domingo, 5 de dezembro de 2010

Alquimia: Ciência ou Seita?


Luís Antônio Silva & Daniel Dias Gato
Estudantes de Licenciatura em Ciências Exatas da Universidade de São Paulo - USP - campus São Carlos e Professores do Colégio CAASO

História da Alquimia

A palavra alquimia, AL-Khemy, vem do árabe e quer dizer "a química". Esta ciência começou a se desenvolver por volta do século III a. C. em Alexandria, o centro de convergência da época e de recriação das tradições gregas, pitagóricas, platônicas, estóica, egípcias e orientais. A alquimia deve sua existência à mistura de três correntes: a filosofia grega, o misticismo oriental e a tecnologia egípcia. Obteve grande êxito na metalurgia, na produção de papiros e na aparelhagem de laboratório, mas não conseguiu seu principal objetivo: a Pedra Filosofal.

A alquimia sempre se assaciou aos elementos da natureza

Os preceitos e axiomas alquímicos encontram-se condenados na misteriosa “ Tábua Esmeraldina”(a esmeralda era considerada como a pedra preciosa mais formosa e mais cheia de simbolismo: a flor do céu), um dos quarenta e dois livros da doutrina hermética atribuídos a Hermes Trimegisto.

Hermes "Trismegisto" (isto é, três vezes grande) é identificado como sendo o deus egípcio Toth, que é uma representação do poder intelectual. Referências a ele já existiam nos tempos do filósofo Platão, por volta do ano 400 a. C.. Diz a lenda que os preceitos de Hermes foram gravados em uma esmeralda, o que deu origem ao nome "Tábua de Esmeralda". Os preceitos e ensinamentos de Hermes pautaram o trabalho dos alquimistas, que em suas obras faziam referências à Tábua de Esmeralda pelo seu nome latinizado, Tábula Smaragdia. São preceitos metafísicos bastante avançados e complexos, de forma que só eram compreendidos pelos iniciados. Do nome de Hermes derivou o termo "hermético" e o "hermetismo", que significam "aquilo que é fechado, restrito". Algo que é hermeticamente fechado significa inacessível. Ensinamentos herméticos são restritos aos iniciados e pessoas comprometidas com determinada área do ocultismo.

Figura de Hermes Trimegisto

Os sábios que dedicaram sua vida inteira à pesquisa alquímica pretendiam transformar os materiais opacos em metais brilhantes e nobres. Em suas recolhas de laboratórios realizavam valiosas pesquisas e idealizaram uma linguagem cheia de símbolos indecifráveis para, deste modo, burlar a vigilância a que estavam submetidos por parte daqueles regulamentos sociais, que em todos os tempos tem considerado como tarefa prioritária a perseguição, ou desqualificação daqueles que se atrevem a discordar e não compartilhar dos convencionalismos. Os grandes personagens do pensamento hermético e esotérico anotavam sua investigações em códigos e as chaves decifradoras só eram conhecidas pelos iniciados. Com isso muitos alquimistas se separavam da sociedade, formando seitas secretas e seu engajamento era feito através de juramentos:

Eu te faço jurar pelos céus, pela terra, pela luz e pela trevas; Eu te faço jurar pelo fogo, pelo ar, pela terra e pela água; Eu te faço jurar pelo mais alto dos céus, pelas profundezas da terra e pelo abismo do tártaro; Eu te faço jurar por Mercúrio e por Anubis, pelo rugido do dragão Kerkorubos e pelo latido do cão de três tetas, Cérbero, guardião do inferno; Eu te conjuro pelas três Parcas, pelas três fúrias e pela espada a não revelar a pessoa alguma nossas teorias e técnicas”.


A mística sempre foi uma das ferramentas dos estudos alquímicos.

