terça-feira, 16 de agosto de 2016

Esqueletos acorrentados - Os membros da Rebelião de Cílon podem ter sido encontrados



O nos resta após a morte, além de poeira e ossos? O que nós nos tornamos depois que advém o inevitável fim? Uma triste verdade a respeito da condição humana é que nossa existência é meramente transitória. Do mais poderoso monarca, ao mais insignificante escravo, o destino de todos é um só.


Mas isso não significa que, nossa vivência não possa ser de alguma forma resgatada e compreendida pelas gerações futuras. Para muitos, essa é a única forma de imortalidade: a memória, o respeito e o interesse daqueles que nos sucedem.


Recentemente, arqueólogos trabalhando em um antigo cemitério no Delta do Rio Falyron, próximo de Atenas, capital da Grécia, fizeram uma descoberta ao mesmo tempo enigmática e aterrorizante. 


Oitenta esqueletos humanos foram enterrados lado a lado em uma cova comum no que deveria ser uma grande terreno baldio de solo pantanoso nos arredores da Cidade Estado. A princípio não parece ser uma notícia muito importante, já que covas coletivas eram algo corriqueiro no Mundo Antigo, frequentemente assolado por pragas, pestes e massacres. Contudo, é o fato desses esqueletos terem sido colocados na terra ainda usando grilhões de ferro que chama a atenção.


Os especialistas conjecturam que eles podem ter sido vítimas de uma execução em massa, entre os séculos VIII e V antes de Cristo. Contudo, não há como saber ao certo quem eles eram e porque passaram por tão estranha modalidade de execução. A descoberta é única, e constitui uma forma incomum de punição nas cidades estado da Grécia Antiga.


Arqueólogos supõem que o crime praticado tenha sido de enorme gravidade para que eles enfrentassem um fim tão incomum. 


As vítimas aparentemente foram escoltadas, puxando e arrastando suas correntes para uma área cerca de um quilômetro e meio fora da cidade antiga. Lá eles foram perfilados lado a lado e atingidos por um objeto contundente, supostamente uma clava ou bastão na cabeça. Os crânios apresentam ferimentos condizentes com esse tipo de golpe, mas há indícios que alguns tenham sido simplesmente atirados no buraco e enterrados vivos, já que os ferimentos não teriam força suficiente para matar. Alguns esqueletos estavam perfeitamente depositados na terra, com pernas e braços dobrados, mas outros, indicavam terem de alguma forma resistido. Além disso, eles parecem ter morrido ao mesmo tempo, o que reforça a teoria de uma execução coletiva.


Um elemento no qual os pesquisadores estão se concentrando é se certificar que os restos das correntes realmente não se assemelham ao que era usado em escravos no período. A primeira suspeita dos historiadores era que os homens poderiam ser escravos rebeldes, condenados à morte por matarem seus senhores. Contudo, os primeiros exames apontaram para o fato de todos os esqueletos, pertencerem a homens jovens e com boa saúde no momento de sua execução. Uma condição que não se enquadra em uma descrição típica de escravos ou servos - mesmo os gregos que eram significativamente mais bem tratados. 


As correntes restringiam os prisioneiros, sendo fixadas no pulso direito e no tornozelo esquerdo de cada um deles. Nenhuma ossada pertencia a pessoas "acostumadas a vestir" ferros de restrição e muito provavelmente não se tratavam de trabalhadores rurais ou indivíduos envolvidos com atividade marcial. Além disso, todos eram bastante jovens, tendo entre 16 e 27 anos aproximadamente.

O contexto histórico, concede as melhores pistas do motivo pelo qual a execução possa ter ocorrido naquela região em especial. Stella Chryssoulaki, responsável pela escavação contou a Reuters o seguinte:


"Este foi um período de grande instabilidade para a sociedade ateniense, um período em que aristocratas e nobres estavam batalhando uns contra os outros por poder e prestígio político. Ter uma opinião forte ou defendê-la poderia ser algo extremamente perigoso nessa época."


Mais notável, o período em que o cemitério foi usado, coincide com a Rebelião de Cílon em meados de 632 a.C. O incidente, que é um dos primeiros acontecimentos datados de forma confiável na História da Grécia, se refere a uma tentativa mal sucedida de golpe tentado pelo aristocrata e campeão olímpico Cílon, para derrubar de forma violenta a elite ateniense. Cílon aliado ao seu sogro Teágenes, foi motivado pelas palavras do Oráculo de Delfos que o aconselhou a tomar o Poder durante o Festival em Honra a Zeus (as Olimpíadas), quando ele seria favorecido pelos Deuses do Olimpo.


A rebelião, entretanto, foi frustrada pelos guardas da cidade e os envolvidos tiveram de buscar refúgio no Templo de Atena dentro da Acrópole. Clamando por Santuário - a proteção da Deusa Atena concedida pelos sacerdotes - as portas foram abertas a eles e fechadas diante de seus perseguidores. Embora Cílon tenha escapado, um número desconhecido de seus seguidores ficaram confinados no templo. Se estes aceitassem se tornar religiosos, ficariam intocáveis. 


Mégara, o tirano da cidade prometeu que se eles se entregassem poderiam enfrentar um julgamento justo ao invés de serem imediatamente condenados à morte. Os rebeldes aceitaram deixar o templo, mas apenas depois que uma corda fosse atada a estátua de Atena e a um deles, representando uma lembrança de que eles estavam sob efeito do Santuário. Ocorre que segundo os registros da época, a corda se rompeu (ou foi cortada) e aqueles que os acusavam apontaram para o fato como um indicador de que Atena não desejava mais protegê-los.


O destino dos rebeldes é historicamente incerto, mas Heródoto Trucidides, historiadores que viveram na época afirmavam que eles teriam sido executados por Mégara, ainda que não exista qualquer menção de como e onde se deu a execução.


Um aspecto fascinante da lenda diz que Mégara e seus descendentes foram amaldiçoados por terem violado a Lei do Santuário, executando aqueles que suplicavam o auxílio de Atena. Além de ter sido banido de sua cidade, o tirano recebeu como punição um miasma ("mácula"), que seria herdada por todos seus filhos e netos. O miasma era uma corrupção de corpo e alma, uma mancha física e espiritual passada a todos que tivessem contato com Mégara e os seus descendentes. Plutarco teria escrito que o miasma do tirano e de seus filhos o compelia a andar nas sombras, longe da luz do sol, incomodado pelo fogo, sempre doente e com frio. Ainda segundo as lendas, ele não podia ser recebido em casa alguma, pelo temor de contaminação, oque sugere que ele possa ter contraído alguma doença desfigurante.


Muito embora, Mégara tenha retomado o poder de Atenas anos mais tarde, a maldição não foi anulada e ele governou por pouco tempo, sendo detestado por todos, inclusive seus antigos aliados. Quando Mégara morreu, seus filhos foram presos e executados, seus netos atirados ao mar para que a linhagem perecesse com ele. Alguns, no entanto sobreviveram, e segundo as lendas teriam se aliado aos Invasores Persas quando estes levaram seus exércitos até a Grécia com propósito de conquista.

Seria possível que os esqueletos acorrentados possam ser os restos dos homens que tentaram se rebelar? Chryssoulaki espera descobrir:


"É possível que com testes de DNA possamos dizer de que região da Grécia antiga vieram esses homens o que ajudaria a confirmar a hipótese de que esses indivíduos poderiam ser parte da Rebelião de Cílon, uma tentativa de tomada de poder que falhou".

