quinta-feira, 16 de abril de 2020

A História dos zoológicos humanos



Zoológico humano de senegaleses na Bélgica.

Autora: Isabel Cristina S. Pedroso, estudante e colaboradora do Construindo História Hoje.

Os zoológicos humanos surgiram em 1874, ano o qual o mundo vivia o Neocolonialismo. Neste ano um vendedor de animais selvagens chamado Karl Hagenbeck, resolveu apresentar à visitantes, nativos de Samoa e da Lapônia. Diante do sucesso que obteve com essa exibição e outras, resolveu em 1876 encaminhar seu ajudante ao Sudão egípcio, com o objeto de trazer novos animais para sua atração. Esse novo modelo de negócio se estendeu por variados países, como Alemanha, Inglaterra, Noruega, França e entre outros. Assim, com essa popularidade uma exibição qualquer recebia em torno de 300 mil espectadores, e era perceptível que para a população ocidental os nativos eram inferiores e selvagens. Esses visitantes arremessavam alimentos e itens sem valor, sem contar que falavam sobre suas fisionomias, o comparando-os com primatas. As exposições tinha como objetivo saciar o sadismo europeu que se consideravam superiores a outros povos, e estavam cada vez mais espalhando pelo mundo, uma imagem de inferioridade dos nativos. Com essa errônea animalização de outro ser, é absurdo perceber o quanto jornalistas,
políticos ou até cientistas não se comoveram com a atual situação dos nativos, em relação às precárias condições sanitárias e moradia.

Até mesmo publicações científicas apresentam o povo nativo como uma conquista colonial e um povo medíocre, por exemplo a obra do Conde de Gobineau concretiza a desigualdade racial, onde aponta diferenças da inteligência, força física e beleza das formas, criando as noções de “raças superiores” e “raças inferiores”. O médico Samuel George Morton afirmava que os crânios possuem diferentes tamanhos, e quanto maior forem, maior o cérebro e a inteligência contida. Assim, Samuel, abordava que os crânios de europeus e americanos eram significamente maiores do que os de africanos, mongóis, tasmanianos e entre outros. Com isso, eram considerados raças inferiores podendo serem escravizados e torturados, Samuel e diversos outros médicos realizavam o racismo científico, trazendo abordagens para os povos negros serem considerados "estranhos" e inferiores.

O desenvolvimento científico na análise da espécie humana, fez com que fosse visto a espécie humana como um todo, e diferentes etnias dentro da mesma, e junto com a criação de universidades e colégios, auxiliou com que muitas pessoas possuíssem consciência sobre isso. Hoje em dia não temos mais situações como ao zoológico humano, mas pessoas negras ainda enfrentam diferentes problemas na sociedade, como falta de empregabilidade, olhares de julgamentos, falas desnecessárias sobre o cabelo ou cor de pele, e entre outras. Atos como esses de 1874 jamais serão aceitos e cometidos novamente, já que hoje em dia possuímos leis sobre os direitos humanos, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, criada após a Segunda Guerra Mundial em resposta às atrocidades cometidas com os Judeus.

Isabel Cristina S. Pedroso

segunda-feira, 30 de março de 2020

Humanidade, mais que um principio filosófico!




"A espécie humana não é boa, mas ela possui um grande potencial para o bem. Tangência a bondade e beira a monstruosidade, mas tenho esperança que um dia voltaremos a ser o que já fomos em um passado há muito esquecido. Quando éramos humanos no sentido literal da palavra e não como somos hoje, aonde humanidade é mais um princípio filosófico do que uma experiência vivida!"

Leandro Claudir Pedroso

domingo, 29 de março de 2020

Crônicas esquecidas!


              Vejo por meio da neblina de muitas eras da antiguidade, tantas quando qualquer livro ou civilização possam ter vestígios. Somente por pedras encontramos os restos de um mundo há muito esquecido. Vejo antes que as grandes águas se erguessem, antes que sua civilização se degenerasse e abandonasse os caminhos da verdade do Criador. Um mundo aonde as vimanas cruzavam os céus e às águas, unindo os dois grandes reinos de justiça, prosperidade e paz. A humanidade era uma grande família, não haviam guerras, doenças ou sofrimento, a longevidade de seu povo era inimaginável.

            Até que a escuridão foi derrubada na terra, ela corrompeu a ciência dos reinos, degenerou suas almas e mudou a ordem natural do Criador. Os reinos das terras do Norte das grandes águas e do Sul das baixas águas se digladiaram em  um conflito hediondo, aonde sua ciência foi usada para replicar o poder do  Sol em armas e envenenar suas cidades. Então lágrimas do céu caíram, os abismos se abriram e os povos dos dois reinos  foram tragados pelas águas. Tudo que eram foi esquecido, mergulhado nas profundezas das águas e revolvidas  pela abertura dos abismos.


             Hoje o que restou deles é relegado aos mitos, mas o sonho dos fundadores dos reinos ainda vive dentro de seus descendentes das Terras Novas, sonho escondido nas entranhas de sua carne e de seu sangue. Sangue que clama por aquele que os criou: Bereshit bará Elohim (no princípio criou Deus)!

Leandro Claudir Pedroso

quarta-feira, 25 de março de 2020

Resumo do livro “As Crônicas de Nárnia” volume único. Parte IV.





Leandro Claudir Pedroso

            Seguimos agora com mais uma parte do resumo do livro “As Crônicas de Nárnia”, espero que estejam gostando deste meu humilde trabalho, pois sei que muitos não possuem tempo para ler livros extensos, e na dúvida acabam nem começando algumas leituras por não conhecerem bem o livro. Vejo nos resumos e resenhas uma luz para estes amantes da leitura que não podem dispender de muito tempo para as mesmas. Iniciemos então mais uma parte....

