segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Crucificação, a mais cruel pena de morte



O texto da cruz em três linguas: hebraíco, latim e grego. Imagem: Notícias de Israel.

Quando as procissões passam pela Via Dolorosa em Jerusalém, no formato das cruzes e nas diferentes liturgias não se reconhece apenas a grande variedade da cristandade mas também a riqueza inesgotável da imaginação religiosa. Se, porém, analisarmos a consumação desse tipo de pena de morte de maneira distanciada de todas as tradições eclesiásticas, uma fria e sóbria realidade arqueológico-científica apaga a aura glorificada que estamos acostumados a ver ao redor da cruz, e ela passa a ser o que era em suas origens – a mais cruel, “mais terrível” (Cícero) e “mais miserável de todas as formas de pena de morte” (Flávio Josefo).

A crucificação como pena de morte chegou até Roma como “morte de escravo”, através da Pérsia de Zoroastro, por meio dos gregos. Para os judeus, a crucificação era desconhecida. Crimes especialmente graves eram castigados no antigo Israel com o apedrejamento ou estrangulamento do condenado, sendo o mesmo depois pendurado no “madeiro maldito”.

“Se alguém houver pecado, passível da pena de morte, e tenha sido morto, e o pendurares num madeiro, o seu cadáver não permanecerá no madeiro durante a noite, mas certamente o enterrarás no mesmo dia.”  (Deuteronômio 21:22-23)

Só pela influência dos gregos, que entraram para a História como “helenistas humanísticos”, a crucificação de pessoas ainda vivas se tornou popular. 

Antíoco Epifânio, o tirano greco-sírio (175-164 a.C), proibiu aos judeus, sob ameaça de crucificação em vida, a prática da circuncisão que lhes era obrigatória. Em 7 d.C. o romano Quintinus Varus mandou pregar na cruz 2.000 judeus revoltosos. A sentença romana soava: “Ibis ad Crucem! – Subirás à cruz!” O historiador Flávio Josefo descreve como incontável o número de judeus que foram mandados à crucifixão pelo procurador romano Félix (52-60 d.C). Segundo o costume romano, os condenados eram crucificados completamente nus.


Ramo de espinhos do "atad". Imagem: Notícias de Israel.

O condenado à morte na cruz era conduzido ao local da execução fora da cidade. Durante o trajeto, ele tinha que carregar a trave horizontal; em seu pescoço era pendurada uma placa com seu nome, sua origem e o crime de que era culpado. A viga vertical já se encontrava, deitado no chão, tinha então suas mãos pregados na trave horizontal que gavia trazido.

Os cravos de 20 cm de comprimento e de 2-3 cm de espessura eram pregados nos pulsos para que o corpo esmorecido não se desprendesse da cruz posteriormente. Depois, a trave horizontal com a pessoa pregada era levantada e encaixada em um entalhe da viga, e os pés da pessoa eram pregados. Os romanos deixavam os crucificados como alimento para as aves. Só os judeus conseguiram o direito especial de tirar os crucificados da cruz. Quando os romanos estavam de bom humor, permitiam que se desse de beber aos infratores uma bebida alucinógena – a fim de amenizar a dor – uma mistura de mirra e vinagre ou vinho. Em troca, entretanto, os romanos zombavam antes dos condenados e os coroavam como reis, colocando em suas cabeças coroas de espinhos, trançadas com ramos novos do “atad” (Zizipus lotus), cujos espinhos alcançam 12 cm de comprimento e são terrivelmente dolorosos.


Foto de osso dos pés com cravo de crucificação encontrado em Jerusalém. Imagem: Notícias de Israel.

Devido à variedade de idiomas falados pela população que vivia em Jerusalém, uma placa era confeccionada em três línguas, em
hebraico para os judeus, em latima para os romanos e em grego para o restante do mundo. Até agora se traduzia o texto hebraico colocado na cruz de Jesus como:

“Jesus, o Nazareno, Rei dos Judeus”. Se bem, que essa é a tradução interlinear do grego, não se trata do hebraico escrito naquela época, assim como se traduzia, por exemplo, a frase em inglês “Led him to be put to death” de maneira tosca por “conduzir ele para ser posto à morte”.

Por essa razão, o texto hebraico correto deve ser:

“Yeshua HaNozri WuMelech HaYehudim” (Jesus, oNazareno eRei dosJudeus).
[Shalom Bem Chorin]

Artigo e conjunção são colocados antes do substantivo em hebraico, razão do “e” (waw) hebraico antes da palavra rei. Assim como surgiu a abreviatura INRI da frase latina (Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum), os judeus também tinham o costume de fazerem acrônimos com os nomes de pessoas famosas. Por exemplo, “rabi Shlomo bem Isaak” foi transformado em “Rashi”. Da mesma forma, o texto hebraico na cruz resultou no acrônimo YHWH, isto é, o nome mais sagrado de Deus estava dependurado na cruz:

“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” Por essa razão, os escribas solicitaram a Pilatos que modificasse o texto [comp. Jo 19: 21].

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Você quer saber mais? 

ICE, THOMAS. Horizonte: Crucificação, a mais cruel pena de morte, Notícias de Israel, Porto Alegre: V.14, N°4,  julho de 1997.pp. 14-15.









2 comentários:

  1. Era comum a condenação a cruz.
    Triste.
    Beijos!

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  2. Verdadeiramente Janice, era uma morte horrível. Principalmente quando se era inocente como Jesus Cristo, que subiu a cruz para morrer pelos nossos pecados! O próprio Deus se fez homem para salvar a sua criação mais amada. Os seres humanos!

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