sexta-feira, 14 de agosto de 2015

La esfinge nunca fue tal, es en realidad un chacal


Así es, a nadie se le escapa el detalle de que la famosa y deteriorada cabeza de la esfinge no corresponde con el cuerpo, por motivos de proporción y estética:


En realidad este gran monumento fue en un principio un chacal o perro egipcio. Fijáos, fijáos:


Obviamente en referencia al dios Anubis:



Lo véis? ¿A que así ya van cuadrando más las cosas? Es que es lógico, esa postura de patas delanteras estiradas y las de atrás retraídas es la postura perruna por excelencia, mi perro lo hace, el tuyo lo hace y el de todos también.

No es un león como se ha dicho desde siempre, sino un chacal. Tras su construcción algún faraón con aires de grandeza seguramente decidió cincelar la cabeza del chacal original y erigir su magnánime y mayestático cabezón.

Por cierto, se dice que bajo este gran monumento se esconde una cavidad, una especie de gruta subterránea o mazmorra.

Pues tendría toda la lógica del mundo....

Anubis era el Señor de las necrópolis, la ciudad de los muertos, que se situaban siempre en la ribera occidental del Nilo. Según las creencias egipcias, era el encargado de guiar al espíritu de los muertos al "otro mundo", la Duat. Vigilaba el fiel de la balanza en el Juicio de Osiris.

Anubis era representado como un hombre con cabeza de cánido, o como un perro egipcio (o chacal) negro, por el color de la putrefacción de los cuerpos, y de la tierra fértil, símbolo de resurrección.

Ocasionalmente, aparece como un cánido que acompaña a Isis.

La asociación con el chacal se debe, probablemente, a su hábito de desenterrar los cadáveres de las tumbas para alimentarse. Anubis era representado con pelaje negro, a pesar de que los chacales en el Antiguo Egipto tenían un pelaje rojizo, debido a que ese color simbolizaba la resurrección y la fertilidad, por el color del limo traído por el Nilo cada año, que renovaba la fertilidad de los campos

Anubis era el antiguo dios de la Duat.

Anubis estaba relacionado no sólo con la muerte, también con la resurrección después de ella, y era pintado en color negro, color que representa la fertilidad.o.

Cuando Osiris subió al poder en el mundo de los muertos, la Duat, Anubis tomó un papel secundario, limitándose a embalsamar los cuerpos de los faraones, guiarlos a la necrópolis y cuidarla con su vida

. Los sacerdotes de Anubis usaban unas máscaras rituales con su figura en la ceremonia de embalsamamiento del faraón. También Anubis era el encargado de vigilar, junto a Horus, la balanza en la que se pesaban los corazones de los difuntos durante el Juicio de Osiris.

Los primeros textos religiosos no le asignan progenitores, aunque en los Textos de las Pirámides su hija es Qebehut, la diosa que purificaba al difunto. En los Textos de los Sarcófagos, Bastet o Hesat, eran su madre. En otros textos era hijo de Ihet (diosa de la mitología de Esna); también de Ra y Neftis, de Seth y Neftis, de Sejmet-Isis y Osiris (en Menfis), o de Sopedu.

A exploração de ouro e diamante


A Coroa portuguesa criou pesados tributos sobre o ouro extraído nas minas.

►Os escravos na mineração: Inicialmente, o trabalho nas minas era realizado pelos próprios descobridores, embora vários deles possuíssem escravos indígenas. Com o tempo, os escravos africanos, que eram comprados do Rio de Janeiro  e do Nordeste ou trazidos da África, foram introduzidos e tornaram-se a principal mão de obra nas minas. Os escravos eram submetidos a péssimas condições de trabalho. Extraindo o ouro de aluvião (ouro advindo do desgaste de rochas, levado pela água ou pelos ventos, o ouro se espalhou por um área extensa, facilmente encontrado nos leitos  e nas margens dos rios, em geral na forma de pedriscos), eles ficavam longas horas com pés na água, sendo frequentemente  atingidos pela tuberculose e por outras doenças pulmonares. Nas galerias subterrâneas, os cativos estavam sujeitos à asfixia e aos riscos de soterramento.

►O controle sobre o ouro: A descoberta de cada lavra tinha de ser comunicada ao governo e precisava de autorização especial para ser explorada. Depois de registrada, a mina era dividida em lotes, conhecidos como datas. O descobridor podia escolher as duas primeiras datas, enquanto a seguinte ficava para a Coroa. As demais eram repartidas entre todos os pretendentes, recebendo as maiores datas aqueles que possuíssem mais escravos. Por volta da década de 1760, na decadência da atividade mineradora, as faiscações (pequenas lavras de ouro) tornaram-se comuns. O número de pessoas que nelas trabalhavam era reduzido, muitas vezes um único escravo ou um garimpeiro. Esse garimpo permitiu que diversos escravos juntassem dinheiro para comprar sua alforria.

►A criação de impostos: A Coroa portuguesa impôs rígida para a exploração aurífera e criou impostos sobre o ouro que era extraído na região. Para garantir a eficácia dessas medidas, montou-se uma estrutura administrativa até então inexistente na região mineradora. O principal imposto sobre a extração de ouro era o quinto, que garantia à Coroa 20% de todo o metal encontrado pelos mineradores. No entanto, era muito difícil controlar a cobrança, já que muitos mineradores contrabandeavam o ouro. O governo luso procurou reprimir o tráfico implantado as casas de fundição, criadas entre 1717 e 1719, onde as autoridades recolhiam o quinto e transformavam o ouro em barras, gravadas com o selo real. Assim, o precioso metal, que antes circulava em pó ou em pepitas, só podia circular em barras. Entre 1735 e 1750, instituiu-se, também, o sistema de capitação (per capita, isto é, por cabeça, por pessoa), que previa a cobrança de 17 gramas de ouro por escravo. Em 1750, o governo português manteve apenas o imposto do quinto e fixou uma cota de 100 arrobas (cerca de 1.500 quilogramas) anuais para toda  área mineradora. Para pressionar os mineiros a cumprir a exigência, a Coroa instituiu a derrama, ou seja, a cobrança dos impostos atrasados. Ela  estabelecia que população completasse a cota de ouro com seus próprios recursos, caso a meta não fosse atingida.