            As crianças são ajudas pelo recém transformado em cavalo alado, Pluma. Ele irá conduzi-las até a montanha onde está o jardim, ao chegar lá deverão cumprir a missão dada por Aslam. Voando com Pluma a viagem ficará mais curta, e ao chegarem lá encontram o jardim cercado por uma cerca de relva, com um portão feito de ouro que possuí uma placa contendo um alerta que dizia: “quem ali entrar deverá pegar a fruta para outro e não para si.”

            Somente Digory entra no jardim, lá encontra várias árvores e no centro da macieira, ele pega uma maça e coloca no bolso para levar, mas ao ir em direção a saída se depara com a rainha Jadis, sentada no chão comendo uma maça, todo seu orgulho está expresso em si. Mas seu semblante é pálido, como no alerta da entrada ela está sendo consumida pelo seu próprio desejo de poder.

            Jadis vê Digory e tenta convencê-lo a levar a maça da eterna juventude para sua mãe que se encontra mortalmente doente. Digory resiste as investidas malignas da rainha e volta o mais rápido possível para Aslam e entrega a maça para ele, Aslam pede que enterre a maça. Nesse meio tempo o grande Leão coroa o ex-cocheiro como Rei Franco de Nárnia e sua esposa como Rainha Helena, após a coroação resplandecem de coragem e bondade.


            Tio André encontra-se preso em uma gaiola feita de árvores, o Leão Aslam estão explica a Digory que tudo continuará crescendo rapidamente ali por algum tempo, mas depois irá parar. Também explica que seu tio André está separado dele por seus pecados e não consegue ouvir sua voz, somente seus rugidos, não podendo deste modo ser consolado por ele, e para acalma-lo faz  com que caia em um sono profundo. Enquanto isso, a maça plantada por Digory, cresce e transforma-se em uma frondosa macieira que protegerá Nárnia da feiticeira com seu perfume. Com o tempo a feiticeira tornar-se-á mais forte, mas sua eternidade lhe será por tormento.

            Aslam explica que ao plantar a maça o que importa é a intensão do coração de quem a planta, se a intensão fosse má, Nárnia se tornaria como Charn, um império poderoso e cruel. Por que a feiticeira comeu um dos frutos do jardim com a intensão má, não poderá se aproximar desta árvore plantada com intensão boa.

            O grande leão entrega para Digory uma maça que acabou de nascer da macieira e diz para o menino entregá-la para sua mãe, que ao comê-la ficará curada. Então leva Digory, Polly e tio André para o “Bosque entre dois mundos” e lá deixa uma alerta para eles: o que aconteceu em Charn poderá acontecer no mundo dos filhos de Adão se não se mantiverem no caminho do bem. Não há mais lago para Charn, em seu mundo algum tirano poderá descobrir também a palavra execrável e leva-lo ao mesmo fim! Pede às crianças que enterrem os anéis. Aslam envolve todos em sua face de luz, todos sentem bondade e paz, e em minutos estão novamente em Londres, mas era como se a confusão cauda pela feiticeira em frente a casa do tio André acabasse de acontecer.

            Digory leva a maça correndo para sua mãe Mabel que está muito debilitada, ela come a maça da vida e logo começa a melhorar. O menino então enterra o miolo da maça que no dia seguinte já é um broto nascente, ele enterra ao redor da macieira os anéis.


            Com sua mãe Mabel recuperada e o retorno de seu pai das índias após a morte do tio avô de Digory sua família fica rica e vão morar na casa de campo do tio avô falecido. Enquanto isso em Nárnia a paz reina e o broto plantado por Digory se torna uma grande árvore que na velhice de Digory acaba caindo, mandando o mesmo fazer um roupeiro com ela.
            Deste roupeiro, novas e fantásticas aventuras virão, mas estás são outras histórias para um outro momento, por enquanto encerro meu resumo com estás quatro partes que são a introdução das histórias que a maioria conhece pelos filmes.


            Encerro este resumo introdutório na página 97 do volume único desta obra. Deixo em vocês a curiosidade de lerem o restante desta magnifica obra de C.S Lewis.

Você quer saber mais?

LEWIS, C.S. As Crônicas de Nárnia – Volume único. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.

PARTE I

PARTE II

PARTE III

terça-feira, 10 de março de 2020

Resumo do livro “As Crônicas de Nárnia” volume único. Parte III.


Leia antes a primeira segunda parte:



Dando continuidade ao resumo do livro “As Crônicas de Nárnia”.

Digory tinha razão, a feiticeira retorna para sua casa e trás consigo a maior confusão de cabriolés da polícia que a seguiam e moradores locais, após ter roubado uma joalheria. Tio André também está junto, após uma briga da rainha com as autoridades e moradores, Digory consegue tocar no calcanhar da dela e com o anel amarelo leva ela junto a Polly, tio André, um cocheiro pego no meio da confusão e o cavalo de Jadis montava. Voltam novamente ao bosque entre dois mundos, mas não demoram, pois o menino logo entra em um dos lagos que acredita levará a rainha de volta a Chairn, mas leva todo mundo junto novamente, pois todos estavam tocando nele e um no outro e deste modo o efeito mágico do anel verde levou todos juntos.

Chegam a uma dimensão vazia e escura, todos ficam apavorados, não há nada. Mas ao longe ouvem um canto, e devido a esse canto começam aparecer estrelas no céu, luz, e árvores e grama brotam do chão. Com o aumento da luminosidade veem que um leão canta enquanto a vida brota de seu canto. A rainha e o tio André ficam desconfiados e pedem para sair dali, mas todos os outros gostam do canto e sentem-se melhores, mais saudáveis e vivos. Tio André já especula em explorar o lugar financeiramente e Digory pensa que este lugar ou algo daqui poderia curar sua mãe Mabel. O menino então decide falar com o leão, e de repente o som do canto do leão se modifica e do chão começam a brotar em meio ao borbulhar da terra todos os tipos de animais. Então ele escolhe alguns, separa eles e sopra neles, e com uma voz profunda diz: “Nárnia, Nárnia desperte...” esses animais recebem o dom da fala e consciência. Da floresta surge todo tipo de animais e seres míticos, e todos clamam “Salve Aslam”! E os visitantes agora sabem o nome do leão criador.

