Esfinge: a guardiã dos mortos
A maior escultura de pedra do mundo ressurgiu das areias do deserto depois de milênios protegendo as tumbas dos faraós
A Grande Esfinge de Gizé impressiona. Primeiro, por seu tamanho – com 72 metros de comprimento e 20 metros de altura, ela é a maior escultura de pedra do mundo. Depois, pelos mistérios que cercam sua origem.
A criatura, com cabeça de homem e corpo de leão, foi moldada em pedra calcária há 4500 anos (há uma teoria que aumenta essa idade para incríveis 10 mil anos). Provavelmente foi esculpida por ordem do faraó Quéfren para simbolizar seu poder e sabedoria. Hoje ela guarda a entrada do complexo das pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, no planalto de Gizé, perto do Cairo. O local também é chamado de necrópole.
Os egípcios chamavam a esfinge de shesep-ankh, que significa “imagem viva”. Os gregos traduziram erradamente para sphigx, que significa “atar, ligar” – já que s unem um elemento animal (nem sempre é o leão) a um elemento humano.
MARAVILHA ENTERRADA
Embora tenha resistido, a escultura está distante da maravilha que foi no passado. A cor original,o nariz e a barba sumiram, os olhos foram danificados e há grandes rachaduras em sua superfície.
Por volta de 1400 a.C., o faraó Thutmosis já havia percebido seu desgaste e teria sido o primeiro a mandar restaurá-la. Ele registrou o feito numa estela (bloco de pedra) que ainda está entre as patas dianteiras da criatura. Outros faraós também fizeram restaurações, mas foi a natureza quem mais colaborou para a conservação da esfinge. “Ela ficou enterrada sob as areias do deserto do Saara e, durante séculos, foi poupada”, diz o egiptólogo Júlio Gralha, professor de História Antiga e Medieval na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
A partir da década de 1920, a esfinge foi desenterrada. A escultura começou então a erodir sob os ventos e a umidade do ar. Várias tentativas de restauração feitas de 1955 a 1987 só pioraram a situação. Antigos blocos de pedra foram substituídos por novos, alterando sua forma. Para cobrir as rachaduras, foram utilizados gesso e cimento. Resultado: a esfinge rejeitou as novas camadas de pedra e argamassa, e grandes pedaços começaram a ruir. Foi necessária mais uma década de trabalhos, concluídos há oito anos, para corrigir os erros de restauração.
Os especialistas optaram por submeter a rocha original a um tratamento. “Eles decidiram agir como os antigos e foram em busca de pedras semelhantes àquelas utilizadas nos tempos