sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Psicopatia e a mentira


Texto: Sergio Senna

Quando ministro aulas sobre a mentira, muitas pessoas me perguntam sobre os psicopatas e suas artimanhas para enganar.

Nesse artigo, apresentarei algumas características da psicopatia e introduzirei aspectos sobre a mentira que ocorrem nesse contexto. Em outra postagem veremos a mentira com mais detalhes.

Veremos, ainda, alguns aspectos sobre a psicopatia que podem nos interessar no que diz respeito à mentira e à análise do comportamento não verbal. 


Não estranhe os nomes utilizados na psicologia. Alguns deles têm mais de 150 anos e, àquela época, era muito comum tratar aspectos técnicos com palavras do senso comum. Então, certos conceitos psicológicos, ainda hoje, possuem significados complexos para as mesmas palavras que você conhece e usa na linguagem cotidiana. Trocando em miúdos – alguns nomes são horrorosos.


Se você tem interesse nesses assuntos, procure verificar o significado psicológico dos termos, pois eles, não necessariamente, coincidem com aqueles que as pessoas usam na Língua Portuguesa do dia a dia.

Percebo, ainda, que a preocupação excessiva das pessoas com a psicopatia e com a mentira está relacionada à repercussão das barbaridades cometidas por serial killers. Entretanto, estudos mostram que, na população em geral, as taxas dos transtornos de personalidade podem variar de 0,5% a 3% (APA, 2000; Assadi et al., 2006; Dembo et al., 2007; Elonheimo et al., 2007), lembrando que nem todos os assim chamados sociopatas matam pessoas ou trazem grandes prejuízos para os que os cercam. 


Como se define a psicopatia?

Psicopatia ou sociopatia é a forma popular para denominar o Transtorno de Personalidade Dissocial.

É um transtorno de personalidade descrito no DSM-IV-TR, caracterizado pelo comportamento impulsivo do indivíduo afetado, desprezo por normas sociais, e indiferença aos direitos e sentimentos dos outros.

Na Classificação Internacional de Doenças, recebe a denominação de Transtorno de Personalidade Dissocial (Código: F60.2).  


É um transtorno de personalidade caracterizado por um desprezo das obrigações sociais, falta de empatia para com os outros. Há um desvio considerável entre o comportamento e as normas sociais estabelecidas.

Existe uma baixa tolerância à frustração e um baixo limiar de descarga da agressividade, inclusive da violência. Existe uma tendência a culpar os outros ou a fornecer racionalizações plausíveis (usando ou não a mentira)  para explicar um comportamento que leva o sujeito a entrar em conflito com a sociedade. 


Nos casos extremos, o Transtorno de Personalidade Dissocial é caracterizado principalmente pela ausência de empatia com outros seres vivos, resultando em descaso com o bem estar do outro e sérios prejuízos aos que convivem com eles.

São comuns os relatos de sociopatas que dão conta de uma infância difícil ou de testemunhas que observaram comportamentos excessivamente agressivos e mentira patológica na adolescência. É igualmente comum que essas pessoas não tenham recebido o adequado cuidado familiar, geralmente repetindo os comportamentos violentos e abusivos a que foram submetidos. Com a passagem do tempo, o transtorno tende a se cronificar e pode causar grandes prejuízos à vida do próprio indivíduo e especialmente de quem convive com ele (Kaplan, Sadock & Grebb, 1997). 


Como se chega à conclusão de que alguém é um psicopata?

Pela descrição das características do Transtorno de Personalidade Dissocial, é possível notar a dificuldade de identificar tal transtorno, pois existem muitas situações que são “socialmente” aceitas e que se assemelham ao padrão de comportamento em que há quebra de normas sociais ou algum nível de violência. Além disso, existem outros critérios a considerar como a idade, comorbidades, entre outros que fogem ao propósito informativo desse artigo.

O instrumento auxiliar mais utilizado como guia para um diagnóstico foi desenvolvido por Robert Hare (2003). Vem sendo utilizado no Brasil e foi classificado como teste psicológico (mas, caracteriza-se como uma escala), em 2005, pelo Conselho Federal de Psicologia. Seus critérios diagnósticos abrangem aspectos afetivos, interpessoais e comportamentais em relação ao estilo de vida e às ações antissociais. Cada item é avaliado em uma nota de zero (ausente ou leve), um (moderada) ou dois (grave).  Essa avaliação é realizada por um especialista (não é um questionário respondido pelo próprio sujeito) e se baseia em entrevistas e no histórico disponível sobre a pessoa. A soma total determina o grau de psicopatia de uma pessoa.

Veja alguns dos critérios da escala Hare (PCL-R): Narcisismo agressivo, sedutor ou charme superficial; Grandioso senso de auto-estima; Mentira patológica; Esperteza e Manipulação; Falta de remorso ou culpa; Superficialidade emocional; Insensibilidade / Falta de empatia; Falha em aceitar a responsabilidade por ações próprias; Agressão a animais; Impulsividade; Irresponsabilidade.


Existem “níveis” de psicopatia?

Muitos especialistas sustentam que existem graus de psicopatia. Sob esse ponto de vista, mesmo quando alguém não haja cometido algum crime bárbaro, elementos que caracterizam esse transtorno podem estar presentes. É nesses casos que a identificação da mentira mais nos interessa.

Veja algumas obras que tratam desse tema:

Snakes in Suits - Robert Hare;

Psychopaths of everyday life – Martin Kantor;

Bad boys, bad men – Donald Black;

Mask of Sanity - Hervey Cleckly 


Diversas vezes, em meus 30 anos no mundo do trabalho, me deparei com pessoas assim. Eu percebia que esses indivíduos sentiam um prazer disfarçado no sofrimento alheio. Às vezes, eu não entendia o porquê de estar ocorrendo determinada situação que me oprimia sem nenhuma necessidade. Mentira, manipulação de informações e redução desnecessária de prazos: observava isso com certa frequência.

Então percebi que a razão para esses “ataques” era me colocar em sofrimento, o que servia de contexto de alegria para essas aberrações humanas que viviam para verem os seus semelhantes sofrerem.


Normalmente, as perversidades e a mentira eram “encobertas” por regras, cumprimento de ordens e de determinações superiores, motivo pelo qual não era possível reagir objetivamente.

Aprendi então que a melhor forma de lidar com esses indivíduos doentes era não demonstrar sofrimento. Inicialmente, as maldades aumentavam (o que era esperado). Entretanto, depois de algum tempo eles “largavam do pé” e procuravam outra vítima mais responsiva que satisfizesse mais facilmente os seus desejos em observar o sofrimento.

Em que o Transtorno de Personalidade Dissocial interessa à análise da mentira e do comportamento não verbal?


Um dos principais aspectos que pode interessar a quem estuda a análise do comportamento não verbal é que o sociopata não apresenta o padrão de ansiedade e depressão, que costuma estar presente nos demais indivíduos quando do cometimento de atitudes violentas e da utilização da mentira para enganar ou esconder seus atos socialmente reprováveis.

É importante ressaltar que os indivíduos que desenvolvem esse transtorno não apresentam um déficit em termos de processamento das informações sociais, conseguindo entender e manipular os estados mentais de outras pessoas (e seus comportamentos), ainda que se mostrem indiferentes às emoções que percebem nos outros.

Eles aprendem e desenvolvem técnicas sofisticadas para realizar manipulações voltadas à obtenção de vantagens exclusivamente pessoais e não raras vezes perversas. 


O Cérebro do Psicopata


A psicopatia ou transtorno de personalidade antissocial é um dos transtornos mais devastadores que existem. Seu prejuízo se direciona, sobretudo, aos que estão próximos e que são alvos do psicopata. Seu comportamento caracteriza-se principalmente por uma propensão à desinibição, comportamento impulsivo somado à insensibilidade emocional e não percepção das consequências de seu comportamento sobre outros indivíduos (Checkley, 1941).

Estudos recentes, como os de Leistico (2008) e Walters (2003), revelam que esses indivíduos são altamente reincidentes em seus crimes, comparando com indivíduos sem o transtorno. E isso se reproduz em diversas faixas etárias, inclusive em jovens (Gretton, 2001).


