quinta-feira, 13 de março de 2014

Foi o homem do Paleolítico “inventor” do cinema?


Responda rápido: quem inventou o cinema?

A pergunta é polêmica. Você pode dizer que foram os irmãos Lumière, que, em 1895, no Salão Grand Café de Paris, apresentaram ao mundo o cinematógrafo.

Mas, se você “fuçar” ainda mais na história da sétima arte, talvez chegue ao nome de Eadweard Muybridge. Em 1876, Eadweard colocou 24 câmeras fotográficas ao longo de um hipódromo, tirou várias fotos da passagem de um cavalo e montou um “filminho” com o material. Outro, entre os famosos que podem ter inventado o cinema, é Thomas Edison, que em 1891, inventou uma caixa movida à eletricidade que continha uma película e que, ao que tudo indica, inspirou os irmãos Lumière.

Porém, o que poucas pessoas dirão é que nossos parentes do Paleolítico já faziam seus filminhos com a arte da animação e tentavam dar a sensação de movimento por meio de suas pinturas rupestres. Pelo menos é o que diz o resultado de um estudo publicado na revista Antiquity, que analisou 53 obras descobertas em várias cavernas francesas.

As pinturas são da Idade da Pedra Lascada – período da pré-história de cerca de 2,5 milhões A.C. – e representavam animais com muitas patas, ou algumas partes de seu corpo repetidas, o que os pesquisadores imaginam ser a prova da existência de uma primitiva animação. Segundo o trabalho, essa forma de dispor os animais permite que as imagens pareçam mover-se embaixo da luz das chamas.

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A caça ao conhecimento perdido



Novas pesquisas mostram que tribos primitivas têm muito a nos ensinar sobre justiça, saúde e até na criação dos filhos.

Viver em países com organização centralizada e centenas de milhões de cidadãos é algo que torna as pessoas e as culturas bem homogêneas. E isso pode ser um problema. Nossos ancestrais viviam em grupos de 100, 200 indivíduos. Bastava andar algumas dezenas de quilômetros para ir parar em "terra estrangeira", povoada por inimigos mortais que falavam uma língua bem diferente da sua. Resultado: cada grupinho desenvolveu sua própria cultura. Única e peculiar. Alguns grupos ainda vivem como os nossos antepassados da Idade da Pedra. É o que acontece na ilha da Nova Guiné, por exemplo. Os povos tradicionais de lá foram os que ficaram mais tempo isolados da civilização, então o lugar abriga mais de mil línguas diferentes num território pouco maior que o de Minas Gerais. E a diversidade linguística é só parte da equação. Junto com ela vem uma incrível variedade de usos e costumes. "Esse grupos representam milhares de experimentos naturais sobre como construir uma sociedade", diz o biólogo Jared Diamond. Ele é conhecido por ser o autor do polêmico best-seller Armas, Germes e Aço, no qual propõe que o acaso seria a principal explicação para o triunfo da civilização europeia, não a tecnologia. Agora ele está com um livro novo, e que também chama a atenção pela originalidade: é o The World Until Yesterday ("O Mundo até Ontem", sem versão em português). Diamond argumenta ali que tribos supostamente primitivas têm muito a nos ensinar.

"Eles descobriram milhares de soluções para problemas humanos. Soluções diferentes das nossas". Nas páginas a seguir, você confere algumas delas - boa parte delas bolada pelos povos da Nova Guiné e de ilhas adjacentes, onde Diamond faz suas pesquisas de campo. De quebra, aproveitamos para mostrar alguns pontos nos quais essas sociedades acabam escorregando.