Então, quem foram esses homens e o que aconteceu com eles? O que fizeram para enfrentar um destino tão terrível? 


Talvez eles tenham ousado um dia se erguer contra um Tirano e tenham sofrido por isso. Seus ossos são o único testemunho de que eles um dia ergueram suas vozes e seus punhos, talvez, se hoje forem lembrados, eles possam garantir sua imortalidade.


Eu sei o que vocês estão pensando: 


 (...) "o miasma do tirano e de seus filhos o compelia a andar nas sombras, longe da luz do sol, incomodado pelo fogo, sempre doente e com frio".

Nem preciso dizer o que isso parece, não é?

E mais, além da miasma, temos tantos elementos interessantes nessa estória, salientando que a parte da descoberta dos ossos e dos registros históricos são verdadeiros, o que nos faz imaginar como uma boa estória poderia ser montada ao redor disso tudo.
Outro detalhe: Cílon, sim, em inglês é "Cylon", e sim, é o mesmíssimo nome usado pela raça de implacáveis máquinas inteligentes, vistas na série Battlestar Galactica. O nome foi usado para designar essas máquinas e sua rebelião e tem tudo a ver com a Rebelião histórica de Cílon.

Para quem achava que "Cilônio" fosse um termo genérico criado por algum roteirista de série de TV, engana-se, alguém ali conhecia bem História Clássica.

sábado, 13 de agosto de 2016

O uso de documentos e a construção do conhecimento Histórico.



De modo geral, uma ideia do senso comum ainda predomina no universo escolar: a de que a disciplina História é uma “matéria fácil”, “qualquer um” pode lecionar; resume-se a decorar datas, nomes importantes e fatos políticos de relevância. O pior é constatar que essa forma de pensar revela-se notadamente como prática pedagógica, real, no cotidiano de milhares de professores de História espalhados pelo país. Fazer do ensino de História um mecanismo dinâmico para envolver os alunos na construção do conhecimento é um desafio para todos os professores. E um dos meios possíveis, dentre outros, para tentar superar o ensino tradicional é trabalhar com documentos em sala de aula. Nessa afirmação, encontra-se o objetivo do presente artigo: versar sobre o uso de documentos no ensino de História, revelando suas vantagens pedagógicas e apontando alguns procedimentos metodológicos indispensáveis ao professor quanto a sua aplicação em sala de aula. Para isso, apresentaremos um modelo de plano de aula para servir de exemplo didático.

Documentos no ensino de História

Um dos fundamentos principais do ofício do historiador é a análise de documentos. A historiografia no século XX ampliou as dimensões da pesquisa para o historiador ao valorizar todo e qualquer registro humano como uma fonte potencial de interpretação da sociedade. Os documentos, nessa perspectiva, são registros das ações humanas, seja de qualquer natureza: escritos, visuais, orais, monumentos etc.; são datados e localizados em tempos e espaços específicos; expressam o contexto histórico de uma dada época, pois revelam e evidenciam sentimentos, costumes, valores, ideologias etc.

No campo do ensino de História, trabalhar com documentos oportuniza aos alunos a possibilidade de compreender os sujeitos históricos e as realidades e formações sociais em seu devido tempo, em seu devido lugar. Em uma atividade didática, a qual se usa mais de um documento, como no nosso exemplo (ver plano de aula no final do artigo), o aluno terá a oportunidade de ler e confrontar os discursos, analisar as sujeitos, saberes e práticas. Semelhanças e diferenças entre eles, produzir as próprias opiniões e conclusões. O uso de documentos “(...) justifica-se pelas contribuições que pode oferecer para o desenvolvimento do pensamento histórico” [1].

A ideia que nutre e cimenta essa proposta é superar, fundamentalmente, a transmissão de conteúdos, cristalizados em diversos livros didáticos: “No ensino, espera-se que o aluno domine o fazer da pesquisa, saiba ler, interpretar e diferenciar documentos e linguagens, desenvolva suas habilidades operatórias, tornando-se um sujeito situado em seu tempo, com a dimensão da sua cidadania” [2]. Os Parâmetros Curriculares Nacionais, por exemplo, na área de História, sugerem que o aluno domine os procedimentos metodológicos de leitura e análise de documentos e das mais diversas linguagens.

Mas, em síntese, quais as principais vantagens pedagógicas de se trabalhar com documentos em sala de aula? Uma ressalva importante: neste artigo, delimitamos a nossa exposição ao documento escrito, embora nossa discussão teórica acerca de alguns procedimentos metodológicos, em parte, se aplique a toda categoria de documento; um filme, uma fotografia, uma música, porém, por sua vez, em virtude da natureza de cada um, diferem um pouco do documento escrito na forma de abordagem. Veremos, abaixo, em linhas gerais, algumas dessas vantagens.

A dinamização das aulas

Foge da mesmice da aula expositiva, prática que predomina no espaço escolar. O aluno deixa de ser um mero espectador para ser um sujeito ativo no processo de ensino-aprendizagem: O professor de História pode ensinar o aluno a adquirir as ferramentas de trabalho necessárias; (...) ensinar o aluno a captar e a valorizar a diversidade dos pontos de vista. (...) A sala de aula não é apenas um espaço onde se transmite informações, mas onde uma relação de interlocutores constroem sentidos [3]. Essa prática redimensiona os papéis socais de professores e alunos: “(...) ensinar é estabelecer relações interativas que possibilitem ao educando elaborar representações pessoais sobre os conhecimentos, objetos de ensino e aprendizagem” [4].

O incentivo à preservação de documentos

O aluno será levado a perceber que, para onde direcionar o olhar, ele pode encontrar documentos: em casa, ao ver o álbum de fotografias da família, na escola, no monumento da praça, no arquivo municipal etc.; pode despertar no aluno o senso de ANAIS do III Encontro Estadual de História: Poder, Cultura e Diversidade – ST 04: História e Educação: sujeitos, saberes e práticas. Cidadania, reforçando a importância de preservar o patrimônio histórico: “(...) os vestígios do passado se encontram em diferentes lugares, fazem parte da memória social e precisam ser preservados com patrimônio da sociedade” [5].

A contribuição para a construção do conhecimento histórico

Lucien Febvre, em Combates pela História, deixou um alerta para o historiador: no ato de interpretar a realidade, “(...) é preciso saber pensar” [6]. No tocante à leitura crítica de documentos, esse “saber pensar”, grosso modo, é possuir habilidades para “desconstruir” os discursos explícitos e implícitos contidos nos registros históricos. Essa habilidade pode ser desenvolvida paulatinamente na sala de aula a partir de alguns procedimentos como comparar, observar, descrever, interpretar e elaborar perguntas, atividades que devem ser explicitadas e orientadas pelo professor. Não obstante, uma questão torna-se pertinente, agora. Circe Maria Fernandes Bittencourt chama a atenção dos professores quanto aos cuidados que ele deve ter quando usar um documento com fins pedagógicos. Na preparação da aula, o professor precisa estabelecer claramente seus objetivos e participar ativamente da coordenação da atividade, fazendo o elo entre o documento e o aluno; precisa também selecionar documentos que sejam compatíveis com a faixa etária e o nível dos alunos; o objetivo não é transformar o aluno, ainda na educação básica, em historiadores, mas, sim, propiciar os meios, para que ele tenha algumas noções básicas na arte de interpretar documentos [7].