Uma conclusão um tanto pessimista a qual vários estudos vem chegado é que o quadro não é revertido nem atenuado através do engajamento em terapia. Muitas vezes, ainda, os psicopatas podem se valer do discurso aprendido com o terapeuta para incrementar ainda mais suas mentiras e engodos (Garrido, 1995; Seto, 1999).

Isso indica que a necessidade de estudos na área é grande, já que a elucidação do funcionamento e das causas da psicopatia ainda não estão claros o bastante. Nesse panorama, pensando em outros transtornos também, os estudos neurológicos possibilitados pela atual tecnologia vem acrescentando muito ao corpo teórico de psicólogos e psiquiatras.

A biologia do psicopata

Esses estudos vem sugerindo que a psicopatia, de fato, possui um substrato neural caraterístico (Blair, 2006; Kiehl, 2006) e também um forte componente hereditário (Larsson, 2006).

Os estudos do cérebro desses sujeitos antissociais acrescentam muito aos modelos teóricos que explicam o transtorno, mas mesmo com essas evidências, a complexidade delas acaba guiando os estudos a várias conclusões diferentes – e complementares em muitos casos – sobre a sua causa. Entre as inúmeras teorias, destacarei as dos já citados Blair e Kiehl (Para ter um panorama geral dos outros modelos, ver Anderson & Kiehl, 2012).

A participação da amígdala

Blair enfatiza bastante a participação da amígdala no comportamento. Esta é uma estrutura que se localiza no sistema límbico do cérebro, área mais antiga evolutivamente falando e que se relaciona com respostas bem primitivas do organismo, no que tange à sobrevivência.

Como já foi mencionado em outros artigos no Ibralc, o medo é uma emoção intimamente ligada à essa região, relacionando-se às respostas do organismo frente a estímulos ambientais ameaçadores. Também está relacionada à expressão de outras emoções.


Imagem: Amígdalas em vermelho.

Exames de ressonância magnética funcional (fMRI, na sigla em inglês) vêm mostrando que realmente há um funcionamento anormal na hemodinâmica da amígdala (Kiehl, 2001). Ao que tudo indica, a estrutura no cérebro dos psicopatas funciona diferente numa série de situações.

Foi relatado, por exemplo, num estudo, que a amígdala possui uma ativação muito inferior ao nível normal quando esses indivíduos visualizam imagens que indicam violação de regras morais (Harenski, 2010) ou mesmo de imagens chocantes, como amputações (Harenski, 2009).

No que concerne às expressões faciais, o mesmo ocorre. Num estudo de 2009, por exemplo, Dolan demonstrou que, através da fMRI, indivíduos que se encaixam no critério para a psicopatia revelam uma expressão amigdalítica muito mais baixa que a do grupo controle ao observar expressões faciais de medo.

Boccardi (2011) ano passado teve um estudo publicado, no qual encontrou indícios de que essa baixa expressão da estrutura estaria relacionada à reduzidos níveis de massa cinzenta no local; em outras palavras, a região basolateral da estrutura teria um tamanho significativamente diminuído nos indivíduos estudados, o que resultava em déficits em seu funcionamento.

O curioso – e coerente com outros estudos na área – é que o núcleo basolateral é exatamente a área que mantém conexões com o córtex orbitofrontal, no córtex pré-frontal. Estima-se, atualmente, que a interação entre as duas áreas esteja relacionada à “atualização” do reforço de certos comportamentos relacionados à detecção de ameaças (Phelps & LeDoux, 2005).


Imagem: O córtex pré-frontal – O que nos torna humanos.

Outra área que tem destaque na condição da psicopatia é o córtex pré-frontal. Essa região localiza-se bem atrás da nossa testa e olhos, e está relacionada à uma diversidade de comportamentos tipicamente humanos: tomada de decisão, controle de impulsos (e emoções), racionalidade (apesar de não ser somente essa região ativadas nesses momentos) e etc.

Antes de ferramentas de alta tecnologia serem disponibilizadas para experimentos científicos, já cogitava-se fortemente a hipótese de esse local estar relacionado aos comportamentos dos psicopatas pelo fato de lesões resultarem em comportamentos impulsivos semelhantes aos desses indivíduos (Anderson et al, 2000).

Um caso clássico na literatura médica é o do mineiro Phineas Gage, que ao socar uma barra de ferro contra um buraco cheio de pedras e pólvora – era assim que se abriam minas para se explorar metais preciosos e carvão, no século XIX –  teve a ferramenta arremessada contra seu rosto, perfurando um dos olhos e o córtex pre-frontal, consequentemente.


Córtex pré-frontal destacado

A partir desse dia, Gage nunca mais foi o mesmo. De trabalhador exemplar em comportamento, disciplina e eficiência, passou a ser preguiçoso, relaxado, desbocado e desrespeitoso. Na vida conjugal, de marido fiel e atencioso, virou um relapso parceiro, que traía a esposa e dava em cima de todas as mulheres que via.

Podemos dizer com alto grau de certeza que a lesão prejudicou a capacidade de inibir impulso, tornando o homem alguém totalmente diferente do que era antes. E é exatamente esse o comportamento típico dos psicopatas, apesar de haver um espectro nos níveis de falta de controle sobre os impulsos, claro.

De forma muito interessante, um estudo Koenigs e seus colegas, em 2007, revelou que uma área específica do córtex pré-frontal está especialmente afetada no transtorno: a porção ventromedial. Essa região, segundo o estudo, está relacionada com as decisões morais utilitaristas (Bentham, 2004).  

De forma simplificada, essa filosofia moral baseia-se na princípio de que qualquer ato moral deve ser definido como tal baseado na consequência do mesmo, isto é, sacrificando um em nome de dois, por exemplo. E essa moralidade fria e calculista está bem presente na mentalidade dos psicopatas, bem mais racionais que “emotivos”, digamos assim.

A psicopatia e a dissociação entre as realidades


Como BTK conseguiu durantetanto tempo ficar incognito na sociedade? Simples: o mesmo não passava, aparentemente, de mais um morador, pai de família, religioso e socialmente agradável, entretanto, como alguém aparentemente sem empatia pelo próximo, consegue criar este tipo de estrutura social? Talvez esta estrutura fizesse parte de sua “camuflagem”.

Segundo Ilana Casoy, “para parecer um ser humano normal e misturar-se às outras pessoas, o serial killer desenvolve uma personalidade para consumo externo, ou seja, um fino verniz de personalidade completamente dissociado do seu comportamento violento e criminoso. A dissociação não é anormal, todos nós temos um comportamento social mais “controlado” do que aquele que temos com nossos familiares mais íntimos.”

Entretanto, para os psicopatas, esta dissociação entre a realidade e suas fantasias é bem mais ampla. Interessante trazer uma narrativa encontrada no livro “Meu vizinho é um psicopata”, da Martha  Stout, Ph.D., em seu capítulo 4, onde a mesma narra a história de uma psicóloga, de 34 anos, bonita, bem vestida e que dirigia uma BMW, e que era extremamente querida no hospital em que trabalhava, mas que escondia uma outra faceta: menosprezava seus colegas de trabalho e manipulava todos ao seu favor.

Como se isto não bastasse, a mesma sabotou o trabalho de uma colega psicóloga, que após um longo tratamento de um paciente paranoico ( o qual pensamentos aterradores o assaltavam ), teve uma brusca recaída após ser informado que sua psicologa de confiança o deixaria, e que o mesmo seria tratado por outro profissional. Toda esta movimentação foi feita apenas para sabotar o trabalho de sucesso da “colega”, pois o paciente era filho de alguém influente dentro do hospital, e que com certeza, um bom tratamento traria frutos para o hospital, bem como para a psicóloga.

Após inúmeras “sabotagens”, descobriram que a tal psicologa não tinha registro e muito menos diploma de doutorado como alegava, apenas o fato de que aos 22 anos formou-se em psicologia em sua cidade natal. Observem então que nem todos os casos de psicopatia estão associados à crimes em série, mas à satisfação por menorizar o próximo, efetuar crimes financeiros – vide caso Bernard Madoff  e sua pirâmide financeira – e torna-se usurpador da vida alheia, tudo isto apenas por puro prazer.