1. Criação dos Filhos

A situação das crianças entre muitos povos de caçadores-coletores ou de agricultores primitivos é paradoxal. Grosso modo, dá para dizer que os pequenos são muito mais mimados do que os nossos bebês em várias dessas sociedades - e, ao mesmo tempo, ficam muito mais ao deus-dará do que qualquer mamãe brasileira normal acharia seguro. Começando pela parte fofa da coisa: entre as sociedades de caçadores-coletores mais bem estudadas pelos antropólogos - gente como os Hadza, da Tanzânia, os Agta, das Filipinas, e os !Kung (o ponto de exclamação representa um som feito ao estalar a língua), da Namíbia e de Botsuana -, a idade média para desmamar os pequenos fica em torno dos três anos. E as mamadas podem continuar por ainda mais tempo (depois dos quatro anos de idade, no caso dos !Kung) se um irmãozinho não aparecer para cortar o barato da criança. Entre os pigmeus Bofi e Aka, da África Central, o desmame é feito de forma gradual e, muitas vezes, espera-se que o filho tome a iniciativa de largar o peito.

Dá-se de mamar ao bebê sempre que ele quiser, mesmo no meio da noite - por isso, os nenês dormem junto com a mãe, podendo achar o peito sem necessariamente acordá-la. Não são apenas os seios da mãe que ficam à disposição da criança 24 horas por dia. O normal é que os bebês, até os dois ou três anos de idade, estejam quase sempre em contato físico muito próximo com um adulto. São carregados para lá e para cá no colo sem medo de que a criança "fique folgada" ou, então, passam o dia em "bolsas de canguru" ou trouxinhas amarradas ao adulto.

Diferentemente dos nossos "cangurus", no entanto, toma-se sempre o cuidado de colocar a criança numa posição voltada para a frente, de maneira que ela tenha o mesmo campo visual da mãe diante de si, o que parece ter algumas vantagens para o desenvolvimento neurológico do pequerrucho.

O bebê começa a diminuir seu contato corporal direto com os adultos também por vontade própria, por volta de um ano de vida, quando começa a descer mais para o chão para brincar com outras crianças. Outro aspecto importante do cuidado com os pequenos em boa parte das sociedades tradicionais é que a tarefa é dividida entre um número muito maior de pessoas. Além dos pais, claro, e dos avós, tios e irmãos mais velhos (que entre nós ainda dão uma mãozinha, mas muito menos do que era usual décadas atrás, por exemplo), praticamente todos os membros do grupo passam ao menos algum tempo com os bebês. Conforme as crianças crescem, podem ficar dias ou até semanas na casa de parentes ou vizinhos. E há ainda o costume da adoção ritual - a tradição de que meninos e meninas mais velhos passem anos na casa de outra pessoa, completando sua educação. Resquícios dessa prática aparecem na literatura de sociedades guerreiras um pouco menos "primitivas", como os gregos de Homero ou os nobres medievais.

Mais importante: para muitos caçadores-coletores, palmada como instrumento educacional não existe. O linguista americano Daniel Everett, que passou anos vivendo com a tribo dos Pirahã, no Amazonas, conta que certo dia tentou punir sua filha Shannon na base da chinelada. Ele não contava com os Pirahã, no entanto. A menina fez um escândalo, e os índios, que nunca batem em seus filhos, simplesmente proibiram a surra. Entre os pigmeus Aka, da África subsaariana, é parecido: se um dos membros de um casal bate nos filhos, o cônjuge pode usar isso como boa razão para um divórcio.

O respeito pela individualidade da criança, contudo, também tem seu lado ruim. É comum que grupos tradicionais deixem que garotos e garotas pequenos façam coisas um bocado perigosas - e paguem o pato por isso. Diamond conta que muitos de seus amigos das montanhas da Nova Guiné, por exemplo, possuem cicatrizes feias causadas por queimaduras, simplesmente porque seus pais não interferiram quando eles quiseram brincar com fogo quando crianças. Sobre os Pirahã, aparentemente tão delicados com os pequenos, Everett conta uma história de arrepiar. Certo dia, um menininho de dois anos estava brincando com uma faca, fazendo todo tipo de movimento perigoso com o treco. "E a mãe, que estava conversando com outra pessoa, pegou a faca do chão e devolveu à criança quando o menino deixou cair! Ninguém disse a ele para tomar cuidado para não se cortar."

