domingo, 2 de fevereiro de 2020

O CONTROLE DO FOGO DIANTE DA REALIDADE HUMANA



A
lguns acreditam que a civilização humana começou quando o homem conseguiu produzir e controlar o fogo para seu benefício. Antes disso, o fogo era visto como algo terrível e destruidor. Eventualmente, humanos, em diversas partes do planeta, descobriram que pequenos fogos controlados, ou fogueiras, podiam trazer conforto quando fazia frio e ajudar a enxergar no escuro. Passaram a reunir-se ao redor de fogueira. Logo descobriram que alimentos preparados no fogo tinham melhor gosto e duravam mais, e também que o fogo ajudava durante a caça e servia como defesa contra predadores. Por volta de 500.000 a.C., métodos pra se criar fogo foram descobertos quase ao mesmo tempo em várias partes do mundo. Os métodos mais antigos incluem diversas técnicas de fricção, como esfregando dois gravetos. Na América do Norte, as tribos iroquois e inuit (esquimós) desenvolveram instrumentos bastante eficientes que criavam fogo com facilidade.
Com o controle do fogo, o homem pôde amenizar as duras condições de vida impostas por uma natureza muitas vezes hostil e dar um passo decisivo na luta pela sobrevivência. Os alimentos passaram a ser cozinhados. A iluminação e o aquecimento dos locais frios e escuros tornaram mais fácil a permanência nas cavernas. A defesa contra os animais ferozes tornou-se mais eficaz. O fabrico de instrumentos aperfeiçoou-se. A utilização do fogo provocou ainda alterações físicas, demográficas e sociais na vida das primeiras comunidades.
Nossos ancestrais levaram milhares e milhares de anos para conseguir o domínio do fogo. Não foi tarefa fácil. O ato “ridiculamente simples” de acender um fósforo representa a luta e o esforço de milhares de indivíduos ao longo de milhares de anos. Não é possível precisar as circunstâncias exatas em que se deu esse grande passo da humanidade. É provável que não tenha sido um evento isolado. É mais plausível supor que o domínio do fogo tenha sido conquistado e perdido várias vezes ao longo das gerações e em lugares e circunstâncias diferentes.
Isso não importa num sentido mais amplo, podemos perfeitamente retratar essa grande conquista pela história de Uga, “o deus dos macacos”. A luta do homem com a natureza hostil e contra seus próprios temores do desconhecido de ter sido fenomenal. Não fosse a coragem ou curiosidade de um Uga ou, quem sabe, um raio fortuito (;)) é que quase certo que você não estaria hoje lendo essa página. É provável inclusive que você sequer existisse ou fosse, ainda, apenas um outro Uga, ou talvez nem isso.
 Foi o fogo que deu ao homem pré-histórico o poder de realmente dominar outros animais. Foi graças ao fogo que o homem pôde sair de seu ninho seguro para desbravar o planeta. Foi o fogo que permitiu ao homem sobreviver aos rigores do tempo. Foi o fogo que permitiu ao homem desenvolver uma tecnologia, fundir metais, vidros e cozer alimentos. Sem o fogo, continuaríamos eternamente na pré-história ou, quem sabe, teríamos sido simplesmente extintos por animais mais fortes e adaptados ao meio.
Parece estranho, quase um absurdo, que uma simples tocha de madeira tenha feito tamanha diferença. Mas é exatamente esse o ponto. São as pequenas diferenças que fazem o grande mistério do Universo.

Leandro Claudir Pedroso

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Biehl, Luciano Volcanoglo. A Ciência Ontem, Hoje e Sempre, Canoas: Editora da Ulbra, 2008.

Popper, Karl. A Miséria do Historicismo. São Paulo: Cultrix, 1980.

Capra, Fritjof. A Teia da Vida. São Paulo: Cultrix, 1997.

Capra, Fritjof. O Ponto de Mutação. São Paulo: Cultrix, 1986.

CRO-MAGNON DAS ILHAS CANÁRIAS



O
 Museu das Canárias, na Ilha Grã-Canária, se orgulha de possuir a maior coleção do mundo de crânios do homem de Cro-Magnon.  Interessante também é o terraceamento para agricultura em torno de elevações arredondadas pela erosão, de origem desconhecida, que se encontra por todas as ilhas.
Na Ilha Tenerife existe um complexo piramidal feito de pedra negra vulcânica. As técnicas de arquitetura e engenharia empregadas na construção dessas pirâmides de seis “degraus” são similares àquelas encontradas no México, no Peru e na antiga Mesopotâmia.
Os arqueólogos da Universidade de La Laguna e o Dr. Thor Heyerdahl provaram que as estruturas são obra humana. A escavação revelou que elas foram erguidas sistematicamente com blocos de pedra, cascalho e terra. Escadas construídas cuidadosamente no lado oeste de cada pirâmide levam ao cume, uma plataforma perfeitamente plana, coberta de cascalho. Descobriu-se que o principal complexo piramidal, inclusive as esplanadas diante delas, é astronomicamente orientado para o poente no solstício de verão da mesma maneira que as pirâmides do Egito foram orientadas segundo os pontos cardeais.
Quem as construiu é um mistério, e nenhuma teoria é empurrada à força aos visitantes da cidade de Guimar e suas pirâmides. Um cartaz com um único ponto de interrogação rotula a exposição:
“OS HABITANTES CONHECIDOS MAIS ANTIGOS DE TENERIFE SÃO OS GUANCHES (hoje em dia extintos como cultura), QUE NÃO SABIAM DIZER QUANDO AS PIRÂMIDES FORAM CONSTRUÍDAS NEM POR QUEM”.
Entretanto, como veremos, os guanches provaram ser um elo cultural entre sociedades antigas e modernas. Quando os primeiros europeus modernos chegaram às Ilhas Canárias durante o início do século XIV, ficaram surpresos com as características físicas de seus habitantes guanches, que não eram muito diferentes daquelas das populações brancas nas regiões ao sul do Mediterrâneo. Investigadores do século XX ficaram ainda mais surpresos pela similaridade entre os esqueleto do homem de Cro-Magnon de 40 mil anos encontrado na Dordonha, França, e os restos mortais dos guanches.  Alguns pesquisadores acreditam que as similaridades não eram apenas físicas, mas também culturais como evidenciam as pinturas nas cavernas em Gáldar, Belmaco, Parque Cultural La Zarza e Los Letreros, por exemplo. Assim como as culturas Cro-Magnon, os guanches adornaram as cavernas com zigue-zagues, quadrados e símbolos espirais usando tinta vermelha ou preta. Os guanches continuaram pintando cavernas até o século XIV.