Como os psicopatas estão presentes no nosso cotidiado?

Déborah Pimentel, em seu artigo “A psicopatia da vida cotidiana”, nos informa que “nem sempre os psicopatas são identificados, depende muito do grau de psicopatia, se baixa, moderada ou grave. Muitas vezes, convive-se com eles no cotidiano, pois nem todos se transformam em marginais ou assassinos, e levam uma vida aparentemente normal, exercendo seu grande poder de sedução, manipulando, traindo, tirando vantagens e fragilizando os mais vulneráveis, em relacionamentos predatórios com quem cruzam pelo caminho e que podem tornar-se presas fáceis do seu gozo perverso”.

Interessante a colocação de Renato Sabbatini e Silvia Helena Cardoso, em seu artigo “Sociopatas: Predadores Humanos”, os quais dizem que: “Os sociopatas tem problemas legais e criminais, frequentemente manipulam os outros em proveito próprio, dificilmente mantém um emprego ou um casamento por muito tempo, eles têm inteligência normal ou acima do normal e, em geral, não tem nenhuma ansiedade, depressão, alucinações ou outros sintomas e sinais indicativos de neurose, pensamento irracional ou doença mental.”

Enfim, os psicopatas estão aí, sabem o que estão fazendo, mas não sentem nenhum tipo de culpa, mesmo distinguindo o que é certo e errado.

 Inimigo intimo.

Psicopatia e o Caso BTK


Em 1974 Dennis Rader, um tranquilo funcionário público municipal, iniciava uma carreira assustadora de assassinatos em série. Auto-intitulado BTK (Bind-Torture-Kill) que quer dizer “Subjulgar-Torturar-Matar”, o assassino desafiava as autoridades policiais com pistas e cartas endereçadas à mídia, além de reivindicar autorias de crimes e criar uma atmosfera de terror e medo na pequena Winchita, criando um jogo (termo muitas vezes descrito pelos próprios investigadores, conforme vídeo a seguir) de gato e rato com a polícia. 


Mais velho de todos os irmãos e filho de William Elvin Rader e Dorothea Mae Cook. Quando criança, costumava torturar animais. Em 1957, foi confirmado como membro – e lider – da Igreja Lutherana. Casou-se com Paula Dietz e teve dois filhos. Se graduou como Bacharel em Administração.

Pode ter matado pelo menos 10 pessoas e fazia de seus crimes verdadeiras alegorias de crueldade e loucura. Ele mandava muitas cartas à policia e meios de comunicação pública, dizendo como eram seus crimes e como os fazia, descrevendo-os friamente: demonstrando uma estrutura extremamente narcisista e seu prazer pelo “jogo” com as autoridades policiais.

Pausa temporária nos crimes.

Depois de 1991 seus crimes cessaram, não se sabe a razão de Rader ter parado de matar a partir desta data, ele começou a trabalhar como “Homem da Carrocinha” e usava armas com tranquilizantes para pegar os cachorros das ruas, inclusive se envolvendo em alguns problemas com donos de alguns cachorros que sumiram de certas residências. Dennis Rader foi preso em 26 de fevereiro de 2005, pelo Chefe de Polícia de Winchita, Norman Willians, quando, friamente e sem arrependimentos, assumiu ser BTK.

Previna-se contra psicopatas


Seria possível anteciparmos a ameaça de um psicopata? Isto é, poderíamos saber que se trata de um desses predadores sociais antes que eles mostrem suas garras?

Os filmes e a literatura sobre o assunto nos mostram que os indivíduos portadores de traços de personalidade antissocial costumam ser muito sedutores à primeira vista. Rapidamente eles atraem a atenção e engambelam os outros em seus planos que só visam beneficiar a si mesmos.

O sofrimento resultante disso, claro, é muito grande, tanto pelo fato de suas vítimas descobrirem a enganação quanto pelos próprios danos diretamente causados, que podem ser relacionados a falsificações, roubos ou até mesmo morte.

Por isso, técnicas que possibilitassem a todos terem noções básicas e eficientes de como identificar um psicopata antes que ele causasse danos irreparáveis teriam enorme valor. Desse modo, resolvi buscar em pelo menos uma base de dados (diretórios onde podemos pesquisar por artigos científicos) sobre a existência de estudos relacionados a esse tema.

Achei apenas um, do ano passado (2011), feito por Nicholas S. Holtzman, da Washington University. O pesquisador trabalhou não só com psicopatia, mas com dois outros tipos de personalidade: narcisista e maquiavélica.

Tentativas de prevenção

A pergunta feita no início do texto não é muito original, pois vários estudos parecem ter empreendido esforços nessa direção (Back et al. 2010; Fowler, Lilienfeld & Patrick, 2009). Todavia, o ponto fraco desses estudos é que todos se focaram na vestimenta dos indivíduos testados.

 As roupas, por serem um traço estilístico muito manipulável e mutável, acabam não sendo um indicador tão eficiente dos traços de personalidade. Assim, o ideal seria ter algum que fosse mais difícil de ser burlado. E, como você já deve estar desconfiando, um dos melhores que podemos pensar são as expressões faciais.

 Um melhor indicador

O artigo se refere, mais especificamente, à estrutura craniofacial, que pode trazer preciosas informações sobre esses três tipos de personalidade. E essa tríade possui algumas características fundamentais em comum, que podem ser medidas, como o hábito de manipular os outros e usá-los com fins exploradores.

 Distinções-chave também ocorrem: maquiavélicos são mais introvertidos e causadores de intrigas, narcisistas costumam ser mais egoístas e psicopatas são mais imprudentes e exibem tendências a cometer crimes. Apesar desses elementos, as semelhanças torna coerente a abordagem dessa tríade de forma unida no estudo.


Metodologia

Resumidamente, a metodologia usou dois tipos de abordagem. A primeira foi o uso de diversos questionários para avaliar os traços desses três tipos de personalidade. O segundo – o que também foi apontado como uma inovação desse estudo – foi o relatório por pares (peer-report), em que os voluntários da primeira amostra, eram incumbidos de recrutarem por e-mail outras pessoas para o experimento. Os indivíduos recrutados também respondiam a uma série de perguntas que tinham o mesmo fim das da primeira fase (para mais detalhes, consulte o artigo como na referência no fim do texto).

 Várias fotos eram tiradas desses voluntários, que apresentavam face neutra. A partir daí, elas eram separadas de acordo com o estereótipo de face atribuído a cada personalidade em estudo anterior (Penton-Voak, Pound, Little & Perrettm 2006). Não ficou claro no artigo se as fotos eram manipuladas de alguma forma para que a estrutura craniofacial ficasse mais perto do que era desejado em cada caso.

Um resgate do século XIX?
Pode ser que o leitor possa ter feito alguma relação com antigas disciplinas do século XIX e início do XX, como a Frenologia e com os estudos do italiano Cesare Lombroso.

Resumidamente, na abordagem da frenologia acreditava-se que cada área cerebral seria responsável por uma característica da personalidade. E isso levou à crença de que era possível avaliar mesmo realizar um teste e montar um perfil do indivíduo, baseando-se nas ondulações do crânio. Essa relação era possível para alguns estudiosos da época porque acreditava-se que quanto mais de determinada característica uma pessoa tivesse, mais aquela área cerebral crescia. E esse crescimento do tecido cerebral empurraria o crânio, produzindo os “calombos”. Tal abordagem foi muito criticada na época mesmo, pois muitos neurologistas não viam como um tecido tão frágil como o cerebral poderia empurrar um osso tão resistente quanto o crânio. Mas mesmo assim, por razões mais socio-culturais do que científicas mesmo, a idéia ficou bem famosa.

Outro elemento poderoso foi a abordagem de Lombroso. O italiano acreditava que através da anatomia poderíamos conhecer a personalidade das pessoas. Assim, popularizou-se a anatomia do assassino, por exemplo, em que supercilhos grandes, face angulosa e queixo pronunciado, por exemplo, era sinal de agressividade.