Devido às suas origens, a alquimia apresentou um caráter místico, pois absorveu as ciências ocultas da Mesopotâmia, Pérsia, Caldéia, Egito e Síria. A arte hermética da alquimia já nasceu em lenda e mistério. Os alquimistas usavam fórmulas e recitações mágicas destinadas a invocar deuses e demônios favoráveis as operações químicas. Por isso muitos eram acusados de pacto com o demônio, presos, excomungados e queimados vivos pela Inquisição da Igreja Católica. Por questão de sobrevivência, os manuscritos alquímicos foram elaborados em formas de poemas alegóricos, incompreensíveis aos não iniciados. Mais de dois mil anos antes do início da nossa era, os babilônios e os egípcios, procuravam obter ouro artificialmente, e já se interessavam pela transformação dos metais em ouro. Nessa época, a prática da alquimia era realizada sob o mais absoluto dos segredos, pois era considerada uma ciência oculta. Sob a influência das ciências advindas do Oriente Médio, os alquimistas passaram a atribuir propriedades sobrenaturais às plantas, letras, pedras, figuras geométricas e os números eram usados como amuletos, como o 3, o 4 e o 7.

Em função das condenações proclamadas pela Igreja Católica aos alquimistas, durante a Idade Média, o cheiro de enxofre passou a ser associado ao diabo. Os alquimistas faziam suas experiências com enxofre comum, sendo denunciados pelos fortes cheiros emanados de suas casas ou laboratórios, o que permitia que fossem facilmente detectados e acusados de bruxaria e pacto com o demônio, pondo fim aos seus trabalhos. É também digno de registro a criação de Drácula, o vampiro, acusado de obter longevidade às custas do sangue humano. Seu surgimento não passou de uma bem sucedida tentativa para desmoralizar uma ordem mística alquimista, surgida na Idade Média, que trabalhava na obtenção do elixir da longevidade. Importante também, é enumerar as muitas descobertas feitas por alquimistas em seus laboratórios, nas suas tentativas para atingir a Pedra Filosofal: Água-régia(mistura de ácido nítrico e clorídrico), arsênico, nitrato de prata (que produz ulcerações no tecido animal), acetato de chumbo, bicarbonato de potássio, ácidos sulfúrico, clorídrico, canfórico, benzóico e nítrico, sulfato de sódio e de amônia, fósforo, a potassa cáustica (hidróxido de potássio, que permitia a fabricação de sabões), entre muitas outras coisas que possibilitaram a evolução da humanidade. O sucesso da alquimia na Europa se deve aos árabes, que introduziram idéias místicas acompanhadas por avanços práticos no procedimento químico como a destilação e a descoberta de novos metais e componentes.

À baixo e à direita, temos um quadro de Henri Khunrath que mostra um laboratório oratório. Nos frascos que se alinham sobre a bancada da chaminé se guardam certas substâncias alquímicas. Reparem também no alquimista que, de joelhos diante da tenda-oratória, implora a graça divina para o consumação do feito. A palavra Laboratório tem a seguinte origem: Labor = trabalho; Oratório = local de orações.

Laboratorio

Alquimista

A partir das obscuras etimologias, através de uma leitura intrincada, enigmática e carregada de símbolos dos escritos alquimistas, o que pode-se ter claramente é que as finalidades que perseguia a alquimia resume-se em três fundamentos:

  1. Transformar os metais chamados inferiores (principalmente o mercúrio e o chumbo) em ouro e prata, metais tidos como superiores;
  2. Preparar uma panacéia que cure as enfermidades humanas, conserve e devolva a juventude e prolongue a vida - a Medicina Universal ou o Elixir da Longa Vida;
  3. Conseguir a transformação espiritual do alquimista, de homem caído em criatura perfeita.

As Culturas Alquímicas

A Alquimia Árabe

A Europa entrou em contato com a alquimia através das invasões árabes na península ibérica. Os árabes fundaram universidades e ricas bibliotecas (que entre os séculos VIII e XIII emitiram as bases teóricas da alquimia), as quais foram destruídas nas Cruzadas. A química árabe aperfeiçoou as artes de destilação e de extração por gorduras, a fabricação de sabão, as ligas metálicas e a medicina farmacêutica.

Os primeiros textos traduzidos do grego para o árabe foram os textos de alquimia, dizia o sábio Ibn Al Nadim, no século X. Al Nazi é o primeiro alquimista cuja obra e vida foram descritas por outros autores credíveis.