Essa construção ocorre, sob a orientação do professor e a participação dos alunos, a partir de um processo de reflexão: a leitura criteriosa e o debate gerado em torno dos documentos, as respostas produzidas a partir do questionário proposto, atividade que objetiva direcionar o debate, as opiniões e conclusões construídas pelos alunos podem provocar a revisão de conceitos e de idéias preestabelecidas nos livros didáticos. Esse trabalho sistemático com o uso de documentos enquadra-se naquilo que Luiz Carlos Villalta chama de metodologia da investigação, um procedimento didático metodológico que visa atingir um conhecimento histórico constituído a partir de “(...) procedimentos de desconstrução, reconstrução e construção de discursos: submetem-se os documentos e testemunhos históricos à leitura e observação, à crítica interna e externa, à elaboração de sínteses parciais e a contraposição de uns com os outros” [8]; o papel do professor seria reconstruir o conhecimento histórico, facilitar o seu acesso sujeitos, saberes e práticas.  No entanto, vale ressaltar que essa construção do conhecimento histórico não é criar algo novo, superar o saber já existente acerca de um determinado assunto, mas possibilitar ao aluno a oportunidade de refletir sobre o tema em debate, mostrar que a interpretação histórica é uma construção social elaborada por homens em determinados contextos. Dito isso, vejamos agora o nosso plano de aula, seguido de um comentário explicativo da atividade.

Documentos em sala de aula: um exemplo didático [9]

Plano de aula

Conteúdo: Escravidão e servidão. Série/Nível: 8ª Série do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Objetivos: Analisar documentos em sala de aula; incentivar a prática de leituras de documentos entre os alunos; identificar as permanências e mudanças, semelhanças e diferenças, em tempos e espaços diferentes, das relações escravistas ao longo da história. Conceitos: Documento; Processo Histórico e Escravidão. Dinâmica/Metodologia: Formação de grupos; leitura dos documentos e discussão a partir das questões propostas: Debate (confrontando os documentos). Avaliação: Análise das respostas e dos comentários das questões da atividade e participação no debate.

DOCUMENTO 1 - Bíblia Sagrada. Eclesiástico, 33, 25-33. Livro escrito por volta de 200 a.C. na Palestina, por Jesus, escriba de Jerusalém, filho de Eleazar, filho de Sirac. Era usado na Igreja para instruir os fiéis quanto aos preceitos da vida cotidiana. O texto foi traduzido, originalmente, do grego (ele circulava no tempo dos apóstolos) pela Igreja. O livro não faz parte da Bíblia protestante. [Texto adaptado] [10] COMPORTAMENTO COM OS ESCRAVOS – Para o jumento o feno, a vara e a carga. Para o escravo o pão, o castigo e o trabalho. O escravo só trabalha quando corrigido, e só aspira ao repouso; afrouxa-lhe a mão, e ele buscará a liberdade. O jugo e a correia fazem dobrar o mais rígido pescoço; o trabalho contínuo torna o escravo dócil. Para o escravo malévolo a tortura e as peias; manda-o para o trabalho, para que ele não fique ocioso, pois a ociosidade ensina muitas malícias. Ocupa-o no trabalho, pois é o que lhe convém. Se ele não obedecer, submete-o com grilhões, mas não cometas excessos, seja com quem for, e não faças coisa alguma importante sem ter refletido. Se tiveres um escravo fiel, que ele te seja tão estimado sujeitos, saberes e práticas. 4 como a ti mesmo. Trata-o como irmão, porque foi pelo preço de teu sangue que o obtiveste. Se o maltratares injustamente, ele fugirá; se ele for embora, não saberás a quem perguntar, nem onde deverás procurá-lo.

DOCUMENTO 2 – GAIO. Instituições, I, 52/3. Jurisconsulto romano (Juiz), indivíduo que se encarregava de pensar e fundamentar as leis romanas. Nessa obra, fez uma importante exposição do Direito Romano. [Texto adaptado][11] A respeito de escravos – “Os escravos devem estar submetidos ao poder de seus amos. Esta espécie de domínio já é consagrada no direito dos povos; pois podemos observar que, de um modo geral, em todos os povos, o amo tem sobre os escravos poder de vida e de morte, e tudo aquilo que se adquire por intermédio do escravo pertence ao amo. Mas, hoje em dia, não é permitido nem aos cidadãos romanos, nem a nenhum dos que se acham sob o império do povo romano, castigar excessivamente e sem motivo os escravos. Pois, em virtude de uma constituição do imperador Antonino, aquele que matar sem motivo seu próprio escravo é passível de sanção, da mesma forma que aquele que mata o escravo de outrem. Mesmo um rigor demasiado severo dos amos é reprimido por uma constituição do mesmo príncipe; com efeito, consultado por certos governantes de províncias a respeito da conduta a adotar para com os escravos que procuram asilo nos templos dos deuses ou junto às estátuas dos príncipes, ele decretou que, se a severidade dos amos resultasse intolerável, estes deveriam ser obrigados a vender seus escravos”.

DOCUMENTO 3 – Como se há-de haver o senhor do engenho com seus escravos. Texto de Cultura e opulência do Brasil, escrito em 1711 por João Antônio Andreoni, sob o pseudônimo de André João Antonil. O autor nasceu em 1649, na Itália. Faleceu na Bahia, em 1716. Veio ao Brasil em 1681, como membro da Companhia de Jesus. A obra só foi publicada integralmente no Brasil em 1837. [Texto adaptado][12] Capítulo IX – “Os escravos são as mãos e os pés do senhor do engenho, porque sem eles, no Brasil, não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda, nem ter engenho corrente. (...) No Brasil costumam dizer que para o escravo são precisos três PPP, a saber, pau, pão e pano. (...). Não castigar os excessos que eles cometem seria culpa não leve, porém, estes se hão-de averiguar antes, para não castigar inocentes, e se hão-de ouvir os delatados e convencidos, castigar-se-ão com açoites moderados ou com os meter em uma corrente de ferro, por algum tempo, ou tronco. Castigar com ímpeto (...) e chegar talvez aos pobres com fogo ou lacre ardente, ou marcá-los na cara, não seria para se sofrer entre bárbaros, muito menos entre cristãos católicos. O certo é que, se o senhor se houver com os escravos como pai, dando-lhes o necessário para o sustento e vestido e algum descanso no trabalho, se poderá também depois haver como senhor, e não estranharão, sendo convencidos das culpas que cometeram, de receberem com misericórdia o justo e merecido castigo. (...) E bem é que saibam que isto lhes há-de valer, porque de outra sorte fugir por uma vez para algum mocambo no mato e, se forem apanhados, poderá ser que se matem a si mesmos, antes que o senhor chegue a açoitá-los ou que algum seu parente tome a sua conta a vingança, ou com feitiço ou com veneno (...)”.

DOCUMENTO 4 – É uma matéria atual, “Nova servidão”, escrita pelo jornalista Leonardo Sakamoto, em 2002, e publicada na revista Problemas Brasileiros, de São Paulo. “Nos dias 13 e 14 de dezembro passado, foram resgatados 54 trabalhadores rurais que estavam sob condições degradantes de trabalho na fazenda Peruano, município de Eldorado dos Carajás, sudeste do Pará. (...) Pessoas não eram pagas havia meses, recebendo apenas arroz, feijão e alojamento – pequenas barracas de madeira, palha ou lona, em que se amontoavam 10, 20 redes. A água, suja e imprópria, servia para consumo, banho e lavagem de roupa. (...) José Carlos Filho, 62 anos, foi encontrado doente na rede de um dos alojamentos e internado às pressas. Tremia havia três dias, não de malária ou de dengue, mas de desnutrição. No hospital, contou que estava sem receber fazia três meses, mesmo já tendo finalizado o trabalho quase um mês antes.

