terça-feira, 6 de maio de 2014

Erwin Rommel: a raposa do deserto


Rápido e astuto, o alemão colecionou feitos antológicos e tornou-se o maior estrategista militar da Segunda Guerra.

"O senhor é muito rápido para nós”, disse o general francês logo após se render ao comandante inimigo. A frase soaria frágil e covarde, não fosse dirigida a um dos mais astutos e mitológicos personagens dos campos de batalha. O tal “senhor”, no caso, é um general que conseguiu feitos inacreditáveis nas mais adversas situações. Colecionador de ações antológicas nas duas grandes guerras que a humanidade já assistiu, Erwin Rommel era um alemão ágil e sabido, que em pouco tempo se tornou o mais famoso estrategista da Segunda Guerra Mundial. Com suas tropas, conseguiu avançar cerca de 240 quilômetros em apenas 24 horas, feito que nenhum outro general foi capaz de produzir naqueles tempos. Logo ganhou o apelido de “A Raposa do Deserto”, após fortalecer as combalidas tropas italianas de Mussolini no norte da África, em 1941, e, de quebra, fazer as avançadas tropas britânicas recuarem no front africano.

Filho de um professor universitário com uma jovem de ascendência nobre, Rommel nasceu em 1891 na cidade de Heidenheim. Desde a infância, mostrava gosto por aviões e planadores, mas acabou ingressando aos 18 anos no 124º Regimento de Infantaria de Württemberg. Nas cartas trocadas com a mulher, durante o período em que esteve no deserto, transparece um dedicado pai de família, interessado com o desempenho escolar do único filho, a quem sempre cobria de elogios. Qualidade, por sinal, que também era vista na sua relação com os soldados. Sem grosserias, calmo, ensinava técnicas de combate salientando que a ousadia e a surpresa eram as grandes armas de um exército.


Nas correspondências, contava também parte do dia-a-dia no inóspito norte da África. Falava sobre o calor insuportável, sobre a guerra contra os percevejos na hora de dormir, derrotados depois de o general ter-se irritado a ponto de atear fogo na própria cama. Nas vazias noites do deserto, seu passatempo era matar moscas. A comida merecia capítulo especial. Eis um jantar caprichado descrito por ele: “Anteontem à noite, comemos uma galinha que devia provir das poeiras de Ramsés II. Apesar das seis horas que levou para cozinhar, ficou como sola de sapato e meu estômago não a pôde digerir”.
Best seller

Ainda na Primeira Guerra Mundial, Rommel ganhou a maior condecoração a oficiais concedida pelo governo germânico. Cerca de 9 mil soldados inimigos e 80 canhões caíram em suas mãos naquele conflito, ao vencer no norte da Itália a Batalha de Carporetto.

Em 1929, Rommel escreveu seu primeiro livro, Ataques de Infantaria, no qual compilou parte de suas idéias e técnicas de estratégia. A obra, lida com admiração por Hitler e mais de 400 mil alemães, instigou ainda mais o interesse dos germânicos pelo já reconhecido herói de guerra.

Foi na Segunda Guerra Mundial, porém, que a fama de Rommel fez o mundo estremecer. Sob o comando da 7ª Divisão Panzer, em 1940, ele foi um dos primeiros a ultrapassar a Linha Maginot, na França, antes em mãos de tropas britânicas e francesas. A inovadora e fulminante Blitzkrieg (guerra-relâmpago) surgia para o mundo de forma implacável: foi durante a invasão da França que Rommel conseguiu atingir a inigualável marca de deslocamento de 240 km em um único dia – feito que rendeu a seus homens a fama de "Divisão Fantasma".

AfrikaKorps

Em fevereiro de 1941, sob ordem do chefe do Estado-Maior do Reich, Walter von Brauchitsch, nascia um grupo especial que se tornaria lendário, batizado de Afrika Korps. Sua missão era auxiliar as frágeis frentes italianas no norte da África, que padeciam com armamento escasso. Mas a tarefa não seria simples. Com curto raio de ação, os canhões da divisão datavam de 1914 e estavam completamente obsoletos. A situação de outras armas não era muito diferente. Metralhadoras e veículos de defesa pouco podiam fazer diante do poder de fogo dos aliados. Para piorar, grande parte do exército italiano era constituída por infantaria não-motorizada, adequada para posições defensivas, mas de valor nulo nos embates no deserto.


Nessas horas, porém, a genialidade de Rommel fazia a diferença. Em uma ocasião, ele mandou seus mecânicos reformarem vários carros Fiat abandonados, cobrindo-os com telas e falsos canhões de madeira. Batizados de Pappedivision, os veículos engrossaram as fileiras junto aos Panzers verdadeiros, compondo frentes que se estendiam por até 1,5 quilômetro. O plano funcionou. Os inimigos recuavam só de vê-los se aproximando. A reconquista da Cirenaica foi rápida e implacável.