Dispositivos novos ou aperfeiçoados são introduzidos: o “banho-maria” (banhos de ar quente), os cadinhos perfurados permitindo a separação por fusão, as diferentes retortas de destilação, de sublimação. A classificação das substâncias é variável de um autor para outro. Exemplos:

  • Ouro é nobre, pois resiste ao fogo, à umidade e ao enterramento sob a terra;
  • Cânfora, enxofre, arsênico, mercúrio e amoníaco fazem parte dos espíritos, pois são voláteis;
  • O vidro se enquadra nos metais, pois é susceptível de fusão.

As operações alquímicas eram longas, duravam horas e até dias, mas tratava-se de reproduzir no laboratório, na “matriz artificial” que constitui um alambique bem fechado, um processo que, na natureza, se mede em séculos.

A Alquimia Cristã

No mundo islâmico, os alquimistas eram alvos de gracejos já que os escritos alquímicos eram cheios de símbolos e era impossível saber se um autor compreendia o que ele escrevia. Quando os textos foram traduzidos em latim, por volta do século XII, os sábios cristãos estavam divididos entre o nobre desejo de melhor combater o inimigo infiel e a curiosidade devoradora pelos saberes.

A alquimia cristã, como a alquimia árabe, toma questão de avaliação. Saber quem era alquimista medieval, era a primeira dificuldade presente na alquimia cristã devido a sua situação anônima.

Enquanto os árabes possuíam apenas ácidos fracos e soluções de sais corrosivos, os alquimistas europeus aprenderam a preparar e condensar ácidos forte, no século XVI. Primeiro o ácido nítrico, depois o ácido clorídrico, em seguida o ácido sulfúrico até chegar a água régia que dissolve até o ouro.

A Alquimia Chinesa

Para os alquimistas chineses, o principal objetivo era atingir a imortalidade. Para eles, a não reatividade do ouro era inalterável e, por isso, imortal. Tentavam manufaturar o ouro e esperava-se que, dessa forma, poderia ser preparada uma “pílula da imortalidade”. Acreditava-se também que, ingerindo os alimentos em pratos feitos com esse ouro, seria possível alcançar a tão sonhada longevidade.

Os alquimistas chineses criaram elixires à base de enxofre, arsênico, mercúrio, e não obtiveram sucesso em sua busca. Joseph Needham fez uma lista de imperadores cuja morte se pode pensar ter sido causada pelo envenenamento causado pelo consumo desses elixires. Dessa forma, a alquimia chinesa foi perdendo força e acabando desaparecendo com a ascensão do Budismo.

Você quer saber mais?
  • ARRUDA, M. L. & PIRES, M. H., Filosofando, São Paulo, Moderna, 1988.
  • ALLORGE, Henry. Le secret de Nicolas Flamel. Paris, 1929.
  • ARES, José Manuel. Re-criações Hermeticas. Ensaios Diversos sob o signo de Hermes. Lisboa, Hugin,1996.
  • EBERLY, John. Al-Kimiai: The Mystical Islamic Essence of The Sacred Art of Alchemy. Aramneses Press, 1995.
  • JACOBI, Jolande. Paracelsus . Selected Writings. Princeton, 1979.
  • TRIMBLE, Russell, The Encyclopedia of the Paranormal, Nova York, Prometheus Books, 1996.
Sítios:

Siberianos sobrevivem a temperaturas de 60 graus negativos.

Quando Mynott chegou à Sibéria, a temperatura era de 32ºC negativos, considerada amena pelos moradores

Moradores do leste da Sibéria sobrevivem a temperaturas de até 60 graus negativos em um dos lugares mais frios do planeta.

A BBC iniciou uma série na qual o jornalista Adam Mynott visita o local mais frio e o mais quente do mundo, a Mundo de Extremos, para mostrar como as populações sobrevivem em condições tão difíceis. E este é o relato de sua visita a um dos locais mais gelados do mundo.

Logo na chegada, ao descer em Yakutsk, no leste da Sibéria, em um avião vindo de Moscou, a temperatura que encontra o visitante já é de 32 graus negativos, considerada até suave pelos moradores da região.

