segunda-feira, 16 de maio de 2016

A humanidade terá um futuro?



Extraído de “Has man a future?” de Bertrand Russell

            O pessimista poderia argumentar: Por que tentar preservar a espécie humana? Não deveríamos antes nos alegrar à perspectiva de um fim para a imensa carga de  sofrimento, e ódio, e medo, que tem até agora enegrecido a vida do Homem? Não deveríamos contemplar com alegria um novo futuro para nosso planeta, pacífico, dormindo tranquilo finalmente, depois de chegar ao fim do longo pesadelo de miséria e horror?

            A qualquer estudante de História que contemple o terrível registro de loucura e crueldade que tem constituído a maior parte da vida da humanidade até agora, tais perguntas devem ocorrer em momentos de compreensão. Talvez esse exame possa tentar-nos a concordar com um fim, por mais trágico e definitivo que seja, para uma espécie tão incapaz de sentir alegria.

            Mas o pessimista tem somente metade da verdade e, a meu ver, a metade menos importante. O Homem não tem apenas a capacidade para a crueldade e o sofrimento, mas possui também potencialidades de grandeza e esplendor, realizadas até agora em grau diminuto, porém evidenciando o que poderia ser a vida num mundo mais livre e mais feliz.  Se o Homem permitir a si mesmo crescer em toda a sua estatura, o que poderá conseguir está além da nossa imaginação. A pobreza, a doença e a solidão tornar-se-iam raros infortúnios. Uma razoável esperança de felicidade poderia dissipar a noite de medo na qual tantos agora vagam perdidos. 

Sofistas


Os sofistas eram considerados mestres da retórica e da oratória, acreditavam que a verdade é múltipla, relativa e mutável. Protágoras foi um dos mais importantes sofistas.

Na Grécia Antiga, haviam professores itinerantes que percorriam as cidades ensinando, mediante pagamento, a arte da retórica às pessoas interessadas. A principal finalidade de seus ensinamentos era introduzir o cidadão na vida política. Tudo o que temos desses professores são fragmentos e citações e, por isso, não podemos saber profundamente sobre o que eles pensavam. Aquilo que temos de mais importante a respeito deles foi aquilo que disseram seus principais adversários teóricos, Platão e Aristóteles.

Eles eram chamados de sofistas, termo que originalmente significaria “sábios”, mas que adquiriu o sentido de desonestidade intelectual, principalmente por conta das definições de Aristóteles e Platão. Aristóteles, por exemplo, definiu a sofística como "a sabedoria (sapientia) aparente mas não real”. Para ele, os sofistas ensinavam a argumentação a respeito de qualquer tema, mesmo que os argumentos não fossem válidos, ou seja, não estavam interessados pela procura da verdade e sim pelo refinamento da arte de vencer discussões, pois para eles a verdade é relativa de acordo com o lugar e o tempo em que o homem está inserido.

O contexto histórico e sociopolítico é importante para que se compreenda o papel e o pensamento dos sofistas para a sociedade grega. Embora Anaxágoras tenha sido o filósofo oficial de Atenas na época do regime de Péricles, não havia um sistema público de ensino superior, então jovens que podiam pagar por instrução recorriam aos sofistas a fim de se prepararem para as dificuldades que enfrentariam na vida adulta. Uma delas, imposta pelo exercício da democracia, era a dificuldade de resolver divergências pelo diálogo tendo em vista um interesse comum. O termo “sofista” não corresponde, portanto, a uma escola filosófica e sim a uma prática. Mesmo assim, podemos elencar algumas caracterizações comuns aos sofistas:

a) Oposição entre natureza (phýsis) e cultura (nómos): Pelo que sabemos, podemos dizer que a maior parte dos sofistas tinha seu interesse filosófico concentrado nos problemas do homem e da natureza. Isso significa que aquilo que é dado por natureza não pode ser mudado, como a necessidade que os homens têm de se alimentar. O que é dado por cultura pode ser mudado, como, por exemplo, aquilo que os homens escolhem como alimento. Ou seja, todos nós precisamos da alimentação para continuarmos vivos, mas na China, a carne dos cães pode fazer parte do cardápio e, na Índia, o homem não pode se alimentar da carne bovina, pois a vaca é considerada um animal sagrado.

b) Relativismo. Para os sofistas, tudo o que se refere à vida prática, como a religião e a política, era considerado fatores culturais, logo podiam ser modificados. Dessa forma, colocavam as normas e hábitos em dúvida quanto à sua pertinência e legitimidade. Como eles eram relativistas, suas questões podiam ser levadas para o seguinte sentido: as leis estabelecidas são pertinentes para essa cidade ou precisam ser mudadas?