Então com muito esforço o menino consegue se aproximar de Aslam  para pedir por sua mãe, Aslam o questiona o por quê de ter trazido o mal para o seu mundo recém criado, (se refere a rainha feiticeira), Aslam trata Digory pelo nome filho de Adão. O menino conta toda história para ele, o leão pede que ele seja fiel protetor dos animais que ele acabou de criar e pede ao menino que traga uma maça que nasce em uma cordilheira distante, pois precisa da semente dela para planta. Esta árvore que nascerá da semente protegerá Nárnia por séculos até que a rainha retorne. Para facilitar seu trabalho Aslam transforma o cavalo que veio com eles em um Pégaso, que recebe o nome de Pluma e voará com Digory. Aslam salienta que futuro sofrerá para que eles não sofram nas mãos do mal que chegou a sua terra.

Diante da presença do mal em seu mundo, Aslam convida o cocheiro para ficar e declara que fará dele o primeiro rei de Nárnia junto a sua esposa que por meio de um som emitido ele trás para Nárnia, sendo eles os primeiros reis daquela terra e que seus filhos o seguiriam no trono. Deveriam zelar pelos animais e por tudo, protegendo-os dessa força maligna invasora. 

Continua....

Resumo realizado por Leandro Claudir Pedroso

Você quer saber mais?

LEWIS, C.S. As Crônicas de Nárnia – Volume único. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.


Resumo do livro “As Crônicas de Nárnia” volume único. Parte II.


Leia antes a primeira parte:


Continuando o resumo do livro As Crônicas de Nárnia.

As crianças (Polly e Dygory) descobrem que tio André estava errado sobre os anéis, o amarelo retorna ao “Bosque entre dois Mundos” e verde saí do bosque. Assim elas entram em um dos lagos que estão no bosque e são levados a um pátio com vários prédios e arcos, um local muito antigo como puderam observar devido a aparência de ruínas e abandonado, todo o lugar é banhado por uma tênue luz vermelha. Entram em um grande salão adjacente ao pátio e veem várias cadeiras de pedra e figuras imóveis nelas sentadas, ricamente vestidas e com coroas nas cabeças, seus rostos transmitiam um ar de nobreza. No centro do salão havia uma mesa em formato de coluna e encima da mesa um arco com um sino com um martelinho perto, além de algumas inscrições indecifráveis, mas graças à magia que cercava o local a escrita aos poucos foi se tornando legível. O texto continha um alerta para aqueles que batessem o sino deveriam estar preparados para o perigo. Digory bate o sino, mesmo contrariando Polly, um som que vai aumentando é gerado da batida e espalhasse pelo salão, chegando a derrubar parte do teto. Uma das figuras sentada em um dos tronos, uma mulher muito alta e bela, acorda e se dirige às crianças. Pergunta quem são elas e conta que ela é a rainha daquele lugar que foi enfeitiçada, as crianças contam como chegaram ali e saem conduzidas pela rainha para fora do salão que já estava desabando. Chegam diante de uma porta cor de ébano que está fechada, e com um gesto a rainha destrói a porta. Do outro lado uma cidade igualmente abandonada, no céu um sol avermelhado e pálido brilha próximo a uma estrela.

A rainha fala para Polly e Digory que seu nome é Jadis e  aquela cidade é Charn, ela guerreou contra sua irmã rebelde e quando estava quase perdendo a batalha usou um feitiço proibido chamado “Palavra Execrável” e matou tudo que existia, isso explicou o por quê de não terem encontrado nada vivo até aquele momento. Conversando com Jadis, eles contam que seu mundo é diferente, que seu  sol é amarelo, ela concluí que seu mundo é mais jovem que o dela e acredita que  às crianças estão ali para levá-la para lá por ordens de algum feiticeiro que se apaixonou por sua imagem em alguma visão.  Ela deseja ir ao seu mundo para governar e pede que a conduzam até ele, ao rejeitarem ela agarra Polly, mas conseguem tocar nos anéis que estão em seus bolsos e voltam para o “Bosque entre dois mundos”. Ao chegarem nele, reparam que a rainha foi junto com eles, pois estava agarrada no cabelo de Polly, mas perdeu o vigor e às forças que tinha em seus mundo, pálida e fraca pede socorro para eles. As crianças correm para o lago de acesso a terra e tocam no anéis verdes, mas a feiticeira gruda na orelha de Digory e viaja junto com eles para Londres. Ao chegarem se deparam com o espanto do tio André que concluí que sua experiência saiu melhor do que imaginava. Jadis ao observar André concluiu que ele não é nenhum grande feiticeiro de linhagem real, mas um feiticeiro de livro, como ela mesma afirma.

A feiticeira se dirige ao tio André como seu servo e solicita uma carruagem para que inicie sua conquista, prontamente ele sai correndo para buscar. Jadis ignora a presença das crianças a partir daí e impaciente com a demora de André anda pela casa, encontra com a tia Letícia (Leta) que a interroga. Enfurecida Jadis tenta usar seus poderes nela, nada acontece aparentemente seus poderes não funcionam fora de seu mundo. André chega com um Cabriolé e leva consigo a rainha. Digory fica na casa esperando o retorno da rainha e André para encontra um meio de mandá-la de volta ao seu mundo.

Continua.....

Resumo realizado por Leandro Claudir Pedroso

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LEWIS, C.S. As Crônicas de Nárnia – Volume único. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009

sexta-feira, 6 de março de 2020

Resumo do livro “As Crônicas de Nárnia” volume único. Parte I.




Leandro Claudir Pedroso

            Mesmo estando envolvido no resumo crítico do livro o “Último imperador da China”, não me contive com minha nova leitura e inicie um pequeno resumo desta obra que se tornou um guia para todas as literaturas infanto-juvenis da atualidade.