Rommel também se aproveitava dos erros do inimigo. Em suas palavras, o maior vacilo dos aliados, além do excesso de táticas de dispersão, era o uso de "técnicas metódicas de comando, a sistemática emissão de ordens até os mais ínfimos pormenores, deixando pouca iniciativa ao comando subalterno, e o seu fraco poder de adaptação ante uma mudança no decorrer da batalha". Maleabilidade no comando é essencial para embates no deserto, dizia ele. Nesse tipo de terreno, onde uma ventania é capaz de mudar a configuração de uma tropa por causa da falta de abrigo, os planos têm de ser alterados a qualquer momento. Várias vezes a falta de obstáculos terrestres deixou o caminho livre para Rommel aplicar as práticas de guerra entre tanques, até então inovadoras. Ele as usou com maestria e criou novas táticas, deixando os britânicos sem reação.

Hitler, o desafeto

Apesar da liberdade de que Rommel gozava, suas rusgas com o Reich eram constantes. Não se considerava nazista, apesar de respeitar Hitler. Mas a relação entre os dois degringolou no início de 1943, quando o Führer jogou as forças dos Afrika Korps em segundo plano. Os recursos escassearam, e a paciência de Rommel também. Se os suprimentos não viessem, teria de se retirar. Hitler e o marechal Hermann Goering, principal desafeto de Rommel, ficaram furiosos. O braço-direito do Führer acusava o general de desanimado e doentio, pois achava inconcebível um comandante descartar a vitória.

Em novembro de 1943, após a retirada dos Afrika Korps para a Tunísia (a contragosto de Hitler, claro), Rommel foi deslocado para supervisionar as defesas que restaram na Dinamarca, Bélgica, Países Baixos e França. No ano seguinte, foi cuidar da Muralha do Atlântico, região que os alemães acreditavam ser forte o suficiente para segurar o avanço dos aliados. Aumentou as fortificações, instalando bunkers, postos e cerca de 6 milhões de minas. Mas já suspeitava que o ataque dos inimigos seria pela Normandia, fato confirmado em 6 junho de 1944, o Dia D.


Em outubro de 1944, Rommel voltou para sua casa em Herrlingen. Com graves ferimentos, depois de ter seu carro atingido por um morteiro, passou seus últimos dias desiludido pela guerra e indignado com a resistência absurda imposta por Hitler ao exército alemão. A casa estava sendo vigiada pela Gestapo, que suspeitava da participação de Rommel no atentado a Hitler alguns meses antes. Na manhã do dia 14, vestindo sua farda cáqui dos Afrika Korps, ele morreu depois de ingerir veneno. Era o paliativo oferecido por Hitler, em respeito aos serviços prestados na África. Caso não aceitasse o suicídio, seria preso e sua família, acusada de alta traição.

Enterrado com pompa, foi um dos últimos grandes generais. Grande não só pela capacidade militar, mas também pelas atitudes. Rommel nunca foi acusado de crimes de guerra, tortura ou maus-tratos. Cortava a água de suas tropas no deserto, mas não deixava seus prisioneiros morrerem de sede.

Caça à raposa

Em pouco tempo, Rommel e os Afrika Korps fizeram uma reviravolta no front africano. O pânico tomou conta dos oficiais britânicos, que davam como certa a vitória sobre os italianos. Nesse momento de desespero, o general Alan Cunningham criou a Operação Caça à Raposa, um plano minucioso para atacar os alojamentos alemães e assassinar Rommel, única alternativa para tentar frear o avanço do Eixo no deserto. A operação envolvia o uso de dois submarinos para o transporte das tropas. Depois, os combatentes seriam divididos em três grupos: dois ficaram encarregados de sabotar as centrais de comunicações; outro atacaria o QG alemão em Beda Littoria e a instalação onde estava Rommel. Quando a operação começou, tudo aconteceu como planejado – tanto que os comandantes ingleses chegaram a abrir uma garrafa de champanhe para comemorar o sucesso da missão. Ledo engano. Na madrugada de 18 de novembro de 1941, os britânicos chegaram ao local planejado e, sem uniformes e respondendo ao sentinela em alemão, conseguiram entrar no QG. Para surpresa de todos, a Raposa havia ido embora no dia anterior. Por pouco eles não obtiveram sucesso. Ficaram no “quase”.

domingo, 4 de maio de 2014

Psicopata, na presença do criminoso.



Todo psicopata é, por definição, psicologicamente invencível. Por mais que você lhe mostre seus erros e prove os seus crimes, ele continuará não só proclamando inocência, mas cantando vitória.

O psicopata não sente culpa, não sabe o que é o arrependimento interior, mas foge da vergonha exterior com uma obstinação inflexível, defendendo com a ferocidade de mil leões o único patrimônio moral que possui: o amor próprio. Aquele mesmo amor próprio que o cristão destrói sistematicamente todos os dias ao confessar seus pecados num tribunal interior onde o autoengano não escapa ileso, é para o psicopata o supremo bem, a arma da qual depende para garantir sua subsistência, sua ascensão social, seu sucesso no mundo. Mesmo pego em flagrante, exibida ante os olhos do mundo a prova do seu crime, ele jamais admitirá: “Pequei, necessito do perdão.” Ele jamais sofrerá interiormente por ter feito o mal, por ter prejudicado um inocente, por ter lesado um irmão, por ter arruinado um amigo ou atacado covardemente um inimigo pelas costas. Em vez disso, produzirá do nada os mais extraordinários subterfúgios e racionalizações, apelando, se necessário e possível, ao mais rebuscado e postiço arremedo de erudição, para não dar o braço a torcer. Nenhuma lágrima de arrependimento correrá sobre a sua face, nenhum sincero pedido de perdão brotará da sua boca.