O gato teria dito que descontaria de seu pagamento as refeições feitas durante esse tempo parado. Vida de gado – A pele de Manuel se transformou em couro, curtida anos a fio pelo sol da Amazônia e pelo suor de seu rosto. (...) Trabalhava de domingo a domingo, mas nada de pagamento, só feijão, arroz e a lona para cobrir-se de noite. Um outro tipo de cerca, com farpas que iam mais fundo, o impedia de desistir: “O fiscal de serviço andava armado [gato]. Se o pessoal quisesse ir embora sem terminar a tarefa, eles ameaçavam, e aí o sujeito voltava”. Na hora de acertar as contas, os gatos informaram que Manuel e os outros tinham "comido" todo o pagamento e, se quisessem dinheiro, teriam de ficar e trabalhar mais. “Eles dizem que a lei não entra na fazenda.”

Comentário

O professor precisa entregar aos alunos um roteiro de perguntas para orientar a discussão; deve apresentar sucintamente algumas informações acerca de cada documento: seria uma espécie de sinopse, com indicações de autor, da origem e da data do texto. Antes, deve pedir aos alunos que leiam com atenção, observando detalhes importantes e fazendo anotações. Um primeiro eixo de perguntas deve descrever os documentos: quando foram escritos? Qual a diferença, em anos, de um documento para o outro? Quem escreveu? Qual o título de cada documento? O segundo eixo de perguntas consiste na análise interna dos documentos: qual a temática central de cada um? Segundo o documento 1, como o senhor deve tratar o escravo? No texto 2, comente como deve ser a relação cidadão/escravo. Há alguma semelhança com o documento 1? No texto 3, o que quer dizer a seguinte expressão: “Os escravos são as mãos e os pés do senhor do engenho” ? No texto 3, há sinais e indicações de algumas formas de resistência dos escravos? Comente. Quanto ao texto 4, as condições de trabalho são parecidas com a dos escravos? Comente. Que sujeitos aparecem nos documentos? Em linhas gerais, quais as semelhanças e diferenças entre os documentos? O documento 1 e 2 apresentam algumas semelhanças quanto ao tratamento dispensado aos escravos: falam em castigos, que devem ser firmes quando necessário, mas sem cometer excessos injustamente. O documento 1 revela que “a ociosidade ensina muitas malícias”, portanto, fala em resistência e suas mais variadas formas. O documento 3 caminha nessa mesma linha: no texto aparece a preguiça, a fuga, a vingança contra os senhores, o suicídio e o feitiço como formas de resistência. No documento 4, as condições de trabalho e de sobrevivência dos trabalhadores na fazenda Peruano apresentam semelhanças gritantes com os escravos dos documentos 1 e 3. Nele, aparece a figura do gato, que anda armado e intimida os trabalhadores; lembra a figura do capataz e do capitão do mato no Brasil colonial. Em síntese, muitas questões podem ser abordadas, conceitos podem ser construídos e revistos a partir do confronto entre os documentos.

Uma atividade didática com documentos, a exemplo do plano de aula ora exposto, apresenta algumas vantagens: oferece uma visão de diversos contextos históricos, evidenciando a construção de discursos e os mecanismos ideológicos que justificam a escravidão até chegar ao presente, a realidade do contexto social próxima do aluno; revela aos alunos que a história da sociedade humana é pura transformação, um processo complexo de mudanças, mas também de permanências; mostra que a escravidão não é uma prática morta e enterrada no passado, mas que determinadas características e situações concretas de trabalho compulsório encontram-se presentes ainda, guardadas as devidas proporções, em algumas regiões do mundo e do Brasil; revela aos alunos que a história “não caminha” numa perspectiva linear, pois “O conhecimento histórico procura ver (...) as mudanças e as permanências pelas quais passam ou passaram as diferentes sociedades humanas.”[14].

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A Pirâmide do Mago em Uxmal / México



A Pirâmide do Mago é uma pirâmide mesoamericana de degraus localizado na antiga cidade, pré-colombiana de Uxmal no México. A estrutura também é conhecida como a Pirâmide do Anão, (El Casa Adivino), a Pirâmide do Adivinho. A pirâmide é a estrutura mais alta e mais reconhecível em Uxmal. A Pirâmide do Mago (El Adivino) é a estrutura central do complexo de ruínas maias de Uxmal.

Uxmal está localizado no Puuc região do México e foi uma das maiores cidades da península de Yucatán. No seu auge, Uxmal foi o lar de cerca de 25.000 Maias. Como outros sítios de Puuc, a cidade floresceu de 600-1000 dC, com o período de grande edifício ocorrendo entre 700 e 1000 dC. O Uxmal nome significa "três vezes construída" na língua maia, referindo-se às muitas camadas de construção de sua estrutura mais imponente. A cidade de Uxmal foi designado um UNESCO Patrimônio Mundial em 1996, considera-se que as ruínas das estruturas cerimoniais representam o ápice da arte maia tarde e arquitetura em seu design, layout e ornamentação.

A Pirâmide do Mago domina o centro do complexo e está localizado na parte turística entrada do pátio central. Ele está posicionado no lado oriental da cidade, com sua face ocidental com vista para o Quadrilátero Convento e está situado de modo que sua escada ocidental enfrenta o pôr do sol no solstício de verão.

A construção do templo pirâmide começou no século 6 dC e a estrutura foi expandido ao longo dos próximos 400 anos. A pirâmide caiu em desuso depois de 1000 AD e depois foi saqueado durante a conquista espanhola de Yucatán.



O primeiro relato detalhado da redescoberta das ruínas foi publicada por Jean-Frederic Waldeck em 1838. Waldeck conta de Uxmal inspirado John Lloyd Stephens e seu amigo ilustrador, Frederick Catherwood, para fazer duas visitas prolongadas para o site em 1839-1841, para gravar e esboçar o layout do complexo. De suas notas, Stephens publicou seus agora famosos Incidentes de Viagem em Yucatán. Restauração esforços começaram em Uxmal, em meados do século 19. A Pirâmide do Mago foi reparado e mantido regularmente durante este período. No início dos anos 1970, um projeto de conservação importante foi tomada por arqueólogos da Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH). O objetivo deste esforço foi consolidar os lados e terraços planas da pirâmide, e para melhorar a integridade estrutural das têmporas. Em 1988, o furacão Gilbert varreu a Península de Yucatán, trazendo ventos fortes e chuvas abundantes para a área que causou grandes danos para o exterior da pirâmide. Um exame pós-furacão da estrutura revelou fendas que se tinha desenvolvido nas paredes do lado sul, em ambos os lados da escada oeste. Danos nas paredes verticais na base da pirâmide, no lado oeste, foi também observada. Os arqueólogos e conservadores com o INAH imediatamente iniciou o processo de desenvolvimento de uma estratégia para a conservação e estabilização. O plano chamado para o fortalecimento da fachada Oeste, o acompanhamento de eventuais alterações estruturais e implementar medidas de emergência quando necessário. A cavidade sob a base da escada foi preenchido com pedra, mortared com betão e gesso. Movimento monitores foram colocados em locais críticos para detectar falta de integridade. As medidas imediatas tomadas para estabilizar a pirâmide tinha impedido um colapso catastrófico, mas no final de 1997, os arqueólogos observou adicionais pequenas fissuras tinha desenvolvido nas paredes da pirâmide (Desmond). Os esforços de conservação ainda estão em andamento e, como El Castillo em Chichen Itza, os visitantes do site são agora proibidos de subir a pirâmide.



