cresceriam áreas dos estudos e
também exercendo influência nas instituições sócias por várias regiões de nosso
pais.
Augusto
Comte considerava a incorporação da massa obreira à sociedade um dos mais
graves problemas sociais de todos os tempos, pois a mesma vivia a margem,
acampada ao redor da sociedade. Dessas ideias comtianas, Teixeira Mendes por
meio de Benjamin Constant submeteu em 25 de dezembro de 1889 as medidas a favor
dos trabalhadores ao Governo Provisório. Outra importante influência do
Apostolado Positivista foi à liberdade no exercício das profissões, quer sejam
elas morais, intelectuais ou industriais. E do mesmo modo não admiti
privilégios para diplomados no serviço público. Essa inovação foi transplantada
para a Constituição Federal em 1891 e para a Constituição do Rio grande do Sul.
São também de inspiração positivista os artigos da Constituição de 1891 que
proíbem o anonimato na imprensa.
Grande
preocupação teve o Apostolado Positivista com nossas populações fetichistas,
chegando mesmo a definir o Brasil em seu projeto de constituição como uma
Federação composta pelas populações brancas, de origem europeia, mais as hordas
aborígenes espalhadas pelo território nacional. Vale a pena transcrever os
princípios sob os quais Cândido Rondon, uma simpatizante do positivismo
conduziu sua obra humanitária em nosso interlan, pelos quais podemos nos
aperceber que muito dificilmente alguém teve para com nossos humildes irmãos da
floresta melhor atitude de coexistência pacífica:
“I-Morrer
se preciso for; mas matar, nunca. II- Respeitar as tribos indígenas como nações
independentes, embora sociologicamente embrionárias. II- Garantir aos índios a
posse das terras que habitam, necessárias à sua sobrevivência. IV- Assegurar
aos índios a proteção direta do Estado, não como favor, mas como dever de
assistência à sociedade fetichista, que não pode competir com tecnologia do
civilizado.” (SOARES, 1998, p. 105.)
Dentre
as diversas áreas de ação do positivismo encontramos sua atividade na liberdade
de cultos, uma questão que mereceu maior interesse através da separação da
Igreja do Estado, sendo está uma de suas principais conquistas após a
instituição da República. O próprio Comte via a separação entre poderes
temporais e espirituais o principio capital da política moderna. Ficando assim
proposto por Benjamin Constant em 9 de dezembro de 1889: “Art.1º-É livre o
exercício de qualquer culto, ficando abolida a união entre Estado e a Igreja
Católica.”
4
GRANDES NOMES DO POSITIVISMO NO BRASIL
O
aparecimento escrito da doutrina positivista de no Comte no Brasil ocorreu pela
primeira vez na metade do século XIX, escrita em português na obra de Antônio
Ferrão Moniz de Aragão (1813-1887), em seu livro Introdução dos Elementos de
Matemática, publicados na Bahia em 1858, e declarando-se abertamente como
seguidor de Augusto Comte difusor de suas ideias positivistas. Atuando de
principio diretamente contra as filosofias com base espiritualista, que até
então eram a única e exclusiva base da filosofia no Brasil por meio de seus
renomados representantes dos quais cito os seguintes nomes como o de Frei
Francisco de Mont’Alverne (1784-1858), Domingos Gonçalves de Magalhães
(1811-1882), Eduardo Ferreira França (1809-1857), Padre Patrício Muniz Tavares
(1793-1876), Soriano de Sousa (1833-1895) e Pedro Américo de Figueiredo e Melo
(1843-1905). Nesse confronto se engajaram em uma frente, o Positivismo ao lado
do Materialismo e do Evolucionismo, que marcavam suas posições entre os
pensadores da época, mas foi a influência positivista que predominou durante
esta fase aonde as ideias filosóficas no Brasil começaram a se renovar. Advindo
primeiramente de brasileiros que estudaram na França, alguns chegando a se
alunos do próprio Augusto Comte, nomes como os de José P. d’Almeida, Antônio
Campos Belos, Agostinho Roiz Cunha dentre outros. Com o passar do tempo o
positivismo expandiu seu campo de ação em virtude de teses que diversos
professores defenderam em escolas superiores, nesse aspecto destacam-se nomes
como os de Luís Pereira Barreto (1840-1923), com suas sobras, Teoria das
Gastralgias e das Nervoses em Geral, em dois vol., e As Três Filosofias. A
cidade de Recife era o principal centro de onde por meio da denominada Escola
de Recife, cujo iniciador foi Tobias Barreto (1839-1889) homem de mente ativa e
pensamento inquieto logo buscou outros caminhos sem seus estudos do pensamento.