Essa é a reação normal de um ser humano, mesmo sem fé religiosa. A religião pode aprimorar a consciência moral, mas só quando esta existe antes disso. Nenhuma conversão religiosa, por si, corrigirá um psicopata. Será preciso uma dura fiscalização externa para mantê-lo nos limites da conduta tolerável. Ou, para mudá-lo por dentro, um milagre.

Numa situação normal, as pessoas têm geralmente alguma defesa instintiva contra esses indivíduos. Percebem vagamente que há neles algo de errado e, sem acusá-los de nada, se afastam deles por precaução.

A confusão moral generalizada no ambiente mental brasileiro, nos últimos anos, favorece, ao contrário, a ascensão de milhares desses tipos a lugares de destaque na sociedade: tornam-se jornalistas, professores, formadores de opinião, não raro políticos e governantes.

Dois fatores concorrem para o seu sucesso.

O primeiro é de ordem neurofisiológica. Eles não têm sentimentos morais, mas percebem os dos outros e sabem manipulá-los em vantagem própria. Isso acontece porque, diante de situações que normalmente deveriam tocar os seus corações, o que se ativa no seu cérebro não são as áreas emocionais, como nas demais pessoas, e sim a área da comunicação linguística. Com a maior facilidade, eles dissolvem a percepção moral alheia numa pasta confusa de subterfúgios verbais que bloqueiam a certeza intuitiva e a substituem por dúvidas e desconversas desesperadoramente artificiosas, em geral superiores à capacidade de análise lógica do cidadão comum. Groucho Marx satirizou a situação com a famosa tirada: “Afinal, você vai crer em mim ou nos seus próprios olhos?”

O segundo, decorrência do primeiro, pertence mais à sociologia. Os sentimentos morais profundos são em geral difíceis de verbalizar. Permanecem guardados no fundo das almas, só comunicáveis em relações de excepcional intimidade, quando um olhar diz mais que mil palavras. Ver os seus sentimentos morais mais pessoais e autênticos ser remexidos, contestados, esfarelados com as artes de uma lógica infernal é, para a quase totalidade das pessoas, uma experiência atemorizante. Daí que, se não conseguem evitar a companhia dos psicopatas mediante uma precaução instintiva, podem acabar cedendo e se submetendo ao domínio da mente mais agressiva, mais veloz, mais maliciosa e mais hábil.

Quando escrevo, procuro expressar não somente o que vejo e sinto, mas o que os meus leitores também veem e sentem. Milhares deles me enviam mensagens do tipo "Você disse exatamente o que eu estava tentando dizer e não conseguia." O psicopata, ao contrário, escreve para insinuar que você NÃO SENTIU O QUE SENTIU, NÃO VIU O QUE VIU, NÃO SABE O QUE SABE. E muitas vezes consegue mesmo instilar no cérebro das pessoas a Síndrome do Piu-Piu.

Quando começo alguma discussão, parto do princípio de que o meu antagonista, se não é um primor de honestidade, é pelo menos uma pessoa normal. Procuro então ater-me ao assunto da discussão, sem reparar muito na “forma mentis” do adversário. Meus leitores são testemunhas da atenção sem fim que dou aos argumentos de críticos e antagonistas, mesmo quando obviamente idiotas. Já quando percebo que o debatedor é um desequilibrado, que portanto o tema em discussão não é o verdadeiro foco dos seus pensamentos, mas apenas o pretexto ocasional para a busca de uma compensação neurótica ou a expressão de uma genuína fantasia psicótica, paro imediatamente a discussão para não ferir mais fundo uma mente que já vem ferida. Mas, se identifico nele algo de mais grave, não uma simples doença mental, uma neurose ou psicose, e sim uma psicopatia em sentido estrito, é preciso algo mais do que interromper um debate. É preciso advertir à platéia que estamos todos na presença de um criminoso.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

The Human Race - Crítica.


A trágica propensão humana à violência é dissecada de forma crua no filme The Human Race. Colocando dezenas de personagens em situações limite proporcionadas por uma competição mortal, o diretor Paul Hough mostra que, quando impelidos, muitos de nós somos capazes das maiores atrocidades para sobreviver. Já quem não cede à pressão costuma pagar um preço alto por isso.

No longa, 80 pessoas são retiradas de seus cotidianos e obrigadas a participar de um jogo bizarro em um local desconhecido. O grupo é composto por indivíduos de origens étnicas, sociais, religiosas e econômicas diversas. Os jogadores ouvem regras simples e cruéis que estabelecem uma corrida praticamente sem trégua na qual morrerá quem pisar na grama, desviar do caminho ou for ultrapassado duas vezes.