Tais conhecimentos hoje se provaram incorretos, então, caso o leitor faça alguma relação entre esses estudos antigos e o usado como base deste texto, saiba que não é o caso. O presente estudo é pioneiro e no próprio artigo é dito que para que ele seja levado mais à sério pela comunidade científica, é preciso que ele seja replicado por outros pesquisadores e etc.

E a Fisiognomia?
Em relação à essa técnica, não existe muitos comentários a serem acrescentados. Um dos principais aspectos que distinguem-na do estudo de Nicholas S. Holtzman é que essa disciplina não é uma ciência. A ausência da aplicação desse método faz com que ela seja relacionada Muitas vezes à astrologia e outras atividades sem o crivo científico. E, de fato, ela guarda algumas semelhanças, como sua origem milenar e tentativa de observação holística do ser humano. O holismo ttenta analisar o ser humano em seu aspecto global, sem que haja o reducionismo tipicamente científico. Porém, esse reducionismo é necessário ao se querer analisar um fenômeno e elaborar meios para testar as conclusões de tal estudo. Sem isso, temos resultados indesejáveis numa pesquisa, como o seguimento de determinada interpretação com base em argumentos de autoridade como o de “é uma técnica milenar” ou “ah isso foi dito por tal pessoa importante”.

Muitas vezes – e isso vale para fisiognomia, astrologia, grafologia, tarô e até mesmo, dizem alguns, para algumas técnicas projetivas e expressivas da psicologia – um mesmo elemento é interpretado de modos diferentes por dois especialistas. Links sobre a fisiognomia: Entrevista no Programa do Jô   e um site sobre o assunto.

Recomendo a leitura do artigo O estudo da linguagem corporal é uma ciência? para quem se interessar mais por essa história de se alguma coisa é ciência ou não.

O resultado e além

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

NARCOTRÁFICO: A Nova Guerra do Ópio ou George Soros e o Império Britânico pela legalização das drogas.


O aparato internacional em prol da legalização das drogas, patrocinado e financiado por George Soros, acelerou a marcha para impor à América Latina a política do império britânico de descriminalização e legalização das drogas, alegando que "fracassou" a guerra contra o narcotráfico, e que se necessita de um novo "paradigma contra a proibição".
(EIR) - Já no México, o Conselho de Coordenação Política da Câmara de Deputados aprovou com unanimidade a proposta do deputado Fernando Belaunzarán do PRD, para levar adiante um "debate nacional" sobre a legalização da maconha. Entre os meses de maio e agosto de 2013, a Câmara de Deputados realizará audiências sobre esse tema e convidará a participar um grande número de "especialistas" de todas as partes do país.

De modo mais amplo, a IV Conferência Latino-americana de Política sobre as Drogas, sediada em Bogotá, Colômbia, de 5 a 6 de dezembro, teve como principal patrocinador a Open Society Institute de George Soros, e trouxe organizações não-governamentais (ONGs) e as organizações da "sociedade civil" de diversos lugares do hemisfério para que promovam a legalização das drogas. O homem de Tony Blair na Colômbia, o presidente Juan Manuel Santos, animou aos participantes do evento lançando a ideia de que é necessário um paradigma "anti-proibição", supostamente para reduzir as mortes e a violência causada, segundo ele, pela guerra contra o narcotráfico.

Todo esse debate vai direto ao núcleo da política de genocídio e despovoamento da rainha britânica: destruindo a mente humana - especialmente as mentes dos jovens - argumentando que as sociedades "democráticas" só podem desenvolver-se quando "se respeita" o direito de pessoas de destruir o seu potencial criativo como se fosse uma questão de "direitos humanos". Como levantou o líder de uma organização não-governamental colombiana, "é impossível conceber um mundo sem drogas" e, portanto, o Estado deve garantir que o seu consumo "seja o menos prejudicial possível." A abstinência não é uma opção, somente a "redução de danos" é a opção.

Entre aqueles que "convocaram" esta reunião há todo um rebanho de instituições financiadas por Soros: a Aliança para a Política de Drogas, o Escritório de Washington sobre a América Latina (que é favorável às drogas) e do Instituto Transnacional. Mas a conferência também arrastou grupos, tais como a instituição de caridade católica Caritas Alemanha, a Federação Internacional das Universidades Católicas (FIUC sua sigla em Inglês), e da Organização Pan-Americana da Saúde, entre outros. O bem conhecido grupo de choque de Soros, a Associação Cívica de Intercâmbios da Argentina, foi um dos principais organizadores.

Uma das estrelas do evento foi o ministro das Relações Exteriores da Guatemala, Edgar Gutiérrez Girón, que agora é o enviado especial para a política de drogas da Organização dos Estados Americanos (OEA), e que está promovendo a política para legalizar o tráfico de drogas que propõe seu presidente, Otto Perez Molina. Cabe ressaltar que o carro-chefe da monarquia britânica, da Fundação Beckley, escolheu Guatemala como a única sede estrangeira baseado de sua fundação fora da Inglaterra, obviamente, para melhor coordenar a política de legalização das drogas de Otto Perez Molina. Seus escritórios na Guatemala começaram a operar no verão de 2012.

Victor Ivanov: bancos globais precisam mais de drogas do que os carteis de drogas.

17 de dezembro de 2012 - O chefe da Agência Federal de Controle de drogas da Rússia, Victor Ivanov, que se realizou na semana passada uma visita de três dias a Boston, Massachusetts, durante a 7 ª Sessão do Grupo de Trabalho sobre Controle de Drogas ilegais, que opera sob a comissão presidencial bilateral EUA-Rússia. Em um discurso público que deu após a reunião e, em resposta a uma pergunta de EIR, Ivanov apresentou seu argumento devastador apontando que o "beneficiário final" do narcotráfico que mata milhões de pessoas todos os anos é o sistema bancário internacional, que busca voraz por liquidez.

A reunião do Grupo de Trabalho foi realizada na Biblioteca Presidencial John F. Kennedy, e foi presidida pelo Ivanov, e seu colega dos EUA, o diretor do Instituto Nacional de Controle de Drogas, Gil Kerlikowske. De acordo com o portal eletrônico AFCD, entre autoridades russas que participaram do evento esteve o primeiro vice-diretor do Rosfinmonitoring, a agência russa responsável por monitorar transações financeiras. O programa da reunião incluiu o narcotráfico como tal, as medidas para reduzir a demanda, o combate à lavagem de dinheiro de drogas e a promoção virtual de entorpecentes. A onda recente de medidas a favor da legalização nos EUA não foi contemplada oficialmente no programa, embora Ivanov falasse sobre a influência de "novos modelos de quase-cultura de drogas." Ivanov citou várias operações conjuntas bem sucedidas entre a AFCD e a Agência Antidrogas dos EUA (DEA, por sua sigla em Inglês) com as forças anti-drogas no Afeganistão entre 2010 e 2012 como exemplos da importância da cooperação internacional no combate ao narcotráfico.

Na quarta-feira dia 12, Ivanov e Kerlikowske lideraram uma reunião pública com o tema "Drogas e Segurança", realizada no Centro Belfer da Universidade de Harvard.

Em seu discurso, Ivanov disse que "o mundo inteiro está coberto de rotas de tráfico de drogas e de infra-estrutura logística para a transferência e venda". A matéria-prima da droga é produzida em alguns países, mas no tráfego de várias há dezenas de países envolvidos. No mundo de hoje, disse ele, "qualquer processo social pode ser visto longe do fluxo de drogas, nem os políticos, militares e até mesmo os culturais, porque estão sendo constantemente desenvolvidos modelos quase-culturais a favor das drogas".

Ivanov mencionou casos mais escandalosos de lavagem de narco-dinheiro, do banco Wachovia e HSBC, e mostrou a sua agora famosa apresentação de slides sobre a enorme bolha financeira que está esmagando a economia real. Aqui enfatizou que os bancos internacionais necessitam dos fluxos criminais do dinheiro do narcotráfico mais que os carteis necessitam dos bancos.