O mesmo ocorreu com outros dois vultos eminentes deste grupo, Sílvio Romero e
Clóvis Bevilacqua, que passaram a orientar-se pelo Evolucionismo spenceriano,
pensamento filosófico fundado por Herbert Spencer (1820-1903), filósofo e
sociólogo inglês. Apesar da influência comtiana que os acompanhou sempre. A
filosofia de Spencer, para esses dois pensadores, nada mais era que um
desdobramento do positivismo comtiano, sua verdadeira adaptação à doutrina de
Darwin, como podemos ver através dessa citação de Spencer:
"Passando
do homem como indivíduo, ao homem em sociedade, encontramos novos e mais
variados exemplos da lei geral. A passagem do homogêneo ara o heterogêneo
verificam-se também nos progressos da civilização, vista em conjunto, do mesmo
modo que nós de cada nação ou tribo". (SPENCER, 2002, Pg. 30)
A
primeira atividade de um positivista que se tem noticia no Brasil foi a de
Justiniano da Silva Gomes, que realizou uma tese de concurso para a cadeira de
Fisiologia na Faculdade de Medicina da Bahia em 5 de setembro de 1844, com o
título de “Plano e Método de um Curso de Fisiologia”. Nesta tese ele aplicou a
Lei dos Três Estados, cita Comte diretamente e suas ideias positivistas.
Diferente do que muitos pensavam o positivismo chegou ao Brasil por meio da Biologia
e não das ciências exatas como era o consenso há muito tempo. O crescimento da
filosofia de Comte somente cresceu desde a publicação da tese de Justiniano que
serviu como uma alavanca propulsora das ideias comtianas. Muitos brasileiros
foram até a França estudar com o próprio Augusto Comte e trouxeram ou vieram
posteriormente inspirados pelo interesse dos acadêmicos brasileiros pelo
positivismo vários discípulos de Comte. Que posteriormente difundiam os
conhecimentos que adquiriram no contato com os discípulos de Comte. A partir da
metade do século XIX as ideias positivistas vem entrando e estando presente
mais frequentemente nas Escolas Politécnicas e Faculdades do Brasil, aonde
teses de matemática, física e astronomia são defendidas sob a bandeira do
positivismo.
Dois
nomes que desenvolveram grandes ações no Apostolado Positivista do Brasil e sua
expansão no Rio de Janeiro após sua conversão foram Miguel Lemos e Teixeira
Mendes, aonde foi instalada a Igreja Positivista. Outra façanha de ambos foi a
idealização da bandeira da República com sua máxima positivista “Ordem e Progresso.
O apostolado positivista também foi pioneiro ao dar assistência aos índios
baseados em seus ideais de justiça e fraternidade. E para tanto não poderíamos
deixar de ter outro grande nome, nosso conhecido Cândido Rondon, pioneiro e em
grande parte responsável pela criação das atuais leis de amparo aos índios.
Como
não poderia ser diferente os nomes daqueles envolvidos com o positivismo sempre
estiveram afrente do seu tempo e isso se deu com Nisia Floresta Brasileira
Augusta (1810-1885), foi pioneira na luta pela emancipação feminina, pela
abolição dos escravos, se envolveu com a educação e literatura, sendo a
mantenedora por muitos anos do Colégio Augusta no Rio de Janeiro. Sua paixão
pelo positivismo pelo inicio em 1857, quando então participou e uma conferencia
aonde Augusto Comte apresentou suas ideias e desde esse momento manteve uma
amizade muito próxima com o filosofo. Do mesmo modo como cresceu a amizade
entre ambos, cresceu os ideais do positivismo em Nisia, tornando-se uma das
grandes discípulas de Comte, que viajou pelo Brasil e o mundo levando o
pensamento positivista.
Luiz
Pereira Barreto (1840-1923) é o nome que nos vem em mente quando se trata da
difusão do positivismo nas terras brasileiras, médico, homem de mente aberta,
pronto a ampliar sua visão de mundo, lutou pela aplicação das campanhas de
vacinação em massa obrigatória contra a varíola, indo contra até os colegas
positivistas ortodoxos que consideravam essa ação uma afronta às liberdades
pessoais e uma violência moral, pois invadia a consciência das pessoas. Sua
inteligência e discernimento fizeram de Barreto um propagandista de primeira
ordem do Positivismo no Brasil, sendo o mesmo difusor direto das ideias de
Comte e utilizando as mesmas de forma atenta aos principais problemas do Brasil
e as soluções apontados pela filosofia positivista. Escreveu centenas de
artigos de cunho filosófico, a maioria de caráter polêmico. Publicou também na
Europa vários artigos de difusão do Positivismo em várias línguas.