A altura exata da Pirâmide do Mago está em disputa e tem sido informado ser tão alto quanto 40 metros e tão baixa como 27 metros. O aceito medianamente é a altura de 35 metros, com a base medindo aproximadamente 227 por 162 metros. Apesar da ausência de uma medida exata, a pirâmide continua a ser a estrutura mais alta de Uxmal. A Pirâmide do Mago é uma estrutura muito distinta dos maias na Península de Yucatán. A pirâmide é considerada única por causa de seus lados arredondados, altura considerável, declive íngreme e incomum elíptica base. A construção da pirâmide foi concluída em várias fases, ao longo de três séculos, durante o período Clássico Terminal. Marta Foncerrada del Molina, em seu Fechas de radiocarbono na área dos Maias, a data do início da construção da Pirâmide do Mago foi do século VI, continuando periodicamente ao longo do século 10. Este posicionamento depende tanto da AD 560 ± 50 data de radiocarbono para o Templo Oeste Inferior, bem como em datas estilísticas Foncerrada do interior para Templos II e II (Kowalski 47).

Os Maias seguiram a prática tradicional de sobreposição na construção da pirâmide, gradualmente aumentando as dimensões através da construção de novas estruturas em cima dos já existentes. A pirâmide, como se encontra hoje, é o resultado de cinco templos aninhados. Partes do primeiro templo pode ser visto quando subir a escada ocidental; os templos segundo e terceiro são acessados pela escada leste, através de uma câmara interna no segundo nível. Na frente dela Templo III, formando um nártex, é o templo quarto, que é claramente visível a partir do lado oeste. A subida ao topo das escadas do leste revela o templo em quinto lugar, situado no topo de Templos II e III (Stierlin 66). A estrutura mais antiga, Templo I, está exposto no lado oeste da estrutura, na base da pirâmide. Esta seção remonta a cerca de século a sexta, deduzida a partir da data inscrita na verga da porta e datação por radiocarbono. A fachada desta estrutura é fortemente decorado com máscaras do deus da chuva, Chaac, uma característica do estilo Chenes da arquitetura, embora as máscaras podem ter sido adicionadas em uma data posterior.

O resto da estrutura é coberta por construção subsequente. A passagem que levou a essa estrutura foi fechada após as chuvas encharcando de furacão Gilbert em 1988, a fim de garantir a preservação do edifício. O II Templo pode ser introduzido através de uma abertura na parte superior da escada Oriental. Este templo é apenas parcialmente escavado. A sua seção central é suportado por colunas e tem um pente telhado que é visível através de uma trincheira no chão do templo V acima. Templo III é construída sobre a parte traseira do templo II e não é visível a partir do exterior. É constituída por uma central pequena santuário e uma antecâmara. Templo IV é inserido a partir do lado oeste e tem as mais ricas decorações. Construído em estilo Chenes, a fachada do templo representa a máscara de Chaac, cujas mandíbulas servir como porta. A fachada desta estrutura é inteiramente coberto com máscaras do deus da chuva e ornamentação em treliça (Stierlin 66).

 Ambos os templos superiores são fortemente influenciados pelo estilo arquitetônico Chenes (Helfritz 149). Templo V, também conhecida como A Casa do Mago ou adivinho, é a fase de construção definitiva da pirâmide. Esta estrutura fica no topo da pirâmide e data do século IX. Templo V é composto por três salas e também apresenta ornamentação reticulado. Existem duas escadas que levam ao topo da pirâmide, tanto a um ângulo de 60° íngreme. As escadas orientais são o mais amplo dos dois, a partir da base da estrutura ao templo superior. Perto do topo das escadas do leste é um pequeno templo interno que corta na própria escada. As escadas ocidentais têm vista para o Convento e são ricamente decoradas em comparação com o lado oriental. Ao longo de ambos os lados desta estreita escadaria, as imagens do-nariz adunco linha de deus da chuva Chaac as etapas. Como adoradores subiu as escadas ao templo superior, que seria cerimoniosamente subir as escadas "dos deuses" para o altar sacrificial. As fases anteriores da Pirâmide do Mago foram construídos no estilo Puuc: em vez nua na parte inferior e muito ornamentado em níveis mais elevados. Arquitetura Puuc inicial incluía cristas de telhado, inclinado frisos e uma ausência de mosaico decoração. Mais tarde Puuc estilos são marcados pelo uso de calcário em construção, muitas vezes com superfícies das paredes lisas; gesso (estuque) acabamentos; máscaras e outras representações do deus da chuva Chaac; e a prevalência de estilo ao longo de linhas horizontais. Os lados da pirâmide já foram pensados para ser decorado com estuque colorido diferente, cada cor representa uma direção. Chenes projeto foi prevalente em construção maia clássico tardio, caracterizada por portas cercadas por uma máscara única criatura, com a entrada servindo como boca.



As fachadas de Chenes de multi-câmaras estruturas são geralmente divididos em três partes, com a parte central seja projetando ou se afastando do resto da fachada, as câmaras são tipicamente decorado com máscaras Chaac.Características Chenes são encontrados em todo os templos superiores da pirâmide.  A Pirâmide do Mago continua a ser a atração turística central no complexo de Uxmal.

O mito da origem da Pirâmide do Mago e o mago-deus Itzamna

O nome da estrutura é derivada folclóricas lendas contadas pelos indígenas maias. A idade destes contos é desconhecida, como é o nome pré-colombiano da estrutura. O conto existia em contas variadas relativas à construção da Pirâmide do Mago.

Segundo um relato, um mago-deus chamado Itzamna estava sozinho deveria ter erguido a pirâmide em uma noite, usando seu poder e magia. Outro conto diz que quando um gongo certo era ao som, na cidade de Uxmal estava destinado a cair para um menino "não nascido de mulher". O gongo foi atingido, um dia, por um anão que lhe não nascera de mãe, mas nascido de um ovo por um sem filhos, mulher de idade (de acordo com um guia turístico em Uxmal, o ovo era um ovo de iguana, e uma mulher bruxa). O som do gongo colocava medo nos governante da cidade, e o anão foi condenado a ser executado. O governante reconsiderou a sentença de morte, porém, prometeu que a vida do anão seria poupado se pudesse realizar três tarefas aparentemente impossíveis. Uma das tarefas foi a de construir uma enorme pirâmide, mais alto que qualquer prédio da cidade, em uma única noite. O anão finalmente concluído todas as tarefas, incluindo a construção da pirâmide. O anão foi saudado como o novo governante de Uxmal e da estrutura foi dedicado a ele. 



