Daremos agora continuidade a nossa análise da mente
de um dos homens mais temidos e ao mesmo
tempo estudado e analisado da história, no fundo não entendemos com certeza o
que atrai tantos a procurarem estudar sua pessoa, mas humildemente acredito que
é o fato de como um único homem com tantos traços de graves problemas psicológicos
pode envolver e conquistar o coração da população de uma das nações mais cultas
da Europa .
A rejeição sempre calou fundo no psiquismo de Hitler, uma
janela traumática inesquecível. Janelas da memória são áreas através da quais
interpretamos e sentimos o mundo, e reagimos a ele, podem ser saturadas de janelas que contem medo, ciúmes, inveja,
paixões, que são verdadeiras armadilhas que asfixiam nossa percepção da
realidade. Hitler nunca teve uma mente livre, era controlado pelos complexos
que se desenhavam em sua adolescência. Se fosse bem humorado, bem resolvido e
sereno, poderia ter absorvido o impacto da rejeição. Mas o filho
superprotegido, hipersensível e emocionalmente frágil abateu-se muitíssimo.
O futuro Führer era provavelmente um jovem tímido,
impulsivo, socialmente retraído, não atraente física e intelectualmente, Hitler
tinha uma existência regada à solidão, reforçando uma necessidade neurótica de
estar em evidência social e de controlar pessoas.
Megalomaníaco, fora um jovem sem consciência crítica, sem
autodeterminação começou a confeccionar seu asco pela sociedade burguesa e suas
normas. E como a rejeição dos judeus percorria as artérias de muitos ambientes
sociais, aos poucos essa rejeição penetrou em seu psiquismo e produziu efeitos
desastrosos.
Ele via o mundo não pela realidade deste, mas pelas
janelas traumáticas que construíra em seu psiquismo e que expandiam seus
conflitos. Ensimesmado e com baixo nível de socialização, seus projetos, ainda
que absurdos, tornaram uma obsessão. Nunca rompeu nem reciclou seu passado, era
um líder autômato, que obedecia às ordens dos fantasmas que assombravam sua
mente, em especial os da rejeição e insegurança. Era frágil e prisioneiro das
mazelas que habitavam seu psiquismo.
A compulsão pela palavra falada, associados a uma
personalidade depressiva, tímida e que tentava se compensar por meio da neurose
pelo poder.
Durante a Primeira Guerra Mundial trabalhou como qualquer
soldado, mas deixou que o conflito penetra-se nas entranhas de sua mente,
debelou sua frágil capacidade de tolerância e fomentou seu comportamento
agressivo, radical e exclusivista. Derrota na Primeira Guerra Mundial, os
ataques de fúria e ódio ganharam musculatura no psiquismo do tímido
Hitler. É provável que com Hitler a
política e a propaganda tenham começado um casamento inseparável, que dura até
os dias atuais, pois com uma notável habilidade em manipular fatos a seu favor,
para transformar o caos em oportunidade criativa.
Hitler tinha 44 anos ao assumir o cargo de chanceler, era
completamente saturado de ambição, irritadiço, ansioso, explosivo, de
interiorização limitada, resiliência débil e com baixíssima capacidade para
suportar contrariedades, mas com altíssima capacidade de manipular a emoção e
influenciar pessoas. Talvez não passasse numa simples prova para
avaliar suas habilidades de trabalhar em equipe e gerenciar uma mísera
instituição, mas a democracia tem uma característica fundamental: os líderes
são avaliados pelo voto. O sociopata prevaleceu!!!!
Continuaremos nossa análise nas próximas postagens.
Você quer saber mais?
CURY, Augusto. O colecionador de lágrimas. São Paulo:
Editora Planeta, 2012.