►A revolta contra os impostos: O aumento da fiscalização na cobrança dos impostos e a notícia da criação das casas de fundição indignaram os mineradores. Além disso, o custo de vida na região das minas era muito alto, pois quase tudo o que era consumido vinha de outras áreas da colônia. Diante dessa situação, em situação, em junho de 1720, cerca de 2 mil mineiros, comandados pelo comerciante português Filipe dos Santos, tomaram Vila Rica e exigiram do governo da capitania, o conde de Assumar, que não implantasse as casas de fundição. O governo aparentou concordar com as exigências, mas, em pouco tempo, iniciou uma dura repressão ao movimento. Os líderes foram presos e Filipe dos Santos foi condenado à morte por enforcamento.

►A descoberta dos diamantes: Os diamantes foram encontrados na região do Arraial do Tejuco, atual Diamantina, em Minas Gerais, no começo do século XVII. No início, os mineradores não sabiam que se tratava de uma pedra preciosa e as usavam como fichas nos jogos de cartas. Quando as pedras foram levadas a Portugal para análise, a Coroa portuguesa reconheceu o seu valor e imediatamente ordenou que fossem cobrados na região diamantina os mesmos tributos da extração de ouro. A partir de 1731 foi terminantemente proibido trabalhar com diamante nessa região, sob pena de confisco de bens e banimento para a África. No entanto, essa medida não foi suficiente pra combater a extração ilegal e o contrabando de diamantes. Por volta de 1734, para combater o contrabando, o governo português demarcou cuidadosamente a área de diamantes, isolando-a do restante da colônia. No local formou-se o Distrito Diamantino. Em 1739, o direito exclusivo de explorar as pedras foi cedido a funcionários reais, chamados contratadores. Por meio de um contrato, eles exploravam as áreas diamantinas mediante o pagamento de um tributo à Coroa. Os contratadores desfrutavam grande prestígio na sociedade. Um dos mais conhecidos foi João Fernandes de Oliveira, que se apaixonou pela escrava Chica da Silva. A utilização de contratadores durou até 1771, quando a extração de diamantes passou a ser administrada diretamente por Portugal, por meio de um órgão do governo, a Real Fazenda. No início do século XIX, a administração portuguesa liberou gradativamente a garimpagem de pedras preciosas em determinadas áreas, o que encorajou o contrabando. O Distrito Diamantino foi dissolvido em 1882, quando as pedras tinha escasseado e o Brasil já era independente de Portugal.


A vida urbana e o mercado interno:


A atividade mineradora nas regiões da Minas Gerais possibilitou o crescimetno da vida urbana e o desenvolvimento do comércio.

O crescimento da vida urbana: O centro da vida nas minas não eram as fazendas, mas as cidades. A descoberta de ouro em Minas Gerais atraiu pessoas de várias partes do Brasil e da europa. As novas cidades cresciam espontaneamente de acordo com a necessidade de ocurpação. Entre as principais localidades mineiras, apenas a Vila Real do Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo, foi elevado a categoria de cidade em 1745 com o nome de Mariana. Em Vila Rica as ruas permaneciam livres de qualquer organização. O atropealo da ocupação dos arraiais (pouso e roça  que os bandeirantes criavam ao longo dos caminhos que percorriam para assegurar sua sobrevivência) e vilas mineiras, ao lado de outros fatores, explica a instabilidade social que caracterizou a região, a pobreza em que vivia a maior parte da população e a dificuldade de estabelecer atividades econômicas estáveis.

A sociedade mineira: Em Minas Gerais o grupo reduzido de homens ricos era formado principalmente por:
Proprietários de grandes lavras, Contratadores, Altos funcionários do governo de Minas e Grandes comerciantes. As camadas intermediárias eram formadas de faiscadores, pequenos roceiros, alfaiates, sapateiros, profissionais liberais e artistas em geral. Os escravos negros, por sua vez, compunham a maior parte da sociedade mineira.

E os indigenas que viviam nas Minas? Grupos indigenas, como os Botocudo, os Maxakali, os Puri, os Cataguá, os Araxá e os Kayapó, já habitavam a região das Minas. Com a descoberta das primeiras minas de ouro, muitos grupos se deslocaram para as florestas outros foram escravizados ou completamente dizimados por conflitos ou doenças.

Resistência indígena: Ao longo do século XVIII, o avanço da atividade mineradora chocaram-se com a resistência indígena. Indigenas foram capturados para trabalhar nas lvras de ouro ou outras atividades. Muitos acabaram sendo catequizados pelos colonos, que assumiram a tarefa para burlar a lei que proibia a escravização dos nativos. Dessa forma, os nativos sob tutela dos colonos foram incorporados a sociedade mineira e perdendo quase por completo sua identidade. Muitos nativos conseguiram fugir das vilas mineriras e até formar quilombos.

Os caminhos para as minas: A necessidade de abastecer a região das minas fez surgir grandes rotas comerciais. Essas rotas ligavam as cidades mineiras a outras regiões da colônia, de onde vinham as mercadorias. Ligando dessa forma regiões do nordeste e do sul por meio de tropas de mulas  que carregavam açúcar, roupas, utensílios domésticos e outros produtos. Por esse mesmo caminho o ouro e diamantes seguiam para Portugal.

A formação do mercado interno: O surgimento desses caminhos resultou na integração entre as capitanias por meio do comércio. As rotas comerciais ligaram as diferentes regiões da colônia e as integravam ao comércio com Portugal. A exploração do ouro, portanto, estimulou a comunicação entre as regiões da América portuguesa. Com a exploração do ouro e o crescimento das cidades, teve inicio a formação de um mercado interno. Pela primeira vez, houve na colônia um grupo grande de pessoas que faziam contato para vender e comprar mercadorias.


domingo, 9 de agosto de 2015

As revoltas no campo e nas cidades



Jacqueries

As dificuldades do século XIV tornaram evidentes e explosivos os novos conflitos sociais.

