D. Afonso Henriques, nascido
por volta de 1109, era filho do Conde D. Henrique de Borgonha e de sua esposa,
D. Teresa. Pelo pai, era neto do Duque Henrique de Borgonha e trineto de
Roberto II, Rei de França.
Sua mãe era filha ilegítima
de Afonso VI, Rei de Leão e de Castela. Este confiara ao genro o Condado
Portucalense, que se estendia do sul do Minho às proximidades do Tejo.
Sucedendo a seus pais no
governo do Condado Portucalense (em
1130), o jovem D. Afonso Henriques
empenhou-se em fazê-lo independente, por meio de repetidas lutas contra Afonso
VII, que sucedera a Afonso VI no trono de Leão.
Desde então começou a
intitular-se Rei de Portugal. Afonso
VII reconheceu-lhe esse título em 1143, na conferência de Zamora, à qual
assistiu o Cardeal Guido de Vico, Legado do Papa Inocêncio II.
Para esse resultado
concorreu o juramento de vassalagem que D. Afonso Henriques havia prestado ao
Papa na pessoa do Legado, talvez ainda antes da conferência.
Na carta de enfeudamento que
escreveu a Inocêncio II nesse mesmo ano, prometeu o tributo anual de quatro
onças de ouro, com a condição de gozar da proteção pontifícia para si e seus
sucessores, e não reconhecer nenhum outro senhorio espiritual ou temporal além
do Papa e seus legados.
Devido a reclamações de
Afonso VII contra esse enfeudamento, só em 1179 Alexandre III reconheceu D.
Afonso Henriques como Rei, tomando a ele e a seus sucessores sob a proteção da
Cúria Romana.
A paz com os leoneses
permitiu ao novo Rei prosseguir a cruzada contra os mouros. Em 1147 liberta
Santarém e Lisboa, esta com o auxílio de um grande exército de cruzados que
seguia para a Terra Santa.
Depois toma os castelos de
Sintra, Almada e Palmeda, a praça de Alcácer do Sal (1158), Évora e Beja
(1159). Perde estas duas últimas cidades, e as retoma em 1162.
Em 1165 e 1166, Giraldo
"Sem Pavor" conquista Trujillo, Cáceres, Serpa e Juromeña para o Rei
de Portugal. Em 1184, tendo o Rei 90 anos de idade, sua chegada a Santarém
bastou para pôr em fuga os infiéis que ameaçavam a cidade.
D. Afonso faleceu em 1185,
tendo reinado 57 anos. Foi casado com D. Mafalda de Sabóia.
Além de guerreiro consumado,
foi "político enérgico e tenaz, que bem conhecia os meios de se afirmar e
vencer", como escreve um historiador.