c) A existência dos deuses. Para os sofistas, é mais provável que os deuses não existam, mas eles não rejeitam completamente a existência, como Platão, por exemplo. Portanto, eles são mais próximos do agnosticismo do que do ateísmo. A diferença entre os sofistas e aqueles que acreditavam nos deuses – e a educação grega esteve, no início, ligada à existência e interferência dos deuses nos destinos da humanidade – é que eles preferiam não se pronunciar a respeito. Mas, se os deuses existissem, eles não teriam formas e pensamentos humanos.

d) A natureza da alma. A definição de alma para os sofistas é de uma natureza passiva e podia ser modelada pelo conhecimento que vem do exterior. Isso é muito importante para a prática que eles exerciam, pois, se as pessoas possuem almas passivas, elas podem ser convencidas de qualquer discurso proferido de forma encantadora. Por isso, era preciso lapidar a técnica a fim de levar as pessoas a pensarem de um modo que favoreça o orador, ou seja, aquele que está falando para o público. A resistência que alguma pessoa oferece a algo que é dito não seria proveniente da capacidade de refletir ou questionar e sim era decorrência da inabilidade discursiva do orador.

e) Rejeitam questões metafísicas. Os sofistas estavam bastante empenhados em resolver questões da vida prática da pólis. Aquilo que contribuiria para uma vida melhor com os outros ou para atender às necessidades imediatas era o centro de suas preocupações. Por concentrarem seus esforços para pensar naquilo que consideravam útil, questões como a origem do seres, a vida após a morte e a existência dos deuses, ou seja, questões de ordem metafísica, eram rejeitadas.

f) A habilidade de argumentar, mesmo se as teses fossem contraditórias, também era um de seus fundamentos. Apesar da dura crítica feita a eles, o trabalho dos sofistas respondia a uma necessidade da época: com o desenvolvimento e a consolidação da democracia na Atenas do século V a.C., era imprescindível desenvolver a habilidade de argumentar em público, defender suas próprias ideias e convencer a maior parte da assembleia a concordar com aquilo que os beneficiaria individualmente.

g) Antilógica. Uma estratégia de ensino comum aos sofistas era ensinar os jovens a defenderem uma posição para, em seguida, defenderem seu oposto. Essa técnica argumentativa foi chamada de antilógica e foi criticada por Platão e Aristóteles por corromper os jovens com a prática da mentira. Historiadores contemporâneos, no entanto, consideram essa técnica como uma atividade característica do espírito democrático por respeitar a existência de opiniões diferentes (cf. CHAUÍ, Marilena).

Os mais conhecidos sofistas foram Protágoras de Abdera (c. 490-421 a.C.), Górgias de Leontinos (c. 487-380 a.C.), Hípias de Élis, Isócrates de Atenas, Licofron, Pródicos e Trasímaco. Vamos agora conhecer um dos mais importantes, Protágoras.
Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas”

Um dos responsáveis para que Protágoras se tornasse um dos mais conhecidos sofistas foi Platão, que dedicou a ele uma obra, o que mostra que o filósofo, mesmo sem concordar com o sofismo, respeitou o pensamento de Protágoras ao ponto de se dedicar a elaborar objeções. Além de ensinar a arte do debate aos jovens em suas muitas visitas a Atenas (lembre-se de que os sofistas eram professores itinerantes, isto é, não residiam em um lugar específico), foi nomeado por Péricles para redigir a constituição de uma colônia ateniense (cf. KENNY, Anthony).

No diálogo Teeteto, Platão traz um importante pensamento de Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas, das que são como são e das que não são como não são”. Isso significa, em outras palavras, que se uma pessoa pensa que uma coisa é verdade, tal coisa é a verdade para ela. Ou seja, a verdade é subjetiva e relativa, não objetiva e absoluta. Por exemplo, se uma pessoa está com febre, ela pensa que a temperatura do ambiente está baixa, mesmo que ela esteja em Fortaleza e os termômetros apontem 38 graus.

Como não há uma verdade objetiva a ser considerada, a verdade sempre seria relacionada aos indivíduos. Em relação à crença nos deuses (como sabemos, a sociedade grega era politeísta), o relativismo tem a consequência de que não há uma crença mais correta do que a outra, todas devem ser respeitadas, pois o homem não pode saber nada a respeito dos deuses, se existem ou como são. Quando diz isso, Protágoras se aproxima do agnosticismo. Em suas palavras, que chegaram a nós por Diogenes Laertios:

“No que diz respeito aos deuses, não posso ter a certeza de que existem ou não, ou de como eles são; pois entre nós e o conhecimento deles há muitos obstáculos, quer a dificuldade do assunto, quer a pouca duração da vida humana”.

Diogenes Laertios, ao criticar Protágoras, nota que sua obra foi queimada em praça pública por atenienses que acreditavam que ele corrompia a juventude e ironiza, dizendo que ele foi o primeiro homem a dizer que em relação a qualquer assunto há duas afirmações contraditórias. Depois, Platão objetou que se todas as crenças são verdadeiras, a crença de que nem todas as crenças são verdadeiras também é verdadeira.