Incredulidade e pânico tomam conta de todos quando o primeiro participante torna-se vítima logo após o anúncio das regras. A morte é impactante, demonstrando que neste jogo o que importa é vencer. Assim, os envolvidos partem em uma maratona rumo à própria sobrevivência, na qual questões morais básicas viram pó.

O filme é pouco condescendente com a natureza do ser humano. Hough não alivia a barra para ninguém. Conflitos e traições tornam-se comuns até mesmo entre amigos. Católicos, muçulmanos, asiáticos, negros, brancos, surdos, crianças, grávidas, velhos, mocinhos ou bandidos, todos terão a sua vez. Apenas um se salvará.

Com seu roteiro, o diretor sugere que qualquer pessoa pode tornar-se um assassino psicótico, bastando para isso ser inserido em condições específicas. Ao mesmo tempo, indica que mesmo quem consegue manter padrões morais em situações opressoras e de risco de vida tende a ser subjugado pelos demais.

Não à toa, o filósofo inglês Thomas Hobbes (1588 — 1679) estabelece em sua obra a necessidade de um Estado para controlar a propensão violenta e destrutiva dos homens. Porém, em The Human Race, a corrida que se realiza não tem origem em nenhum Estado diretamente relacionado com a nossa dimensão. Ou, pelo menos, não um sobre o qual tenhamos provas reais quanto a isso.

sábado, 26 de abril de 2014

The psychologist and philosopher Jean Piaget.


Jean Piaget was a Swiss developmental psychologist and philosopher known for his epistemological studies with children. His theory of cognitive development and epistemological view are together called "genetic epistemology".

Biography
Jean Piaget was born in Neuchâtel, Switzerland, on August 9, 1896.  His father, Arthur Piaget, was a professor of medieval literature with an interest in local history.  His mother, Rebecca Jackson, was intelligent and energetic, but Jean found her a bit neurotic -- an impression that he said led to his interest in psychology, but away from pathology!  The oldest child, he was quite independent and took an early interest in nature, especially the collecting of shells.  He published his first “paper” when he was ten -- a one page account of his sighting of an albino sparrow.

He began publishing in earnest in high school on his favorite subject, mollusks.  He was particularly pleased to get a part time job with the director of Nuechâtel’s Museum of Natural History, Mr. Godel.  His work became well known among European students of mollusks, who assumed he was an adult!  All this early experience with science kept him away, he says, from “the demon of philosophy.”

Later in adolescence, he faced a bit a crisis of faith:  Encouraged by his mother to attend religious instruction, he found religious argument childish.  Studying various philosophers and the application of logic, he dedicated himself to finding a “biological explanation of knowledge.”  Ultimately, philosophy failed to assist him in his search, so he turned to psychology.

After high school, he went on to the University of Neuchâtel.  Constantly studying and writing, he became sickly, and had to retire to the mountains for a year to recuperate.  When he returned to Neuchâtel, he decided he would write down his philosophy.  A fundamental point became a centerpiece for his entire life’s work:  “In all fields of life (organic, mental, social) there exist ‘totalities’ qualitatively distinct from their parts and imposing on them an organization.” This principle forms the basis of his structuralist philosophy, as it would for the Gestaltists, Systems Theorists, and many others.

In 1918, Piaget received his Doctorate in Science from the University of Neuchâtel.  He worked for a year at psychology labs in Zurich and at Bleuler’s famous psychiatric clinic.  During this period, he was introduced to the works of Freud, Jung, and others.  In 1919, he taught psychology and philosophy at the Sorbonne in Paris.  Here he met Simon (of Simon-Binet fame) and did research on intelligence testing.  He didn’t care for the “right-or-wrong” style of the intelligent tests and started interviewing his subjects at a boys school instead, using the psychiatric interviewing techniques he had learned the year before.  In other words, he began asking how children reasoned.

In 1921, his first article on the psychology of intelligence was published in the Journal de Psychologie.  In the same year, he accepted a position at the Institut J. J. Rousseau in Geneva.  Here he began with his students to research the reasoning of elementary school children.  This research became his first five books on child psychology.  Although he considered this work highly preliminary, he was surprised by the strong positive public reaction to his work.

In 1923, he married one of his student coworkers, Valentine Châtenay.  In 1925, their first daughter was born; in 1927, their second daughter was born; and in 1931, their only son was born.  They immediately became the focus of intense observation by Piaget and his wife.  This research became three more books!

In 1929, Piaget began work as the director of the International Bureau of Education, a post he would hold until 1967.  He also began large scale research with A. Szeminska, E. Meyer, and especially Bärbel Inhelder, who would become his major collaborator.  Piaget, it should be noted, was particularly influential in bringing women into experimental psychology.  Some of this work, however, wouldn’t reach the world outside of Switzerland until World War II was over.

In 1940, He became chair of Experimental Psychology, the Director of the psychology laboratory, and the president of the Swiss Society of Psychology.  In 1942, he gave a series of lectures at the Collège de France, during the Nazi occupation of France.  These lectures became The Psychology of Intelligence.  At the end of the war, he was named President of the Swiss Commission of UNESCO.