A história inicia com a menina Polly brincando no quintal de sua casa e vê que está sendo observada por cima do muro por um menino, seu nome é Digory e ele está morando com seus tios solteirões André e Letícia que estão cuidando de sua mãe que está doente. Digory e Polly começam a brincar no porão da casa de Polly e encontram uma espécie de túnel mágico que por meio de uma porta leva até o porão da casa do tio André, ele é um homem considerado misterioso pelo seu sobrinho, justamente por se trancar neste porão.  Lá encontram o tio de Digory sentado em uma poltrona, e oferece um anel amarelo para Polly que ao coloca-lo no dedo faz com que ela desapareça, deixando seu amigo assustado.

            Após o ocorrido André ignora constantemente o pânico de seu sobrinho sobre o desaparecimento de sua amiguinha. Mas relata para ele o que aconteceu e por quê. Ele explica que sua tia avó Lenir, quando estava muito doente pediu para que ele trouxesse uma caixa que ela tinha guardado durante anos e disse que após sua morte a mesma deveria ser destruída. André não destruiu a caixa, mas a estudou e descobriu que ela era muito antiga, que havia vindo de Atlântica e no interior dela havia um “pó de outros mundos”. Para aprender a dominar o que tinha diante dele, começou a estudar magia. Criou por meio do “pó de outros mundos” dois tipos de anéis, um amarelo que leva as pessoas para o outro mundo, e outro verde que trás elas de volta para o seu. André aproveitou-se da situação com as crianças para testar os anéis nelas. André conta para Digory que se ele quiser que sua amiga volte, terá que levar para ela um anel verde.

            O pequeno Digory sem opção usa o anel amarelo para ir ao outro mundo buscar sua amiga e entregá-la o anel verde para que possa retornar. Após colocar o anel amarelo saiu em um pequeno lago no meio de uma floresta densa. Ele encontra Polly e ambos concluem que o lugar onde estão nada mais é do que um “bosque entre dois mundos”, como o túnel no porão que levava para todos outros porões da vizinhança, pois ali havia vários pequenos lagos que com certeza levariam para outros diversos mundos.

            Antes de viajar pelos outros portais, Polly aconselha a testarem o portal por onde vieram, para ter certeza que poderão voltar para suas casas em Londres.

Continua.........

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LEWIS, C.S. As Crônicas de Nárnia – Volume único. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Resumo crítico do livro “A República de Platão”.



Autor: Leandro Claudir Pedroso, formado em licenciatura Plena em história pela Ulbra e Pós-graduado em Metodologia do Ensino em História e Geografia pela Uninter.

            Li está antiquíssima obra em 2012, porém em minhas leituras faço inúmeras marcações, para o caso de precisar usar novamente as informações contidas no livro, poderei encontrá-las com facilidade, pois me foram relevantes no passado e poderão vir a ser no futuro. A República (Politeia, no original), foi escrita em 380 a.C e trata-se de um diálogo socrático, aonde tenta reproduzir as conversas de Sócrates com seus discípulos e Platão (427 a.C- 347 a.C), autor desta obra era um dos seus mais brilhantes pupilos. O personagem principal deste diálogo é Sócrates, e o tema central é justiça, o filósofo idealiza uma cidade ideal chamada Kallipólis, que em grego significa “cidade bela”.

I
            Podemos ver no decorrer do diálogo entre Sócrates e Polimarco a presença de afirmações como está: “Riqueza alguma poderá proporcionar paz a um homem mal”. Justiça é ajudar os amigos e prejudicar os inimigos, mas o homem justo deve fazer isto em casos de guerra, lutando com uns e aliando-se a outros. E a mesma também é útil na paz, e o uso dela na paz pode ser realizado por contratos comerciais. Em relações que envolva dinheiro o homem justo é mais útil que qualquer outro. E o diálogo entre ambos se confirma diante da dúvida sobre a justiça deve pertencer aos amigos e não aos inimigos. E se isto seria justo prejudicar os maus e ajudar os bons? O mesmo se desenvolve sobre a premissa de descobrir quem é amigo e quem é inimigo. Sendo o amigo aquele que parece e é realmente honesto, e o inimigo é o que aparenta, mas é desonesto. O interessante é que segundo o que lemos não devemos praticar o mal contra nossos inimigos, mesmo eles sendo desonestos, pois isto os deixaria piores ainda, pois a justiça é uma virtude humana, e não deve o homem justo prejudicar os inimigos e ajudar só os amigos. Pois “não é lícito  fazer o mal a ninguém em nenhuma ocasião".

            No decorrer do diálogo, Sócrates trata a questão da justiça junto a Trasímaco que considera a mesma nada menos que o interesse do mais forte  e que cada governo faz leis para seu próprio interesse e desta maneira acredita que isto é assim em todas as cidades, o justo é a mesma coisa, nada mais nada menos do que aquilo que é vantajoso para o governo, que é o mais forte, ele concluí que  justiça se iguala força. Os governos visam apenas seus interesses e sua justiça e a desvantagem daquele que obedece a suas leis.

            Sócrates discorre sobre os mais virtuosos governantes, que governam sem amor às glorias e ao dinheiro. Declara que uma cidade que surgisse  baseada em homens bons, fugir-se-ia do poder, saberiam que não deveriam visar seus próprios interesses, mas sim daqueles que por eles são governados. A justiça alimenta a concórdia e a amizade e da injustiça nasce toda sorte de dissenções. Sendo deste modo a justiça uma virtude da alma humana, e a injustiça nada menos do que um vício pernicioso.