Revoltas camponsesas:  Todos os grupos sociais enfrentaram as dificuldades do século XIV, mas o sofrimento dos camponeses, em especial dos servos impulsionou essa camada social à revolta.

A Guerra dos Cem anos (1337-1453): destruiu os campos cultivados e contribuiu para aumentar a fome. Ao mesmo tempo o tributos devidos à Igreja, aos governantes e aos senhores feudais aumentavam ano após ano. A falta de braços na agricultura, em razão da peste negra, encorajou os trabalhadores dos feudos a lutar por melhores condições de vida e liberdade. Várias outras revoltas camponesas explodiram na década de 1350 com destaque para as jacqueries, que ocorreram na França.

As jacqueries: inicialmente as jacqueries eram revoltas espontâneas de camponeses  que contestavam o pagamento de altos tributos. Com o passar do tempo, elas se tornaram manifestações armadas conta o poder da nobreza. Os nobres apelidaram os camponeses de “Jacques Bonhonme”, uma espécie de “João Ninguém” em nossa língua. Daí o nome jacquerie para esss rebeliões. As revoltas ocorreram em 1358 nas regiões francesas da Picardia e da Provença e nas áreas em torno de Paris. Os camponeses rebelados queimaram castelos e assassinaram senhores. A revolta foi reprimida e mais de 20 mil camponses foram mortos.

Revoltas urbanas: Nas cidades europeias dessa época também ocorreram várias revoltas. A cidade de Paris foi sede de uma revolta entre 1356 e 1358. Etienne Marcel, membro da alta burguesia e uma espécie de prefeito, liderou o movimento . Afastado da corte por motivos familiares, Etienne armou o povo para a revolta. O líder tentou ligar a rebelião às jacqueries, mas os dois movimentos foram reprimidos. Na região de Auvergne e Languedoc, no sul da França, camponeses e trabalhadores urbanos formaram bandos armados que ficaram conhecidos como Tuchins. Eles lutavam contra a cobrança de impostos e, em alguns casos, contra grupos mercenários.

A superação do feudalismo: As guerras, as más colheitas, a peste negra e as revoltas do século XIV desestabilizaram o feudalismo. Muitas famílias nobres perderam suas terras e se deslocaram para as cidades ou para as cortes reais. Outras procuravam casar as mulheres da família com ricos burgueses. O clero também perdeu parte de seus poderes, pois, aos poucos, deixava de ser constituído apenas por homens da nobreza. A burguesia foi em geral o grupo mais favorecido. Apesar das dificuldades, muitos burgueses compraram terras dos nobres e  passaram a ocupar cargos administrativos nas cortes. As mudanças também atingiram os camponeses. Depois da peste, das revoltas e do declínio demográfico, muitos adquiriram terras próprias e se livraram da servidão. Outros migraram para as cidades e se tornaram trabalhadores livres. 


sexta-feira, 7 de agosto de 2015

A peste negra e a grande fome


Estima-se que, em 1348, um terço da população europeia tenha sido dizimada pela peste negra.

►A origem e a propagação da peste negra: Durante a Idade Média, várias enfermidades, como a tuberculose e a disenteria, provocavam muitas mortes. Mas nenhuma teve tanto impacto quanto a peste negra. A doença é causada pela bactéria Yersinia pestis, que é transmitida ao ser humano por meio de pulga que se contaminam ao parasitar roedores que alojam a bactéria. Inicialmente se acreditava que a peste negra teria se originado na China, no início do século XIV. Acompanhando as rotas terrestres utilizadas para o comércio, como a famosa Rota da Seda, a peste teria se disseminado da Ásia Central até o Império Bizantino, atingindo sua capital, Constantinopla. Hoje defende-se que a epidemia teria surgido na Ásia Central e entrado na Europa através das rotas de caravanas. Do porto de Constantinopla, os navios que transportavam mercadorias para a Europa levavam também muitos ratos, cujas pulgas estavam contaminadas pela bactéria. Foi essa uma das vias pelas quais a peste negra alcançou os portos europeus, entre 1348 e 1352. Na época, não se conheciam os mecanismos de contágio da peste negra. Por isso, embora a doença não tenha escolhido um grupo social específico, as camadas sociais mais poupadas foram aquelas que dispunham de melhores condições de saneamento e higiene ou seja, os mais ricos.

►A grande fome: Entre 1315 e 1317, a produção agrícola europeia, que já era insuficiente, ficou ainda mais distante das necessidades alimentares da população. O esgotamento do solo, as fortes chuvas que castigaram a Europa em 1314 e 1315 e o clima mais frio foram as principais razões das más colheitas. A epidemia encontrou a população desnutrida e com o sistema imunológico fragilizado. A crise agrícola atingiu todas as camadas sociais. Como consequência das más colheitas, o preço dos cereais, principalmente do trigo, aumentou  e a população urbana sofreu com o desabastecimento e o aumento do banditismo. Nos campos, os senhores feudais passaram a explorar mais intensamente os camponeses.

►As consequências da peste negra: Diante do avanço da peste, as pessoas procuravam se isolar. Para isso, as cidades evitavam a entrada de estranhos, especialmente os oriundos das zonas mais afetadas. Testemunhos da época, no entanto, relatam atitudes de solidariedade. Várias pessoas se ofereciam para cuidar dos doentes ou para enterrar os mortos, mesmo sabendo do risco que corriam. A peste negra provocou a destruição de comunidades inteiras e um grave desequilíbrio social e econômico. Calcula-se que, até o ano de 1390, a peste tenha vitimado entre 20 e 25 milhões de pessoas na Europa, o que equivale a um terço da população do continente na época. As principais consequências dessa tragédia foram a redução ainda maior da atividade econômica e o desabastecimento, tanto no campo quanto na cidade, promovendo mais miséria. Mesmo depois de a epidemia abrandar, milhares de europeus continuaram morrendo, atingidos principalmente pela fome.