Primeira Guerra Mundial 1914-1918



Vários problemas atingiam as principais nações europeias no início do século XX. O século anterior havia deixado feridas difíceis de curar. Alguns países estavam extremamente descontentes com a partilha da Ásia e da África, ocorrida no final do século XIX. Alemanha e Itália, por exemplo, haviam ficado de fora no processo neocolonial. Enquanto isso, França e Inglaterra podiam explorar diversas colônias, ricas em matérias-primas e com um grande mercado consumidor. A insatisfação da Itália e da Alemanha, neste contexto, pode ser considerada uma das causas da Grande Guerra.     
      
Vale lembrar também que no início do século XX havia uma forte concorrência comercial entre os países europeus, principalmente na disputa pelos mercados consumidores. Esta concorrência gerou vários conflitos de interesses entre as nações. Ao mesmo tempo, os países estavam empenhados numa rápida corrida armamentista, já como uma maneira de se protegerem, ou atacarem, no futuro próximo. Esta corrida bélica gerava um clima de apreensão e medo entre os países, onde um tentava se armar mais do que o outro.

Existia também, entre duas nações poderosas da época, uma rivalidade muito grande. A França havia perdido, no final do século XIX, a região da Alsácia-Lorena para a Alemanha, durante a Guerra Franco Prussiana. O revanchismo francês estava no ar, e os franceses esperando uma oportunidade para retomar a rica região perdida.

O pan-germanismo e o pan-eslavismo também influenciou e aumentou o estado de alerta na Europa. Havia uma forte vontade nacionalista dos germânicos em unir, em apenas uma nação, todos os países de origem germânica. O mesmo acontecia com os países eslavos.

O início da Grande Guerra

O estopim deste conflito foi o assassinato de Francisco Ferdinando, príncipe do império austro-húngaro, durante sua visita a Saravejo (Bósnia-Herzegovina). As investigações levaram ao criminoso, um jovem integrante de um grupo Sérvio chamado mão-negra, contrário a influência da Áustria-Hungria na região dos Balcãs. O império austro-húngaro não aceitou as medidas tomadas pela Sérvia com relação ao crime e, no dia 28 de julho de 1914, declarou guerra à Servia.

Política de Alianças

Os países europeus começaram a fazer alianças políticas e militares desde o final do século XIX. Durante o conflito mundial estas alianças permaneceram. De um lado havia a Tríplice Aliança formada em 1882 por Itália, Império Austro-Húngaro e Alemanha ( a Itália passou para a outra aliança em 1915). Do outro lado a Tríplice Entente, formada em 1907, com a participação de França, Rússia e Reino Unido.

O Brasil também participou, enviando para os campos de batalha enfermeiros e medicamentos para ajudar os países da Tríplice Entente.

Desenvolvimento

As batalhas desenvolveram-se principalmente em trincheiras. Os soldados ficavam, muitas vezes, centenas de dias entrincheirados, lutando pela conquista de pequenos pedaços de território. A fome e as doenças também eram os inimigos destes guerreiros. Nos combates também houve a utilização de novas tecnologias bélicas como, por exemplo, tanques de guerra e aviões. Enquanto os homens lutavam nas trincheiras, as mulheres trabalhavam nas indústrias bélicas como empregadas.

Fim do conflito

Em 1917 ocorreu um fato histórico de extrema importância : a entrada dos Estados Unidos no conflito. Os EUA entraram ao lado da Tríplice Entente, pois havia acordos comerciais a defender, principalmente com Inglaterra e França. Este fato marcou a vitória da Entente, forçando os países da Aliança a assinarem a rendição. Os derrotados tiveram ainda que assinar o Tratado de Versalhes que impunha a estes países fortes restrições e punições. A Alemanha teve seu exército reduzido, sua indústria bélica controlada,  perdeu a região do corredor polonês, teve que devolver à França a região da Alsácia Lorena, além de ter que pagar os prejuízos da guerra dos países vencedores. O Tratado de Versalhes teve repercussões na Alemanha, influenciando o início da Segunda Guerra Mundial.

A guerra gerou aproximadamente 10 milhões de mortos, o triplo de feridos, arrasou campos agrícolas, destruiu indústrias, além de gerar grandes prejuízos econômicos.

- A partilha das terras da África e Ásia, na segunda metade do século XIX, gerou muitos desentendimentos entre as nações européias. Enquanto Inglaterra e França ficaram com grandes territórios com muitos recursos para explorar, Alemanha e Itália tiveram que se contentar com poucos territórios de baixo valor. Este descontentamento ítalo-germânico permaneceu até o começo do século XX e foi um dos motivos da guerra, pois estas duas nações queriam mais territórios para explorar e aumentar seus recursos.