II
            Os homens decidiram criar suas convenções e leis para evitar que cometam injustiça e a sofram também, pois chegaram à conclusão que devíamos ter uma situação aonde houvesse impotência em cometer injustiça. Glauco um dos personagens do diálogo conta uma história do pastor que se torna invisível graças a um anel e começa a fazer tudo quanto lhe apraz, tanto justas como injustas. Ele acrescenta que ninguém é justo por vontade própria, mas por obrigação, entende que são os fatores limitadores que impedem as pessoas de fazerem injustiças e a extrema injustiça é parecer justo não o sendo. O homem justo e generoso é aquele que não quer somente parecer bom, ele deseja ser bom, como nos ensina Ésquilo. Pois a aparência violenta a verdade! Adimanto interpõem que somente os deuses e os homens da ciência tem aversão pela injustiça, que no mais ninguém é justo por vontade própria.

            Faço um adendo aqui, pois me recordei do que ocorreu com o povo alemão durante o regime nazista, o povo mais culto da Europa e menos antissemita entregou-se completamente as injustiças contra seu semelhante quando todas as travas morais que consideram outros povos como humanos foram retiradas e vemos as barbáries que este povo foi capaz de cometer.

            Adimanto conclui que a justiça é um bem alheio e a injustiça é vantajosa somente para si mesma e nociva para os mais fracos.  Ele concorda com Sócrates que a justiça é um atributo também das cidades e nelas fica mais visível examina-la. Decidem procurar os atributos da justiça primeiro nas cidades e depois no individuo. As cidades existem, pela incapacidade dos indivíduos de se bastarem por si mesmo, necessitando de outros para lhes auxiliar. Debatem se é mais proveitoso para uma cidade se cada indivíduo executasse um só ofício ou não. Concluí que devem existir indivíduos responsáveis por tarefas no mercado, na compra e troca de produtos, existem também aqueles que prestam serviço salariado. Nesta cidade haveria pessoas que levariam uma vida mais e se satisfariam com ela e haveria pessoas que teriam uma vida mais requintada. A cidade cresceria e logo necessitaria de mais espaço vital, e como conclui Glauco, acabaríamos indo a guerra e a necessidade de guerra criaria o oficio de guerreiros.

            Os cidadãos devem ter seus espíritos alimentos desde pequenos pelas fábulas de suas amas e mães, mas não serão qualquer fabulas, estas fábulas devem ser as mais belas e mais adequadas a ensinar-lhes a virtude. Compete aos fundadores conhecer os modelos que devem seguir os poetas. Estes modelos visaram mostrar que sempre houve harmonia em nossa cidade e que Deus é essencialmente bom. Proibiram toda e qualquer fábula que denigra a imagem dos deuses por ser isto prejudicial para o desenvolvimento da juventude da cidade.


III
            Sócrates inicia um novo diálogo aonde declara que os cidadãos destinados à guerra, a serem os defensores da cidade não devem ser homens de lamentos, mas pessoas que devem se bastar em si mesmas, deixando as lamentações para as mulheres e os fracos. As crianças e os homens dessa civilização devem recear mais a escravidão do que a morte e implicaria em uma grande responsabilidade para os guardiões. De seu meio deveriam ser tirados todos os nomes odiosos que trazem medo e arrepios, que remetem as regiões do Hades. Do mesmo modo que evitam as lamentações, não devem ser propensos demais ao riso, pois provoca transformações excessivas. Os guerreiros não deveram receber presentes, tampouco ter ambições, pois as mesmas corrompem o homem. Serão homens que respeitaram e temem aos deuses, diferente de homens como Áquiles e Peleu que desprezavam os deuses. Os guardiões devem ser eximidos de qualquer outra responsabilidade que não seja há de defender a independência de nossa cidade, não deveram imitar outras coisas, mas se imitarem que imitem unicamente as virtudes: coragem, sensatez, pureza e liberalidade, mas nunca imitar a baixeza como aqueles perversos e covardes que falam mal, zombam uns dos outros e dizem coisas indecentes, quer na embriaguez, quer sóbrios.

            Sobre as coisas que devem ser consideradas licitas dizer ou não aos homens, uma delas está relacionada aos poetas e prosadores que não devem desestimular a justiça dizendo que os justos são desafortunados e os injustos felizes! Os governantes da cidade devem impedir que artesãos e outros introduzissem vícios, incontinências, baixeza e feiura em qualquer arte e contaminem nossos guardiões e isto se torne um grande mal em suas almas. Tudo que seguem a eles deve emanar das obras belas, tal como uma brisa transporta a saúde de regiões salubres, e predispondo-os a imitar e amar o que é reto e razoável. A educação musical será a principal, pois o ritmo e harmonia tem a capacidade de penetrar e tocar fortemente a alma. Pois é a alma boa que torna o corpo bem constituído. No seu meio não haverá embriagues, a mesma deixa o defensor incapaz de seu mister. Sua alimentação será alternada constantemente entre bebidas e comidas para que conservem a saúde e tenham os sentidos apurados.

            As pessoas se vangloriam, por vulgaridades de ser hábeis em cometer a injustiças, em poder usar todos os subterfúgios, escapar de todas as maneiras e dobrar-se como o vime, para evitar o castigo? E isso por interesses mesquinhos e desprezíveis, porque não sabem quanto é belo e melhor ordenar a vida de modo a não ter necessidade de um juiz? As pessoas honradas são simples na sua juventude e facilmente enganas pelos perversos por não haver nelas sentimentos que compreendam a postura dos maus.

            Estabeleceremos médicos e juízes em nossa cidade que trataram os cidadãos que são bem constituídos de corpo e alma, e quanto aos outros deixaremos para eles a condenação. A beleza do canto pode tornar o homem distraído, suavizando o elemento irascível de sua alma e sua coragem dissolve-se, tornando o guerreiro sem vigor, impressionável e predisposto a irritar-se e a acalmar-se em vez de corajoso, será colérico e cheio de mau humor. Torna-se inimigo da razão e amigo da violência, selvageria, como um animal passa a viver na ignorância sem harmonia e inútil para a cidade.