Em
1857, outro brasileiro cujo nome seria reconhecido como um dos grandes
positivistas do Brasil foi Benjamin Constant Botelho de Magalhães (1837-1891),
este chegou aos ensinos do mestre de Montpellier através da matemática e do
qual se tornou um propagandista árduo e fervoroso. Sua personalidade foi uma
das grandes marcas de sua pessoa que somente ajudaram o positivismo a se
difundir. Benjamin Constant lutou durante a Guerra do Paraguai e após o termino
do conflito trabalhou como diretor do Instituto de Cegos, do qual adquiriu
experiência e elaborou um relatório do qual por meio de técnicas inovadoras,
mas polêmicas para a época demonstrou sua compreensão do papel da educação.
Fundou um dos maiores colégios de educação, voltado para o domínio cultural,
baseado nas ideias de Comte que veio a se tornar um dos maiores formadores de
grandes mentes da época, a Escola de Educação Superior. Benjamin Constant era um homem intimamente
ligado a politica, da qual teve um papel crucial para a formação da República
brasileira. Trabalhou junto com Deodoro da Fonseca, e sua ligação com o mesmo
transformou as atividades republicanas de forma efetiva. Entrou para os anais
da História positivista como o fundador da República brasileira, sendo o mesmo
inteiramente fiel aos ensinamentos do mestre de Montpellier no que diz respeito
aos ensinos científicos, políticos e religiosos. Chegou a ser Ministro da
Instrução Pública, de onde realizou intensas mudanças no ensino básico, técnico
e superior.
Demétrio
Nunes Ribeiro (1853-1933), bacharel em ciências físicas e matemáticas, foi um
dos fundadores do Partido Republicano Rio-grandense, primeiro Ministro da
Agricultura do regime republicano em 1889.
Mesmo diante do pouco tempo que
permaneceu como ministro, foi o suficiente para realizar conquistas básicas
como a separação da Igreja e do Estado. Diante disto se deu ampla liberdade
espiritual, benéfica a todos os cultos. Outras consequências foram o casamento
civil e a secularização dos cemitérios. Demétrio Ribeiro foi ainda proponente
do Decreto relativo às festas e aos feriados nacionais.
Outro
nome que não pode esquecido é de Edgar Roquette-Pinto e suas teses sobre a
cultura brasileira, escritas sob as ideias de grandes mentes do positivismo no
Brasil. Como nos mostra Jorge Antonio Rangel em sua biografia sobre Edgar
Roquette-Pinto:
“A
vocação pública de Roquette-Pinto manifestou-se por uma aproximação heterodoxa
do positivismo comtiano que, por sua vez, oscilou entre as duas correntes do
liberalismo, a conservadora e da democracia liberal, o que se expressou na
apreensão e incorporação críticas que Roquette-Pinto fez de autores nacionais e
internacionais ligados ao comtismo, tais como, Euclides da Cunha, Alberto
Torres, Manoel Bonfim, Bancroft, Bichat, Mendel, Galton, Davenport que o
influenciaram na produção de suas teses argumentativas acerca dos conceitos de cultura e de
brasilidade.” ( RANGEL. 2010 pg. 22.)
Na
segunda parte de sua tese de doutorado Roquette-Pinto mostra seu interesse pelo
positivismo em sua visão de médico recém-formado, pois elabora toda sua síntese
filosófica sobre os povos nativos da América pelas ideias comtianas.