De acordo com a antropóloga alemã Ilse Schwidetzky, as Ilhas Canárias oferecem um extraordinário campo para investigações antropológicas. A população pré-histórica que vivia lá enterrava seus mortos em cavernas, o que proporcionou um material extraordinariamente abundante no que diz respeito a esqueletos. A despeito do fato de que os guanches não existem mais como cultura, grupos pré-hispânicos sobreviveram até o presente, mesmo depois do processo de cristianização e aculturação. Vários estudiosos dedicaram-se a identificá-los nos séculos XVIII, XIX e XX.

Em um estudo de 1984, o professor Gabriel Camps, da Universidade de Provença, foi bastante explícito quando à questão de identificar corretamente os naturais das Ilhas Canárias e seus predecessores. Nessa pesquisa, ele concentrou-se na antiga população Cro-Magnon da África do Norte, à qual ele se referia especificamente como iberomaurusianos. Esses iberomaurisianos eram uma cultura de 16 mil anos de idade do noroeste da África, que habitavam a planície costeira e o interior do que são hoje a Tunísia e o Marrocos. Viviam da caça do gado selvagem, gazelas, antílopes e carneiros-da-Barbária, e da coleta de moluscos. Hoje em dia, características físicas Cro-Magnono são raras nas populações da África do Norte. As características gerais ali pertencem a diferentes variedades de tipos mediterrâneos. No máximo, o grupo com características semelhantes às do homem de Cro-Magnon representa 3% da atual população do Magreb (Marrocos, Argélia e Tunísia). Mas são muito mais numerosos nas Ilhas Canárias.

O termo “iberomaurusiano” se refere à fabricação de implementos no final da Idade do Gelo caracterizados por ferramentas e armas de pedra menores, se comparadas às das culturas anteriores, e que apresentam pequenas lâminas com uma das extremidades sem corte, para que fosse possível segurar o instrumento daquele dão, ao manuseá-lo.  Os fabricantes dessas ferramentas estavam presentes em muitos pontos do Magreb africano, como AfalouBou-Rhummel, La Mouillah, Caverna Taza I e Taraforalt, entre 20 e 10 mil anos atrás. Muitos desses sítios encontram-se aglomerados em cavernas e abrigos rochosos ao longo do litoral do Magreb. Tinham esqueletos fortes que se pareciam como do Cro-Magnon europeu, embora tivessem as feições mais duras e outros tipos de diferenças. As origens do Cro-Magnon da África do Norte são desconhecidas. Estudiosos sugerem que eles tenham vindo da Europa, oeste da Ásia, ou de outro ponto da África, ou que tenham se desenvolvido na própria África do Norte. Eram relativamente altos (1,73 m para os homens e 1,62 m para as mulheres), e possuíam feições muito marcantes, rosto largo e forte, e um crânio alongado e estreito. Esse tipo de conformação craniana é referida como dolicocéfalo.

Leandro Claudir Pedroso

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MALKOWSKI, Edward F. O Egito Antes dos Faraós: e suas misteriosas origens pré-históricas. São Paulo: Editora Cultrix, 2010.

Egito Antigo. Disponível em: http://www.eurekabooking.com/en/guide/spain/guimar/photos.html. Acessado em janeiro de 2014.



Ave-Maria está na Bíblia?



Vamos ler Lucas-/,26-28. Como vimos o Próprio Anjo Gabriel, enviado por Deus, saúda Maria assim:
“AVE. CHEIA DE GRAÇA. O SENHOR É CONTIGO”(Lc 1.28).

Ele, enviado de Deus a declara  CHEIA DE GRAÇA.

Vamos ír agora em Lc 1,39-42. Você percebeu que Isabel, cheia do Espírito Santo exclamou:

“BENDITA ÉS TU ENTRE AS MULHERES E BENDITO É O FRUTO DO TEU VENTRE”. Se você notar bem, vai perceber que Isabel proclamou isso estando ela cheia do Espírito Santo, ou seja, o próprio Espírito Santo chama Maria de bendita. E mais, o mesmo adjetivo que o Espírito Santo (através de Isabel) usa para Maria (=bendita), usa para o fruto com seu ventre, que é o próprio Jesus (=bendito). Ora, meu irmão, se o Espírito Santo declarou Maria bendita, quem poderá dizer o contrário? Não tenha medo de bendizer (=dizer bem, falar bem de…) a mãe de Jesus. Da mesma forma que você fala bem de Jesus, fale bem também de Maria, sua mãe.