Um dos traços característicos de Yakutsk, capital regional da província de Sakha, são os prédios, que parecem preparados para uma grande enchente: todos eles foram construídos em estacas de concreto e aço, suspensos a 2 metros acima do chão.

Mas, Valentin Spector, um dos pesquisadores do Instituto Permafrost, explicou ao repórter da BBC que os prédios suspensos não têm nada a ver com enchentes.

Segundo Spector, durante o verão, as temperaturas podem chegar a mais de 40 graus. A camada de cima do chão, congelada, se aquece e descongela e, em alguns lugares, a uma profundidade de um metro, em outras, pode chegar a três metros.

Esta 'camada ativa', como é chamada por Spector, é muito instável e, a não ser que as fundações dos prédios sejam fincadas firmemente na camada de permafrost (camada do solo permanentemente congelada) logo abaixo, o movimento desta primeira camada faria com que os prédios desabassem.

Spector afirma ainda 65% da Rússia está localizada em permafrost e, em alguns lugares da Sibéria, o solo congelado tem profundidade de até 1,5 mil metros.

Covas

No dia seguinte, voamos até Ust-Nera, uma cidade ao norte de Yakutsk, já dentro do Círculo Ártico e em meio a montanhas. A temperatura caiu outros dez graus e chegou a 42 negativos.

No caminho entre a cidade e o aeroporto viajava também um comboio de carros que participavam de um funeral. E aí está outro problema para os que vivem na região de permafrost: como sepultar os mortos no inverno.

São necessários dois ou três dias para fazer uma cova no solo congelado.

Os moradores da região acendem uma fogueira e o carvão é colocado nas chamas. Depois de algumas horas, o carvão é colocado de lado e os 15 centímetros de solo descongelado pelo calor das chamas é cavado e retirado. Os pedaços de carvão quente então são colocados de volta no buraco e o processo começa novamente até que a cova tenha dois metros de profundidade.

Casacos

No inverno ninguém sai de casa a não ser que seja absolutamente necessário.

Durante o inverno, há poucas horas de sol durante o dia

Quando alguém precisa sair para ir a uma loja, para a escola ou trabalho, a pessoa precisa usar muitos agasalhos, e os chapéus e longos casacos de pele são uma visão comum na região.

No entanto, um casaco de pele longo custa mais de US$ 1550 (cerca de R$ 2660), muito além do que as pessoas podem comprar, pois o salário médio na região é equivalente a US$ 600 (cerca de R$ 1030).

Mas os bancos locais fazem financiamentos de casacos.

Ao chegar, sem um bom chapéu para enfrentar o frio, recebi a informação de que o único que serviria seria um de pele. Mas, como não queria ser responsável pela morte de um coelho ou de uma raposa do Ártico, e pelo fato de chapéus de pele verdadeira serem caros, optei pelo chapéu de pele falsa.

Esta decisão gerou a desaprovação do guia do governo que me acompanhava. 'Hum, Greenpeace', disse.

Gulag

A cidade de Ust- Nera começou como um pequeno assentamento, depois que geólogos descobriram ouro e outros minerais na região em 1937.

O líder soviétivo Joseph Stalin enviou muitos dos chamados 'inimigos do Estado' para a região, dezenas de milhares de prisioneiros políticos, para trabalhar nos gulags, como eram chamados os campos de trabalho forçado, para extrair o ouro e outros mineirais.

Mikhail Ivanov é um dos poucos trabalhadores do gulag sobreviventes. O acadêmico e historiador tem um apartamento em Yakutsk e conta que seu único crime foi elogiar os textos de um morador de Yakut, acusado de ser nacionalista e, por isso, ele foi enviado ao gulag.

'Se eu levasse 25 carrinhos de mão cheios de carvão até a superfície, eu receberia dois pratos de mingau. Se eu não conseguisse os 25, receberia apenas um', afirmou.

As minas ainda estão operando, sob outro regime de trabalho. Agora, os salários pagos atraem mineiros de toda a Rússia.