Uma versão ligeiramente diferente deste conto é narrado por Hans Li em The Ancient Ones: Conta a lenda que este templo-pirâmide foi construída por um mago anão poderoso, que foi idealizada a partir de um óvulo por sua mãe. Sob uma ameaça por um rei Uxmal ele foi condenado a construir este templo dentro de uma quinzena, ou então perder a sua vida. Em outras versões sobreviventes, a velha é retratada como uma bruxa ou feiticeira e o anão é um garoto que magicamente atinge a idade adulta durante a noite. A lenda oficial como disse a John Lloyd Stephens em 1840 por um nativo local maia segue: Havia uma velha mulher que vivia em uma cabana que foi localizado no local exato onde a pirâmide está agora acabado. Esta velha era uma bruxa que um dia entrou em luto que ela não tinha filhos. Um dia, ela pegou um ovo e envolveu-o num pano e o colocou em um canto de sua pequena cabana. Todo dia, ela foi olhar para o ovo até que um dia ele se chocou e uma pequena criatura, muito parecidas com um bebê, veio do ovo encantado. A velha ficou encantada e chamou o bebê de seu filho. Ela, desde que com uma enfermeira e cuidou muito bem dele, para que dentro de um ano ele estava andando e falando como um homem. Ele parou de crescer depois de um ano e a velha estava muito orgulhoso de seu filho e lhe disse que um dia ele seria um grande Senhor e Rei. Um dia, ela disse ao filho para ir à Casa do Governador e desafiar o Rei para uma prova de força. O anão não queria ir na primeira, mas a velha insistiu e, assim, ver o Rei ia. Os guardas deixá-lo entrar, e ele jogou o desafio para o rei. O rei sorriu, e disse o anão para levantar uma pedra que pesava três arrobas (75 quilos). Nessa, o anão gritou e correu de volta para sua mãe. A bruxa era sábio, e disse ao filho para dizer ao rei que, se o Rei iria levantar a primeira pedra, então ele iria levantá-lo também. O anão voltou e disse ao rei que sua mãe lhe disse para dizer. O rei levantou a pedra e o anão fez o mesmo. O rei ficou impressionado, e um pouco nervoso, e testou o anão para o resto do dia com outros feitos de força. Cada vez que o rei realizou um ato, o anão foi capaz de igualar. O rei ficou furioso que estava sendo acompanhado por um anão, e disse o anão que, em uma noite ele deve construir uma casa maior do que qualquer outro na cidade ou ele seria morto. O anão voltou novamente chorando à sua mãe que lhe disse para não perder a esperança, e que ele deveria ir direto para a cama. Na manhã seguinte, a cidade acordou para ver a Pirâmide do anão no seu estado acabado, mais alto do que qualquer outro edifício na cidade. O rei viu este edifício de seu palácio e foi novamente furioso. Ele convocou o anão e encomendou um teste final de força. O anão teve que recolher dois feixes de Cogoil madeira, uma madeira muito forte e pesado, e o rei iria quebrar a madeira sobre a cabeça do anão, e depois que o anão poderia ter a sua vez de quebrar a madeira sobre a cabeça do rei. O anão novamente correu para sua mãe para obter ajuda. Ela disse-lhe para não se preocupar e colocou uma tortilla encantado na cabeça para proteção. O julgamento era para ser executado na frente de todos os grandes homens da cidade. O rei começou a quebrar todo o seu pacote sobre a cabeça do anão, um pau de uma vez. O Rei não conseguiu ferir o anão e depois tentou se retirar de seu desafio. Em vista dos grandes homens da cidade, porém, ele sabia que tinha outra escolha senão ir em frente e deixar o anão têm sua vez. A segunda vara do feixe do anão quebrou o crânio Reis em pedaços e ele caiu morto ao pé do anão, que foi saudado como o novo rei (Ranney 80-1).



Citações Stephens e Catherwood visitou Uxmal primeira em 1839, mais uma vez durante a sua expedição de 1841. Descrevendo a sua primeira visão das ruínas, Stephens escreve: "Nós tomamos uma outra estrada, e, de repente surgir dos bosques, para minha surpresa veio uma vez em cima de um grande campo aberto espalharam com montes de ruínas e edifícios enormes em terraços e estruturas piramidais, grande e em boa conservação, ricamente ornamentada, sem um arbusto para obstruir a visão, e em efeito pitoresco quase igual às ruínas de Tebas... O lugar de que falo agora foi sem sombra de dúvida uma vez uma cidade grande, populoso e altamente civilizado. Quem construiu, por que ele foi localizado longe da água ou qualquer dessas vantagens naturais que determinaram os locais de cidades cujas histórias são conhecidas, o que levou ao seu abandono e destruição, ninguém pode dizer." John Lloyd Stephens (64) "A pirâmide é uma imagem do mundo, por sua vez, que a imagem do mundo é uma projeção da sociedade humana Se é verdade que o homem inventa deuses à sua imagem, também é verdade que ele vê sua própria imagem na imagens que o céu e a terra lhe oferecer O homem faz a história humana da paisagem desumana,... natureza transforma a história em cosmogonia, a dança das estrelas" Octavio Paz (294) "A forma clássica pirâmide foi abandonada aqui. É como se os arquitetos maias tinha lembrado os picos das montanhas, onde os deuses tinham sido adoradas no passado nebuloso." Hans Helfritz (149)

Arquitetura

Este edifício singular, o único conhecido com planta oval na cultura maia, é o resultado de cinco alargamentos pertencentes a diferentes fases e estilos decorativos, entre os que se encontram no Guatemala, usumacinta, Rio Chênes e puuc. O contorno oval cobre os três primeiros níveis originais, sendo o quarto e quinto nível da habitual forma prismática. No topo da pirâmide localiza-se um templo com elementos de crestería ou coroação. O edifício contém representações do Deus chac (Divindade da água e da chuva). Os degraus da pirâmide são estreitos e íngremes, superando quase sempre os 45 graus. Se acha isto dedicou-se com a intenção de que aqueles que subissem ao templo não pudessem levantar a cabeça durante a ascensão, nem pudessem também não dar as costas ao meu Deus durante a descida. O Templo, que atinge os 35 metros de altura, com uma base de 53,5 metros no lado maior, está inteiramente construído de pedra.



Fases

A construção foi iniciada no século vi, estando datado o último nível no século x. É constituído por cinco níveis, cada uma correspondendo a um templo:

Nível I, templo I

Sua situa sobre a plataforma ou banco, ou seja, praticamente ao nível do solo. Sua decoração é à base de exsudado e figuras de chaac, entre os quais se destacam os dois que estão sobre a entrada. Neste templo foi encontrado a escultura designada a rainha de uxmal que é uma cabeça de cobra com a boca aberta da que sai um ser humano.

Nível II, Templo II

Para construir este templo, que fica a uma altura em breve da 2/3 parte da actual, houve que cobrir o templo i e realizar sobre ele uma pirâmide. Para acessá-lo tornou-se uma abertura desde onde se observam as colunas que sustentam o telhado.

Nível III, Templo III
É um oratório que depois se cobriu a construir outro com um trono em forma de comem de chaac.

Nível IV, Templo IV

É o melhor de todos os cinco templos. Tem uma câmera em forma de comem de chaac coincidindo a boca da mesma com a entrada a qual se acede pela parte leste da pirâmide. Tem uma decoração muito recarregada, fora do habitual no estilo puuc.

Nível V, templo

Levanta-se no topo da pirâmide e para acessá-lo tem que subir 150 escadas íngremes que estão rodeados por figuras de chaac. A decoração das fachadas é plenamente puuc, paredes baixas lisas, sobre as quais se coloca uma grande greca decorada, neste caso com serpentes entrelaçadas e uma cabana de telhado de palha.



sábado, 6 de agosto de 2016

Revisionismo histórico



Revisionismo histórico é o estudo e a reinterpretação da História, baseado na ambiguidade dos fatos históricos e na imparcialidade com que esses fatos podem ter sido descritos. Segundo o criador do positivismo Auguste Comte, "a História é uma disciplina fundamentalmente ambígua" e portanto, passível de várias interpretações.