A formação dos Estados europeus modernos:


O fortalecimento do poder dos reis: A nascente burguesia comercial precisava promover algumas reformas para impulsionar o comércio. O transporte de mercadorias de uma cidade para outra, por exemplo, obrigava os comerciantes a cruzar vários feudos. Cada um deles, porém, estava sob autoridade de um senhor feudal, que estipulava suas próprias leis. A burguesia passou, então, apoiar a transferência de poder para as mãos de um rei. Dessa maneira, o rei poderia unificar a moeda, as leis, os impostos e estabelecer um sistema de pesos e medidas único, facilitando, assim, os negócios. Muitos senhores feudais também apoiaram a centralização política, mas por razões diferentes. Enfraquecidos após as Cruzadas  e as fugas de servos para as cidades, muitos nobres recorreram aos reis em busca de favores da Coroa. Com o fortalecimento de seu poder, os reis conseguiram impor sua autoridade sobre os habitantes de um território e estabelecer os chamados Estados modernos. Mas esse processo não foi igual em toda a Europa. A seguir estudaremos os casos de Espanha, Portugal, França e Inglaterra.

A Reconquista da Península Ibérica: Desde o início do século VIII, a Península Ibérica estava quase totalmente dominada pelos muçulmanos. Os cristãos que lá viviam ocupavam os territórios ao norte da península. A partir do século XI, as Cruzadas e as disputas políticas entre os muçulmanos estimularam os cristãos a retomar os territórios ocupados pelos árabes na Europa, em batalhas que ficaram conhecidas pelo nome de Reconquista. Aos poucos, os territórios reconquistados na península deram origem a reinos como Leão, Castela, Navarra e Aragão. Esses reinos, entretanto, também lutavam entre si pelo controle político e territorial sobre a região. Alianças entre famílias reais, firmadas por meio do matrimônio, também foram usadas para ampliar o poder de cada reino. As guerras e os casamentos arranjados explicam por que esses reinos variaram tanto em tamanho e poder político e militar. Essa instabilidade durou até o casamento de Fernando, herdeiro do trono de Aragão, com Isabel, irmã do rei de Leão e Castela. Da união desse três reinos formou-se a Espanha no final do século XV.

A formação de Portugal: No século XI, Afonso VI governava os reinos de Leão e Castela. Naquele momento, o rei concedeu ao nobre Henrique de Borgonha como recompensa por sua atuação nas guerras de Reconquista, uma porção de terras situada entre os rios Douro e Minho, denominada Condado Portucalense. Mais tarde, em 1139, Afonso Henriques, filho de Henrique de Borgonha, rompeu com o reino de Castela e com apoio da Igreja Católica proclamou-se rei das terras recebidas por seu pai. O passo seguinte foi à conquista das terras ao sul: era o inicio do reino de Portugal.

A França rumo à centralização: A formação da monarquia nacional francesa teve início no final do século XII, quando o poder real tomou medidas para enfraquecer a nobreza resistente à centralização do poder nas mãos do rei. A coroa criou um exército assalariado e passou a cobrar taxas sobre os bens da Igreja. Além de submeter à Igreja francesa, o rei Felipe, o Belo, que governou a França entre 1285 e 1314, convocou uma assembleia composta pelo clero, pela nobreza e por representantes das cidades para comunicar suas decisões, mais tarde conhecida como Estados Gerais.

A Inglaterra e os limites do rei: A centralização do poder na Inglaterra teve início com Henrique II, no século XII. Entretanto, seu sucessor, o rei Ricardo Coração de Leão, esteve ausente durante grande parte de seu reinado, lutando nas Cruzadas. Com isso, a autoridade real diminuiu. João Sem-Terra, sucessor do rei Ricardo Coração de Leão, logo teve de enfrentar a oposição dos nobres, descontentes com as pesadas taxas que pagavam. Pressionado pela nobreza, pelo clero e pela burguesia, João Sem-Terra assinou, em 1215, a Magna Carta, cujo principal objetivo era limitar os poderes do rei.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

As Cruzadas


As Cruzadas foram expedições militares europeias enviadas ao Oriente a partir do final do século XI.

A convocação do papa: Em 1076, Jerusalém, cidade sagrada para os cristãos, foi tomada por turcos muçulmanos. No final do século XI, o papa Urbano II convocou os cristãos para reconquistar Jerusalém. Reis, nobres e pessoas provenientes de diferentes regiões da Europa atenderam o chamado do papa e rumaram em direção à cidade. A palavra ‘cruzada’ não é contemporânea ao seu acontecimento, ou seja, não era utilizada por aqueles que viveram no período. Apenas em meados do século XIII, quando o movimento cruzadista declinou é que esse termo apareceu. O nome surgiu por causa da vestimenta dos guerreiros cristãos, que costuravam cruzes em suas roupas. Quando as cruzadas tiveram início forma chamadas apenas de peregrinação ou de guerra-santa.

Além da religiosidade: Não era apenas a Igreja que tinha interesse em promover as Cruzadas. Comerciantes das cidades de Gênova e de Veneza monopolizavam as atividades comerciais no Mar Mediterrâneo. Esses homens procuravam formas de também controlar os portos do Oriente. Para eles, as Cruzadas representavam a oportunidade ideal para ampliar e defender as áreas de comércio. Ainda havia interesses políticos e sociais na organização das Cruzadas. O aumento populacional deixou muitos nobres sem terras, uma vez que apenas o primogênito podia herdar as terras da família. Por isso, muitos nobres aderiram às Cruzadas em busca de riquezas e terras no Oriente. Já para os marginalizados da sociedade europeia, as Cruzadas representavam a oportunidade de conseguir melhores condições de vida nas regiões orientais.