Principais causas que desencadearam a Primeira Guerra Mundial:

- No final do século XIX e começo do XX, as nações europeias passaram a investir fortemente na fabricação de armamentos. O aumento das tensões gerava insegurança, fazendo assim que os investimentos militares aumentassem diante de uma possibilidade de conflito armado na região;

- A concorrência econômica entre os países europeus acirrou a disputa por mercados consumidores e matérias-primas. Muitas vezes, ações economicamente desleais eram tomadas por determinados países ou empresas (com apoio do governo);


- A questão dos nacionalismos também esteve presente na Europa pré-guerra. Além das rivalidades (exemplo: Alemanha e Inglaterra), havia o pan-germanismo e o pan-eslavismo. No primeiro caso era o ideal alemão de formar um grande império, unindo os países de origem germânica. Já o pan-eslavismo era um sentimento forte existente na Rússia e que envolvia também outros países de origem eslava.

Referência:


domingo, 15 de maio de 2016

O mito de Lilith segundo o Zohar, o livro do esplendor.


Lilith, cultuada pelos acadianos como Ishtar.

O primeiro capitulo da Bíblia, conta a história de Adão e Eva ... mas segundo o Zohar (comentário rabínico dos textos sagrados), Eva não é a primeira mulher de Adão. Quando Deus criou o Adão, ele fê-lo macho e fêmea, depois cortou-o ao meio, chamou a esta nova metade Lilith e deu-a em casamento a Adão. Mas Lilith recusou, não queria ser oferecida a ele, tornar-se desigual, inferior, e fugiu para ir ter com o Diabo. Deus tomou uma costela de Adão e criou Eva, mulher submissa, dócil, inferior perante o homem.


De acordo com Hermínio, "Lilith foi feita por Deus, de barro, à noite, criada tão bonita e interessante que logo arranjou problemas com Adão". Esse ponto teria sido retirado da Bíblia pela Inquisição. O astrólogo assinala que ali começou a eterna divergência entre o masculino e o feminino, pois Lilith não se conformou com a submissão ao homem.

O mito de Lilith pertence à grande tradição dos testemunhos orais que estão reunidos nos textos da sabedoria rabínica definida na versão jeovística, que se coloca lado a lado, precedendo-a de alguns séculos, da versão bíblica dos sacerdotes. Sabemos que tais versões do Gênesis - e particularmente o mito do nascimento da mulher - são ricas de contradições e enigmas que se anulam. Nós deduzimos que a lenda de Lilith, primeira companheira de Adão, foi perdida ou removida durante a época de transposição da versão jeovística para aquela sacerdotal, que logo após sofre as modificações dos pais da igreja.

No Talmude, ela é descrita como a primeira mulher de Adão. Ela brigou com Adão, reivindicando igualdade em relação a seu marido, deixando-o "fervendo de cólera". Lilith queria liberdade de agir, de escolher e decidir, queria os mesmos direitos do homem mas quando constatou que não poderia obter status igual, se rebelou e, decidida a não submeter-se a Adão e, a odiá-lo como igual, resolveu abandoná-lo. Segundo as versões aramaica e hebraica do Alfabeto de Ben Sirá (século 6 ou 7). Todas as vezes em que eles faziam sexo, Lilith mostrava-se inconformada em ter de ficar por baixo de Adão, suportando o peso de seu corpo. E indagava: "Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti? Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual." Mas Adão se recusava a inverter as posições, consciente de que existia uma "ordem" que não podia ser transgredida. Lilith deve submeter-se a ele pois esta é a condição do equilíbrio preestabelecido. Vendo que o companheiro não atendia seus apelos, que não lhe daria a condição de igualdade, Lilith se revolta, pronuncia nervosamente o nome de Deus, faz acusações a Adão e vai embora; é o momento em que o Sol se despede e a noite começa a descer o seu manto de escuridão soturna, tal como na ocasião em que Jeová-Deus fez vir ao mundo os demônios.

Adão sente a dor do abandono; entorpecido por um sono profundo, amedrontado pelas trevas da noite, ele sente o fim de todas as coisas boas. Desperto, Adão procura por Lilith e não a encontra: Procurei-a em meu leito, à noite, aquele que é o amor de minha alma; procurei e não a encontrei" (Cântico dos Cânticos III, 1). Lilith partiu rumo ao mar vermelho (Diz-se que quando Adão insistiu em ficar por cima durante as relações, Lilith usou seus conhecimentos mágicos para voar até o Mar Vermelho). Lá onde habitam os demônios e espíritos malignos, segundo a tradição hebraica. É um lugar maldito, o que prova que Lilith se afirmou como um demônio, e é o seu caráter demoníaco que leva a mulher a contrariar o homem e o questionar em seu poder. Desde então, Lilith tornou-se a noiva de Samael, o senhor das forças do mal do Outro Lado . Como conseqüência, deu à luz toda uma descendência demoníaca, conhecida como "Liliotes ou Linilins", na prodigiosa proporção de cem por dia.