Victor Ivanov explicou esta idéia, em resposta a uma pergunta de Myles Robinson e a Executive Intelligence Review, sobre o tráfico de drogas como a realização do sistema financeiro. Ivanov disse:

"Se vemos o componente financeiro dos crimes do tráfico de drogas, há, de fato, diversas áreas. Considere um país produtor, Afeganistão. Produz heroína vendida em mercados estrangeiros estimados em cerca de US$ 100 bilhões por ano. Não mais que cerca de US$ 4 bi permanece no Afeganistão, enquanto o resto representa vendas externas. Agricultores no Afeganistão recebem cerca de US$ 1,5 bilhões. O Talibã leva cerca de US$ 150 milhões. Todo o resto é vendido nos países de distribuição ou nos países de trânsito, mas o resultado é que o beneficiário final é o sistema bancário global. Todo esse dinheiro não fica dormindo debaixo do travesseiro de alguém, ele vai para o sistema bancário.”

"Se vemos uma pirâmide que mostra a distribuição do fluxo de narcóticos, podemos ver que no nível da distribuição têm uma vasta camada, em seguida, o trânsito regional envolvendo os cartéis de drogas, e acima são os fluxos globais de drogas. Considerando a distribuição de dinheiro envolvido, temos exatamente as proporcionalidades para ao contrário. A pirâmide se volta de ponta cabeça. Aqui você pode ver que a menor parte do dinheiro permanece no Afeganistão e então acima estão se multiplicando esse dinheiro de origem criminosa."

"Assim, o produtor, que recebe uma quantidade relativamente pequena de dinheiro, organiza essencialmente instabilidade do processo de exportação, o dinheiro do crime e crescimento do próprio crime organizado. Se a comunidade global está preocupada com o que acontece, mas não concentra seus esforços aqui no ponto da pirâmide, mas aqui [onde é global], então nós temos que ver que isso representa uma enorme sombra projetada em uma grande região do mundo, e é claro que é extremamente difícil eliminar este problema. Mas, se desde o início, focamos nossos esforços em direção ao centro da questão [apontando para a área de produção], em ovos de pato Koshchey o imortal [um monstro de histórias infantis russas que só pode ser morto entrando em sua "morte", que reside em uma agulha no ovo de um pato] e agarrá-lo e esmagá-lo, então nos libertaremos por completo do dinheiro do crime."

"No entanto, estamos trabalhando em todas as áreas ao mesmo tempo. E, no mesmo sentido, há também a questão de interceptar os fluxos de dinheiro e capturar os criminosos seguindo o rastro do dinheiro através do sistema bancário, que circula e se lava. Mas esta é uma tarefa trabalhosa, porque o nível de capturas não é superior a 1% do dinheiro que é lavado. Isso tem a ver tanto com o sigilo bancário e da forma como está organizada em torno do sistema financeiro. Assim estamos trabalhando muito estreitamente com os nossos parceiros americanos, o que nos permite compreender aspectos específicos das fases de lavagem de dinheiro, e tentar perseguir de forma mais eficaz".

Os britânicos lançam uma nova onda de propaganda a favor das drogas

08 de dezembro de 2012 - A Condessa de Wemyss e March (Amanda Feilding), George Soros, e o não tão virgem bilionário Sir Richard Branson - patrocinaram um filme intitulado "Quebrando o Tabu", que Branson espera que fará pela legalização da drogas em geral que o aquecimento global pelo filme de Al Gore, "Uma Verdade Inconveniente", ou seja, atrelar a opinião popular por trás de uma mentira que leva à morte da massa espécie humana. (NdT: os articuladores da NOM parecem interessados em pseudo-soluções ao problema de aquecimento, o que acaba levando muitos a aceitar a hipótese negacionista, outra ala da mesma propaganda).

O filme de uma hora, produzida pelo filho de Branson para distribuir  no Youtube, com um site e uma petição em favor da legalização das drogas patrocinada pela Fundação Beckley - a senhora do "trepanação" Feilding, o consumidora LSD - se apresentou pela primeira vez em Londres em 05 de dezembro, e na noite seguinte se apresentaou na sede do Google em Nova York. Sua intenção manifesta e forçar os governos em todo o mundo a parar a guerra às drogas, e em vez disso se tornem parte do tráfico de drogas no Império Britânico, sob o nome sofista de "regulação" da produção, do tráfico e no consumo de drogas.

O filme é apoiado por polidas retóricas de agentes britânicos nas guerras culturais ao longo de décadas, e foi construído em torno de impacto tão incrível e esmagador que um "grupo de líderes mundiais" está pedindo publicamente aos governos para acabar com a guerra às drogas e, para participar do programa do Império Britânico. Esse "grupo" consiste simplesmente dos presidentes e outros "notáveis" que formaram a comissão para a reforma da política de drogas, financiado e dirigido pelo britânico traficante especulador George Soros. Dois presidentes, por sua vez se juntaram a eles, em primeiro lugar, o Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, um discípulo orgulhoso de seu bom amigo e conselheiro de Tony Blair, e o presidente da Guatemala Otto Perez Molina, controlado pela condessa Feilding.

A propaganda da Beckley Foundation destaca que o presidente Bill Clinton também se juntou a esta campanha. Em uma entrevista para o filme, Clinton renegou uma decisão importante que ele tomou como presidente, de rechaçar o acordo de Wall Street para legalizar o cartel de drogas das FARC - que foi negociado em junho de 1999 por Richard Grasso, presidente da Bolsa de Valores em Nova York, com o apoio de Madeleine Albright no Departamento de Estado - e em vez do governo proporcionar ao governo da Colômbia o apoio necessário para recuperar o controle soberano de seu país, que estava nas mãos de traficantes de drogas. O "Plano Colômbia", adotado por Clinton, que agora ele afirma que não funcionou, salvou a desintegração iminente que Colômbia a enfrentava.

Rússia, e em particular, Victor Ivanov, diretor anti-drogas, observou no filme como a mosca na sopa da debandada global de drogas, por causa da pressão que se faz para os Estados Unidos e outras potências ocidentais adotem uma posição dura sobre a política de drogas como a chave para ajudar o Afeganistão. Ivanov disse em uma entrevista que está incluída no filme, as potências ocidentais, juntamente com a Rússia, devem emular o programa de sucesso do Plano Colômbia. Esta pressão da Rússia, que foi tomada com apreço por sectores-chave dentro das Forças Armadas dos EUA, enfurece os produtores do filme, em que oficiais do Exército britânico tinham sido enviados ao Afeganistão, denunciam irritados a mera menção em atacar o comércio de ópio.

A condessa britânica é a promotora de drogas para a rainha

A edição de domingo do jornal londrino The Observer publicou em 25/11/2012 uma generosa reportagem para promover a condessa britânica, Amanda Feilding, que lidera a campanha mundial para a legalização das drogas, sobre os ombros de outros agentes da coroa como George Soros. Feilding, condessa de Wemyss e march, é o fundador da Fundação Beckley, uma instituição britânica de "caridade" (sic) dedicada à legalização das drogas, cujo papel na campanha da monarquia britânica foi lançado na edição da revista EIR de 05 de setembro de 2008, " British Oligarchs Run Soros Addiction Drive" (Oligarcas britânicos dirigem a campanha de Soros pelo vício) e novamente identificado na EIR edição de 16 de novembro de 2012, no artigo intitulado "British Empire's Policy: Obama Victory Sweeps In Drug Legalization” (Política do Império Britânico: A vitória de Obama abraça a legalização das drogas).

A Arca da Aliança - Perdida ou Escondida?


De acordo com a Bíblia, a arca da aliança possuía fortes poderes e continha os dez mandamentos e outros artefatos, como o cajado de Arão que floreceu e o maná que caia dos céus. Poderia uma tribo de refugiados do Egito, vagando pelo deserto, ter construído uma arca tão elaborada com seus lindos trabalhos em ouro e madeira? E quanto aos seus poderes, porque os Israelitas sempre a levava em combate? E se essa arca poderosa existiu, onde ela está agora? Se ela foi encontrada, o que nos espera quando sua tampa for aberta? Sua idade é de pelo menos 3.500 anos.