“SANTA MARIA”, como amava chamá-la Lutero fundador da Igreja Evangélica alemã. A palavra “Santa”, que quer dizer: ESCOLHIDA, SEPARADA PARA DEUS! Lembremos que São Paulo costumava chamar todos os cristãos de “Santos” (Co/ 3,12) e a Carta aos Hebreus diz: ” Por isso, irmãos santos, vocês participam de um chamado que vem do céu” (Heb 3, 1 j. Se todos os cristãos são “santos”, porque não posso honrar Maria com este nome?

Finalmente, quem é Jesus? Não é Deus Feito Carne! Se Maria é a mãe de Jesus, então podemos dizer dela que é também a “MÃE DE DEUS” encarnado. A esta mulher tão cheia de Deus, tão perto de Deus, não podemos pedir que ore por nós, que somos pecadores. Como já meditamos no episódio das Bodas de Cana, Maria é uma potente intercessora porque pedindo, consegue que Jesus faça um milagre que não quer. Existe uma intercessora mais potente daquela que consegue mudar até os planos de Jesus!

Com confiança, podemos concluir: “Rogai por nós, pecadores, agora e no hora de nossa morte, amém?”

Juntando todas estas frases bíblicas você vai construir a Ave Maria e é bom a gente orar com as Palavras da Bíblia quanto mais puder! AVE MARIA, CHEITA DE GRAÇA, O SENHOR É CONTIGO. BENDITA SOIS VÓS ENTRE AS MULHERES E BENDITO É O FRUTO DO TEU VENTRE JESUS. SANTA MARIA, MÃE DE DEUS, ROGAI POR NÓS PECADORES AGORA Ë NA HORA DA NOSSA MORTE AMÉM!
Você tem coragem de falar para Jesus que sua mãe era uma “mulher qualquer”!

Cada um de nós tem uma mãe nesta terra e, depois de Deus, ela é o ser que mais amamos, junto ao nosso pai. Cada um de nós ficaria muito sentido se alguém falasse que sua mãe é uma “mulher qualquer”. Imagine o que Jesus sente quando uma pessoa fala de Maria, a sua mãe, como de uma “mulher qualquer” (coisa que infelizmente muitos “crentes” dizem). S e o anjo Gabriel, enviado por Deus a engrandeceu com palavras sublimes: “Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você! “, “Não tenha medo, Maria, porque você encontrou graça diante de Deus. Eis que você vai ficar grávida, terá um filho, e dará a ele o nome de Jesus. ” (Lc 1,28- 31), não é admitido chamá-la de “mulher qualquer”. Se a Sagrada Escritura, pela boca de Isabel, a chama de “Bendita entre todas as mulheres” (Lc 1,42) quem poderá rebaixar esta sublime filha de Deus, que chamamos “Mãe de Deus” porque deu a vida, criou e educou Jesus, Verbo encarnado. Deus feito homem. Você já pensou com quanto carinho Maria cuidou de Jesus, ensinou-lhe a caminhar e a falar?
Catolicismo Romano

Os vikings não passavam de meros saqueadores?



Esses “homens do norte” ou nordmanni, como eram chamados nos séculos IX e X, não eram meros selvagens que atacavam as pobres populações cristãs indefesas. Seus objetivos eram variados; poderiam ser comerciais, trabalhos como mercenários protegendo reinos europeus. O esquema empregado foi o mesmo que opôs os romanos a bárbaros. Uma imagem negativa, pois revela mais sobre as representações do “outro” por parte dos clérigos carolíngios que sobre a realidade histórica dos próprios vikings.
O termo viking designa os homens que surgiram no litoral da Europa ocidental no fim do século VIII. Oriundos da Escandinávia, eles organizavam expedições a bordo de seus navios, os knorr, pelas margens do Báltico e do Mar do Norte.
Seus objetivos eram variados. Praticavam atividades comerciais importantes, mas também pilhavam as populações costeiras, às vezes subindo rios como o Reno, o Sena e o Loire. A primeira grande incursão teve como alvo as ilhas britânicas na década de 790. Pouco depois, os vikings chegaram à costa do continente europeu.
Durante grande parte do século IX, o reino da Frância Ocidental foi particularmente visado, e Carlos, o Calvo, foi obrigado a lhes pagar tributo. Em certos casos, eles se instalavam em terras estrangeiras. Foi assim com a Normandia, concedida ao líder viking Rollo por Carlos, o Simples, em 911. Em troca, o chefe viking comprometeu-se a proteger o litoral franco contra futuros ataques.
No entanto, convém relativizar a oposição entre francos e vikings. Estes não eram os únicos que praticavam a pilhagem. No século VIII, os pipinidas, à frente do reino dos francos, promoveram expedições contra os saxões ou os turíngios que não se distinguiam dos ataques vikings.
O saque representava uma ação heroica para os reis carolíngios. O butim era frequentemente exibido como prova de valor guerreiro. Pode-se dizer que, durante muito tempo, o "viking" foi o franco. Afinal, as pilhagens do século IX nada tinham de novo. Incomum foi o fato de os francos passarem a ser as vítimas.
Então por que essa imagem de bárbaros? Ela se explica pelas fontes, essencialmente clericais e monásticas. As igrejas e mosteiros eram o alvo privilegiado dos vikings, daí a reação veemente dos clérigos. Alguns, como o monge inglês Alcuíno, apresentavam os vikings como um castigo divino. Afinal de contas, faziam parte de um mundo estrangeiro, desconhecido, assustador, no qual se costumava situar os monstros descritos pelos autores da Antiguidade.
Certos missionários chegaram a ver cinocéfalos (homens com cabeça de cão) entre os pagãos do Norte. Foi assim que se construiu uma imagem que, de certo modo, espelhava o contrário do mundo franco. Os vikings eram apresentados como seres imundos, ímpios, rudes, ao contrário do mundo carolíngio, que se considerava civilizado e cristão. O esquema empregado foi o mesmo que opôs romanos a bárbaros. Uma imagem negativa, pois revela mais sobre as representações do “outro” por parte dos clérigos carolíngios que sobre a realidade histórica dos próprios vikings.