Alguns escritos contam que Adão queixou-se a Deus sobre a fuga de Lilith e, para compensar a tristeza de Adão, Deus resolveu criar Eva, moldada exatamente como as exigências da sociedade patriarcal. A mulher feita a partir de um fragmento de Adão. É o modelo feminino permitido ao ser humano pelo padrão ético judaico-cristão. A mulher submissa e voltada ao lar. Assim, enquanto Lilith é força destrutiva (o Talmude diz que ela foi criada com imundície e lodo), Eva é construtiva e Mãe de toda Humanidade (ela foi criada da carne e do sangue de Adão).

Jehová-Deus tenta salvar a situação, primeiro ordenando-lhe que retorne e, depois, enviou ao seu encalço uma guarnição de três anjos, Sanvi, Sansavi e Samangelaf, para tentar convencê-la; porém, uma vez mais e com grande fúria, ela se recusou a voltar. Lilith está irredutível e transformada. Ela desafiou o homem, profanou o nome do Pai e foi ter com as criaturas das trevas. Como poderia voltar ao seu esposo? Os anjos ainda ameaçaram: "Se desobedeces e não voltas, será a morte para ti." Lilith, entretanto, em sua sapiência demoníaca, sabe que seu destino foi estabelecido pelo próprio Jeová-Deus. Ela está identificada com o lado demoníaco e não é mais a mulher de Adão. Acasalando-se com os diabos, Lilith traz ao mundo cem demônios por dia, os Lilim, que são citados inclusive na versão sacerdotal da Bíblia. Jeová-Deus, por seu lado, inicia uma incontrolável matança dessas criaturas, que, por vingança, são enfurecidas pela sua genitora. Está declarada a guerra ao Pai. Os homens, as crianças, os inválidos e os recém-casados, são as principais vítimas da vingança de Lilith. Ela cumpre a sua maligna sorte e não descansará assim tão cedo.

Uma outra versão diz que foram os anjos que mataram os filhos que tivera com Adão. Tão rude golpe transformou-a, e ela tentou matar os filhos de Adão com sua segunda esposa, Eva.

 Lilith alegou ter poderes vampíricos sobre bebês, mas como os anjos a queriam impedir, fizeram-na prometer que, onde quer que visse seus nomes, ela não faria nenhum mal aos humanos. Então, como não podia vencê-los, ela fez um trato com eles: concordou em ficar afastada de quaisquer bebês protegidos por um amuleto que tivesse o nome dos três anjos. Não obstante, esse ódio contra Adão e contra sua nova (e segunda) mulher, Eva, resultou, para Lilith, no desabafo da sua fúria sobre os filhos deles e de todas as gerações subsequentes.


quinta-feira, 12 de maio de 2016

Obrigado! Mais de 1 milhão de acessos na página do Construindo História Hoje.


Obrigado ao Deus único e a todos que apoiaram este trabalho desde sua criação em fevereiro de 2010 e que agora no ano de 2016 chega a marca de mais de                 1 milhão de acessos segundo as próprias estatísticas do Blogger. 

E isso é só o começo. Aguardem, pois em breve trarei novidades!

O Construtor



Página de estatísticas do Blogger (clique na imagem para ampliar)! 

A Misteriosa Cidade de Nan Madol


Em Pohnpei, há um mistério fascinante: o sítio arqueológico de Nan Madol.

Nan Madol é o nome dado ao misterioso complexo arqueológico megalítico localizado à uma curta distância da ilha de Pohnpei, parte da atual Micronésia. Descoberto por desbravadores europeus no início de 1800, ficou conhecida com a Veneza do Pacífico.

A cidade cobre uma área superior a 80 hectares e é composto por mais de cem ilhotas artificiais construídas sobre corais e interligadas através de uma rede de hidrovias construídas por seus habitantes, até hoje desconhecidos.

Diversos motivos tornam este complexo de ilhas artificiais um dos maiores mistérios arqueológicos do nosso planeta.

As ruínas de Nan Madol mostram resquícios de uma arquitetura megalítica sem precedentes. Foi construído utilizando gigantescos blocos de basalto, alguns pesando mais de 50 toneladas e alcançando a marca de 10 metros de altura.

Estudiosos estimam que Nan Madol possua cerca de 250 milhões de toneladas de rocha, porém a fonte de origem dessa enorme quantidade de basalto ainda é desconhecida. Como elas foram transportadas até as ilhotas sobre os corais?

Após a Primeira Guerra Mundial, o complexo de Nan Madol foi dominado pelos Japoneses. Eles realizaram um extensivo estudo das ruínas e de uma boa porção da região sumersa mais próxima. Infelizmente, esse estudo foi perdido durante a Segunda Guerra.

Mergulhadores movidos pelo espírito de aventura, outros em busca de tesouros, regressam de mergulhos em volta de Nan Madol maravilhados com a quantidade de construções perdidas no fundo do oceano. Ainda mais surpreendente foi a descoberta de que as ilhotas mais importantes eram conectadas por meio de túneis sub-aquáticos.