Also during this period, he received a number of honorary degrees.  He received one  from the Sorbonne in 1946, the University of Brussels and the University of Brazil in 1949, on top of an earlier one from Harvard in 1936.  And, in 1949 and 1950, he published his synthesis, Introduction to Genetic Epistemology.

In 1952, he became a professor at the Sorbonne.  In 1955, he created the International Center for Genetic Epistemology, of which he served as director the rest of his life.  And, in 1956, he created the School of Sciences at the University of Geneva.

He continued working on a general theory of structures and tying his psychological work to biology for many more years.  Likewise, he continued his public service through UNESCO as a Swiss delegate.  By the end of his career, he had written over 60 books and many hundreds of articles.  He died in Geneva, September 16, 1980, one of the most significant psychologists of the twentieth century.

Theory

Jean Piaget began his career as a biologist -- specifically, a malacologist!  But his interest in science and the history of science soon overtook his interest in snails and clams.  As he delved deeper into the thought-processes of doing science, he became interested in the nature of thought itself, especially in the development of thinking.  Finding relatively little work done in the area, he had the opportunity to give it a label.  He called it genetic epistemology, meaning the study of the development of knowledge.

He noticed, for example, that even infants have certain skills in regard to objects in their environment.  These skills were certainly simple ones, sensori-motor skills, but they directed the way in which the infant explored his or her environment and so how they gained more knowledge of the world and more sophisticated exploratory skills.  These skills he called schemas.

For example, an infant knows how to grab his favorite rattle and thrust it into his mouth.  He’s got that schema down pat.  When he comes across some other object -- say daddy’s expensive watch, he easily learns to transfer his “grab and thrust” schema to the new object.  This Piaget called assimilation, specifically assimilating a new object into an old schema.

When our infant comes across another object again -- say a beach ball -- he will try his old schema of grab and thrust.  This of course works poorly with the new object.  So the schema will adapt to the new object:  Perhaps, in this example, “squeeze and drool” would be an appropriate title for the new schema.  This is called accommodation, specifically accomodating an old schema to a new object.

Assimilation and accommodation are the two sides of adaptation, Piaget’s term for what most of us would call learning.  Piaget saw adaptation, however, as a good deal broader than the kind of learning that Behaviorists in the US were talking about.  He saw it as a fundamentally biological process.  Even one’s grip has to accommodate to a stone, while clay is assimilated into our grip.  All living things adapt, even without a nervous system or brain.

Assimilation and accommodation work like pendulum swings at advancing our understanding of the world and our competency in it.  According to Piaget, they are directed at a balance between the structure of the mind and the environment, at a certain congruency between the two, that would indicate that you have a good (or at least good-enough) model of the universe.  This ideal state he calls equilibrium.

As he continued his investigation of children, he noted that there were periods where assimilation dominated, periods where accommodation dominated, and periods of relative equilibrium, and that these periods were similar among all the children he looked at in their nature and their timing.  And so he developed the idea of stages of cognitive development.  These constitute a lasting contribution to psychology.

The sensorimotor stage

The first stage, to which we have already referred, is the sensorimotor stage.  It lasts from birth to about two years old.  As the name implies, the infant uses senses and motor abilities to understand the world, beginning with reflexes and ending with complex combinations of sensorimotor skills.

Between one and four months, the child works on primary circular reactions -- just an action of his own which serves as a stimulus to which it responds with the same action, and around and around we go.  For example, the baby may suck her thumb.  That feels good, so she sucks some more...  Or she may blow a bubble.  That’s interesting so I’ll do it again....

Between four and 12 months, the infant turns to secondary circular reactions, which involve an act that extends out to the environment:  She may squeeze a rubber duckie.  It goes “quack.”  That’s great, so do it again, and again, and again.  She is learning “procedures that make interesting things last.”

At this point, other things begin to show up as well.  For example, babies become ticklish, although they must be aware that someone else is tickling them or it won’t work.  And they begin to develop object permanence.  This is the ability to recognize that, just because you can’t see something doesn’t mean it’s gone!  Younger infants seem to function by an “out of sight, out of mind” schema.  Older infants remember, and may even try to find things they can no longer see.

Between 12 months and 24 months, the child works on tertiary circular reactions.  They consist of the same “making interesting things last” cycle, except with constant variation.  I hit the drum with the stick -- rat-tat-tat-tat.  I hit the block with the stick -- thump-thump.  I hit the table with the stick -- clunk-clunk.  I hit daddy with the stick -- ouch-ouch.  This kind of active experimentation is best seen during feeding time, when discovering new and interesting ways of throwing your spoon, dish, and food.

Around one and a half, the child is clearly developing mental representation, that is, the ability to hold an image in their mind for a period beyond the immediate experience.  For example, they can engage in deferred imitation, such as throwing a tantrum after seeing one an hour ago.  They can use mental combinations to solve simple problems, such as putting down a toy in order to open a door.  And they get good at pretending.  Instead of using dollies essentially as something to sit at, suck on, or throw, now the child will sing to it, tuck it into bed, and so on.