A palavra “Revisionismo” deriva do Latim “revidere”, que significa ver novamente. A revisão de teorias guardadas há muito tempo é perfeitamente normal. Acontece nas ciências da natureza assim como nas ciências sociais, à qual a disciplina da história pertence. A ciência não é uma condição estática. É um processo, especialmente para a criação de conhecimento pela pesquisa de provas e evidências. Quando a investigação decorrente encontra novas provas ou quando os pesquisadores descobrem erros em velhas explicações, acontece frequentemente que as antigas teorias têm que ser alteradas ou até abandonadas.

Qualquer episódio da historiografia mundial pode e deve ser revisado

Por “Revisionismo” queremos dizer investigação crítica baseada em teorias e hipóteses no sentido de testar a sua validade. Os cientistas precisam de saber quando novas provas modificam ou contradizem velhas teorias; na realidade, uma das suas principais obrigações é testar concepções tradicionais e tentar refutá-las. Apenas numa sociedade aberta na qual os indivíduos são livres de desafiar teorias comuns é nós podemos certificar a validade dessas mesmas teorias, e estar confiantes de que estamos a aproximarmo-nos da verdade. Para uma discussão completa sobre isto, o leitor deve conhecer por si mesmo o ensaio do Dr. C. Nordbruch em Neuer Zürcher Zeitung, 12 de Junho de 1999. […]

Nos últimos anos o acesso mais democrático a documentos históricos fez com que a própria história pudesse ser “reescrita” ou, então, reinterpretada. Foi desta forma que “tudo passou a ser história”, “tudo passou a ser fonte histórica”, em um movimento que começou na França do final dos anos 1920 e ganha força a cada dia – movimento este conhecido como Escola dos Annales. Atualmente, graças às digitalizações e à internet, é possível ao pesquisador ter acesso a documentos, por exemplo, do acervo histórico-nacional da França, dos Estados Unidos, do Brasil, da Argentina etc.

Graças a esta movimentação de tudo ser fonte a possibilidade de estudar e interpretar os fatos aumentou enormemente. Veja, por exemplo, que não falamos mais do “descobrimento do Brasil” ou “descobrimento da América”, mas sim em “conquista do Brasil”, “colonização da América” etc.

Assim, revisionismo histórico é o estudo e a reinterpretação da própria história, baseado na ambiguidade dos fatos históricos e dos documentos analisados, além da imparcialidade com que esses fatos podem não ter sido descritos, uma vez que é sabido que proceder à imparcialidade é um processo bastante árduo para qualquer profissional formado dentro de qualquer concepção ideológica. Segundo o criador do Positivismo, Auguste Comte, “a história é uma disciplina fundamentalmente ambígua” e, portanto, passível de várias interpretações.

Embora seja de interesse acadêmico, uma espécie de “censura” ainda impede e/ou limita a pesquisa de revisão histórica porque envolve importantes interesses políticos, econômicos e sociais; como, por exemplo, a reescrita da história recente no Brasil, na Argentina e no Uruguai com relação às suas ditaduras militares e a associação dos governos dos Estados Unidos nestes procedimentos. A abertura dos arquivos secretos norte-americanos pelo movimento WikiLeaks foi de tremenda importância neste processo de revisionismo da história, quando descobrimos os bastidores políticos dos grandes atores da gerência mundial.

As universidades e o revisionismo

Embora seja de interesse acadêmico, devido ao uso ferramentas além da censura essas pesquisas muitas vezes são limitadas nas universidades onde se originam, devido à frequentemente envolver interesses políticos de pessoas que nem sempre estão dispostos a testemunhar contra si próprios. Desse modo, criou-se uma doutrina em torno do assunto que torna impraticável o bom uso dessa disciplina, e apenas alguns poucos países como a França, consideram o revisionismo histórico um estudo importante, por entenderem que os alicerces da História não podem apoiar-se sobre fundamentos, às vezes sem nexo, preenchidos com fatos mitológicos e a com a imaginação daqueles que descrevem a História.

Devido à isso, o uso do revisionismo histórico dentro das universidades ficou restrito apenas à reinterpretação de trechos históricos previamente censurados, ou "se houvesse" surgimento de novos dados ou novas análises mais precisas, que viabilizem o cruzamento de dados já conhecidos mas que não foram considerados.

Em pesquisas independendentes porém, seu campo é mais amplo e não existem restrições e barreiras políticas. Porém, quando os resultados dessas investigações independentes vem ao conhecimento publico, sofrem as mais diversas críticas dos historiadores, e algumas vezes são considerados crime de espionagem ou práticas pseudocientíficas e portanto ilegais, mesmo que a investigação seja fruto de contra-espionagem retirada de fatos constantes em arquivos censurados em época anteriores. Isso é muito comum em investigações de fatos que ocorreram durante ditaduras militares em países como o Brasil e a Argentina, que ainda nos dias atuais mantêm fechados os acessos a esses arquivos.



quarta-feira, 3 de agosto de 2016

A figura de Satã no judaísmo



Como no cristianismo e no islamismo, o judaísmo possuí várias vertentes de pensamentos e doutrinas distintas, ainda que em sua maioria das ideias convirjam ao mesmo ponto. Estas variáveis geram linhas de pensamentos dentro das grandes religiões monoteístas e não seria diferente no judaísmo. Aqui trago um tema delicado, mas que existe uma grande unicidade do judaísmo sobre ele. O fato de Satã ser um anjo de Deus e como tal estar a serviço das ordens do Criador. O texto que segue, pode ser avaliado tanto pelo ponto de vista cético, com o objetivo de entender as crenças. Como do ponto de vista religioso para aqueles que assim desejam entender melhor a religião matriz do monoteísmo, mas aqui é expressar unicamente a visão base sobre Satán (שטן) segundo as crenças judaicas!

********Saliento que este texto não é ocultista e muito mesmo visa criar uma interpretação errônea, ou desabonar qualquer crença, mas sim expor a luz da inteligência o conhecimento e as crenças de outras culturas. Deste modo entendendo melhor a origem de nossa própria cultura.

Não é algo muito bem aceito no judaísmo a ideia de que um anjo de Deus tentou e seduziu outros anjos a desobedecer ao próprio Deus (mas não estou dizendo que não exista ramos do judaísmo místico e outras vertentes que aceitam algo semelhante sobre uma identidade do mal). Considerando essa ideia completamente contrária a tudo o que o Judaísmo ensina! Os estudiosos das Escrituras Hebraicas rejeitam esta teoria ou a aceitam de forma mágica/oculta/espiritualista.



O que é que, então, o Judaísmo explica com relação ao Satã?

***Traduzido do texto em Inglês por Alberto Bentzion. Escrito por Mordechai Housman

Para começar, a palavra hebraica שטן “Satán” significa literalmente “Inibidor/ Evitador/ Impossibilitador”. Inibir quer dizer, tentar impedir alguém de realizar algo. Disso aprendemos que Deus foi quem criou as diversas dificuldades, obstáculos da vida; os quais temos que enfrentar neste mundo, exatamente para nos conduzir a auto superação, e para nos levar ao progresso. Satán (escrito como transliterado do hebraico) é o responsável por tornar as coisas difíceis, por desafiar e assim colaborar para que tenhamos a chance de vencer a nós mesmos; para passarmos no teste. Satán é um Malách (por hora, entenderemos como Anjo) cujo propósito é especificado por Deus.