Os resultados das Cruzadas: Os cruzados conquistaram Jerusalém e fundaram pequenos Estados no Oriente. Na metade do século XIII, porém, Jerusalém foi reconquistada pelos muçulmanos e os Estados cristãos desapareceram. Apesar do insucesso religioso, as Cruzadas contribuíram para acelerar as mudanças sociais que já estavam ocorrendo na Europa desse período.

Enfraquecimento do sistema feudal, já que, de um lado, os senhores endividaram-se para montar seus exércitos e, de outro, muitos servos que partiram para as Cruzadas com seus senhores não retornaram.

►Muitas terras do norte da Europa ficaram praticamente despovoadas em razão da partida de seus habitantes para a luta.

►O Mar Mediterrâneo recuperou a importância de antes, pois, com as Cruzadas, aumentou o movimento de embarcações que transitavam por ele.

►O aumento do comércio entre o Oriente e o Ocidente, principalmente pelos portos de Gênova e Veneza, usados pelos cruzados para embarcar para o Oriente.
O contato com os muçulmanos possibilitou ampliar o acesso dos europeus ao conhecimento produzido na Antiguidade greco-romana, preservado pelos árabes, em áreas como filosofia e matemática. Além disso, com as Cruzadas, os europeus tiveram mais contato com o próprio conhecimento produzido pela cultura muçulmana, sobretudo nas áreas da matemática e da arquitetura. Não se pode, no entanto, supervalorizar o papel das Cruzadas no enfraquecimento do sistema feudal. A sua importância foi a de contribuir para a expansão comercial e para a crise do trabalho servil, mudanças que já estavam ocorrendo na Europa.

O cotidiano das Cruzadas: Não foram apenas clérigos, peregrinos, comerciantes e cavaleiros que participaram das Cruzadas. Muitas crianças, doentes, mulheres e aventureiros seguiram nas expedições. Essas pessoas enfrentavam inúmeras dificuldades: falta de alimentos, enchentes, estradas esburacadas, ataques de bandidos e doenças. Acredita-se que, de cada quatro cruzados que partia da Europa, apenas um conseguia chegar à Terra Santa.

domingo, 2 de agosto de 2015

Atlântida: os relatos de Platão em Timeu e Crítias.



Crítias: Então, ouça Sócrates, esta estranha narrativa que, no entanto, certamente é verdadeira, bem como Sólon, que contou a história, e que foi o mais sábio entre os sete sábios. Ele era parente e grande amigo de meu avô, Drópidas, como ele mesmo disse em muitos de seus poemas; e Drópidas disse a Crítias, meu pai, que lembrava e nos contava sobre uma antiga e maravilhosa atuação dos atenienses que caiu no esquecimento, ao longo do tempo e da destruição da Raça Humana, e uma, em particular, que era a maior de todas as Raças, e o relato do que se passou será um testemunho adequado da nossa gratidão a vocês...

Sócrates: Muito bom! E o quê é essa antiga e famosa proeza da qual Crítias falou e que não é mera lenda mas uma ação histórica do Estado Ateniense recontada por Sólon!

Crítias: Eu vou contar uma velha história do mundo que ouvi de homem já bastante idoso; Crítias, na época, tinha quase noventa anos e eu dez anos de idade. Era o "dia de Apaturia", também chamado "dia de registro na juventude" [entrada na adolescência] no qual, de acordo com o costume, nossos pais conferiam-nos prêmios pela declamação de poemas e muitos de nós cantavam poemas de Sólon, que eram novidades naquele tempo. Um de nossa tribo, talvez porque fosse sua real opinião, ou talvez porque quisesse agradar Crítias, disse que na sua opinião [dele] Sólon não era apenas o mais sábio dos homens, porém era também o mais nobre dos poetas. O velho homem, eu me lembro bem, iluminou-se diante disso e falou, sorrindo: "Sim, Amynander, se Sólon tivesse, apenas, como outros poetas, feito da poesia o negócio de sua vida e tivesse completado o relato que trouxe com ele do Egito e não se sentisse compelido, em razão de fatos e perturbações que ele encontrou [instabilidade política] quando voltou a este país, empenhando-se, então, em atender a outras tarefas, [se tivesse escrito o poema sobre a coisas fabulosas que aprendeu no Egito] na minha opinião ele teria sido um poeta tão famoso quanto Homero ou Hesíodo.

E sobre o quê era este poema, Crítias? perguntou alguém."Conte-nos", disse outra pessoa, "conte-nos a história toda e de quem Sólon ouviu essa tradição".

Crítias: Sobre a mais grandiosa ação já empreendida pelos atenienses e que deveria ser muito famosa mas o tempo e a destruição completa dos atores desse drama impediram que história chegasse até nós.

"No Delta Egípcio, o rio Nilo se divide, existe um certo distrito que é chamado Saís, e uma grande cidade do distrito, também chamada Saís, e essa é a cidade na qual nasceu o rei Amasis. Ali os cidadãos têm uma divindade fundadora: os egípcios a chamam de Neith mas eles dizem que é a mesma chamada pelos atenienses de "Atena". Os cidadãos desta cidade gostam muito dos atenienses e dizem que, de alguma forma, se relacionam com o povo de Atenas.

"Sólon, levado por Thrither [um sacerdote egípcio], foi recebido com grandes honras e perguntou aos sacerdotes qual dos mestres era o mais sábios em antiguidades [história antiga]; Sólon descobriu que nem ele nem qualquer outro heleno sabiam qualquer coisa de real valor sobre os tempos antigos.

Em uma ocasião, quando estavam falando de antiguidades, ele [Sólon] começou a discorrer sobre coisas de outros tempos quando nossa parte do mundo, o Phoroneus, que é chamado "o primeiro", e sobre Níobe e depois sobre o Dilúvio; falou sobre a vida de Deucalião e Pirra e traçou a genealogia de seus descendentes, a linha do tempo, as datas dos eventos aos quais se referia.

Thereupon, um dos sacerdotes, que era muito velho, disse: "Oh, Sólon, Sólon, vocês helenos são como crianças e não há homens velhos entre os helenos." – Diante disso, disse Sólon: "O que você quer dizer com isso?"