Rodolphe Keller

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domingo, 26 de janeiro de 2020

Resenha crítica do livro “O Homem do Castelo Alto” de Philip K. Dick



Autor: Leandro Claudir Pedroso

            Anteriormente já realizei algumas resenhas e postei aqui no Construindo História Hoje, mas estou analisando uma ideia de torna isto mais frequente, e nesta nova visão trago a obra de Philip K. Dick (1928-1982), “O Homem do Castelo Alto”. É uma distopia escrita em 1962 que apresenta um mundo aonde o Eixo venceu a Segunda Guerra Mundial e trás todas as consequências que isso ocasionaria. Admito que meu primeiro contato com a obra foi por meio da série disponível no Amazon Prime, mas a série é uma adaptação do livro que explorou muito bem a ideia original de Dick, desenvolvendo diversos aspectos de um mundo governado pelo Império japonês e o Reich alemão que não foram explorados no livro. Particularmente ler esta obra serviu-me para ratificar minha visão do terror que teria sido um mundo governado pela paranoia psicótica nazista, pois seria um lugar que se definiria bem como um “sepulcro caiado”, belo na aparência e podre no interior. Repleto de avanços tecnológicos, mas lhes faltando humanidade. Ah!, já vou avisando que aqui você encontrará informações sobre a história, então se quiser conhecer a obra primeiro fique a vontade antes de ler, mas se sua curiosidade for maior, apoio e tenha uma boa leitura aqui!

O Eixo vence a Segunda Guerra Mundial

            A vitória do Eixo na Segunda Guerra Mundial se deu em 1947, após a rendição dos Estados Unidos, mas este evento culminou devido a uma série de acontecimentos que divergem de nosso mundo, que levaram ao fracasso dos Aliados. Um desses eventos foi o assassinato do presidente Franklin Delano Roosevelt em 1933, na cidade Miami por Giuseppe Zangara, a serviço do sindicato do crime de Chicago que teriam utilizado seus afãs anticapitalistas.  Os presidentes que o seguiram não conseguiram vencer a Grande Depressão, e assumiram uma postura isolacionista com a chegada da Guerra Mundial, pois não tiveram condições econômicas para auxiliar a Inglaterra e a União Soviética contra os nazistas. Estas políticas deixaram os Estados Unidos em uma situação de debilidade militar. Não houve a política antinazista de Roosevelt e os nazistas puderam auxiliar os japoneses em 1941. Em Pearl Harbor a frota do Pacifico dos Estados Unidos é totalmente destruída pelos japoneses, neste mesmo ano o Pacifico caí nas mãos dos japoneses. Na África Rommel vence as tropas inglesas e reúne as forças alemãs que desceram da Rússia, lideradas por Von Paulus, dominando o Oriente Médio e tendo o petróleo necessário para chegar até a Índia e encontrar-se com os japoneses. Estes eventos auxiliam o aumento da capacidade militar japonesa, que invadem o Havaí, Nova Zelândia e Austrália, até 1941e culminando com a invasão dos oeste dos Estados Unidos que capitula 1947 nas mãos dos japoneses e o leste 1948, nas mãos dos alemães! Desde então, Japão e Alemanha encontram-se em algo semelhante à Guerra Fria, pois ambas estão armadas com ogivas nucleares e os alemães possuem inclusive a bomba de Hidrogênio.


Personagens

            A história gira em torno de alguns personagens centrais, como o preconceituoso e racista Sr. Robert Childan (que na série televisiva tem sua personalidade racista amenizada), proprietário de um antiquário, a American Artistic Handcrafts Inc. especializada em atender japoneses, ele é submisso a eles por interesse, mas os considera inferiores, acredita que a “raça” branca é superior e a única dotada do “dom” de criar. O Sr. Nobusuke Tagomi, representante do ministério do comércio do Japão em San Francisco e cliente de R. Childan. O judeu Frank Frink, funcionário da Wyndham-Matson Corporation que realiza reproduções de peças de época americana e as vende muitas vezes para antiquários como peças originais, que após sua demissão faz uma sociedade com seu amigo Ed McCarthy na criação de peças de arte atual americana, que acabarão sendo consideradas espiritualmente vivas pelo Sr. Tagomi.  Outra protagonista importante é Juliana Frink, ex-mulher de Frank, ela é professora de judô e da qual falarei um pouco mais a frente. Hawthorne Abendsen, escritor do livro banido “O gafanhoto se torna pesado”, um homem misterioso que baseia seu livro em um mundo aonde os Aliados venceram a Segunda Guerra. Capitão Rudolf Wegener, membro da Abwehr, a Contraespionagem naval do Reich, que atua com o pseudônimo de Mr. Baynes, um rico industriário sueco a negócios nos Estados do Pacifico.        Bruno Kreuz von Meere, chefe regional da SD, que está atrás de Baynes. Freiherr Hugo Reisss, cônsul do Reich em San Francisco, que junto a Meere estão atrás de Baynes. General Tedeki, ex-Chefe do Estado-Maior Imperial do Japão, acredita que Rudolf Wegener (Sr. Baynes) tenha  informações importantes para o Império.