Preoperational stage

The preoperational stage lasts from about two to about seven years old.  Now that the child has mental representations and is able to pretend, it is a short step to the use of symbols.

A symbol is a thing that represents something else.  A drawing, a written word, or a spoken word comes to be understood as representing a real dog.  The use of language is, of course, the prime example, but another good example of symbol use is creative play, wherein checkers are cookies, papers are dishes, a box is the table, and so on.  By manipulating symbols, we are essentially thinking, in a way the infant could not:  in the absence of the actual objects involved!

Along with symbolization, there is a clear understanding of past and future.  for example, if a child is crying for its mother, and you say “Mommy will be home soon,” it will now tend to stop crying.  Or if you ask him, “Remember when you fell down?” he will respond by making a sad face.

On the other hand, the child is quite egocentric during this stage, that is, he sees things pretty much from one point of view:  his own!  She may hold up a picture so only she can see it and expect you to see it too. Or she may explain that grass grows so she won’t get hurt when she falls.

Piaget did a study to investigate this phenomenon called the mountains study.  He would put children in front of a simple plaster mountain range and seat himself to the side, then ask them to pick from four pictures the view that he, Piaget, would see.  Younger children would pick the picture of the view they themselves saw; older kids picked correctly.


Similarly, younger children center on one aspect of any problem or communication at a time.  for example, they may not understand you when you tell them “Your father is my husband.”  Or they may say things like “I don’t live in the USA; I live in Pennsylvania!”  Or, if you show them five black and three white marbles and ask them “Are there more marbles or more black marbles?” they will respond “More black ones!”

Perhaps the most famous example of the preoperational child’s centrism is what Piaget refers to as their inability to conserve liquid volume.  If I give a three year old some chocolate milk in a tall skinny glass, and I give myself a whole lot more in a short fat glass, she will tend to focus on only one of the dimensions of the glass.  Since the milk in the tall skinny glass goes up much higher, she is likely to assume that there is more milk in that one than in the short fat glass, even though there is far more in the latter.  It is the development of the child's ability to decenter that marks him as havingmoved to the next stage.

Concrete operations stage

The concrete operations stage lasts from about seven to about 11.  The word operations refers to logical operations or principles we use when solving problems.  In this stage, the child not only uses symbols representationally, but can manipulate those symbols logically.  Quite an accomplishment! But, at this point, they must still perform these operations within the context of concrete situations.

The stage begins with progressive decentering.  By six or seven, most children develop the ability to conserve number, length, and liquid volume.  Conservation refers to the idea that a quantity remains the same despite changes in appearance.  If you show a child four marbles in a row, then spread them out, the preoperational child will focus on the spread, and tend to believe that there are now more marbles than before.

Or if you have two five inch sticks laid parallel to each other, then move one of them a little, she may believe that the moved stick is now longer than the other.

The concrete operations child, on the other hand, will know that there are still four marbles, and that the stick doesn’t change length even though it now extends beyond the other.  And he will know that you have to look at more than just the height of the milk in the glass:  If you pour the mild from the short, fat glass into the tall, skinny glass, he will tell you that there is the same amount of milk as before, despite the dramatic increase in mild-level!

By seven or eight years old, children develop conservation of substance:  If I take a ball of clay and roll it into a long thin rod, or even split it into ten little pieces, the child knows that there is still the same amount of clay.  And he will know that, if you rolled it all back into a single ball, it would look quite the same as it did -- a feature known as reversibility.

By nine or ten, the last of the conservation tests is mastered:  conservation of area.  If you take four one-inch square pieces of felt, and lay them on a six-by-six cloth together in the center, the child who conserves will know that they take up just as much room as the same squares spread out in the corners, or, for that matter, anywhere at all.

If all this sounds too easy to be such a big deal, test your friends on conservation of mass:  Which is heavier:  a million tons of lead, or a million tons of feathers?

In addition, a child learns classification and seriation during this stage.  Classification refers back to the question of whether there are more marbles or more black marbles?  Now the child begins to get the idea that one set can include another.  Seriation is putting things in order.  The younger child may start putting things in order by, say size, but will quickly lose track.  Now the child has no problem with such a task.  Since arithmetic is essentially nothing more than classification and seriation, the child is now ready for some formal education!

Formal operations stage

But the concrete operations child has a hard time applying his new-found logical abilities to non-concrete -- i.e. abstract -- events.  If mom says to junior “You shouldn’t make fun of that boy’s nose.  How would you feel if someone did that to you?” he is likely to respond “I don’t have a big nose!”  Even this simple lesson may well be too abstract, too hypothetical, for his kind of thinking.

Don’t judge the concrete operations child too harshly, though.  Even adults are often taken-aback when we present them with something hypothetical:  “If Edith has a lighter complexion than Susan, and Edith is darker than Lily, who is the darkest?”  Most people need a moment or two.

From around 12 on, we enter the formal operations stage.  Here we become increasingly competent at adult-style thinking.  This involves using logical operations, and using them in the abstract, rather than the concrete.  We often call this hypothetical thinking.