Quero dizer o que disse; que em termos de mentalidade vocês são muito jovens. Não há entre vocês idéias ancoradas em ciências antigas ou antigas tradições; e eu lhes dizer a razão disso: aconteceram e novamente acontecerão muitas destruições da raça humana deflagradas por muitas causas. Existe uma estória que vocês devem ter preservado, sobre Faetonte, o filho de Hélios, que sem saber conduzir os cavalos, tomou a carruagem de seu pai para percorrer o caminho que Hélios fazia todos os dias e provocou um grande desastre, queimando tudo na face da Terra.

Hoje, isso é uma expressão em forma de mito, mas, de fato, significa o declínio dos corpos que se movem em torno da Terra e nos céus; uma conflagração recorrente, que acontece em longos intervalos de tempo; quando isso acontece, aqueles que vivem nas montanhas e em outros lugares secos, estão mais sujeitos à destruição do que aqueles que vivem à margem dos rios, dos lagos ou do mar. Mas, por outro lado, quando os deuses purgam a terra pela água [e não pelo fogo, como Faetonte],então os pastores, os montanheses, são os sobreviventes e perecem os que vivem nas cidades, próximos aos rios e fontes, a beira-mar; são levados pelas enchentes, submergem no oceano. Mas nesse país, nem nesse tempo nem em qualquer outro a água veio do alto sobre os campos, tendo sempre a tendência de vir de baixo, razão pela qual as coisas preservadas aqui são as mais antigas.

O fato é que a Raça Humana, a população, cresce em certas épocas e decresce em outras e o que sempre aconteceu em seu país e no nosso ou em qualquer outra região da qual tenhamos conhecimento, todos os feitos grandes e nobres ou qualquer outro evento memorável, tudo o que tem sido escrito sobre os acontecimentos do passado, está preservado em nossos templos. Enquanto vocês [gregos] e outras nações mantêm escrituras e somente estes registros que interessam ao estado, no momento presente, ignoram que a pestilência [a catástrofe] pode estar vindo dos céus para dizimar todos e deixar apenas aqueles dentre vocês que são destituídos das letras e da educação e assim, deste modo, vocês têm de começar tudo novamente, como crianças, sem nada saber do aconteceu nos tempos mais antigos, entre nós [o Egito] e entre vocês mesmos [gregos].

As genealogias de vocês, gregos, que você Sólon nos tem contado, são relatos de crianças porque, em primeiro lugar, vocês se lembram de um dilúvio apenas, quando existiram muitos deles; em segundo lugar, vocês ignoram que habitaram em sua terra os homens da mais nobre e bela raça que jamais existiu, raça da qual você e seu povo são os descendentes. Isso é desconhecido por vocês porque muitas gerações de sobreviventes da destruição morreram sem deixar qualquer vestígio. Houve um tempo, Sólon, antes do maior dilúvio de todos, quando a cidade que hoje é Atenas era a primeira nas guerras e proeminente pela excelência de suas leis, pelos feitos notáveis, pela constituição magnífica de seus cidadãos.

Maravilhado, Sólon queria saber mais sobre aquela raça e aquele tempo. "Todos vocês são bem-vindos para ouvir sobre eles, Sólon" – disse o sacerdote – "por você mesmo, pela cidade e, sobretudo, pela glória da deusa que é protetora e civilizadora [educadora] de ambas as cidades [Atenas e Saís]. Ela fundou sua cidade mil anos antes da nossa, recebendo da Terra e Efaistos a semente de sua raça; e depois, fundou a nossa, um fato que está preservado em nossos registros sagrados como acontecido há oito mil anos atrás, como ensinaram os cidadãos de nove mil anos atrás. Eu informarei brevemente a você sobre suas leis e a nobreza de seus feitos conforme as escrituras sagradas deles mesmos. Se você comparar estas leis com as suas próprias verá muitas das nossas leis são contrapartida das suas.

Existe uma casta de sacerdotes, que é separada de todas as outras; depois vêm os artesãos, que exercem suas muitas artes e não se misturam com as outras castas; e também existe a classe dos pastores e dos caçadores bem como a dos agricultores. Você observará que os guerreiros no Egito são separados de outras classes e são comandados pela lei da guerra e são equipados com escudos e lanças e a deusa fala primeiro entre vocês, e então, aos países asiáticos e nós, entre os asiáticos, fomos os primeiros a adotar essas leis.

Sabiamente, você notará o cuidado da lei com o mais puro, buscando e compreendendo toda ordem de coisas, da profecia, a medicina e todos os elementos necessários à vida humana e todo tipo de conhecimento relacionado. Essa ordem de coisas foi estabelecida pela deusa e dada a vocês quando estabeleceram sua cidade; e ela escolheu este lugar da Terra, onde você nasceu, porque ali viu o arranjo harmonioso das estações e viu que aquela terra produziria os mais sábios dos homens.

A deusa, que amava a guerra e a sabedoria escolheu aqueles que seriam semelhantes a ela mesma; e ali vocês se estabeleceram com suas leis, que ainda são as melhores, e excedem toda a raça humana nesta virtude e eram os filhos e os discípulos dos deuses. Grandes e maravilhosos feitos de seu Estado foram registrados em nossa história mas um deles supera a todos em grandeza e valor. Foi quando uma força muito poderosa e agressiva levantou-se contra a Europa e Ásia mas sua cidade pôs um fim ao terror.

Esta força veio do oceano Atlântico, naqueles dias em que o Atlântico era navegável; e existia uma ilha situada em frente ao estreito [estreito de Gibraltar] que vocês denominam Colunas de Hércules. A ilha era maior que a Líbia e a Ásia juntas e era o caminho para outras ilhas através das quais era possível atravessar e chegar ao outro lado do continente que era cercado pelo verdadeiro oceano [passando do Mediterrâneo ao Atlântico]. O mar interior do estreito de Hércules (Gibraltar) era apenas um porto com uma entrada estreita; do outro lado, era o verdadeiro mar e a terra, ali, podia verdadeiramente ser chamada de "continente".

