terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O Movimento Integralista por Plínio Salgado.

Plínio Salgado (1958)

“Só os unilateralistas do socialismo e do liberalismo podem engendrar o Estado Totalitário; nunca, porém, os integralistas e isso por uma questão de coerência doutrinária.”

O Movimento Integralista brasileiro é um movimento de cultura que abrange: O Integralismo, pois, no Brasil, é bem diverso do Integralismo francês de Charles Maurras, porque esse não passa de um “nacionalismo integral”, com a preocupação de restaurar as tradições; diverso é, também, do Integralismo lusitano, que transplantou o sentido tradicionalista da corrente gaulesa,
com a tendência de reatar o processo social moderno ao espírito medievalista; e diferente é, por outro lado, não só do “racismo” alemão, cuja tese da superioridade étnica exprime um prejuízo de cultura, como, ainda, do “fascismo” italiano, ao qual somente nos assemelhamos no concernente à nova atitude do Estado, em face da luta social. Trata-se, portanto, de um movimento original, genuinamente brasileiro, com uma própria filosofia, um nítido pensamento destacado na confusão
do mundo contemporâneo.

A Europa sofre hoje de numerosos males, porém, o pior de todos é o apego a vícios de cultura, a inveterados hábitos, preconceitos de doutrina e costumes sociais e políticos difíceis de serem removidos. Aos prejuízos culturais de uma civilização capitalista e burguesa, contrapôs-se a superstição e o fanatismo das correntes socialistas. Nos dois campos, a visão dos problemas é unilateral, de sorte que o Velho Mundo (ao qual podemos juntar os Estados Unidos da América do Norte) tem hoje uma vista vazada, e os que não vêem as coisas unicamente pelo olho direito, vêem-nas, tão somente, pelo esquerdo. Falta, pois, ao Velho Mundo, a noção das perspectivas exatas, o equilíbrio visual, o sentido das proporções, razão por que nos encontramos em circunstâncias especiais para dizer uma palavra nova aos povos.

1º) Uma revisão geral das filosofias dominantes até o começo deste século e, consequentemente, das ciências sociais, econômicas e políticas;

2º) A criação de um pensamento novo, baseado na síntese dos conhecimentos que nos legou, parceladamente, o século passado. Essa palavra, nós a diremos, se conseguirmos, livrando o povo brasileiro das teorias capciosas e das influências dos sectarismos, organizar uma opinião pública sensata, disciplinada, capaz de depositar confiança na elite cultural que estamos criando. Em vos falando da verdade, pergunto-vos: existe uma verdade da “direita” e outra da “esquerda”? Onde está a verdade? Como atingiremos a verdade? Respondo-vos, dizendo que não existe uma verdade da “direita” ou da “esquerda”, porque no sistema do mundo, na essência do cosmos, não existe nem “esquerda” e nem “direita”, e sim condições de movimentos e processos de expressão de forças eternas, de um modo imutável. A Verdade está no Absoluto das coisa e nós o atingiremos, pela concepção integral do Universo. Eis aí como o nosso integralismo supera todas
as correntes de idéias que costumam evocar, para estabelecer comparações, os pouco versados em nossa doutrina. Não nos limitamos ao terreno econômico e social, porquanto partimos da esfera filosófica e estabelecemos um sistema de consideração do mundo, segundo o qual subordinamos o nosso pensamento político. Esse sistema não se submete ao angulo estreito das concepções unilaterais, nem tampouco se restringe ao agnosticismo debilitante da burguesia epicurista ou empírica. O nosso pensamento tem o sentido expressivo deste século, cujo espírito
os pensadores da Europa não apreenderam. Esse espírito é de Síntese.

Acreditamos, como Hegel acreditou, que a grande filosofia é, principalmente, a história das filosofias. E, por isso, tomamos de todo o cabedal que nos forneceu o século passado, para construirmos, com ele, o século novo. Não somos ecléticos; compreendemos apenas que o ritmo do século XIX foi o ritmo das unilateralidades, das visões parciais. O único sentido totalitário do Universo é ainda aquele ao qual nos ligamos: o pensamento de Aristóteles, a concepção da unidade diferenciada. A contribuição que trazemos, a fim de adaptar a essência desse conceito do Universo às condições do mundo contemporâneo é a mesma que nos fornecem a ciência do século passado e as considerações parciais que nós procuramos sintetizar. Pretendemos realizar a síntese do pensamento e, por consequência, a síntese política.

Sob este aspecto é que o integralismo brasileiro está numa plana muito superior a todas as correntes políticas européias. Somos mais avançados do que o fascismo, no qual, diga-se de passagem, temos muito que observar e aproveitar; deixamos atrás, com uma distância de 50 anos, o socialismo marxista, o sindicalismo revolucionário, como perdemos de vista, na curva de 100 anos, a liberal democracia, filha da filosofia materialista e mãe do comunismo. Todas essas concepções foram parciais, obedecendo ao sentido de análise do século XIX; mas, nós vivemos o século da unidade, o século integral. Somos de uma época em que as ciências refluem para um mesmo ponto comum. A química, tendo caminhado até o átomo, prosseguiu até os “íons” e na gravitação destes encontrou os segredos eternos das jornadas das estrelas.

Na extrema subdivisão da matéria, a química confundiu-se com a mecânica e com a física, e encontrou a essência dos mundos, as expressões materiais da energia; e, no mistério dos movimentos, a magia eterna do número, que Pitágoras pressentira. Essa mesma unidade científica nos inspira a unidade filosófica e a história da filosofia adquire um valor novo para nós, integralistas, que somos os primeiros homens novos. O nosso pensamento integralizador oferece-nos os elementos para a realização da síntese sociológica de que resulta a Nova Economia e a Nova Política. A nossa concepção do mundo, sendo totalitária e realista, leva-nos a considerar o homem, não um animal superior, segundo o entendem os materialistas, nem tampouco um “cidadão cívico”, à semelhança da liberal democracia, mas um ser complexo, com tríplice aspiração: material, intelectual e moral.

Convêm explicar: A nossa concepção totalitária do Universo e do Homem repele a idéia do Estado Totalitário. É evidente: não podemos inserir o maior no menor. Sendo o Estado uma criatura do Homem, significa que o Homem é maior do que o Estado. A Nação é um grupo natural criado pelo Homem; o Estado, o instrumento mediante o qual o Homem ordena juridicamente a Nação. Portanto, o instrumento do Homem não pode dominar o Homem. Logo, o Estado Totalitário não pode ser aceito pela filosofia totalitária. Só os unilateralistas do socialismo e do liberalismo podem engendrar o Estado Totalitário; nunca, porém, os integralistas e isso por uma questão de coerência doutrinária.

Você quer saber mais?

http://www.integralismo.org.br

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