É a mineração que sustenta a economia neste ambiente gelado. Sem as minas, a cidade de Oymyakon, que é o lugar habitado mais frio da Terra, seria povoado apenas por pastores de renas.

Na mina de ouro de Badran, a temperatura na superfície era de 45 graus negativos.

Andrei Dubov, que trabalhava na mina por uma década, afirmou que o frio não é um problema.

'Me agasalho e é seco. Então é um clima muito melhor do que em muitas outras partes da Rússa', afirmou. Ele afirmou que a temperatura mais gelada que pode se lembrar foi de 63 graus negativos.

'Provavelmente era mais frio, mas o termômetro ia apenas até 63 graus negativos', disse.

Congelamento

A temperatura mais baixa que enfrentei em meus dias na Sibéria foi de 53 graus negativos, tão frio que depois de poucos minutos fora de casa, a pele exposta ao frio começava a doer, as superfícies úmidas em minhas narinas congelavam, e dedos das mãos e dos pés ficavam muito gelados rapidamente, apesar das três camadas grossas de meias e dois pares de luvas.

O cabo flexível do microfone também ficou rígido e fui avisado que, se tentasse dobrar o cabo, ele provavelmente iria partir.

Mas, apesar de todas as dificuldades os moradores de Ust-Nera não pretendem ir embora. Como é o caso da família Vadreyev, todos nascidos na cidade.

'Claro que temos que nos agasalhar muito. Em outras partes da Rússia você pode só vestir um casaco e sair, aqui é preciso muito mais tempo para nos vestir. Mas estamos acostumados com isso, Este é nosso lar', afirmou Martina Vadreyev enquanto vestia sua filha Maria com um casaco de pele.

E foram as duas para o frio de 52 graus negativos. E em queda.

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http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2010/12/01/siberianos-sobrevivem-temperaturas-de-60-graus-negativos-923161037.asp

Mercúrio torna aves homossexuais, diz estudo.

Íbis Branco

A contaminação por mercúrio afeta o comportamento dos íbis brancos tornando-os homossexuais, segundo um estudo realizado por pesquisadores da Flórida, nos Estados Unidos, e do Sri Lanka.

A pesquisa - publicada na revista científica Proceedings of the Royal Society B - tinha o objetivo de descobrir por que as aves se reproduzem menos quando há mercúrio em seus alimentos, mas os resultados surpreenderam até mesmo os cientistas.

"Nós sabíamos que o mercúrio podia reduzir seus níveis de testosterona (hormônio masculino), mas não esperávamos isso", disse Peter Frederick, da Universidade da Flórida, que liderou o estudo.

A contaminação por mercúrio - que pode vir da queima de carvão e de lixo, além de minas - é especialmente comum em regiões pantanosas.

Macho com macho

A equipe de pesquisadores alimentou os íbis brancos com comprimidos que continham a mesma concentração de mercúrio encontrada em camarões e lagostins que servem de alimento para as aves em áreas de pântano.

Quanto mais alta a dose de mercúrio nos comprimidos, mais alta era a probabilidade de um íbis macho acasalar com outro macho.

De acordo com os cientistas, o estudo prova que o mercúrio pode reduzir drasticamente a reprodução dos pássaros e possivelmente de outros animais.

Ainda não se sabe exatamente como esse mecanismo funciona, mas é sabido que o mercúrio altera os sinais hormonais, o que poderia ter um impacto direto no comportamento sexual mediado por esses hormônios.

Além disso, os machos contaminados com taxas mais altas de mercúrio realizavam menos rituais de acasalamento, o que tornava mais provável que eles fossem "ignorados" pelas fêmeas.

Contaminação

Habitats pantanosos, como o Parque Nacional de Everglades, na Flórida, onde vivem essas aves, são especialmente vulneráveis à contaminação por mercúrio.

Bactérias encontradas na lama grossa e com pouco oxigênio alteram quimicamente o mercúrio, criando sua forma mais tóxica: o mercúrio metilado.

Essa substância química atua como uma espécie de impostor biológico, imitando hormônios responsáveis pelos sinais químicos naturais do corpo.

Alguns desses sinais são importantes no comportamento sexual. Eles podem estimular um animal a realizar um ritual de acasalamento ou motivá-lo a copular.