Também é importante lembrar que as dificuldades da vida nômade podem levar mães e pais a tomarem decisões difíceis, que envolvem inclusive o sacrifício de recém-nascidos. Quando nascem gêmeos numa família de caçadores-coletores, por exemplo, é comum que um deles seja sacrificado, porque a mãe dificilmente será capaz de alimentar ambos.

2. Fazendo justiça

Ciclos de vingança muitas vezes tomam conta da vida dos povos tribais. É claro que isso tem a ver com a inexistência de um Estado, capaz de monopolizar o uso da violência e de punir crimes por meio de tribunais e prisões. Se o único jeito de fazer justiça é matar o sujeito que matou seu pai, você vai considerar seriamente essa possibilidade. Só tem um complicador: em sociedades desse tipo, os laços familiares costumam ser mais fortes do que entre nós. Seu primo de segundo grau tem tanta obrigação de vingar você quanto seu filho. E, do outro lado da equação, uma vez vingado o assassinato original, nada impede que o primo de segundo grau do assassino se sinta obrigado a vingá-lo. Deu para ver onde isso vai parar.

Se o cenário parece desesperador, também há evidências de que as sociedades tradicionais conseguem enfrentar de forma eficaz situações que, para nós, virariam um pesadelo judicial. É essa a lição que Diamond tira de um incidente na Nova Guiné, a morte por atropelamento do menino Billy. O garoto foi atingido enquanto voltava da escola. Ele desceu do micro-ônibus para atravessar a rua e se encontrar com seu tio Genjimp, que estava esperando para levá-lo para casa, mas saiu correndo por trás do micro-ônibus. Com isso, Malo, motorista de outro carro, não viu o menino e acabou por atingi-lo.

Billy e Malo pertenciam a grupos étnicos diferentes, o que poderia ser a receita para um ciclo de vinganças. Mas, graças à mediação do chefe da tribo, a família do menino reconheceu que tudo tinha sido um acidente e aceitou o chamado sori money, ou "compensação" em tok pisin, língua franca da Nova Guiné, derivada do inglês. E também ajudou a família a organizar o funeral de Billy. No final, as partes se despediram com um aperto de mãos.

No Ocidente, lembra Diamond, a mesma situação estaria sendo enfrentada por meio de uma disputa judicial impessoal, com os pais do menino simplesmente processando o motorista. Para o pesquisador, a vantagem do método da Nova Guiné é que ele tem um componente emocional importante, dando aos pais e aos representantes do motorista uma chance de tentar reparar, ao menos em alguma medida, o sofrimento trazido pelo caso. É o que os procedimentos recentes da chamada justiça restaurativa - quando vítimas e criminosos ficam frente a frente para conversar, com a ajuda de um mediador, por exemplo - estão tentando fazer.

3. Previdência social

Jared Diamond conta que, certa vez, passou vergonha ao bater um papo com um nativo de Viti Levu, uma das ilhas do arquipélago de Fiji, no Pacífico. O sujeito tinha visitado os EUA anos antes e acusou: "Vocês jogam seus idosos, e até seus próprios pais, no lixo!".Em Fiji, os filhos chegam a pré-mastigar a comida dos pais idosos e desdentados, o que provavelmente explica a indignação do nativo com o fato de alguns velhinhos americanos serem esquecidos em lares para idosos, sem receber visitas da família. De fato, o respeito cerimonioso com os mais velhos é comum entre sociedades tradicionais.

Mas, como acontece no caso das crianças, nem tudo são flores. Em situações de privação, muitas tribos de caçadores-coletores acabam "sugerindo" que os velhinhos façam o favor de bater as botas - ou praticam uma forma de eutanásia forçada (digamos) quando isso falha. Esse tipo de prática se torna mais comum em dois contextos, diz Diamond: quando a tribo precisa mudar de acampamento com frequência, o que dificulta a presença de pessoas com mobilidade reduzida; ou quando o grupo habita ambientes nos quais a falta de recursos acontece de maneira cíclica (como os desertos e o Ártico).