Nos
estados brasileiros em que a imprensa era mais ativa, foi natural que a difusão
do Positivismo fosse mais intensa. No Maranhão, já em meados de 1860 circula
nas divisas de um jornal pertencente a uma liga entre liberais e conservadores
a divisa “Ordem e Progresso”. Liderados
por Rocha Lima o Positivismo chega ao Estado do Ceará em 1872, reunindo-se com
outros grandes nomes da literatura. Já na Bahia temos Justiniano da Silva
Gomes, autor da primeira tese sobre o positivismo no Brasil, na criação de um
curso Fisiologia com base na Filosofia Positivista no ano de 1844. Tobias
Barreto se apresenta em Pernambuco como um caloroso defensor do
Positivismo. Venâncio de Figueiredo
Neiva tem seu nome na Paraíba no ano de 1893 com sua publicação de artigos
sobre o comtismo. Já no Rio de Janeiro o Almirante Alfredo Morais, foi um dos
criadores do chamado Clube Positivista. No Estado do Pará, no ano de 1881,
temos José Veríssimo, um crítico de obras literárias que publicou um livro
sobre Emílio Littré, aonde coloca seus conhecimentos positivistas. São Paulo
foi o centro de grande atuação do Positivismo com a proclamação da República,
tendo por base a Faculdade de Direito Romano. A propaganda positivista também
se desenvolveu no Estado do Paraná após a proclamação da Republica, tendo por
nome de atenção o Prof. Manuel Inácio
Carvalho de Mendonça. De todos os grandes Estados brasileiros, em Minas Gerais
foi onde o movimento foi mais fraco devido às bases Católicas fortemente
estabelecidas, mas mesmo assim não deixou de possuir em Belo Horizonte um
jornal intitulado “Ordem e Progresso”, com o qual as ideias do Apostolado era
divulgadas.
“Já chegou o momento de se considerar a
influência do Positivismo no Brasil como um fato social a ser encarado e
investigado como critério histórico idealizado por Tácito – sine ira ac studio
– sem ódio nem amor, isto é, sem ranger de dentes e sem ditirambos
apologéticos.” (LINS, 1964).
6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No
presente trabalho desenvolvemos nossas ideias a partir do surgimento do
Positivismo na França segundo os pensamentos de Augusto Comte, tratamos
daqueles que influenciaram as ideias de Comte, bem como os objetivos do Mestre
de Montpellier com o seu movimento filosófico. Discorremos pelas ideias das
principais das mentes envolvidas em sua difusão e estudos pelo mundo para então
entendermos a chegada do positivismo no Brasil e sua influência sobre as mentes
das Escolas politécnicas e das faculdades de ciências exatas e biológicas.
Trouxemos os nomes daqueles que mais influenciou em nossa nação o crescimento
da filosofia comtiana, e desenvolvemos sua relação com a filosofia positivista
e sua influencia sobre as atividades intelectuais elaboradas por eles no
Brasil. Verificamos os detalhes regionais da atuação do comtismo em nossa
pátria bem como aqueles que se destacaram em cada região do Brasil e na queda
do Império e ascensão de nossa República. Este trabalho esboçou um estudo
introdutório sobre o positivismo no Brasil, tratando desde seu surgimento em
terras europeias, até sua chegada a América do Sul, mas de longe ele consegue
abarca tal universo de acontecimentos presentes da epopeia positivista seja se
tratando da doutrina, história ou pensadores envolvidos com sua filosofia, pois
desde Ivan Lins que com grande maestria tratou o tema não vemos um trabalho que
de o devido valor a influencia do positivismo em nossas terras e sua ação em
nosso desenvolvimento cultural, politico e sociológico. Então esperamos que
este, sirva como um estimulo para que novas mentes tragam a luz a importância
devida ao Positivismo na História do Brasil.
REFERÊNCIAS:
BRAGA,
Fernando. Pombal e o positivismo como
indicadores de influência. Revista de informação Legislativa. Brasília a.
35 n. 137 jan./mar. 1998. Pg.126, 127.
Enciclopédia Barsa. São
Paulo: Companhia Melhoramentos, 1975. V. 11, Pg.190-191.
Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São
Paulo: Editora Universo Ltda, 1990, V. 8, pg. 2623.
LINS,
Ivan. História do positivismo no Brasil.
São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1964. 661p (Brasiliana; V.322).
LÖWY,
Michael. Ideologias e Ciência Social:
elementos para uma análise marxista. São Paulo: Cortez Editora, 2006.
Pg.38-42.
PAIM,
Antonio. Ivan Lins: Bibliografia e
Estudos Críticos. São Paulo: PDPB - Centro de Documentação do Pensamento
Brasileiro, 2010. Pg. 4.
RANGEL,
Jorge Antonio. Edgard Roquette-Pinto.
Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. Pg. 22.
SPENCER,
Herbet. Do progresso – Sua Lei e sua Causa. Lisboa: Editora Inquérito,
2002. Pg. 7, 30.
SOARES,
Mozart Pereira. O positivismo no Brasil:
200 anos de Augusto Comte. Porto Alegre: Editora AGE, UFRGS, 1998. Pg. 105,
110, 112,
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