Então, na ilha de Atlantis existiu um grande e maravilhoso império, que tinha leis vigentes em toda a "ilha-continente" e em muitas outras além de partes da Líbia, "dentro" das colunas de Hércules tão distantes do Egito e da Europa quanto do Tirreno [parte ocidental do mar Mediterrâneo]. O vasto poder [de Atlantis] empenhou-se, então, em subjugar de um só golpe nosso país e os seus [as cidades-estado gregas] e toda a terra nos limites do estreito; e então, Sólon, seu país [Atenas] brilhou à frente de todos, na excelência de sua virtude e força, por sua bravura e perícia militar; [Atenas] liderou os helenos; e quando não havia esperança de trégua, quando compelida a estar sozinha, submetida a um grande perigo, Atenas derrotou e triunfou sobre os invasores e manteve à salvo da escravidão aqueles que ainda não tinham sido subjugados e libertou todos os outros que habitavam os limites de Hércules [área do mediterrâneo, estreito de Gibraltar]. Posteriormente aconteceram terremotos violentos e inundações e em apenas um dia e uma noite de tempestades (chuvas) Atlântida e todo o seu povo foram tragados pelo oceano. Esta é a razão pela qual naquela parte, o mar é inavegável, intransponível, porque está saturado de lama.

E eu gostaria de invocar Mnemosine (Memória) porque parte significativa do que tenho para contar depende do favor da deusa das recordações, para que possa recontar tudo o que disseram os sacerdotes e que Sólon trouxe consigo. Deixem-me começar observando que, os nove mil anos que mencionei são um resumo dos anos que tinham se passado desde o começo da guerra entre os que habitavam para além das coluna de Hércules e aqueles que habitavam "dentro" do estreito. De um lado os combatentes da cidade de Atenas e seus aliados; do outro, os reis da Ilhas de Atlantis, que outrora tinham sob seu poder um território maior que a Líbia e a Ásia; território que desapareceu entre tremores de terra e maremotos que tornaram o Atlântico praticamente inacessível. A história se desenrola e entram em cena numerosas tribos bárbaras e Helenos que existiam então. Mas devo ainda descrever os Atenienses tal como eram naqueles dias e seus inimigos e ainda o poder e a forma de governo de cada um. Comecemos pelos atenienses...

Muitos grandes dilúvios aconteceram durante aqueles nove mil anos... Os deuses repartiram entre si toda a Terra em diferentes porções. Ergueram templos, fizeram sacrifícios. Poseidon recebeu a ilha de Atlantis; o deus tinha filhos com uma mortal e instalou, mulher e filhos, em uma parte da ilha; na costa, voltada para o oceano, existia uma planície muito fértil. Próximo, no centro da ilha, havia uma montanha não muito alta. Nesta montanha habitavam os primeiros mortais deste país: um casal, ele chamado Evanor e ela Leucipa. Tinham uma única filha, Cleito.

Quando a donzela se tornou mulher, seus pais morreram e foi por ela que Poseidon se apaixonou e teve filhos com ela. Ela morava na montanha da planície, que foi cercada de canais circulares e concêntricos, alternando faixas de terra e água. Havia três faixas de água e duas de terra... [Os filhos]... eram cinco pares de gêmeos varões. Atlantis foi dividida em dez regiões: o mais velho do primeiro par, chamado Atlas, ficou com a ilha-colina onde morava sua mãe, que era um lugar magnífico e nomeado Atlântica ou Atlântida; e Atlas ficou sendo o rei de todo império. Os outros irmãos foram feitos príncipes por Poseidon. Eles governariam todos os homens. O gêmeo de Atlas, Gades ou Gaderius, ficou com terras interiores das colunas de Hércules.

O segundo par de gêmeos eram Ampheres e Evaernon; o terceiro, Mneseus e Autochthon [Autóctone]; o quarto par de gêmeos, Elasipo e Mestor; e o quinto, Azaes e Diaprepes. Todos estes e seus descendentes foram governantes de numerosas ilhas em mar aberto e também já foi dito que eles migraram para lugares distantes das colunas de Hércules, muito além do Tirreno e do Egito.

Atlas tinha, então, uma família numerosa e honrada e seus descendentes mantiveram o reino por muitas gerações e detinham muitas riquezas, tantas quantas jamais foram possuídas por outros reis e potentados. muitas especiarias eram trazidas de países estrangeiros mas a ilha era auto-suficiente e fornecia tudo que era necessário a uma vida confortável. O subsolo possuía minerais e um precioso metal do qual hoje só resta o nome: orichalcum.

Também havia florestas abundantes de onde se extraía a madeira e campos que alimentavam pessoas e animais domésticos e selvagens. Havia um grande número de elefantes na ilha Atlântica e outros variados tipos de animais, de lagos e montanhas, rios e planícies. [Os atlânticos possuíam também deliciosas] ... fragrâncias, perfumes, extraídos de raízes, ervas, flores e frutas. [Havia pomares ... e templos, palácios, portos, docas. Os palácios no interior da cidadela eram construídos com um templo, dedicado a Cleito e Poseidon no centro, extremamente inacessível e rodeado de ouro; foi o lugar onde nasceram os dez príncipes e onde eram realizados rituais anuais... Todo o exterior do templo era coberto de prata, e os pináculos [torres] de ouro. O interior do templo era de mármore decorado com ouro, prata e orichalcum... estátuas de ouro, como a do próprio deus [Poseidon] em sua carruagem de seis cavalos alados, cercado de Nereidas e golfinhos... Do lado de fora, rodeando o templo, havia vinte estátuas de ouro, representando os príncipes e suas mulheres... Havia fontes de água quente e fria... Havia muitos templos dedicados a muitos deuses... jardins e lugares para o laser. Alguns somente para os homens... [e havia haras, pistas para cavalos]... As docas estavam sempre repletas de naus trirremes e armazéns por onde circulavam mercadores de todo o mundo... ?

sábado, 1 de agosto de 2015

A economia feudal


Uma economia de base agrária

A agricultura era a fonte principal do sustento da população. As aldeias e domínios tendiam a ser autossuficientes. Tendo por base a agricultura de subsistência, a economia feudal também possuía comércio e artesanato.       A unidade agrícola senhorial era chamada de senhorio. Nela produziam-se quase tudo para a sobrevivência dos moradores (alimentos, ferramentas, vestimentas e utensílios domésticos). No senhorio havia celeiros para armazenar colheitas, moinho pra triturar os grãos e fornos para pães.