Here’s a simple example of a task that a concrete operations child couldn’t do, but which a formal operations teenager or adult could -- with a little time and effort.  Consider this rule about a set of cards that have letters on one side and numbers on the other:  “If a card has a vowel on one side, then it has an even number on the other side.”  Take a look at the cards below and tell me, which cards do I need to turn over to tell if this rule is actually true?  You’ll find the answer at the end of this chapter.


It is the formal operations stage that allows one to investigate a problem in a careful and systematic fashion.  Ask a 16 year old to tell you the rules for making pendulums swing quickly or slowly, and he may proceed like this:

A long string with a light weight -- let’s see how fast that swings.
A long string with a heavy weight -- let’s try that.
Now, a short string with a light weight.
And finally, a short string with a heavy weight.
His experiment -- and it is an experiment -- would tell him that a short string leads to a fast swing, and a long string to a slow swing, and that the weight of the pendulum means nothing at all!
The teenager has learned to group possibilities in four different ways:

By conjunction:  “Both A and B make a difference” (e.g. both the string’s length and the pendulum’s weight).
By disjunction:  “It’s either this or that” (e.g. it’s either the length or the weight).

By implication:  “If it’s this, then that will happen” (the formation of a hypothesis).

By incompatibility:  “When this happens, that doesn’t” (the elimination of a hypothesis).

On top of that, he can operate on the operations -- a higher level of grouping.  If you have a proposition, such as “it could be the string or the weight,” you can do four things with it:
Identity:  Leave it alone. “It could be the string or the weight.”
Negation:  Negate the components and replace or’s with and’s (and vice versa). “It might not be the string and not the weight, either.”

Reciprocity:  Negate the components but keep the and’s and or’s as they are.  “Either it is not the weight or it is not the string.”

Correlativity:  Keep the components as they are, but replace or’s with and’s, etc.  “It’s the weight and the string.”

Someone who has developed his or her formal operations will understand that the correlate of a reciprocal is a negation, that a reciprocal of a negation is a correlate, that the negation of a correlate is a reciprocal, and that the negation of a reciprocal of a correlate is an identity (phew!!!).
Maybe it has already occured to you:  It doesn’t seem that the formal operations stage is something everyone actually gets to.  Even those of us who do don’t operate in it at all times.  Even some cultures, it seems, don’t develop it or value it like ours does.  Abstract reasoning is simply not universal.

[Answer to the card question:  The E and the 7.  The E must have an even number on the back -- that much is obvious.  the 7 is odd, so it cannot have a vowel on the other side -- that would be against the rule!  But the rule says nothing about what has to be on the back of a consonant such as the K, nor does it say that the 4 musthave a vowel on the other side!]


quarta-feira, 23 de abril de 2014

O Misticismo e Ocultismo do Judaísmo Hassídico


Israel ben Elizer (Baal Shem Tov), fundador do judaísmo hassídico.

Desde o princípio houve duas correntes no seio do judaísmo: de um lado o formalismo ritual da Bíblia e o Talmud e do outro, a tendência ao misticismo, ao ocultismo que criou a Cabalá e o Zohar. Daí a oposição entre fariseus e essênios na época do Talmud e entre talmudistas e cabalistas na Idade Média. O formalismo ritual, tão rigorosamente praticado pelas massas do povo na Europa Oriental entre os séculos XVII e XVIII, tendia fatalmente a produzir uma reação e daí nasceu o hassidismo, isto é, o sistema de "hassid", que em hebraico significa "pio".

Foi fundado no ano de 1740 na Polônia pelo místico Israel ben Eliezer, conhecido pelo nome de Baal Shem Tov: "o senhor de boa fama".

O "hassidismo", que começou por abandonar o formalismo ritual, despertou maior importância ao sentimento religioso que à prática. Proclamou a onipresença de Deus e por isso ordenou que a oração fosse feita com devoção psicológica e alegria especial, até chegar a um êxtase que permitia ao homem entrar em comunicação direta com a divindade. Tornou sua a opinião da Cabala, segundo a qual toda ação humana tem suas repercussões nas esferas do mundo divino e assim o homem pio e justo, o "Tsadik", o ser que chega a despojar-se de todo pensamento material e que vive nada mais que pelo espírito e para o espírito, pode ser suscetível de modificar o curso dos acontecimentos.

Assim como o "hassidismo" teve eminentes defensores como um Dov Beer, Levi Isaac, Josef Ha-Cohen, etc., teve também grande oposição na pessoa do Gaón de Vilna e os "masquilim", isto é, os simpatizantes da cultura moderna.

Seja qual for a crítica que se haja podido fazer ao "hassidismo", este, segundo a opinião de Edmond Fleg, devolveu à alma popular o sentido profundo do divino que a casuística poderia ter lhe feito perder e deu à vida religiosa e social do judaísmo, nos dois últimos séculos, a forma de uma grande originalidade que inspirou a muitos escritores de valor.