Grupos como os Inuit (esquimós) e os Hopi, dos desertos dos EUA, preferiam simplesmente ignorar os idosos indesejáveis, deixando de cuidar deles e de lhes dar comida, até que eles acabem morrendo. Uma tática mais ativa - e cruel - é abandonar a pessoa mais velha quando chega a hora de mudar de acampamento e fica claro que ela não será capaz de acompanhar o grupo sozinha, coisa que os Aché, do Paraguai, costumavam fazer. O método mais chocante, porém, talvez seja o adotado para viúvas do povo Kaulong, da Nova Bretanha, ilha próxima da Nova Guiné: até os anos 50, era função dos filhos homens, ou dos irmãos da mulher, estrangulá-la assim que o marido morria.

A antropóloga Jane Goodale (não confunda com Jane Goodall, a famosa especialista em chimpanzés) registrou a situação enfrentada pelo filho de uma dessas viúvas: "Quando hesitei, minha mãe ficou de pé e, em voz alta, disse que eu só estava demorando porque queria fazer sexo com ela". Humilhado, o sujeito acabou cumprindo seu dever.

Se nada disso parece muito inspirador, é bom lembrar que, em condições normais, as sociedades tradicionais sabem dar valor a seus membros mais velhos, em especial levando em conta os contextos nos quais eles são capazes de deixar a garotada no chinelo. Embora não sejam mais capazes de caçar um elefante na base das lançadas, eles são os principais responsáveis por interpretar marcas deixadas por um animal ou por planejar a caçada. São excelentes xamãs, pajés e curandeiros, além de dominarem o artesanato de forma mais precisa e cuidadosa do que os jovens, mais afoitos. E, em culturas que são orais e dependem de um conhecimento detalhado do ambiente, seus cérebros funcionam como bibliotecas vivas, guardando segredos como o que comer quando uma seca severa ou um furacão acabam com quase todas as fontes de alimento.

4. Paleo-dieta

Diamond lembra que, quando começou a trabalhar na Nova Guiné, na década de 1960, obesos ou mesmo gente um pouco acima do peso pareciam simplesmente não existir na ilha. Musculosos, esbeltos e cheios de fôlego, os nativos eram capazes de carregar pesos enormes no lombo durante o dia inteiro sem se cansar. Problemas cardíacos, pressão alta, diabetes e câncer mal eram registrados por lá - os idosos da Nova Guiné de então raramente eram afetados por esses males.

domingo, 9 de março de 2014

Chachapoyas, os guerreiros das nuvens.


Fortaleza de Kuélap.

Os antigos Chachapoyas, eram inimigos mortais dos poderosos Incas, eles arrancavam a cabeça das pessoas e eram famosos por sua crueldade. Os Chachapoyas desapareceram de repente no século XVI. Neste texto exploraremos uma das culturas mais incríveis e menos conhecidas do mundo, e revelaremos como estes poderosos guerreiros desapareceram.

Os chachapoyas transformaram as florestas de altitude, entre 2.000 m e 3.000 m, em vastas áreas de cultivo – por causa da região montanhosa e húmida em que viviam, ganharam o apelido de “guerreiros das nuvens”.

Tinham fama de ser um povo alto, belo e de pele clara, e construíram grandes cidades fortificadas na selva. Por causa de algumas dessas características, surgiu a lenda de que eles teriam ascendência europeia, a qual aparentemente não tem nenhum fundamento na realidade.


Ao longo do século XV, uma série de conflitos fez com que o nascente Império Inca subjugasse os chachapoyas. Por isso, quando os espanhóis invadiram o Peru, os muitos dos “guerreiros das nuvens” deram seu apoio aos europeus, facilitando a derrota dos incas.

