quinta-feira, 7 de outubro de 2010

As ruínas da cidade integralista.

As ruínas da cidade integralista



Em 30 de Março de 2009 por Jorge Figueira

A Cidade de São João Marcos fundada em 1937 no Rio de Janeiro, surgiu fruto das riquezas do café, suas construções ricas em arquitetura do período pós-colonial foram reflexo das riquezas trazidas pela expansão do café durante o período de ouro no Vale do Paraíba, 1850 a 1870. Esta região mostrou-se favorável ao cultivo do café graças as suas condições geográficas excepcionais, expandindo seu cultivo ate o Estado de São Paulo. Em razão destas características a Cidade de São João Marcos era a residência de grandes produtores de café e o pólo cafeicultor destes mesmos senhores, que abasteciam o mercado Europeu.

Como ocorreu em todo o Vale do Paraíba, a abolição dos escravos e a destruição do solo por conta do cultivo predatório da monocultura decretaram o fim do período de ouro do café, levando as regiões que surgiram e dependiam desta cultura a uma crise econômica, contudo a Cidade de São João Marcos resistiu a este período de decadência econômica graças à construção da Estrada de Ferro no ano de 1907, que ligou a cidade de Barra Mansa à Angra dos Reis. A ferrovia fez, portanto ressurgir a economia local.

Mesmo após o reaquecimento da cidade, em 1909 partes da cidade começaram a ser cedidas para a construção da represa de Lages, que teria como função abastecer vários municípios da região sul-fluminense com água e energia elétrica. Para temos uma idéia hoje da importância desta construção ela hoje fornece cerca de 11% da água consumida na cidade do Rio de Janeiro.

Durante a construção da represa a cidade começou a ser destruída, mesmo em 1939 quando o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional tombou a cidade esperando que o processo de destruição descontinuasse. Getulio Vargas, então presidente dotado de poderes ditatórios, decidiu revogar a condição de patrimônio histórico da cidade para facilitar os planos de expansão da represa. As terras foram, portanto, desapropriadas e seus habitantes expulsos.

Há alguns relatos que apóiam a tese de a cidade ter sido destruída por ser uma cidade Integralista, onde os cidadãos não se conformavam com o fato do Governo Federal pôr na ilegalidade os partidos políticos, incluindo a Ação Integralista Brasileira e assim resistiam a qualquer intervenção do governo estadual ou federal.

Mais uma vez podemos constatar na história desta pequena cidade de grande importância cultural, que o hoje endeusado ditador Getúlio Vargas, mais uma vez demonstrava sua atitude autoritária expulsando famílias com o uso de força policial, sem dar o devido direito à defesa aos moradores e à cultura nacional, que foi completamente ignorada por ele neste caso.

Por Jorge Figueira

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