Os Prós e os Contras

Segundo o Dr. Michael Chandler, "ela é uma ficção, como a sua busca em Indiana- Jones e os caçadores da Arca Perdida.", porém, já o Doutor, Escritor e Arqueólogo Grant Jeffrey "existem provas arqueológicas e históricas, que a Arca da Aliança existe examente como descritas no Êxodo e na Bíblia." O professor de Ciências Antigas Jordan Maxwell diz que "A arca de Noé (não seria a 'Arca da Aliança'?), se é que ela existiu, que estava no templo de Salomão em Jesrusalém, em 586 a.C. quando o templo foi destruído, tenha sobrevivido de alguma forma. E se existiu, já está perdida a muito tempo, e pelo fato de ter ouro ela deve ter sido desmontada".

A Arca, ela existiu?

Segudo o Dr. J. Randall Price, autor do livro "Ready to Rebuild the Temple" diz que "existem evidências documentadas apoiando a existência do Rei Salomão e da renomada arca da Aliança de Israel." Mas será que havia a tecnologia necessária para a construção da arca? Certamente sim. A Bíblia nos diz que o povo de Israel quando saiu do Egito, levou consigo os pertences, ídolos de ouro, do Egito, pois até hoje, o ouro vale muito. Mas de onde saiu a idéia de uma arca para colocar os objetos sagrados? Na minha viagem ao Egito, que aconteceu em Julho de 2008, fui ao Museu Egípcio do Cairo, e vi a arca de Anúbis, que era quase igual a arca bíblica da aliança, transportada por varais e quase sempre recoberta por ouro por dentro e por fora. A única diferença é que em vez de dois querubins em cima da arca, ficava uma estátua do deus egípcio Anúbis. A função era quase a mesma levar e guardar em seu interior objetos sagrados de seu deus. Essa arca foi descoberta anos depois de Moisés no Egito. Na tumba de Tucancâmon. Provavelmente, pela estadia dos judeus por mais de 300 anos no egito como escravos tenham influenciado a cultura do País.

Onde ela está?

Com a recente descoberta do palácio da rainha de sabá em Aksum, norte da Etiópia, um antigo tópico arqueológico voltou à tona: Onde está a arca da alinça? Para Helmut Ziegert, arqueólogo alemão responsável pela descoberta, há grande probabilidade de esse edifício ter abrigado o utensílio mais sagrado do santuário israelita.
Uma tradição entre os etíopes afirma que devido a seu valor sentimental com a rainha de Sabá, Salomão a teria presenteado com o objeto. Ziegert encontrou um altar no palácio que o levou a supor que a arca deve ter ficado um tempo por ali. Essa informação não recebe nenhum apoio bíblico. Toda a hipótese repousa apenas na suposta credibilidade da tradição etíope.
Agora segundo os Etíopes, ela está na igreja de Santa Maria, onde só os poderosos entram, como a rainha Elizabeth II. Provavelmente seja um objeto parecido com a arca da alinça, mas provavelmente não é.Outra probabilidade é sugerida no filme "Indiana-Jones e os caçadores da Arca Perdida" e que segundo Steven Spielberg, ela estaria em Tânis. Ela teria chegado lá graças ao faraó Sheshonk, o Sisaque de 2 Crônicas 12:2), que numa campanha para encher os cofres egípcios que estavam vazios foi até Jerusalém e saqueou a cidade por volta de 925 a. C. Porém, se a arca estivesse de fato em mãos estrangeiras, seríamos informados pelo texto bíblico, como é o caso em 1 Samuel 4, quando ela foi capturada pelos filisteus.

Como pensavam os kamikazes

Nem fanáticos, nem voluntários - os jovens pilotos suicidas japoneses foram vítimas da hierarquia militar e de um projeto tão ousado quanto estúpido para tentar reverter uma invasão que não chegou a acontecer.


Após quase quatro horas no ar, a pequena esquadrilha de cinco Mitsubishi A6M Zero avistou navios norte-americanos próximos à Ilha de Samar, nas Filipinas. Pelo rádio, o tenente Yukio Seki anunciou aos oficiais em terra: "Melhor morrer que viver como um covarde". Os aviões se dividiram em direção aos navios, descendo a até poucos metros acima do mar para evitar o fogo antiaéreo. Seki e outro piloto tentaram um ataque ao porta-aviões USS White Plains. Atingidos, o parceiro caiu no mar e o líder saiu soltando fumaça, desviando rumo ao USS St. Lo, outro porta-aviões. Eram 10h47 de 25 de outubro de 1944 quando o avião de Seki se desintegrou no convés do St. Lo. O caos tomou conta: uma série de explosões estremeceu o navio de 156 m. Os feridos foram primeiro baixados com cordas ao mar, depois simplesmente atirados do convés. Em 30 minutos, o incêndio atingiu o paiol principal e o porta-aviões sofreu uma explosão catastrófica, indo a pique. Ao preço de um piloto japonês, morreram 140 americanos.


Nem pelo Japão, nem pelo Imperador.

Nove dias antes, o vice-almirante Takijiro Onishi, velho aviador naval que havia se oposto ao ataque a Pearl Harbor, convocou uma reunião de oficiais. Como comandante da Primeira Frota Aérea da Marinha Imperial Japonesa, anunciou seus planos de defesa: "Só existe uma forma como nossa força minúscula será eficiente num grau máximo. É organizar unidades de ataque suicida compostas de caças A6M Zero armados com bombas de 250 kg, com cada avião devendo colidir num mergulho contra um porta-aviões inimigo... O que vocês acham?"

Os militares conheciam bem a gravidade da situação. Na Batalha do Mar das Filipinas pela posse das Ilhas Marianas, em apenas dois dias, 19 e 20 de junho de 1944, os japoneses perderam cerca de 600 aviões, num episódio que ficou conhecido entre os pilotos americanos pelo sarcástico título de Great Marianas Turkey Shoot, a "Grande Caçada ao Peru das Marianas". Quando os japoneses começaram a guerra em Pearl Harbor, em dezembro de 1941, os Mitsubishi AM6 Zero eram um grande desafio aos norte-americanos, por serem mais ágeis e manobráveis. A introdução do F6F Hellcat, em 1943, muito superior ao Zero ou qualquer outro avião japonês, além do uso de radar, novidades táticas e simples vantagem numérica, fruto de uma indústria intacta, destruíram qualquer chance de os japoneses disputarem o domínio aéreo dos EUA. Na Batalha de Formosa, entre 10 e 20 de outubro de 1944, os japoneses perderam mais 500 aviões. "Quando Onishi chegou às Filipinas, descobriu que tinha menos de 100 aviões operacionais", afirma David Sears em At War with the Wind (sem tradução). Sears descreveu o que se passou a seguir na reunião: "Ali estava a oportunidade de apagar a vergonha. Sacrificar um piloto e um avião pela destruição de um navio com uma equipe de 3 mil homens e mais de 50 aviões. Ainda que o estado de espírito entre a plateia de Onishi provavelmente variasse entre entusiasmo feroz, resignação estoica e puro terror, os que finalmente falaram pediram para organizar as forças eles mesmos". Os oficiais fizeram os preparativos, mas nenhum foi voluntário. Coube ao tenente Seki, um instrutor de voo, liderar o primeiro ataque. Daí a provocação em suas palavras: seus superiores eram os covardes que ficaram vivos.

Não foi a única rebeldia do primeiro kamikaze. O tenente foi entrevistado pelo jornalista Onoda Masahi, em preparação para a avalanche de propaganda oficial que se seguiria. Masahi planejava incluir em seu texto o lado humano dos pilotos, e conseguiu: "Se é uma ordem, eu vou. Mas não irei morrer pelo imperador ou pelo Império Japonês. Vou morrer por minha amada esposa. Se o Japão perder, ela pode acabar estuprada pelos norte-americanos. Estou morrendo por quem mais amo, para protegê-la", afirmou Seki, que foi além. "O futuro do Japão é sombrio quando se é obrigado a matar um de seus melhores pilotos." Obviamente, nada disso foi publicado pela imprensa japonesa. O tenente e o resto de sua esquadrilha ganharam placas comemorativas no santuário de Yasukini, o que os tornava, dentro do xintoísmo oficial do Estado, espíritos guardiães da pátria, semideuses honrados pela visita do imperador duas vezes por ano - assim como todos os outros 3 843 pilotos que se seguiriam a eles. Não há consenso sobre o número exato de pilotos suicidas, estes são de Kyomi Morioka, da Universidade de Tóquio. O santuário lista 5 843.