O domínio espanhol, no entanto, trouxe pouquíssimas vantagens para os chachapoyas, que perderam sua independência política do mesmo jeito e sofreram muito com epidemias trazidas pelo invasor europeu. Calcula-se que, depois de 200 anos sob a Coroa espanhola, a população desse povo tenha se reduzido a só 10% do total pré-colombiano.


Muralhas de Kuélap. 

O principal vestígio arqueológico dos chachapoyas é a grande fortaleza de Kuélap, conhecida como a "Machu Picchu do norte", que recebe poucos visitantes por ser de difícil acesso.

O nordeste andino peruano ainda não está nos grandes roteiros turísticos internacionais, embora nada lhe falte para entrar nesse circuito. Bastaria que o governo e mais empreendedores turísticos levassem a sério o seu potencial. Paisagens grandiosas, natureza única e restos arqueológicos fascinantes se combinam com estradas de ótima qualidade, boa comida e gente acolhedora. Mas, é obvio que visitar o departamento de Amazonas, no norte do Peru, requer mais tempo que fazer o tradicional circuito que leva a Cusco e Machu Picchu e, eventualmente, ao Lago Titicaca.


Os Incas foram os romanos de América do Sul. Devido à interrupção provocada pelos conquistadores espanhóis, seu enorme império durou pouco, cerca de cinco séculos. Machu Picchu foi construída no século XV, quando os espanhóis já estavam nas portas do império. Os Incas dominaram por bem ou por força a muitos povos, bem mais antigos e desenvolvidos do que eles. Dentre estes, estão os Chachapoyas que reinavam sobre grande parte da Amazônia Alta, na bacia do rio Marañon, principalmente nos atuais departamentos peruanos de Amazonas e San Martín. Esta foi uma cultura muito avançada, originada mais de 2.000 anos antes de serem derrotados pelos Incas. Eram conhecidos como os “guerreiros das nuvens”, pois, além de serem grandes combatentes viviam num ambiente onde as neblinas são frequentes, floresta da nevoas, como é característico da Amazônia Andina alta.

Embora menos estudada que outras culturas, já se encontraram muitos sítios arqueológicos Chachapoyas. Os mais conhecidos são a fortaleza (cidadela) de Kuélap, em Amazonas e a cidade do Gran Pajaten, dentro do Parque Nacional Abiseo, em San Martín. Esta última, em plena selva, é de difícil acesso, mas, a primeira é fácil de visitar. Situada sobre um morro isolado a 3.000 metros de altitude dominando o vale do rio Utcubamba, Kuélap foi construída provavelmente no século VIII para defender a região contra o império Wari, que se expandiu antes que o Inca.


Chega-se a Kuélap por uma estrada que circunda montanhas elevadas, com vistas magníficas, nas quais ainda se pode apreciar remanescentes das florestas de neblina que até alguns séculos atrás dominavam toda a região e que agora foram substituídas por pastagens “naturais”, vegetação secundária arbustiva e um pouco de agricultura. Os antigos peruanos, como os da atualidade, não se destacaram por proteger as florestas e, na base do fogo, destruíram milhões de hectares de florestas dessa região. Hoje, a gente acredita que é natural essa paisagem desnuda, ainda bela e verde. Mas não é.

Cidadela

Kuélap está relativamente bem conservada. Estende-se sobre cerca de 600 metros de comprimento e dispõe de três plataformas superpostas que suportam uns 400 recintos. Suas muralhas externas chegam a 20 m de altura e tem apenas três entradas muito estreitas para facilitar a defesa. Uma delas tem paredões que se elevam a 10 metros de cada lado. Há edifícios sobre a plataforma principal realmente extraordinários. Em especial, um deles tem formato de um curioso cone invertido, cuja função não foi esclarecida. As casas são todas redondas, dotadas de silos, pedras para moenda de grãos e fogões. Muitas ostentam decorações feitas com o mesmo tipo de pedra com que foram construídas. Uma caraterística especial da cultura dos Chachapoyas são as máscaras funerárias e o costume de instalar os restos funerários em cavidades nas paredes quase verticais de montanhas.