            O enredo se baseia em personagens presentes nos Estados Americanos do Pacifico (PSA), principalmente na cidade de São Francisco, governados pelo Império do Japão e nos Estados das Montanhas Rochosas (zona neutra) e no Leste dos Estados Unidos existem divididos em duas zonas, ao Norte os Estados Unidos ainda são uma nação sob um governo militar nazista e ao Sul, uma região somente denominada “O Sul” permanece com um governo fantoche e escravocrata aos moldes do que existiu na França de Vichy em nosso mundo durante a Segunda Guerra.

Um dos personagens principais é Juliana Frink, uma instrutora de Judô que tem sua vida alterada, após o encontro com Joe Cinadella, membro da SD que opera disfarçado como um italiano motorista de caminhão nos Estados do Pacífico (Zona de influência nipônica), que usa Juliana para criar uma situação e encontrar-se com Hawthorne Abendsen, o escritor do livro 'fictício' e banido no Reich, “O Gafanhoto torna-se pesado”, que relata uma dimensão aonde os Aliados venceram a guerra, mas está dimensão não é a nossa, pois a história relatada por Abendsen da vitória Aliada tem várias divergências com a de nosso mundo. Joe Cinadella foi enviado pelo governo do Reich para assassinar Abendsen, que o considera uma ameaça devido às informações presentes em seu livro, mas tem seus planos impedido pela própria Juliana que fica interessada no escritor do livro, após ter sido apresentada a ela pelo próprio Cinadella que havia lido ele e deixou Juliana ler umas partes e contou o restante para ela, o encontro de ambos culmina com a morte de Cinadella nas mãos de Juliana. Ela então vai sozinha até a casa de Abendsen aonde recebe informações reveladoras sobre a origem do livro.

Hawthorne Abendsen escreveu “O Gafanhoto se torna Pesado” utilizando o I Ching, um livro chinês que surgiu em +/ - 1150 a.C, que serve como oráculo. O autor fazia uma pergunta para o livro de determinado evento da história e jogava três moedas chinesas por seis vezes, e depois de anotar o formato das linhas que iriam surgindo verificava no I Ching o hexagrama correspondente que trazia a luz o acontecimento histórico sobre a perspectiva do oráculo. Foi deste modo que Abendsen chegou a um mundo aonde os Aliados venceram a guerra, mas reitero que este mundo pode ter chegado a mesma conclusão que o nosso, mas por meio de algumas vias diferentes que culminaria por fim igualmente diferente.

A viagem de Tagomi

Um dos momentos mais interessantes da história, e que acaba se conectando com a série da Amazon, pois trata de forma “palpável” a questão de realidades alternativas é quando o Sr. Tagomi compra na loja de Robert Childan uma das peças fabricadas por Frank Frink e Ed McCarthy. Trata-se de um triângulo de prata que Tagomi compra e leva até praça Portsmounth em San Francisco, e senta-se em um banco. Começa então a analisar o objeto sob a luz do Sol do meio-dia e sente-se atraído por ele, sente que o mesmo emite as essências do Yin, escuro e morto e Yang, brilhante e vivo. Depois de alguns minutos o Sr. Tagomi relata ser conduzido pelos ventos quentes do carma, e neste instante o objeto escurece em sua mão, a luz desaparece, uma sombra tapa o Sol e ele se vê diante de um policial de uniforme azul, e observa que ao seu redor não havia nenhum bicitáxi, a forma de locomoção mais comum conhecida por ele, e ao caminhar pela calçada vê ao horizonte uma enorme construção de metal, que descobre ao questionar um transeunte se tratar da rodovia Embarcadero, algo que não estava ali há alguns minutos atrás.  É um sonho louco pensou Tagomi, paisagens de aspecto sinistro, enfumaçadas, tumultuada, com cheiro de queimado no ar, prédios cinza-fosco e calçadas cheias de pessoas com uma pressa peculiar. As ruas eram tomadas por carros e ônibus com formas que não lhe eram familiar, então encontra uma lanchonete e entra, mas não recebe o tratamento esperado de subserviência aos japoneses pelos americanos. Saí consternado da lanchonete e se pergunta: Onde estou? Fora do meu mundo, do meu espaço e tempo, o triângulo de prata me desorientou. Então ele retorna para a praça onde estava e pega o triângulo novamente, concentra-se nele e conta até dez, depois levanta em um pulo, olha ao redor e estava novamente em seu mundo com vários bicitáxis. Eu achei está parte da história particularmente interessante, pois ela nos deixa claro as visões de Philip K. Dick sobre mundos paralelos, pois nela Tagomi é levado a um mundo onde pelo que pudemos observar os Estados Unidos estavam sem influência japonesa, autônomos e mais desenvolvidos, poderia ser a nossa dimensão ou a do livro “O Gafanhoto se torna Pesado”!

Um mundo diferente

            Adolf Hitler está incapacitado devido à loucura causada pela sífilis, e quem governa o Reich é o chanceler Martin Bormann, que morre em 1962, e é sucedido pelo Doutor Goebbels, que possuí um plano chamado Lowenzahn - operação Dente-de-Leão que visa destruir o Império japonês e dominar seus territórios. É neste interim que entra o membro da Abwehr, Capitão Rudolf Wegener (Sr. Baynes) que está tentando expor o plano nazista para o Japão, por meio do contato com o Sr. Tagomi do ministério do comércio japonês e subsequentemente com o general Tedeki. O governo de Goebbels é instável, pois está ameaçado pelo cruel general da Waffe-SS Reinhard Heyndrich, que  por incrível que pareça não tem interesse que a operação Dente-de-Leão seja executada, pois seu gabinete está encarregado da colonização espacial e não quer desgastes inúteis de recursos com está operação. Sim, este Heyndrich foi um dos principais “arquitetos” dos extermínios em massa ocorridos na Segunda Guerra, em nosso mundo foi assassinado em 1942, mas nesta dimensão está em plena atividade.

