O
historiador Voltaire Schilling nasceu em Porto Alegre, em 1944. Leciona
História há mais de 30 anos em diversas instituições de ensino. Em seu livro
Estados Unidos e América Latina: Da Doutrina Monroe á ALCA (Editora Leitura
XXI, 2002, 144p) ele procura levar seus leitores há uma visão interpretativa
das diferenças culturais entre os norte-americanos e seus vizinhos do sul.
Fixando as idéias bases que nortearam as relações dos Estados Unidos com a
América Latina. Relações estas que ataram o destino dos latinos americanos a um
processo de subserviência neocolonial.
Voltaire
Schilling aborda as relações entre Estados Unidos e América Latina de forma
muito resumida nas idéias bases como: as doutrinas, os ideários, os corolários
e os enunciados, não levando em consideração a complexidade envolvida em cada
uma destas idéias que envolvem contextos temporais e regionais. Do mesmo modo
que enfatiza a admiração dos latinos pelo sucesso dos Estados Unidos o autor
nos mostrar o ressentimento com as constantes intromissões dos mesmos nos
assuntos da América Latina, demonstrando uma plena lucidez sobre os fatos que
envolvem os interesses dos Estados Unidos e suas intervenções.
O
autor aponta a questão religiosa como grande barreira de desenvolvimento para a
América Latina, de maioria Católica. Em contra posição a Anglo-saxã, de maioria
protestante. Colocando deste modo um ponto de vista religioso, pois os
Católicos tem por primazia o espiritual e no protestantismo o espiritual pode
andar lado a lado com o material. Crendo o mesmo ser este um dos motivos do
melhor desenvolvimento dos Estados Unidos em relação ao restante da América
Latina Católica.
Apontando
de forma variada no decorrer dos séculos os interesses dos Estados Unidos em
substituir o domínio colonial europeu pelo seu domínio imperialista por meio da
criação de Doutrinas, Regras, Estatutos e Leis (Destino Manifesto, Doutrina
Draco, Doutrina Monroe dentre outras) para controlar as nações
latino-americanas recém-emancipadas, mas esquecendo-se que estas nações foram
deixadas em situação de pleno abandono pelas metrópoles deixandas a mercê dos
interesses comercias e expansionistas norte-americanos.
Deste
modo as guerras travadas pelas oligarquias locais incentivaram ainda mais a
presença ianque, pois como esquece de relatar o autor, deixava claro para os
interessados a total desordem deixada pelos colonizadores europeus diante de
suas colônias e levava os Estados Unidos como cita Schilling a “acreditar” ter
uma “missão civilizadora” a cumprir nesse vácuo político-social.
Vemos
nas palavras do autor um pequeno mas importante ponto que fica de fora sobre a
questão cubana. Cuba sempre foi vista pelos ianques como uma continuação do
litoral norte-americano e deste modo sempre sofreu intervenções dos mesmos para
mantê-la como tal. Primeiro expulsando os espanhóis e depois lutando contra os
nativos para manter o estado cubano como um mero satélite de Washington. Foi
diante dessa situação que a Revolução cubana se desencadeou, não tendo opção,
pois de um lado estava à Espanha colonial e do outro os Estados Unidos
imperialistas, Fidel e seus revolucionários procuraram refúgio nas idéias
comunistas da URSS, onde encontraram apoio para manter sua dignidade com
independência política, mas com apoio internacional vindo de Moscou.
No
decorrer do livro o autor demonstrar que caberia aos Estados Unidos manter a
ordem na América Latina, como esta nas entrelinhas da Doutrina Monroe, e desse
modo manteria afastada as intervenções européias. Podemos ver até nos dias de
hoje que isto ficou somente no papel, começando pela Guerra das Malvinas,
podemos citar várias intervenções de interesses europeus diretamente ou
indiretamente pelos Estados Unidos serem impostos na América Latina.