O senhorio medieval

Manso senhorial: produtos dessa terra eram exclusivos do senhor e nela trabalhavam servos e camponeses. Terras comunais: os produtos destas terras eram tanto dos servos como dos senhores. Constituídas de pastos para os animais, florestas e baldios (terra sem cultivo ou edificações). Manso servil: terras destinadas aos servos. Produziam o que era necessário para sua sobrevivência. Em troca deviam obrigações ao senhor.

A agricultura e o trabalho servil

Os servos, com seu trabalho abasteciam toda a sociedade e pagavam tributos pela utilização das terras dos senhores, cada imposto tinha um objetivo como segue: Corveia: Cultivo pelos servos do manso senhorial de duas a três vezes por semana sem pagamento e toda produção pertencia ao senhor. Talha: Os servos entregavam ao senhor uma taxa entre 30% e 40% de tudo que era produzido no manso servil. Capitação: Imposto por servo que morava no feudo. Banalidades: O uso da reserva senhorial (fornos e moinho), deviam ser pagas pelos servos por meio de parte de sua produção.

O comércio medieval

Muito fraco, mas praticado durante toda a Idade Média próximos aos castelos. Reduzido uso de dinheiro e prevalência da troca direta de produtos, prática chamada escambo. Houve grande desigualdade no comercio europeu durante a Idade Média, pois na região da Escandinávia e Península Itálica já havia, no século X centros de comércio de longa distância com mercadores europeus e orientais.

Alimentação na época feudal.

Os cereais eram os alimentos mais importantes da dieta dos camponeses. Havia também legumes e verduras que completavam sua dieta. A dos nobres se acrescentava a carne e a variedade. 

Feudo do senhorio medieval

MANSO SENHORIAL: Terras de cultivo, Florestas, Terras para caça, (exclusiva do senhor), Moinhos, Celeiros.

TERRAS COMUNAIS: Pastos, Florestas e Baldios.
MANSO SERVIL: Terras destinadas aos servos, nelas produziam seu sustento.


O Ensino e a Cultura na Europa feudal


A Igreja Católica cumpriu um papel importante na preservação da cultura clássica, no ensino e no desenvolvimento intelectual durante a Idade Média.

O Renascimento Carolíngio: Durante seu reinado, Carlos Magno promoveu um movimento que foi chamado de Renascimento Carolíngio. O principal objetivo era preparar intelectualmente o clero cristão, para que pudesse orientar os fiéis com autoridade e sabedoria. Carlos Magno reuniu conhecedores da cultura antiga, como Alcuíno e Eginhardo. Com a orientação desses estudiosos, a Bíblia foi revista e copiada pelos monges, e os textos gregos, romanos e cristãos serviram de base para desenvolver o ensino. O movimento carolíngio preservou a cultura da Antiguidade clássica e fez dos mosteiros e das escolas palatinas (localizadas no palácio do imperador) centros de difusão do conhecimento antigo.

As transformações no ensino: Até o século X, a Igreja mantinha escolas junto aos mosteiros ou às catedrais. O ensino era voltado, principalmente, à formação eclesiástica e consistia no estudo de textos religiosos, como a Bíblia, e de textos de pensadores cristãos, em especial os de Santo Agostinho. Nas escolas cristãs, estudava-se o trívio (gramática, retórica e dialética) e o quatrívio (aritmética, geometria, astronomia e música). O alcance dela ,porém, era pequeno, pois, em geral, apenas os membros do clero e os filhos dos nobres podiam frequentá-las.

A literatura medieval: do oral ao escrito: A língua escrita utilizada nos primeiros séculos da Idade Média era o latim. Outros idiomas mantiveram-se por séculos como línguas faladas e eram empregados pelos distintos grupos da sociedade medieval. Aos poucos, o latim foi se misturando às diferentes línguas germânicas locais, originando as línguas modernas, como francês, alemão, italiano, espanhol, português e inglês e outras. Elas se afirmaram a partir dos séculos XI e XII, com o desenvolvimento de uma literatura escrita e profana. Essa literatura tinha, por base, antigas histórias, sem autoria definida, que eram transmitidas oralmente de geração em geração. Para a diversão dos frequentadores das cortes dos senhores feudais, exibiam-se os jograis, compostos de recitadores, cantores e músicos ambulantes, contratados pelo senhor. Eles executavam acrobacias, cantavam e tocavam instrumentos musicais, principalmente a viola e o alaúde. Esses artistas levavam uma existência nômade, viajando em caravanas compostas de homens e mulheres que viviam de doações feitas pelos nobres.

As novelas de cavalaria: No século XII, surgiram os primeiros romances, que ficaram conhecidos como novelas de cavalaria. Escritas em versos e em prosa, as novelas adaptavam antigas narrativas orais que abordavam os feitos heroicos e as guerras históricas travadas por Carlos Magno e os doze pares de França, as lendas do rei Arthur e dos cavaleiros da távola redonda ou os amores de Tristão e Isolda. O enredo das novelas de cavalaria apresentava um verdadeiro código de conduta no qual se destacavam o heroísmo, a honra e a lealdade, que eram os ideais da cavalaria medieval. Valorizava-se a ação do cavaleiro, em defesa da honra e a lealdade ao rei e à Igreja. A mulher era o objeto do amor cortês do homem, a dama que deveria ser tratada e amada com respeito e delicadeza. Esses primeiros romances ajudaram a divulgar os valores da sociedade medieval.