"Estamos vendo efeitos muito grandes no comportamento reprodutivo mesmo com baixas concentrações de mercúrio, então nós realmente deveríamos prestar mais atenção nisso", disse Frederick.

Cientistas acreditam que o próximo passo deve ser estudar o comportamento de animais contaminados por mercúrio na natureza.

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http://www.bbc.co.uk/

sábado, 4 de dezembro de 2010

Muro das Lamentações. Local é o que restou do templo de Jerusalém


por Maria Carolina Cristianin

De todos os diversos lugares sagrados da capital de Israel, o Muro das Lamentações é um dos mais significativos. Sua história começa em 957 a.C., com o Templo de Jerusalém. Erguido pelo rei Salomão, teria abrigado a Arca da Aliança e as tábuas com os Dez Mandamentos. "O templo simbolizava o elo com Deus", diz André Chevitarese, professor da UFRJ.

Em 586 a.C., o prédio foi derrubado pelos babilônios. Após cinco décadas, os judeus o reergueram. A obra ficou intacta até Roma dominar a cidade e, em 40 a.C., Herodes assumir o controle sobre a região. A mando do rei da Judéia, começou então uma grande ampliação, que demorou 46 anos.
Mas o esplendor durou pouco. No ano 70, uma revolta contra os romanos levou a nova destruição do templo. Os judeus iniciaram uma grande diáspora e, no século 7, construções islâmicas surgiram no local, como o Domo da Rocha. Da grandiosa obra de Herodes só restou uma pequena parte da parede que a rodeava: o atual Muro das Lamentações.


Sacrifícios e devoção
O centro religioso ampliado pelo rei Herodes abrigava os fiéis judeus

Reforma astronômica

Com a obra de Herodes, o Pátio dos Gentios, uma área externa para judeus e não-judeus, passou a ter quase o dobro do tamanho original. Havia oito portas de entrada e, ao redor, gabinetes, depósitos e aposentos para os mil sacerdotes que cuidavam dos locais mais sagrados.

Último vestígio


Após a rebelião judaica do ano 70, pouco sobrou do Segundo Templo. Nos séculos seguintes, as Cruzadas e a expansão islâmica derrubaram outros pedaços, até sobrar apenas o trecho da parede ocidental hoje conhecido como Muro das Lamentações.

Ultra secreto

No centro da construção ficava o templo em si. Ali estava o Santo dos Santos, local que, na primeira construção, guardava a Arca da Aliança. Apenas o sumo sacerdote podia entrar ali, e somente no Dia da Expiação, quando se praticam abstinência, oração e confissão.

Espaços distintos

A obra era organizada conforme a proximidade com o Santo dos Santos. Primeiro o Pátio das Mulheres, de onde elas não passavam. Depois, o Pátio dos Homens. Ali, através de uma abertura, as fiéis assistiam aos rituais realizados no Pátio dos Sacerdotes.

Ritual sagrado

Uma das práticas judaicas da época eram os sacrifícios. No pátio, vendiam-se animais, como cordeiros e cabritos. Havia ainda um abatedouro com uma fonte,onde os animais eram degolados e o sangue esvaía por buracos.

Pedras preciosas
O muro relembra a obra original

O último vestígio do Segundo Templo é local de peregrinação, que preserva o significado da perda do ponto de encontro original. Ali, milhares de pessoas fazem orações e colocam pedidos entre as frestas das pedras.

Outras partes da muralha
O complexo inclui uma praça e uma galeria subterrânea

Fé ao ar livre

Na área em frente ao muro, homens e mulheres ficam separados. No local são realizadas cerimônias, como o Bar Mitzvah (ritual que insere o jovem como membro maduro da comunidade).

Nas profundezas

Além da área externa, há uma parte subterrânea que se formou com o passar dos anos, na medida em que outras construções foram erguidas por cima do que restou do templo. O local é aberto para visitantes.