Na mitologia do povo nativo da região é contada uma história sobre a construção de Nan Madol por sacerdotes que magicamente transportavam as pesadas rochas através do ar e as organizavam nas pequenas ilhas.

Os nativos praticamente não visitam Nan Madol, pois existe uma antiga lenda que afirma que a morte é certa para aquele que passar uma noite na cidade.

Algumas teorias alegam que Nan Madol é uma pequena parte remanescente do lendário continente perdido de Mu que teria abrigado uma civilização conhecida como Lemúria

Nunca ouviu falar? E essa falta de conhecimento generalizado do mundo com tal preciosidade é indicativo do quanto ainda precisamos melhorar nosso senso histórico do que é importante ser preservado… Pois Nan Madol foi uma cidade construída no meio do mar. Com ilhas artificiais e tudo. Há muitos séculos antes da chegada dos europeus na região. A área hoje é conhecida como a “Veneza do Pacífico”, pelo intricado labirinto de canais que circunda enormes construções de basalto onde um dia habitou uma civilização.

Civilização esta que devia ter um conhecimento tecnológico impressionante, pois não só conseguiram em pleno século XII construir no meio do Pacífico um dique de contenção impressionante, mas estabeleceram uma cidade inteira com prédios enormes estruturados em fundações de corais, algo ÚNICO arquitetônica e arqueologicamente no mundo. É uma espécie de Machu Pichu do meio do Pacífico, imponente e muito, mas MUITO, impressionante.

De acordo com este estudo sobre Nan Madol, essa forma de fazer paredões – com grandes pedaços de basalto intercalados por pequenos pedaços do mesmo basalto e enchimento de coral – é única no mundo.


Estudos geológicos feitos há muitas décadas mostraram que o basalto das construções em Nan Madol é de um tipo encontrado apenas no noroeste de Pohnpei – mas Nan Madol fica no sudeste, ou seja, do lado oposto da ilha, e começa aí o mistério: como essas pedras enormes, de muitas toneladas, foram levadas até o mar para fazer a construção? Não dá pra passar pelo centro super-montanhoso da ilha, que até hoje é desabitado – é uma barreira intransponível, sem túneis ou estradas. Ou seja, o transporte teve que ser feito pelo mar, ao redor da ilha. Mas como?

Há poucos anos, tentou-se fazer uma canoa típica da região para carregar apenas um pedaço de rocha equivalente aos maiores encontrados em Nan Madol, e… nada. Não conseguiram deslocar sequer uma pedra. Obviamente essas pedras foram carregadas de uma forma tecnológica pohnpeiana que se perdeu no tempo, infelizmente.

O início da construção de Nan Madol acredita-se ter acontecido no século VIII, mas a civilização dos Saudeleur (que supostamente habitava Nan Madol) floresceu mesmo do século XII ao XV. Depois disso, houve sua queda, e não sabemos se o contato com os europeus acelerou tal queda, ou se o império dos Saudeleur já estava mesmo enfraquecido por conflitos com outros povos da região – há estruturas menores no estilo de Nan Madol em Kosrae também. E… para que servia tal cidade? Era o povo Saudeleur grandes comerciantes, guerreiros ou apenas ali viviam? Como desapareceram? E por que nada sobrou de seu império a não ser a cidade? Por que os Pohnpeianos não gostam de falar deles, e acreditam que o lugar é amaldiçoado?

sábado, 2 de janeiro de 2016

Pré-história do Rio grande do Sul.



O perfil geográfico do Rio Grande do Sul foi formado por sucessivas transformações que iniciaram há cerca de 600 milhões de anos. Esse território já foi um mar, já foi um deserto, e em várias regiões aconteceram soterramentos massivos por derrames de lava. Crê-se que somente há dois milhões de anos a geografia se definiu mais ou menos como hoje a conhecemos, quando se fixou a faixa arenosa do litoral. A vida na pré-história do Rio Grande do Sul foi rica em espécies animais e vegetais.

Há apenas cerca de 12 mil anos antes do presente (AP) iniciou a ocupação humana, com a chegada de grupos de caçadores-coletores vindos do norte.Várias regiões da América do Sul nesta época já haviam sido povoadas, algumas ao que parece desde alguns milênios antes, por populações de origem asiática. A tese predominante é que elas tenham originalmente cruzado o Estreito de Behring, no extremo norte da América do Norte, que então estava seco por causa de uma glaciação global, migrando em seguida para o sul, ocupando neste percurso muitos espaços ao longo de gerações.

Os pioneiros que chegaram no território do Rio Grande do Sul encontraram uma região bastante diferente da que hoje vemos. Em 12 mil anos AP, a glaciação, que cobrira de gelo toda a Patagônia (região ao sul da Argentina atual) e esfriara o clima global, começava a regredir, e o clima da região, mais seco e frio do que no presente, se aquecia e umedecia. No entanto, provavelmente a neve ainda caía na região todos os invernos. O nível do mar subia, ao derreter o gelo glacial que se acumulara no mundo, e inundava a planície litorânea. A vegetação local provavelmente era esparsa, composta principalmente de savanas, com matas apenas nas terras altas e nas margens dos rios. A fauna local também era outra, composta de muitas espécies gigantes, como os milodontes, gliptodontes e toxodontes.