Além das ruínas, a região oferece mais atrativos. Exibe grande diversidade de orquídeas e aves engalanam as paisagens. Sobram as cachoeiras. Uma delas, a de Gocta, é a mais alta do Peru, com 560 metros de queda livre. Se fossem consideradas todas as etapas dos seus saltos seria a quinta mais alta do mundo. Ela pode ser vista a partir de uma pequena localidade situada num platô rodeado de montanhas que formam um perfeito anfiteatro, ou melhor, um estádio completo e monumental. Quando chove, o que é frequente, pode-se observar umas 20 cachoeiras simultâaneas. No meio deste espetáculo, localiza-se uma pousada de ótima qualidade que serve de base para apreciar Kuélap e outros lugares nos arredores.

Culturas ancestrais

Kuélap e Gocta estão a mais de mil quilômetros de Lima. É longe, mas, seguindo a Panamericana Norte, outro benefício é passar pelos domínios dos Mochica e Chimu, duas das mais importantes culturas pré-hispânicas do Peru, mais avançadas e artísticas do que Incas. Se o visitante dispor de um pouco mais de tempo, pode também visitar também Caral, a cidade mais antiga das Américas, anterior inclusive às mexicanas. A cultura Caral precedeu todas as outras no Peru. Em Trujillo, desenterraram-se pirâmides que pelo seu volume são maiores que as egípcias e que exibem pinturas coloridas em alto relevo. Outras ruínas podem ser visitadas em Lambayeque, dentre elas as famosas tumbas mochica dos senhores de Sipam e Sicam, no meio de uma floresta protegida semidesértica. Museus de categoria internacional existem em cada um desses locais.


E tão importante como descobrir a cultura pré-hispânica peruana é apreciar a culinária da Costa Norte do Peru que é única e, para muitos, melhor que a cozinha sofisticada dos chefs de Lima ... além de custar uma fração do preço.

Onde se sai da Panamericana e se entra na Interoceânica Norte, o deserto costeiro entre Lima e Olmos é lindo, com extensas áreas de colinas coloridas. Os Andes estão sempre perto, de modo que o deserto exibe paisagens variadas. Com frequência, a estrada passa pertinho do mar. Impressionam os estreitos e vales costeiros densamente cultivados, que interrompem o deserto. O desgelo dos nevados andinos em consequência das mudanças climáticas aumentou a área, antes desértica, e agora dedicada à agricultura intensiva. Para quem fizer a viagem dirigindo, é preciso atenção, pois, apesar das boas estrada, é preciso aceitar as regras irregulares e um tanto excêntricas próprias da maior parte dos choferes peruanos.


domingo, 2 de março de 2014

Coleção Nahal Mishmar


Um grupo de arqueólogos explorava desfiladeiros e cavernas no deserto da Judeia quando chegou a uma caverna no alto de um penhasco. Será que encontrariam algo valioso, talvez artefatos antigos ou manuscritos como os Rolos do Mar Morto? Para sua surpresa, eles encontraram um verdadeiro tesouro, mais tarde chamado de a Coleção Nahal Mishmar.

Essa coleção foi encontrada em março de 1961. Ela continha mais de 400 objetos, a maioria de cobre, que estavam enrolados numa esteira e escondidos numa fenda. Entre eles havia vários tipos de coroas, cetros, ferramentas, bastões e outras armas. Essa descoberta é interessante para os leitores da Bíblia já que Gênesis 4:22 faz referência a Tubalcaim como “forjador de toda sorte de ferramenta de cobre e de ferro”.

Há muitas perguntas a respeito da origem e da história por trás desse tesouro. No entanto, sua descoberta revela que o processo de extração e fundição de cobre já era bem conhecido nas terras bíblicas na antiguidade.