            No universo do livro “O Homem do Castelo Alto”, alguns avanços tecnológicos dentro do Reich foram drásticos, devido ao ímpeto desmensurado dos nazistas, não importando o quanto de recursos humanos ou materiais fossem usados para alcançar seus objetivos. Um destes avanços é o foguete de passageiros desenvolvido em 1962, o Messerschmitt 9-E, que é capaz de realizar um voo Europa-Estados Unidos em 45 minutos. O Mar Mediterrâneo foi drenado, segundo o projeto Atlantropa do arquiteto alemão Herman Sörgel e levado a cabo pela supervisão de Baldur von Schirach, a Atlantropa resolveria o problema da Lebensraum, (conceito Alemão de espaço vital)  transformando o Mar Mediterrâneo em terra arável. A colonização espacial é uma realidade desde 1962, os nazistas já chegaram a Lua, Vênus e Marte, e possuem projetos de colonização em andamento.

            Em contra partida o Império do Japão está atrasado em seu desenvolvimento, não tendo alcançado nenhum avanço significativo desde o fim da guerra. Além do fato que os japoneses não aceitam 90% das leis do Reich por considerá-las desumanas, o que ocasiona uma limitação nas relações que dariam mais acesso as descobertas tecnológicas dos alemães!

            A África é um continente desolado, ligado à Europa por meio da grande área arável do Mediterrâneo, e os objetivos do Reich para o mesmo eram agrários, e para tanto necessitavam resolver o problema da população local, e encarregaram o diabólico Doutor Arthur Seyss-Inquart, com ajuda do Reichsleiter Alfred Rosenberg de exterminar e escravizar os povos deste continente, mas não concluíram com o êxito exigido pelo Reich. Como lemos no livro: “Quanto à Solução Final do problema africano, estamos quase alcançando nossos objetivos. Infelizmente, entretanto....”.Não ficou muito claro o que o autor quis dizer com isto, mas vejo nas entrelinhas um sinal de que estavam sofrendo resistência da população local por meio de rebeldes, ou até um problema relacionado ao grande número de habitantes do continente, pois após 15 anos de ação não conseguiram seus intentos! Podemos ver através das reflexões horrorizadas de Frank Frink que os técnicos de Berlim utilizaram sua tecnologia para aproveitar partes de corpos humanos na manufatura de utensílios, aonde ele compara os nazistas a canibais e ogros.

            Os negros foram colocados em situação de escravidão novamente, e existem também cidadãos de segunda categoria, como eslavos, latinos e chineses. Este tratamento racista é aplicado tanto nas áreas controladas pelo Reich como nas pertencentes ao Império do Japão, com a exceção que nas regiões de domínio japonês os extermínios não são algo institucionalizado e há maior liberdade para os povos de outras “raças” (se tal coisa realmente existisse, pois somos todos uma única raça, a raça humana). Os japoneses se negaram a matar judeus tanto durante a guerra quanto após ela, se limitando no máximo a extraditar os mesmo para o Reich se assim desejassem.

            Grande parte da história gira em torna do Sr. Baynes conseguir levar as informações sobre a operação Dente-de-Leão aos japoneses, pois a mesma iniciaria com um incidente entre as tropas americanas do Reich e japonesas na fronteira entre os Estados das Montanhas Rochosas e os Estados Unidos, a operação culminaria com um gigantesco ataque nuclear às Ilhas Nipônicas sem aviso prévio de qualquer espécie. Dessa forma eliminando toda a Família Real e a maior parte da Marinha Imperial, a população civil e os recursos. Deixando as colônias ultramarinas sem defesa e permitindo sua absorção pelo Reich.

É uma história incrível advinda de uma mente prodigiosa como a de Dick, uma história aonde encontramos a ficção atrelada de certa forma a realidade. Temos aqui presente três realidades alternativas, a realidade de nosso mundo, a realidade do livro “O Homem do Castelo Alto”, aonde o Eixo venceu a Segunda Guerra e a realidade presente no livro “O Gafanhoto se torna Pesado”, nestas os Aliados venceram a Guerra, mas possuí diferenças entre nossa realidade. Aproveito para  indicar aqueles que gostaram da história do livro “O Homem do Castelo Alto” para conhecerem o Swastika Night, escrito em 1937por Katharine Burdekin, que também fala de um mundo aonde o Japão e Alemanha venceram uma Guerra Mundial, mas este foi escrito antes da guerra iniciar,  e o Bring the Jubilee de Ward Moore de 1953 que trata de uma vitória Confederada na Guerra da Secessão americana e suas consequências.  Então se você gostou deste trabalho, divulgue o Construindo História Hoje e juntos poderemos incentivar outros a conhecer o maravilho mundo da leitura.

Você quer saber mais?

DICK, Philip K. O Homem do Castelo Alto. São Paulo: Aleph, 2019.

O projeto Atlantropa


I Ching



Swastika Night



Bring the Jubilee


domingo, 19 de janeiro de 2020

MELQUISEDEQUE, REI DE SALÉM.



Autor: Leandro Claudir Pedroso

Formado em Licenciatura Plena em História e Pós-graduado em Metodologia do Ensino em História e Geografia.
            