            Os guardas serão homens de boa vontade, proveitosos para a cidade, e nunca consentiram e agir em detrimento do Estado. Serão observados em todas as idades para vermos se se manterão fieis a está máxima de trabalhar para o maior bem da cidade e não serem seduzidos com facilidade por qualquer espirito de rebelião.

            Para realizar a divisão de atividade na cidade recorremos as fábulas, ensinaremos que na cidade todos são irmãos, mas que deus os formou e misturou ouro na composição de alguns que deveriam comandar, prata na forma dos auxiliares e bronze e ferro nos lavradores e outros artesãos e em geral procriareis gerando filhos semelhantes a vós, mas visto que são todos parentes pode nascer da prata um rebento de ouro e as mesmas transmutações possam se produzir nos outros metais que os constituem. De certa maneira seria uma cidade gerida por castas que por eventuais acontecimentos um individuo poderia migrar de uma casta para outra. E isto lhes servirá para inspirar maior dedicação à pátria e aos seus concidadãos.

            Nenhum dos defensores terá propriedades exclusivas, exceto objetos de primeira necessidade, sua alimentação será suprida pelos cidadãos da cidade, bem como seus salários não deverá faltar e nem sobrar. Isso deverá ser dessa maneira para que não venham a se tornar mercadores, lavradores e proprietários de terras, abandonando sua função de guardiões e tornando-se impuros e inimigos dos outros cidadãos, gerando a ruína da cidade.
            Os cidadãos de Kallipólis deveram evitar a doença que assola as pessoas destemperadas que consideram seu pior inimigo aquele que lhes diz a verdade, isto é, que, enquanto não renunciarem a embriaguez, glutonaria e libertinagem de nada lhes servirão os remédios, amuletos e simpatias que utilizam.

IV
            A ciência será a responsável por conservar o Estado, e encontra-se nos magistrados, chamados de guardiães perfeitos. Será a classe menos numerosa, pois nela estarão aqueles que governam a cidade, fundada sobre homens raros que participam da ciência da sabedoria. Na cidade os guerreiros  serão submetidos aos magistrados como cães aos pastores, pois em casos de sedição é a cólera que pega em armas a favor da razão. Os filósofos chegam à conclusão de que na alma humana e na cidade existem princípios que são correspondentes de maneira igual. E que para tudo funcione de maneira efetiva na cidade, ela deve ser governada pela razão e por meio dela estabelecer uma imagem de justiça nas relações entre os ofícios não permitindo que um intrometa-se nas atividades do outro. A justiça só iria imperar na cidade se cada uma das três classes de cidadãos ocupasse somente da suas tarefas, os artífices e comerciantes cuja virtude é a temperança, os guerreiros cuja virtude é a coragem e os filósofos cuja virtude é a sabedoria.

            Em certo momento do diálogo com Glauco, Sócrates explica os três elementos da alma, o racional, irracional e a concupiscência. O racional seria a parte da alma mais desenvolvida pelos governantes, os magistrados/filósofos, o irracional seria mais forte na alma dos guerreiros que deveriam proteger a cidade e a concupiscência seria mais forte na alma dos comerciantes, agricultores e artesãos. Sendo a injustiça advinda da rebelião dos três elementos da alma, uma usurpação das suas respectivas atividades. Pois todas as boas ações levam irremediavelmente a virtude e más aos vícios.

            Ao analisar as formas de governo proposta por Platão nas palavras de Sócrates vemos que existem três formas de governo:

Monarquia - governo de um, virtude da unidade.
Aristocracia – governo dos melhores, virtude da qualidade.
República - governo de muitos, virtude da liberdade.

            Mas estas formas ditas como formas “Puras de Governo” podem se degenerar em formas “Impuras de Governo”.

Tirana
Oligarquia
Democracia
V
            Para o bem da sociedade é melhor que homens e mulheres participem de todas as atividades, ainda que a mulher seja mais fraca que o homem isso não impede que tenha as mesmas aptidões naturais. Existem mulheres aptas para algumas atividades e outras não, como os homens. Desta maneira elas poderão ser guerreiras e habitarão com os guerreiros, mas elas não pertencerão a um único guerreiro e deste modo seus filhos serão de todos. Aqueles que tiverem domicílio em comum farão suas refeições e não possuirão nada seu, mas tudo lhes será em comum, estudarão e se exercitarão juntos!  

            Os indivíduos membros da elite deveram ter seus filhos educados nas mais altas artes das letras, mas aos filhos das classes inferiores lhes será negada esta instrução para que o rebanho atinja a mais elevada perfeição. Podemos ver que a estratificação social em Kallipólis será algo marcante, pois os magistrados criaram abismos sociais entre os indivíduos. A população da cidade deveria se manter em uma taxa de substituição populacional ao ponto que a população não cresça nem diminua. As uniões serão decididas pelos magistrados, conferindo privilégios aos homens com distinção no combate, podendo os mesmos unir-se com mais liberdade às mulheres, de modo que a  maioria dos filhos provenha deles e herdem as características heroicas dos pais. Os filhos destas uniões serão criados em lares comuns, aonde serão criados por homens e mulheres com responsabilidades iguais para com eles e assistidos por amas. A procriação dos filhos deverá ser realizada na flor da idade, quando todas as funções de seus corpos estiverem em seu máximo vigor! Todos os nascimentos deverão ser autorizados pelos magistrados e por eles santificados.

            A cidade deverá ser fundamentada na comunhão de interesses comuns, como se fosse um corpo com todas as suas partes cooperando em harmonia. Os filósofos serão os reis e soberanos na cidade, armados com as armas da razão repeliram toda a oposição que leva ao caos e ruína das cidades. Buscando constantemente a sabedoria e amando o espetáculo da verdade, mergulhando constante na ciência e nos estudos, os filósofos são os homens mais adequados para governar a cidade.

            Em certo momento do dialogo Sócrates analisa a necessidade dos filósofos conhecerem o intermediário entre a ciência e a ignorância, se como ele diz algo assim existir, que fica entre o não ser da ignorância e o ser da ciência, sendo a opinião este intermediário como nos concluí Glauco.