Minas de cobre na Palestina

Quando os israelitas estavam prestes a entrar em Canaã, Moisés lhes disse que das montanhas dessa terra eles ‘extrairiam cobre’. (Deuteronômio 8:7-9) Arqueólogos encontraram em Israel e na Jordânia muitas minas antigas, como em Feinan, Timna e Khirbat en-Nahas. O que essas minas nos revelam?


A região de Feinan e Timna está cheia de minas superficiais, de onde o cobre foi extraído durante uns 2 mil anos. Mesmo hoje, ainda é possível encontrar fragmentos esverdeados de minério de cobre espalhados pelo solo. Com muito esforço, usando ferramentas feitas de pedra, os mineradores daquela época cortavam a superfície da rocha para extrair o cobre dos veios visíveis. Quando essas fontes se esgotavam, eles faziam escavações mais profundas com ferramentas de metal, abrindo túneis e fendas profundas. No livro bíblico de Jó, encontramos uma descrição desse tipo de mineração. (Jó 28:2-11) Era um trabalho pesado; tanto que, do terceiro ao quinto século E.C, autoridades romanas sentenciavam os piores criminosos a trabalhar nas minas de cobre de Feinan.

  
Em Khirbat en-Nahas (que significa “ruínas de cobre”), foram encontradas grandes quantidades de resíduos minerais, sugerindo que ali a refinação de cobre era feita em escala industrial. Estudiosos acreditam que os minérios levados para lá vinham de minas próximas, como Feinan  e Timna. Para separar o cobre do minério, eram usados foles para aumentar a temperatura do fogo para 1.200°C durante oito a dez horas. Normalmente eram necessários 5 quilos de minério para produzir uma barra de cobre de 1 quilo, que podia ser usada para fabricar vários objetos.

O cobre na antiga Palestina

É possível que os israelitas tivessem algum conhecimento sobre o trabalho com metais antes mesmo de irem para o Egito. Ou pode ser que tenham aprendido esse trabalho enquanto estavam lá. Na época do Êxodo, eles foram capazes de fazer um bezerro de ouro. Também conseguiram fazer objetos usados no tabernáculo — como uma bacia grande, tigelas, panelas, pás e garfos. — Êxodo 32:4.

  
Mais tarde, os israelitas passaram pela região de Punon (hoje provavelmente Feinan), uma área rica em cobre. Moisés fez uma serpente de cobre e ergueu ela numa estaca. O relato diz: “Acontecia que, quando alguma serpente mordia um homem e ele fitava os olhos na serpente de cobre, então ficava vivo.” — Números 21:4-10; 33:43.

O cobre durante o reinado de Salomão

Muitas partes do templo em Jerusalém eram de cobre. O Rei Salomão usou uma grande quantidade de cobre nos acessórios do templo em Jerusalém. A maior parte foi obtida por Davi, seu pai, de suas conquistas na Síria. (1 Crônicas 18:6-8) O “mar de fundição”, a enorme bacia de cobre em que os sacerdotes se lavavam, tinha capacidade para mais de 66 mil litros e pesava cerca de 30 toneladas. (1 Reis 7:23-26, 44-46) Na entrada do templo havia duas enormes colunas de cobre. Elas eram ocas, com quase 2 metros de diâmetro, 8 metros de altura e paredes de mais de 7 centímetros de espessura. Em seu topo havia um capitel de mais de 2 metros de altura. (1 Reis 7:15, 16; 2 Crônicas 4:17) A quantidade de cobre usada apenas nesses objetos deve ter sido impressionante.


 O cobre era também muito usado no dia a dia das pessoas dos tempos bíblicos. Por exemplo, a Bíblia menciona armas, grilhões, portas e instrumentos musicais feitos de cobre. (1 Samuel 17:5, 6; 2 Reis 25:7; 1 Crônicas 15:19; Salmo 107:16) Jesus falou sobre dinheiro de “cobre”, e o apóstolo Paulo mencionou “Alexandre, o latoeiro”, ou seja, um artesão que trabalhava com cobre. — Mateus 10:9; 2 Timóteo 4:14.