Tenho lido diversos textos sobre o Rei/Sacerdote Melquisedeque, e embora já houvesse feitos estudos anteriores sobre o mesmo, deixei-me levar pelo interesse atual no tema, e fui realizar novas pesquisas. Não é um tema tão simples como tenho visto em alguns artigos na internet, e aproveitando o ensejo deixo um alerta para nunca manterem suas pesquisas unicamente na internet, pois a mesma está repleta de informações inverossímeis e de especulação. Aconselho aos amigos do Construindo História Hoje pautarem suas pesquisas em livros de autores conceituados com formação especifica para tanto. O texto mais relevante sobre o assunto se encontra em Gn. 14:18-20, aonde o Rei/Sacerdote se encontra com Abrão, este encontro se deu em +- 1850 a.C, após a chegada de Abrão a Canaã!

            Melquisedeque significa “Rei da Paz” ou “Rei da Justiça”, seu nome tem origem Cananeia, assim como Abrão (antes de Deus mudar seu nome para Abraão), ele era cananeu, e como Jó um exemplo de um não israelita, servo de Deus. O Rei/Sacerdote Melquisedeque é interpretado muitas vezes como uma figura da realeza e sacerdócio eterno do Senhor Jesus, com também uma Cristofania, ou seja um termo técnico da teologia cristã que serve para designar as aparições de Jesus Cristo antes da encarnação, em eventos ocorridos no Antigo Testamento.

Salém (Paz) é a forma contrata de Jerusalém, que significa “Cidade da Paz”, ou o antigo nome da cidade, S. João Crisóstomo ensina que para restabelecer as forças das tropas de Abrão, após a batalha contra os quatro reis, o qual, em consideração ao caráter sagrado de Melquisedeque, figura de Cristo, aceitou os dons, figura da Eucaristia, e em troca deu ao sacerdote a décima parte de todos os despojos. É óbvio que Melquisedeque tenha primeiramente oferecido aqueles dons, segundo o uso, ao Altíssimo, de quem era sacerdote.

“Ora, Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do Deus Altíssimo; 19 e abençoou a Abrão, dizendo: bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra! 20 E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos! E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.” Gn. 14:18-20

            Melquisedeque adorava o Deus Altíssimo, no texto original El’ Elyon, Elyon é empregado na Bíblia, principalmente nos Salmos como título divino, e aqui é identificado como o verdadeiro Deus de Abraão. Salém é a cidade ao qual Iahweh escolheu para mais tarde habitar.

            A tradição patrística explorou e enriqueceu esta exegese alegórica, vendo no pão e no vinho trazidos a Abrão uma figura da Eucaristia, e até um verdadeiro sacrifico, figura do sacrifício eucarístico. Muitos padres admitiram ainda que em Melquisedeque aparecera o Filho de Deus em pessoa, seria então uma Cristofania, isto é uma aparição do Messias antes do seu nascimento carnal. No Antigo Testamento estás aparições segundo muitos teólogos se deram pelo Anjo do Senhor, que seria Cristo antes da encarnação.

            É importante dentro do contexto de estudo de Melquisedeque fazer menção ao Anjo do Senhor, um anjo incomparável que aparece no AT e NT. Seu primeiro aparecimento foi a Hagar no deserto (Gn 16:7) e outros aparecimentos incluirão pessoas como Abraão (Gn 22:11-15) e José (MT 1:20). A identidade do Anjo do Senhor tem sido debatida, especialmente pelo modo  como ele frequentemente se dirige às pessoas. Note em Jz 2:1, o Anjo do Senhor  diz: do Egito EU vos fiz subir, e EU  vos trouxe à Terra que a vossos pais EU tinha jurado, e EU disse: EU nunca invalidarei o meu concerto convosco. Verificam-se pelo pronome que eram atos do SENHOR! Alguns consideram que ele era uma aparição do Cristo eterno, a segunda pessoa da Trindade, antes de nascer da virgem Maria.

 “Jurou o Senhor, irrevogavelmente: ‘Tu és sacerdote para sempre, a maneira de Melquisedeque’.” Sl. 110:4

            O sacerdócio conferido por Deus ao Messias com nova e solene fórmula de juramento, não está unido à instituição levítica, mas remonta diretamente a Deus, como o de Melquisedeque “sacerdote do Altíssimo”. No Antigo Testamento somente os asmoneus reuniram na mesma pessoa a soberania política e o sacerdócio religioso.

            Ao analisarmos a narrativa de Gênesis sobre Melquisedeque, rei de Salém, para inferir daí a prova de que este misterioso personagem que entra  bruscamente em cena e depois não se fala mais dele a não ser na citada alusão do Sl 110:4, era figura de Jesus Cristo. A narração bíblica apresenta muitos traços que o fazem semelhante a ele. A prova apoia-se em argumentos de três gêneros diversos: significado etimológico dos nomes próprios “Melquisedeque” e “Salém”, aquilo que a Escritura era corrente e reconhecido como válido entre os hebreus, e não pode negar-lhes o valor quem crê na inspiração da Bíblia e na providência divina especial em relação à história do povo eleito. Jesus Cristo é pessoa sobre-humana que transcende os tempos e Melquisedeque é, na narração bíblica, como que seu reflexo. Infere-se aqui dos fatos de Melquisedeque, expressamente mencionados na narrativa bíblica, outro argumento para provar quanto o sacerdócio de Melquisedeque e por consequência o de Jesus seja superior ao da tribo de Levi na lei mosaica. Outra consequência de suma gravidade: a lei mosaica estava intimamente ligada ao sacerdócio levítico, seja por se concentrar nele o culto divino, seja por caber  aos sacerdotes a explicação da lei ao povo e interpretá-la nos casos dúbios ou discutidos. Era um sacerdócio instituído para aplicação e conservação da Lei, vindo portanto a faltar este sacerdócio, também a lei ligada a ele perde o valor. E isto aconteceu com a vinda de Jesus Cristo que não era da tribo de Levi, mas sim de Judá, com Ele o sacerdócio levítico foi extinto e um novo sacerdócio eterno foi promulgado. Os sacerdotes levíticos estavam ligados ao estatuto carnal, pois eles morriam e necessitavam serem substituídos por novos sacerdotes, o sacerdócio do Senhor Jesus Cristo segundo a ordem de Melquisedeque é imortal, não tem fim, sendo o mesmo um sacerdócio perfeito. O sacerdócio levítico era de casta, já o instituído pelo Senhor Jesus é pessoal e trás salvação a toda humanidade!