VI
            Os magistrados de nossa cidade baseada na forma de governo da república serão escolhidos entre os homens capazes de zelar pelas leis e pelas instituições de Kallipólis. Serão homens sinceros com tendência natural a verdade, pois poderemos encontrar alguma coisa que se ligue melhor a ciência do que a verdade. Suas almas são justas e brandas, apegados a moderação e jamais feitas de ferocidade. Homens amadurecidos pela educação e pela idade, consagrados aos estudos filosóficos.

            Enquanto as cidades não forem governadas por homens assim, os males que afligem as cidades nunca terá fim. Segundo Sócrates a verdade acompanha a pureza e a justiça, que são juntas a coragem, grandeza de alma, facilidade de aprender e memória são às características que compõem o temperamento dos filósofos.

            Segundo Sócrates em seu diálogo com Adimanto, mesmos as almas bem-dotadas se forem influenciadas por uma má educação, se tornam extremamente más, pois os grandes crimes provem destas almas que teriam tudo para ser grandiosas e são corrompidas, passando a usar seus dons para mal ao invés do bem. São estás almas que recebendo a educação adequada se tornaram os filósofos que governaram a cidade. Sendo estas almas dotadas de todos os pendores necessários para o bom filosofo, enumero-as como a facilidade de aprender, a coragem e a grandeza da alma. Estes elementos constituem a alma do filósofo, mas podem ser deteriorados por uma má educação, afastando as pessoas de sua vocação. São destes homens que saem os maiores males e os maiores benefícios para a cidade, tudo dependerá da educação que a pessoa tiver.

            Sócrates junto com Adimanto conclui que a união entre pessoas de trabalho serviu e as de alma nobre, como as bem-dotadas pelo espirito filosófico devem ser proibidas para que não aja uma deterioração das famílias.

            O Estado deve agir para que a filosofia não pereça, conservando em nossa República o espirito que inspirou a elaboração das leis. Proporcionaram aos jovens e às crianças uma educação e cultura adequada a sua idade, cercados de todo cuidado com seus corpos de forma a prepara-los para servir a filosofia. Ensinando-os a estar em contato com o sagrado, respeitaram os limites da natureza humana, Kallipólis só será feliz se seus planos, digo suas leis e estatutos estiverem em harmonia com o sagrado e tornando a população imaculada pelos princípios que a regerão. Esforçando-os para serem homens divinos como aqueles dos modelos de Homero.

            Adimanto acredita que talvez todos os males da cidade serão extintos quando os filósofos governarem, pois estes formaram homens que respeitaram a Constituição e a manterão. Embutindo em suas almas o amor a pátria, de tal modo que não importar-se-ão com as dores que tiverem que passar para guardar seu Estado e os magistrados serão cumulados de distinção na vida e na morte para servi de exemplo a todos.

            Dois grandes grupos presentes na cidade e dos quais nos fala Sócrates, são os intelectuais e os guerreiros, uns dotados de facilidade de aprender e inteligência serão nossos magistrados, os outros embrutecidos e lentos em compreender serão hábeis na guerra, pois possuíram caráter firme e sólido.

VII
            No livro VII Sócrates discorre sobre o “Mito da Caverna”, aonde fala de uma caverna na qual homens estão presos desde sua infância e tudo que sabem sobre o mundo são as sombras daqueles que passam numa estrada ascendente, aqueles que passam nesta estrada são iluminados por uma fogueira acesa numa colina atrás deles. Se um destes prisioneiros for solto, sofrerá com a luz do Sol que machucará seus olhos e considerará as sombras de sua caverna mais verdadeiras. Demorará um tempo até que seus olhos se acostumem com a luz do Sol e depois considerará este lugar verdadeiro e as imagens refletidas falsas. Então este homem é colocado em seu antigo lugar na caverna, seus olhos ficarão cegos pela escuridão, afastados da luz do Sol. Antes que seus olhos se acostumem com a escuridão tentará convencer os outros que ficaram presos sobre o mundo exterior, mas estes não acreditaram nele. Neste mito Platão nos ilustra nas palavras de Sócrates a elevação da alma humana, a pessoa só poder ter sua alma retirada das trevas para luz por meio da educação, e mesmo aqueles que não possuem temperamentos propícios poderão ser disciplinados desde a infância e libertos dos pesos que corrompem a alma.

            Os filósofos que governam a cidade Estado de Kallipólis deverão ser diferentes dos filósofos de outras cidades, pois eles serão capacitados para descerem as moradas comuns da cidade e se acostumarem com as trevas que ali reinam, pois nela poderão ver mil vezes melhor que os habitantes locais e conheceram a natureza de cada sombra que contemplam. Conhecendo a realidade daqueles que não foram iluminados pela luz da educação será mais fácil descobrir suas necessidades.

            Glauco conversa com Sócrates sobre a educação das crianças e mesmo há mais de dois mil atrás concluem que não se deve usar de violência na educação das crianças, mas que aprendam brincando e assim desenvolveram facilmente suas tendências naturais.

            Os homens que se destacarem na cidade em relação as ciências, a guerra e nos trabalhos prescritos na lei ao completarem 30 anos devem ser afastados dos outros jovens e experimentando-os por meio da dialética, os que são capazes de elevar o próprio Ser pelo poder da verdade. Ao atingirem os 50 anos os que tiverem se saído bem e tiverem distinção em tudo quanto forem provados e elevarem a parte luminosa de sua alma ao Ser que ilumina todas as coisas. Estes serão os modelos com o qual se organizará a cidade, passaram a maior parte de sua vida estudando filosofia. Quando chegar sua vez destinar-se-ão a trabalhar na administração da cidade e verão nisto um dever indispensável, estes serão os governantes modelados pela filosofia que foram esculpidos pela boa educação.  