A cultura da morte e seus descontentes

O bushidô, o caminho do samurai, sempre foi um componente importante da cultura japonesa, codificado em clássicos do Período Tokugawa (1603-1867) como Hagakure, de Yamamoto Tsunemono e O Livro dos Cinco Anéis, de Miyamoto Musashi. Mas seus ensinamentos se destinavam, um tanto obviamente, aos samurais - categoria que foi extinta no início da Era Meiji (1868-1912). Em 1899, o economista, diplomata e escritor Inazo Nitobe lançou, em inglês, Bushido: The Soul of Japan (sem tradução no Brasil). Destinado a apresentar o Japão ao mundo, quando traduzido para o japonês tornou-se a maior expressão do novo regime. Nitobe, cristão que havia estudado nos EUA, transformou o que eram ideais de uma classe guerreira na ideologia de um Estado militarista, que assumiria feições claramente fascistas nos anos 20.

É de imaginar que Seki não gostaria de saber que sua imagem destemida, reproduzida em inúmeros artigos de jornal e peças de propaganda, serviria para promover tal ideologia, a senha para o suicídio de milhares de compatriotas. Muitos kamikazes eram adeptos convictos do culto à morte promovido pelo Estado. Mas a relutância irreverente de Seki estava longe de ser raridade. Em entrevista a AVENTURAS NA HISTÓRIA, em 2008, o sobrevivente Tokio Mao mostrou suas próprias razões: "Não, nada de glória ao imperador. Era acabar com a guerra. E ter uma morte com honra!" Os diários desses pilotos, mais vítimas que algozes do Império, revela personalidades muito mais complexas, perturbadas pela ideia de morte. Alguns eram inimigos declarados do sistema político do Japão.

A imagem dos kamikazes no Ocidente, um bando de fanáticos se matando pelo seu deus-imperador, que frequentemente é comparada aos homens-bomba islâmicos contemporâneos, é fruto de uma "parceria" entre a propaganda japonesa e a imprensa ocidental. Os japoneses da época recebiam apenas as partes "construtivas" dos relatos kamikazes, geralmente seus testamentos, escritos para serem lidos por autoridades após a morte - que contêm loas ao imperador, ao yamato damashii (o espírito japonês), e poesias de morte mencionando a sakura, a flor de cerejeira, o símbolo nacional cujas pétalas, que caem em poucos dias, significavam a fragilidade da vida do soldado - um sentido em grande parte construído pelo Estado, segundo a antropóloga Emiko Ohnuki-Tierney, da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), autora de livros sobre os kamikazes. Ela rejeita a comparação com os homens-bomba islâmicos. "Os kamikazes eram soldados de uma nação em guerra, não indivíduos. Eram recrutados, não voluntários, que recebiam ordens para morrer. E nunca foram usados contra alvos civis."

Do outro lado do Pacífico, a imprensa dos EUA trouxe os primeiros relatos dos kamikazes em abril de 1945, após meses de censura pelos militares. Os jornalistas não só inflaram a imagem de fanatismo como, de certa forma, criaram a expressão. O nome das unidades era tokubetsu kõgekitai (unidade de ataque especial), geralmente abreviado para tokkõtai. As unidades da marinha ganhavam o nome de shinpu tokubetsu kõgekitai. Shinpu quer dizer "vento divino", as tempestades que salvaram os japoneses da invasão mongol duas vezes, em 1274 e 1281 - a Marinha japonesa acreditava que os pilotos suicidas salvariam o país dos novos mongóis, os norte-americanos, bárbaros sem cultura que acabariam com o país, tornando o sacrifício uma questão mais de morrer antes, de forma gloriosa, que depois, acuado dentro das próprias fronteiras. "Kamikaze" é a leitura em japonês popular dos mesmos ideogramas, que não era usada pelos japoneses, mas pelos militares americanos. A imprensa ocidental tornou o termo tão popular que hoje ele é usado no Japão.


Um passo adiante

A imensa maioria dos kamikazes era formada por estudantes, recrutados de universidades antes do início da ação, principalmente a partir de dezembro de 1943, quando 6 mil foram removidos das salas de aula em apenas três dias. Antes ou depois do início do programa, ninguém era convocado para se suicidar. A posição oficial do governo japonês era que todos os kamikazes eram voluntários. "A operação tokkõtai era uma garantia de morte e o alto oficialato japonês, hipocritamente, decidiu não torná-la um programa oficial da Marinha ou Exército, onde ordens eram dadas em nome do imperador", escreveu Emiko em Kamikaze, Cherry Blossoms and Nationalism. Mesmo para quem se voluntariava, a decisão estava longe de ser uma alternativa totalmente livre.

O treinamento era brutal. A tropa apanhava por qualquer motivo. Para "formar o caráter" ou simplesmente por causa da inveja dos sargentos, que consideravam os soldados universitários filhinhos de papai. Entre as razões para apanhar estava não saber recitar o Decreto Imperial ao Soldado, que terminava com palavras sombrias: "Entendam que a obrigação é mais pesada que as montanhas, mas a morte é mais leve que uma pluma". Segundo o relato do historiador e sobrevivente Irokawa Daikichi, no Ano-Novo de 1945, ele não conseguiu sentir o gosto do zoni, a sopa de bolinhos de arroz com que os japoneses costumam comemorar a passagem - porque só percebia o gosto de sangue na própria boca. "Batiam em meu rosto tão forte e frequentemente que meu rosto não era mais reconhecível."

Finalmente, com o espírito quebrado, chegava o dia de se "voluntariar". Os soldados eram chamados a uma sala onde ouviam um discurso patriótico sobre o valor de se sacrifícar pelo imperador. Então eram postos de pé e pedia-se aos voluntários para darem um passo a frente. Raramente alguém desafiava as pressões da autoridade, da ideologia martelada em suas mentes desde a infância e a culpa de continuarem vivos enquanto seus companheiros iam para a morte. O estudante Kenjiro Kuroda se recusou, apenas para ver seu nome publicado na lista de voluntários no dia seguinte, enquanto seu oficial se gabava que todos em sua companhia haviam se candidatado. O cristão Ryu Yamada relatou que foi simplesmente forçado, o que ele considerou um assassinato. E isso não era incomum. "Muitos pilotos kamikazes, tanto no Exército quanto na Marinha, eram apontados como membros de esquadrões suicidas sem sequer ter a chance de se tornarem voluntários. Desses jovens, se esperava que seguissem tais ordens como qualquer outra", afirma o historiador William Gordon, da Universidade Wesleyan (EUA).


A vida dos mortos

Quando o piloto era designado para um grupo tokkõtai, recebia um breve treinamento específico. Ele devia saber quais partes dos navios atingir, principalmente os porta-aviões, os alvos prioritários. A instrução mais importante era para não fechar os olhos na hora de mergulhar - muitos kamikazes atingiam a água ao ceder ao instinto. Depois disso, eram meses de espera até que chegasse o momento do voo fatal.

Ainda que a propaganda japonesa mostrasse os pilotos sempre serenos e sorridentes em seus momentos finais, a verdade tinha uma face bem mais humana (veja os depoimentos ao longo desta reportagem). Os pilotos frequentemente caíam em depressão e lutavam internamente para racionalizar suas decisões.

Quando chegava o dia do voo para a morte, os pilotos ganhavam um brinde de saquê, amarravam a hachimaki (faixa) na cabeça, e talvez também o senninbari, um cinto costurado por mil mulheres, cada uma dando um ponto - espécie de amuleto de "corpo fechado" do soldado japonês. Levavam ainda a bandeira japonesa, uma espada e uma pistola - para o caso de falharem e terem de evitar a captura com o suicídio. Se estivesse na época da florada, carregavam ramos de cerejeira. E escreviam poesias, seguindo o exemplo dos samurais condenados a cometer seppuku, o suicídio honroso.