            Quando o texto sagrado fala em Hebreus cap. 7 que o sacerdócio de Cristo é segundo a ordem de Melquisedeque, significa que Cristo é anterior a Abraão, a Levi e aos sacerdotes levíticos e maior que todos eles. No texto também lemos que ele não possuía nem pai e nem mãe, mas isso pode não significar que literalmente ele não tivesse pais, mas que os mesmos não estão registrados nas genealogias do texto sagrado.

            Temos várias teorias sobre quem foi Melquisedeque, poderia o mesmo ter sido unicamente um rei e sacerdote cananeu que servia ao Deus único, podendo ainda ter sido uma aparição de Cristo no Antigo Testamento, o que chamamos de Cristofania (Anjo do Senhor, que muitas vezes recebeu culto sem rejeitar, sendo desde modo uma pessoa da Santíssima Trindade), como em Gn. 16:7-13, 21:17-18, 22:11-18, Ex. 3:2, 13:21 e 14:19, também podemos explorar o fato de ter sido uma Teofania, uma presença física de Deus, como vemos em Gn. 32:22-30, Ex. 24:9-11, Gn. 12:7-9, entre outros, ou ainda uma Angelofania, que significa uma materialização de um anjo em forma corpórea, como vemos em relatos no Antigo Testamento, cito Gn. 18:1-33, Tb 12, dentre outros trechos.

            Ainda existem diversas vertentes de pensamentos que consideram Melquisedeque o próprio Sem, filho de Noé que teria tido seu nome alterado pelo próprio Deus e devido a sua longevidade, pois o mesmo teria sido contemporâneo de Abrão por 60 anos, dado o fato que Sem viverá 600 anos. E teriam sido sacerdotes de uma ordem ao qual o nome da mesma teria sido Melquisedeque, então o mesmo seria um título e não um nome próprio. O primeiro sacerdote desta ordem teria sido Sete, depois Sem e então o último teria sido Abrão, e os pães e vinho que o mesmo receberá de Melquisedeque (Sem) seriam um ritual de elevação sacerdotal de Abrão. Está posição e muito explorada pelos Judeus Messiânicos, que são alguns judeus conversos ou cristãos que se apegam a ritualística judaica.  
            Diante desta breve exposição podemos verificar várias opiniões sobre quem foi Melquisedeque, mas segundo minha opinião e com base em meus estudos, tenho duas opiniões a respeito do assunto: a primeira é que foi um Rei/Sacerdote Cananeu converso ao Deus Único Iahweh, e a outra que se tratava de uma Cristofania, muito comum em Gênesis por meio do Anjo do Senhor. Mas este é um tema a ser explorado, mas reitero aos meus leitores que ele seja feito sempre pautado em textos de conteúdo teológico respeitável e não em devaneios e especulações.

Autor: Leandro Claudir Pedroso


Formado em Licenciatura Plena em História e Pós-graduado em Metodologia do Ensino em História e Geografia.

Você quer saber mais?

Bíblia Sagrada, Edições Paulinas, 1967.


Bíblia de Jerusalém, Paulus, 2010.

Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, 1995.

A Guerra dos Reis.. Disponível em: https://www.baciadasalmas.com/a-guerra-dos-reis/, acessado em 19/01/2020.

GINZBERG, Louis. Lendas dos Judeus. 1909-1928.

Para os curiosos em uma exposição detalhada sobre Melquisedeque ser Sem, filho de Noé, indico lerem este artigo: https://www.baciadasalmas.com/sete-e-seus-descendentes/




segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

OBJETIVO

CONSTRUINDO HISTÓRIA HOJE

O Construindo História Hoje tem por objetivo levar o conhecimento da História de forma clara e objetiva. "Garimpando" incansavelmente o universo dos livros, sites, revistas, periódicos em busca das mais variadas descobertas concernentes ao passado. Acreditando que todos somos detentores de cultura. Todos! Sejam analfabetos, universitários, leigos ou doutores. Cada um em sua área conforme os meios e as informações que lhes foram transmitidas.
  • "Todos sabem fazer história - mas só os grandes sabem escrevê-la." (Oscar Wilde)
  • "Quando falamos de história, temos o costume de nos refugiar no passado. É nele que se pensa encontrar o seu começo e o seu fim. Na realidade, é o inverso: a história começa hoje e continua amanhã. " (D. N. Marinotis)


Como disse São Tomé: Meu Senhor e meu Deus. Pelo retorno a fé primordial onde a espiritualidade está a frente do materialismo. Mostrando os perigos da sedução religiosa da atualidade aonde ser cristão é moda e não mais um modo de vida distinto.


A EDUCAÇÃO

Um professor:

Deve ser firme quando necessário.

Deve ser um exemplo quando preciso.

Deve orientar nas decisões.

Deve mostrar o caminho do conhecimento.

Deve ser um exemplo de conduta.


LEANDRO CLAUDIR PEDROSO