A penetração humana deu-se aparentemente através da fronteira oeste, ao longo do rio Uruguai, onde o estado hoje faz divisa com a Argentina e o Uruguai. No município de Alegrete, localizado nesta área, às margens do rio Ibicuí, foi encontrado o sítio arqueológico com vestígios humanos mais antigo do estado, cuja datação o situou com 12.770 anos. Esses primeiros povos, que compartilhavam de uma mesma cultura material, conhecida como tradição Umbu, viviam da caça e da coleta nas planícies do pampa, entre seus campos abertos e matas ciliares. Eram nômades, e devem ter estabelecido acampamentos temporários de acordo com a abundância sazonal de determinados recursos naturais, seguindo rotas de migração de animais ou épocas de amadurecimento de vegetais comestíveis.

Deixaram registros relativamente pobres. Os sítios arqueológicos incluem vestígios de assentamentos, restos de alimentação como ossos de animais e sementes, além de adornos pessoais e artefatos líticos como pontas de flecha e lança em pedra lascada, boleadeiras, cortadores, raspadores e outras ferramentas. Sua cultura predominou por cerca de 11 mil anos, ainda que exibisse adaptações regionais ao variado cenário do território, que se compõe de diferentes tipos de ecossistemas.

Deve ser lembrado que as mudanças climáticas que a região atravessou ao longo de milênios determinaram importantes modificações na composição da flora e da fauna, às quais as populações humanas precisaram se adaptar, e isso se refletiu em variações em seus costumes e culturas. Durante o ótimo climático, um período de importante elevação nas temperaturas globais ocorrido a partir de 6 mil anos AP, esses povos passaram a colonizar as matas das serras e a subir o planalto. Aparecem gravuras rupestres e ferramental adaptado ao trabalho com madeira, especialmente machados bifaciais. Formava-se ali a chamada tradição Humaitá.

Enquanto isso, se completava a conquista do litoral, formando-se uma cultura específica, a tradição Sambaqui, adaptada à vida junto ao mar e nas planícies costeiras. São característicos dessa tradição os depósitos de conchas, carapaças de crustáceos e restos de peixes que lhe deram o nome, os sambaquis, onde também são encontrados enterramentos e artefatos indicativos de sua associação com o mar, tais como anzóis e pesos de redes. Também se encontram indícios de práticas agrícolas rudimentares, sugerindo que eram sedentários pelo menos em parte do ano. Outras características que os distinguem são os assentamentos sobre colinas artificiais baixas, conhecidas como cerritos, formadas em zonas alagadiças da planície costeira.

Por volta de 3 mil anos AP o clima esfriou novamente e se estabilizou em uma condição semelhante à do presente, produzindo novas adaptações na vida selvagem e nas culturas humanas que floresciam. Nas serras e no planalto, onde o clima permaneceu relativamente frio, com nevadas e geadas frequentes, os povos da tradição Humaitá, que colonizaram a área durante o ótimo climático, precisaram se adaptar, aparecendo então típicos abrigos subterrâneos cobertos de palha, que podiam se organizar em aldeias com várias unidades.

Pouco mais tarde, coincidindo com o início da era cristã, chega a segunda grande onda humana a atingir a região, composta de indígenas Guaranis procedentes da Amazônia. Cogita-se que eles também devem ter sido impelidos à migração pelas mudanças climáticas globais. Eles tinham uma desenvolvida cultura agrícola, domesticavam animais e dominavam a técnica da terracota e da pedra polida. Colonizaram os vales florestados da depressão central, o litoral e parte das serras, evitando porém as regiões mais altas e frias, e pouco avançaram sobre o pampa, já que preferiam climas mais quentes e o ambiente florestal a que estavam acostumados no norte, mas sua influência cultural foi mais ampla. Seus sítios se distinguem das outras tradições pela forma dos assentamentos, em aldeias mais estáveis e estruturadas, e pela abundância de artefatos em pedra polida como pontas de flecha, machados, maceradores, e vasos em cerâmica de diferentes formatos e decoração, técnicas que se observa doravante aparecer nos sítios de outros grupos. A sua influência também se revelou na expansão da agricultura.

Outro grupo a descer do norte junto com os guaranis foi o dos Jês, de cultura similarmente desenvolvida, deixando uma marca maior no planalto, onde primeiro influenciaram os povos da tradição Humaitá e logo os suplantaram. Mas quando o Brasil foi "descoberto", em 1500, quase todos os índios do estado, que somavam de 100 mil a 150 mil na estimativa dos estudiosos, já eram Guaranis ou estavam misturados a eles. Os grupos menos afetados por essa invasão foram os Jês do planalto médio, e os Charruas e Minuanos, do pampa.