E então decolavam. A maioria pilotava seu próprio Zero, carregado com uma única bomba de 250 kg. Mas foram usados outros modelos de aviões, inclusive bombardeiros com a tripulação completa, além de torpedos tripulados, os kaiten. Nunca era uma viagem tranquila e sem escalas direto para a morte. Assim que detectavam os japoneses no radar, caças norte-americanos partiam dos porta-aviões, mais rápidos, bem armados e em maior número. Os kamikazes até podiam tentar lutar e às vezes contavam com a escolta de caças regulares. Mas, em geral, o melhor que podiam esperar é que o avião resistisse o suficiente para explodir no convés do navio inimigo.

Os japoneses tinham outras cartas. Em 12 de abril de 1945, o destróier Mannert L. Abele estava acompanhado por dois navios de transporte a 130 km a noroeste de Okinawa. Sua função era patrulhar o oceano por radar, justamente para impedir ataques de pilotos kamikazes. No começo da tarde, acabou cercado por aviões japoneses e destruiu quatro que tentaram investir contra ele. Às 14h40, enquanto as baterias estavam distraídas com a última investida kamikaze, um estranho objeto apareceu no céu e mergulhou contra o Mannert, acelerando de forma inimaginável.


Vítimas do sucesso

As baterias antiaéreas simplesmente não conseguiram acompanhar o movimento do bólido, que penetrou na câmara do motor e explodiu, matando a equipe e fazendo o destróier perder o controle de todos os seus sistemas, inclusive o dos armamentos. Um minuto depois, outro objeto idêntico atingiu o navio no casco lateral, partindo-o o em dois e levando ao fundo do oceano a maior parte de sua tripulação.

O Mannert L. Abele foi a primeira vítima do Yokosuka MXY7 Ohka, a tecnologia mais avançada das forças kamikazes. Era uma bomba voadora pilotada, movida a foguete, lançada de bombardeiros Mitsubishi G4M. Podia chegar a 1 040 km/h, levando uma carga explosiva de 1,2 mil kg, quase cinco vezes mais que um kamikaze convencional. O Ohka era impossível de ser interceptado, mas estava longe de ser uma arma milagrosa. A pesada e frágil "nave-mãe" tinha que chegar perto do alvo, já que o Ohka só tinha autonomia para 36 km de voo. Um piloto tinha mais chances de morrer ainda preso nas asas do bombardeiro ou, pior, ser lançado longe demais do alvo, para um voo curto e inútil rumo à morte solitária no oceano. Assim, apenas três outros navios partilhariam o destino do Mannert L. Abele.

Não que os pilotos de aviões convencionais tivessem uma chance muito melhor. As ações nas Filipinas, quando os Estados Unidos ainda não estavam preparados para os ataques, teve apenas 20,8% de acertos - 41% dos aviões suicidas deram meia-volta por falta de combustível, tempo ruim ou simplesmente por não encontrar o inimigo. Em toda a guerra, 11,6% dos 3,3 mil aviões kamikazes acertaram seus alvos, contra 27,5% que voltaram à base. Os kamikazes que retornavam sofriam humilhação dos oficiais, com a habitual violência física, até voar para a morte novamente um outro dia - o fato explica o "mistério" por que usavam capacete e por que é absurda a lenda que afirma que eram fechados com solda na cabine do avião.

Durante toda a guerra, 47 navios norte-americanos foram afundados, pela estimativa do historiador William Gordon. Apenas três deles eram porta-aviões, todos de escolta, relativamente pequenos, desprotegidos e desimportantes. Segundo dados da Força Aérea dos Estados Unidos, 4,9 mil marinheiros foram mortos pelos kamikazes e outros 4,8 mil, feridos.

Os efeitos da campanha são bastante discutíveis. "Acredito que os ataques kamikazes fizeram a maioria dos norte-americanos mais determinada a derrotar o Japão. Especialmente durante a Batalha de Okinawa, alguns poucos marinheiros sofreram mentalmente pelos contínuos ataques suicidas contra navios dos EUA, dia após dia, mas quase todo o pessoal da Marinha tinha moral alta para continuar a derrubar aviões japoneses não importasse quantos fossem enviados", diz Gordon.

A partir de julho de 1945, a intensidade das ações kamikazes diminuiu. Os japoneses começaram a se preparar para a invasão americana, e sua principal arma seriam contra-ataques suicidas. Eles esperavam afundar 400 navios em caso de aproximação - algo não totalmente infundado, já que partiriam de uma distância muito mais próxima, e os últimos modelos do Ohka, movidos a jato em vez de foguete, podiam decolar de terra e tinham maior autonomia.

Mas a invasão nunca ocorreu. Em 26 de julho, os Estados Unidos, Grã-Bretanha e China lançaram a Declaração de Potsdam, ameaçando o Japão de "completa e total destruição" caso não se rendesse. E mostraram o que queriam dizer em 6 de agosto, quando três bombardeiros B-29 cruzaram céus desimpedidos, já que quase todos os aviões japoneses estavam reservados para a ação kamikaze. E assim Hiroshima viveu a maior ação de terror já vista na história. Três dias depois, o mesmo ocorreu em Nagasaki.

A campanha kamikaze tornou o Japão a "vítima ideal" para a bomba atômica. "Os americanos não podiam acreditar que os pilotos japoneses se matavam para destruí-los. Isso deu a eles a crença que os inescrutáveis japoneses não se renderiam até o último cair morto, dando a `desculpa¿ para as bombas atômicas, o que é bem documentado", afirma Emiko Ohnuki-Tierney. "A decisão do presidente Harry Truman de lançar as bombas atômicas me parece adequada por causa das perdas que os japoneses, especialmente por aviões kamikazes e outras armas suicidas, infligiriam aos aliados se tentassem invadir o Japão", diz Bill Gordon.

Em 15 de agosto, o imperador Hirohito anunciou a rendição. Ao ouvir a notícia, o almirante Matome Ugaki vestiu um uniforme sem insígnias e decolou num Yokosuka D4Y. Pelo rádio, transmitiu seu último recado. "Farei um ataque em Okinawa, onde meus homens caíram como flores de cerejeira. Lá irei colidir meu avião e destruir o inimigo arrogante, no verdadeiro espírito do bushido, com firme convicção e fé na eternidade do Japão Imperial. Confio que os membros de todas as unidades sob meu comando irão superar todas as dificuldades do futuro e prosperar na reconstrução de nossa grande pátria, que ela viva para sempre. Longa vida ao imperador!" Ugaki foi encontrado no dia seguinte, nos destroços de seu avião numa praia. É provável que o último kamikaze tenha sido abatido sem atingir seu alvo. No dia seguinte, o inventor da operação kamikaze, Takijiro Onishi, cometeu seppuku. Em sua carta de suicídio, pediu desculpas a todos os quase 4 mil japoneses que se mataram em vão.


Hachiro Sasaki, o marxista: 23 anos, 14 de abril de 1945.

Formado em economia pela Universidade de Tóquio, Sasaki acreditava que a guerra se justificava por ser contra os Estados Unidos e Inglaterra, sedes do capitalismo. Antes de sua última missão, ganhou o privilégio de visitar os pais, mas não contou a eles que havia se voluntariado para uma missão suicida. Como todos os pais de pilotos kamikazes, dias depois eles receberam uma caixa vazia contendo um papel com o nome do filho, e nada mais - os "restos mortais".

"De certa forma, não consigo ficar eufórico com as notícias das vitórias japonesas. Eu sinto ansiedade. Queria saber o que acontecerá ao capitalismo após a guerra. (...) O poder do velho capitalismo é algo do qual não podemos nos livrar facilmente, mas se ele pode ser esmagado pela derrota na guerra, transformaremos um desastre em algo positivo. (...) Lembro-me que os trabalhadores ficam desencorajados ao perceber como os chefes os exploram. Sinto-me tolo por me orgulhar de meu talento como piloto. Os que escaparam por não se qualificarem devem ser os realmente inteligentes."


Ichizo Hayashi, o cristão: 23 anos, 12 de abril de 1945