Existem dentro nós, por intermédio dos dois instintos que Deus mesmo criou no homem, tanto o inclinando ao bem como ao mal. O mais importante, é que somente esta habilidade de escolha absoluta torna possível que façamos o bem e o mal, com total e absoluta decisão pessoal. Temos a plena capacidade de recusar fazer o mal. Esta é a noção exata de que temos o direito que escolher tanto o bem como o mal.

A habilidade de escolher entre o bem e o mal é o que nos garante a noção de livre arbítrio. Portanto, para nos induzir a escolher o bem é que HaShem (HaShem (do hebraico השם), significando O Nome. É uma forma para designar Deus dentro do judaísmo, fora do contexto da reza ou da leitura pública do texto bíblico) nos oferece o bem no mundo vindouro, e para que mereçamos isso, é preciso que algo nos iniba, algo que tente nos impedir e que tenhamos que superar. Satán (שטן), portanto é nossa inclinação ao mal (Ietzer Hará). E a inclinação ao mal tenta nos impedir de fazer o bem, pois HaShem tem ordenado a ela fazer exatamente isso. Porquê? Para nos garantir livre arbítrio. Para que nossa escolha pelo bem seja sempre voluntária. Cada um de nós, todos os dias lutam contra seu mau instinto.

Para o judaísmo Satán (שטן) não é um anjo rebelde. Segundo os judeus, tal coisa é simplesmente impossível. Pois segundo ensinam, os anjos são seres de matéria elevada e sagrada porque foram criados desta forma, assim como os animais são animais porque foram criados desta maneira; os anjos estão constantemente contemplando a irradiação de HaShem (É uma forma para designar Deus dentro do judaísmo, fora do contexto da reza) por toda parte. Do mesmo modo um anjo não pode evitar a Divina Presença e por isso, não consegue deixar de ser sagrado. A santidade de toda criação, de todo o universo é contemplada de foram elevada pelos seres que são neste sentido, elevados; e por isso eles não podem parar de servir ao ETERNO. Os anjos não podem escolher não servir a Deus. Eles não possuem o livre arbítrio. Não podem contemplar outra coisa senão o ETERNO diante de si.

Então salientando que segundo o judaísmo a verdade é que Satán tem uma missão a cumprir como todo e qualquer “anjo”. E “anjos” não possuem livre arbítrio para escolher suas missões. Eles são apenas reflexos da vontade de Deus, no sistema em que foram criados para propósitos específicos.

“Diante desse raciocínio os humanos e seu propósito é viver para vencer sua má natureza?! Foi para isso que você foi criado, com base no judaísmo! HaShem (É uma forma para designar Deus dentro do judaísmo, fora do contexto da reza) já tem  bastantes anjos nos céus! Ele não precisa de mais. Ele te criou humano, para que você progrida na senda da justiça. Seres humanos podem melhorar a si mesmos, e este é seu propósito no mundo. Os “anjos”, não podem melhorar nem progredir, assim como os animais não progridem moralmente. Este não é, sequer, o propósito da sua existência.”

O que podemos observar até agora é que Satán para os judeus (não esquecendo que existem variantes esotérico-mágicas e espiritualistas dentro do judaísmo como no cristianismo e islamismo) não é, e nem poderia ser um anjo caído.

►►►Podemos entender então que Satán para os sábios rabinos se define nesses itens: ◄◄◄

Para os judeus, Satán é apenas um anjo com um trabalho que para nós é desafiador.

Satán não tem um reino paralelo.

Satán não está competindo com Deus nem está atrapalhando a criação.

Ele sequer se satisfaz quando a pessoa se deixa vencer pela má inclinação.

Ele sequer decide suas próprias missões.

Satán é um anjo que nos impõe desafios, ao mando de Deus;

Um anjo que não permite que enganemos a nós mesmos com falsa modéstia ou hipocrisia moral;

 ₳ Um anjo que traz a punição divina ao homem;

Que executa a correção do Criador.

O Satan executa sua missão de se opor a nós, por meio das coisas que nós mesmos valorizamos no mundo.

Satán não tem aparência maquiavélica, nem chifres, nem pele vermelha, nem rabo, nem mora em chamas, nem mesmo se veste de terno e gravata! 

Com certeza essa análise sobre Satán para o judaísmo soa um tanto estranha para o cristianismo, pois segundo o judaísmo nenhum de nós é capaz de destruir o Satán. O que nós devemos fazer é usar a oportunidade do desafio para vencer a nós mesmos, procurando compreender onde o Satán foi enviado a servir-nos de opositor, sabendo então que é exatamente nesta determinada qualidade que devemos agora nos superar.

Agora é que vemos algo bem distinto do cristianismo e islamismo na crença judaica sobre anjos, pois os mesmo ensinam que após o fim dos tempos, a função do Satán estará cumprida neste mundo. Ele não mais precisará guiar as pessoas rumo ao progresso por intermédio das dificuldades que impõe, pois atingiremos o nível desejado por HaShem para este mundo. Uma vez terminado o julgamento, não precisaremos mais da expiação da morte, e consequentemente o Satán não mais será o agente da morte biológica, nem um opositor frente à escolha humana. Satán terá então a sua existência anulada, pois atingirá o propósito para o qual foi criado. E isso segundo o judaismo não será uma injustiça com o Satan. Será como desligar uma máquina por não mais precisar usá-la. Acaso alguém choraria por desligar sua TV por não querer mais assisti-la? Do mesmo modo que máquinas, “anjos” não são seres conscientes, como nós humanos somos; não possuem nem emoções nem desejos. Eles apenas existem para seguir as instruções de HaShem e é exatamente isso que fazem.

Outro conceito importante no judaismo é que somente o ser humano pode ser mau. Portanto, o Ietzer hará é a natureza humana voltada - pela própria pessoa - para o mal. Talvez agora ficará claro para o leitor entender as seguintes passagens das Escrituras Hebraicas, em que diz que o Altíssimo colocou no mundo tanto o bem como o mal, como está escrito em Devarim (Deuteronômio) 30:15.

“Vê que pus diante de ti hoje a vida e o bem, a morte; e o mal.”

E em Ieshaiáhu (Isaías) 45:7, o profeta descreve o plano da criação de D-us expressando assim:

“Eu formo a luz e crio a escuridão; Eu faço a paz e Sou Eu quem cria o mal; EU SOU o ETERNO que tudo faz.”

Agora sim está claro o texto, pois se Deus criou essas forças dentro de nós que lutam entre si para que nós possamos fazer as devidas escolhas, está evidente que se praticamos o mal, estamos criando o mal, e como somos criaturas de Deus, o profeta judeu está afirmando que Deus criou o mal. Mas se escolhemos de forma correta as nossas ações e elas são boas para nós e aos que vivem a nossa volta teremos o bem, e isso o profeta judeu também atribui a Deus...pois Deus criou o bem e o mal dentro de nós...de cada ser humano. Segundo a Tanah ninguém nasce mal...mas se torna mal ao longo de sua vida por uma opção pessoal, eis a grande mensagem da Torá para as pessoas que buscam se aprimorar.