A Lenda da fundação do Camboja, berço da civilização Khmer.



Há muitíssimos séculos, o Camboja era um deserto de areia e de rochedos; não se via o mínimo traço da mais  pequena gota de água, não se ouvia o leve rumor  do mais pequeno riacho. Por todo o lado, enormes montanhas, semelhantes a feras acocoradas, eram calcinadas por um sol ardente. Por vezes, ventos terríveis varriam a terra e engolfavam-se pelas estreitas passagens abertas entre as montanhas, erguendo tornados de poeira. As falésias, pouco a pouco escavadas por estes turbilhões rugidores, abriam-se em cavernas, que imediatamente se enchiam de areia. A própria areia modelava as montanhas, dando-lhes a forma de um leão rugidor ou de uma rã prestes a saltar, esculpia as agulhas entre as quais brincava a luz.

A natureza parecia artificial, demasiado estranha para ser verdadeira. Um dia, dois olhos secos de lágrimas, cobertos por longas pesanas, vagos e desprovidos de sensibilidade, dois olhos que podiam ser os de um cadáver, contemplaram esta paisagem aterradora. Tinham seguido uma pista sem fim, tinham visto inúmeras paisagens, do mar à neve, mas jamais tinham contemplado uma natureza como aquela. Talvez fossem os olhos de um ser humano, talvez os de uma alma sem corpo. Por fim, pela primeira vez desde que abandonara o seu país natal, um sorriso apareceu nos  seus lábios finos e descoloridos. Kambu Svayambhuva tinha finalmente chegado ao termo da sua peregrinação, à terra  onde desejava morrer; a vida era-lhe  demasiado pesada desde que perdera Mera, a mulher que Shiva, a terceira pessoa da Trindade hindu, lhe tinha dado.

Kambu chegou a um vale dominado por rochedos de formas fantásticas e viu m estreito trilho que conduzia a um buraco aberto numa falésia. Entrou numa gruta escura, cujas paredes estavam cobertas de humidade. O sol, a despeito de todo o seu poder, não chegava até ali. Olhou em torno. Estalactites e estalagmites formavam colunas polidas. Acendeu um archote, avançou pela caverna e não tardou em chegar junto de um lago subterrâneo. Deslizou por uma estreita passagem, depois visitou um caos de pedras enormes, por entre as quais murmuravam riachos subterrâneos. A vida, no entanto, não estava ausente dali. Kambu distinguiu incontáveis serpentes, cujos olhos o fixavam. O príncipe era corajoso. Em vez de fugir, puxou da espada e avançou, de arma na mão, para a maior das serpentes, quando esta, para seu grande assombro, se pôs a falar;

---- Quem és tu estrangeiro, que ousas penetrar nas cavernas dos Nagas, os senhores deste País?

----  Sou Kambu Svayambhuva, rei dos Arya-Desha. A minha esposa chamava-se Mera, a mais bela de todas as mulheres. O próprio deus Shiva tinha-me dado. Deixou este mundo, e eu abandonei a minha pátria para morrer no deserto mais selvagem que pudesse encontrar. Acabo de encontra-lo. Agora, podes matar-me.

Esperou a morte com calma, mas, em vez de esmaga-lo entre os seus anéis, a serpente falou novamente:

---- Não conheço o eu nome, estrangeiro, mas falaste de Shiva. Shiva é o meu rei, e eu sou o rei dos Nagas, as serpentes gigantes. Pareces-me corajoso. Fica conosco, neste país que escolheste, e põe fim ao teu desgosto.

Kambu ficou, vivendo numa das grutas, e acabou por amar os Nagas, que eram gênios, amavam os homens e adotavam por vezes a forma humana. Fizeram-se amigos e, a troco da alimentação e hospitalidade que lhe davam, Kambu pôs-se a falar-lhes das belezas do seu país. Descreveu-lhe os vales risonhos onde homens e animais viviam em amizade, onde cresciam o arroz e o algodão, as magníficas cidades atarefadas e felizes, as colinas cobertas de vegetação, o mistério das florestas.

Passaram-se vários anos. Kambu tinha esquecido a sua primeira mulher; desposara a filha do rei dos Nagas. As serpentes desapareceram, depois de terem graças aos seus poderes mágicos, transformado o seu país numa região tão bela como a dos Arya-Desha. O rei pronunciou umas palavras mágicas e gotas de água começaram a cair sobre as rochas. Foi então que Shiva em pessoa se manifestou e exprimiu a sua satisfação. A água tinha aparecido, ia fertilizar e transformar o país. Com a água, manifestou-se a vida, e depois o todo da criação. Kambu estava contente e maravilhado. Dele e dos Nagas ia descender uma nova raça de homens, a que fundaria o reino do Camboja, o reino dos filhos de Kambu.