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http://historia.abril.com.br/


Descoberta de bactéria sugere que base da vida pode ser variável Universo afora



Entre tantas cenas memoráveis de "ET - O Extraterrestre", do velho Spielberg, há uma que comove os corações mais nerds: descobre-se que o pequeno alienígena tem DNA, mas com seis "letras" químicas, em vez de quatro, como ocorre na Terra.

A descoberta anunciada na quinta-feira pela Nasa talvez seja ainda mais radical que a do filme. Não é todo dia que um elemento químico antes barrado no seleto grupo de átomos cruciais para a vida acaba passando no teste --caso do "venenoso" arsênio.



De fato, as implicações disso têm um quê de ficção científica --uma das especulações mais comuns entre os autores do ramo é que certos ETs tenham silício no lugar de carbono em suas moléculas. A grande questão é saber se a química da vida é contingente ou necessária.

Em termos menos filosóficos: se o DNA, as proteínas e outras moléculas biológicas são do jeito que são por causa da maneira particular, casual, pela qual a vida evoluiu por aqui ou se as características delas são essenciais para qualquer ser vivo, em qualquer canto do Universo.



No segundo caso, achar vida fora da Terra depende essencialmente de achar outras "Terras" pelo Cosmos. A lenga-lenga de sempre: planetas com água no estado líquido, atmosferas relativamente espessas, rochosos etc. Mas a bactéria do lago Mono pode indicar um Universo bem mais fértil do que se poderia esperar.

Afinal, se a química da vida terráquea é versátil a ponto de trocar um átomo dito essencial por um "primo" na tabela periódica, deixa de ser absurdo cogitar que outras situações como essa estejam acontecendo dentro ou fora do Sistema Solar.

Que tais coisas aconteçam neste planeta é um tributo a outra frase de Spielberg, em "Parque dos Dinossauros": "Life finds a way" ("a vida dá um jeito").



A Nasa, agência espacial americana, não explicou exatamente como os cientistas chegaram à bactéria capaz de substituir o fósforo pelo arsênio no seu DNA na entrevista para imprensa.

A autora do estudo, Felisa Wolfe-Simon, do Instituto de Astrobiologia da Nasa e do Serviço Geológico dos EUA, também não revelou ao certo como vai dar continuidade aos estudos e se pretende testar outros elementos químico na bactéria estudada ou em outros micro-organismos. "Tenho muitas ideias", sintetizou.

A bactéria anunciada hoje pela Nasa, encontrada num lago na Califórnia, incorpora no seu DNA o arsênio, um elemento tóxico que, em tese, não deveria fazer parte da química da vida.

Para fazer isso, o micro-organismo substituiu o fósforo -- definido pelos biólogos como um dos seis elementos químicos necessários à vida -- pelo arsênio.

"É como estar vivo de uma maneira completamente diferente", definiu a astrobióloga american Pamela Conrad, que também participou da coletiva.

Felisa disse que sempre foi interessada "em exceções à regra" e que agora serão necessárias muitas novas pesquisas para explicar o fenômeno da bactéria mutante.

Para Conrad, a descoberta abre todo um novo campo de pesquisa. "Nós aumentamos sensivelmente nossas perspectivas", disse.



ESPECULAÇÕES

Desde o anúncio da coletiva à imprensa, surgiram especulações que se duplicaram em fóruns e blogs --alguns leitores, inclusive, esperavam revelações bombásticas sobre um extraterrestre.

A bactéria localizada não é um tipo comum. O micro-organismo pertence ao grupo das halomonadáceas, que vive num lago, em uma região gélida da Califórnia, e substituiu o fósforo por arsênio.

Além do fósforo, os outros elementos químicos essenciais à vida são o carbono, o hidrogênio, o nitrogênio, o oxigênio e o enxofre.

O dado que surpreende é que, mesmo sendo privada desse elemento, em condições parecidas às extraterrestres, a estranha bactéria sobreviveu e se multiplicou.

Como bem explicou Douglas Galante, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, "é uma quebra de paradigma sobre o que realmente é necessário à vida", e esse pode ser só o início para outras descobertas semelhantes.

O artigo sobre a bactéria será publicada numa edição futura da revista "Science".

Você quer saber mais?


http://www1.folha.uol.com.br/