VIII
            Neste capitulo os diálogos se desenvolvem sobre as formas de governos e suas características. Sendo as outras formas de governo falhas e a República sendo a boa. Aqui ele discorre sobre outras quatro formas de governo: Monarquia hereditária, Oligarquia, Democracia, Timocrácia e Tirania. Também trata neste capitulo sobre a população da cidade que deve manter um número controlado de cidadãos e as uniões bem como os nascimentos devem ser ordenados de acordo com as necessidades e propósitos da cidade, caso contrários os filhos de uniões desenfreadas serão uma geração menos culta advinda da mistura das raças, resultando em uma mistura defeituosa da qual resulta todas as discórdias e guerras. Não deixo observar nas palavras de Platão algo que chamamos hoje de Eugenia ou raça pura, uma busca pelas uniões dentro da pureza de uma elite racial que é dotada de todas as nobres qualidades humanas e mantê-la pura é manter o Estado.

            Platão nas palavras de Sócrates nos cita algumas raças pelo nível de pureza, como a raça de Hesíodo, do Ouro, Prata, Bronze e Ferro, sendo as duas últimas as mais inferiores que não devem aspirar enriquecer nem física ou intelectualmente enquanto as duas primeiras devem almejar e buscas estas duas metas. A raça do Ferro e Bronze ao possuírem riquezas se apegam nelas e se fartaram dos prazeres, desprezando a dialética e filosofia.

            Discorrem os diálogos seguintes sobre as características de alugns tipos de governos:

            Monarquia: governo do Rei-filósofo.
            Oligarquia: governo em que os ricos mandam e os pobres não participam do poder, somente os que possuem fortunas ascendem aos cargos públicos. O cumprimento de suas leis e feito através das forças das armas. Seu sistema político funciona pela divisão entre pobres e ricos, jogando constantemente uns contra os outros, vivem em constate conspiram. Exteriormente parecerá ser um governo bom, mas não possuí uma alma uma e harmoniosa.
            Democracia: forma em seu meio homens de bem, preocupados com a política da cidade, pessoas benevolentes. Um governo agradável, anárquico e variado, que dispensa uma espécie de igualdade, tanto ao que é desigual como ao que é igual.
            Tirania: sua origem está na democracia, nas perversões advindas do excesso de liberdade. Pais se assemelhando a filhos, não respeitando e nem temendo seus genitores, mestre recearam seus discípulos que fazem pouco caso deles. O resultado de todos estes abusos é uma população melindrosa que a mínima aparência de opressão causa revolta. Seu governante suscitará as guerras constantes, eliminará toda a oposição para poder manter-se no poder, manterá uma guarda fiel de mercenários (homens pagos) ou escravos libertos, isto devido ao ódio de seus súditos.
            Timocrácia: designa-se a transição entre a constituição ideal e as três formas mais tradicionais (oligarquia, democracia e tirania). Platão se pergunta se esta forma de governo não estaria situada entre a Aristocracia e a Oligarquia.
Cito diretamente está excelente frase:

“Sócrates – Desse modo, o excesso de liberdade conduz a um excesso de servidão, tanto no indivíduo como no Estado.”

IX
            Neste capitulo Platão discorre sobre a Tirania, afirma que a alma tiranizada ficará cheia de perturbações e remorsos e serão arrastadas por todas formas de desejos violentos. O tirano segundo Sócrates nada mais é do que um homem que governa mal a si próprio é semelhante a um doente que não tem domínio do corpo e passa a vida a bater-se com os outros. Na verdade é um escravo, condenado a uma baixeza e servidão extremas, assim define-se o Tirano. Os filósofos Glauco e Sócrates estabelecem em um diálogo que o governo mais feliz é a monarquia e o mais infeliz a tirania, por ser o mais injusto.

Trata em seus dilemas filosóficos a existência de um estado da alma humana aonde não se sente nem alegria e nem tristeza, um estado igualmente afastado destes dois sentimentos, um estado de repouso.

X
Segundo o que nos ensina Sócrates sobre o equilíbrio é que devemos manter sempre a calma durante os períodos de infelicidade, pois nestes momentos não conseguimos distinguir bem as coisas e confundimos o bem  e o mal, não ganhamos nada nos indignando, mas sim mantendo a calma e não nos afligindo para que saibamos ver quando estão vindo em nosso socorro. Devemos tratar as feridas, erguer-se e seguir em frente, calando os lamentos. Assim prosperarão em nossa cidade os homens nobres e fortes. Acusam neste capitulo de vários males causados pela poesia, e um deles é o de corromper as pessoas honestas. Para comprovar sua opinião sobre a imortalidade da alma, neste capitulo Sócrates nos conta a história de Er, um homem que morreu em batalha e teve seu corpo encontrado no campo após vários dias de sua morte ainda estava intacto, ao levarem para casa e o colocarem na pira funerária ele ressuscitou. E após recobrar os sentidos contou tudo o que viu no além, o relato é extenso e vou me manter em alguns pontos que considerei mais importante. Sócrates usa o relato de Er para deixar um aviso aos seus concidadãos de que devem se manter longe dos excessos, tanto nesta vida quanto na vida futura no Hades, pois é isto que se liga a maior felicidade humana. Os homens que ao nascerem nesta vida se aterem aos caminhos da filosofia terão vidas felizes nesta terra como no outro mundo terão sua passagem não pelo subterrâneo, mas pelas vias do céu. Discorre sobre vários personagens do passado que escolheram retorna ao mundo como animais devido ao desgosto pelo gênero humano, como Agamenom e Ulisses. Fala de várias crenças de sua rica mitologia e termina o livro afirmando sua posição sobre a imortalidade da alma e capaz de se manter na pratica da justiça e da sabedoria. Estando assim de acordo com os deuses tanto neste mundo quanto no além.

Você quer saber mais?

PLATÃO, República. Tradução de Enrico Corvisieri. Editora Best Seller: São Paulo, 2002.