Filosofia hassídica é o conjunto de ensinamentos, interpretações do Judaísmo e misticismo articulado pelo moderno movimento hassídico. Ela inclui os elementos religiosos do povo carismático do hassidismo, mas principalmente descreve seu pensamento estruturado, expressado no seu conjunto de teologia à filosofia.

A palavra deriva do hebraico "hesed" ("bondade") e a apelação "hasid" ("temente a Deus") possui uma história no Judaísmo para a pessoa que possui motivos sinceros em servir a Deus e ajudar os outros. Alguns movimentos judaicos atuais também são chamados por este nome, renovação populista do Judaísmo, iniciada pelo Rabbi Israel ben Eliezer (Baal Shem Tov) no século VIII, na Podólia e Volínia (hoje Ucrânia). Seus discípulos mais próximos desenvolveram a filosofia nos primeiros anos do movimento. Da terceira geração, a liderança superior tomou suas diferentes interpretações e dispersou-se através da Europa Oriental, da Polónia, Hungria e România para Lituânia e Rússia.

Atribuem-se ao Baal Shem Tov o poder da cura e vários milagres, sobretudo no confronto com espíritos malignos, os quais ele teria vencido usando como arma a fé e a alegria de viver. O rabino ia de aldeia em aldeia levando o alívio aos doentes e divulgando seus ensinamentos. Afinal reuniu seus seguidores em torno de um corpo doutrinário sistematizado, constituindo o hassidismo como uma disciplina de natureza religiosa.

O elemento central do hassidismo é a devekut, isto é, a união mística com Deus - uma metodologia espiritual que tem como meta libertar o ser humano dos reveses da vida terrena. Seus discípulos pregam que o Homem tem o poder de se desligar dos bens materiais e de tudo o que está relacionado ao mundo, por meio da prece meditativa, o Daven, o qual pode conectar o indivíduo a Deus. O Baal Shem Tov admite a Shekhiná, ou seja, a presença divina em cada vida, como uma prova da compaixão divina pelo ser humano e por todas as suas criaturas.


Sepultura de Menahem Mendel de Kolzk.

Por outro lado, uma das lideranças mais significativas do hassidismo no século XIX, Menahem Mendel de Kotzk, representa a polaridade oposta, pois destaca a revolta diante das imperfeições do Homem e de seus sofrimentos. Sua ira o conduz ao conceito do Tikun Olam, a redenção do Cosmos.

As ideias opostas destes dois ícones do movimento hassídico imprimem nesta corrente a piedade alegre e compadecida, de um lado, e a busca implacável da justiça austera, do outro. O hassid, seguidor dessa esfera mística, está constantemente imbuído da presença do Criador, pois se encontra quase sempre em estado de meditação, a qual não traz em si apenas os típicos lamentos judeus, mas igualmente as melodias que se repetem por um longo tempo e a coreografia hassídica.

A comunidade judaica se beneficiou amplamente do hassidismo, uma vez que ele provocou uma reestruturação extrema da sociedade judaica, reforçando o senso comunitário com base no conceito de uma vivência mística na vida cotidiana. A doutrina hassídica é um tanto complexa, pois se fundamenta no panenteísmo, segundo o qual Deus é a existência de fato, a essência de tudo que há. Em sua versão mais radical, afirma que nada existe a não ser o Criador, e tudo o mais é ilusão.

Não se deve confundir o panenteísmo com o panteísmo, movimento que prega a imanência divina ao Universo e à natureza. Na concepção panenteísta, Deus se revela em cada evento universal, constituindo a realidade última, a única existência consistente. O mundo estaria encoberto por um manto que, uma vez removido, manifestaria tão somente a presença do Criador. Assim sendo, Ele está no interior de cada ser, mas também transcende a criatura, a qual nada mais seria que uma dissimulação do Ser Divino. Portanto, a Divindade atua como uma conexão entre todos os seres, os quais estão interligados em uma alteridade consagrada.

Desta forma, todos podem ser recuperados e alteados, aprimorados de tal forma que podem, assim, voltar ao seio divino. Cada indivíduo tem como papel principal na existência promover esse resgate do outro. Eis porque o hassid não acredita no mal e o vê apenas como uma máscara deturpada do que ainda não foi salvo.


Espíritos Dybbuk, segundo o judaísmo hassídico

No judaísmo hassídico , um dybbuk é um espírito maligno possuidor, acredita-se que seja a alma "deslocada" de uma pessoa morta.


Representação de Dibbuk. 

Dybbuks são almas que escaparam de Geena (um termo hebraico vagamente análogo ao conceito de inferno) ou almas em que a entrada em Geena foi negada por terem cometido uma grave transgressão como o suicídio. A palavra dybbuk é derivada do Hebraico דיבוק e significa "anexo", o dybbuk se "anexa" (possui) ao corpo de uma pessoa viva e habita a sua carne. Segundo a crença, uma alma que foi incapaz de cumprir sua função durante a sua vida é dada outra oportunidade para fazê-la em forma de dybbuk. Ele supostamente deixa o corpo do hospedeiro, uma vez que tenha conseguido seu objetivo, ou em algumas vezes depois de ser "ajudado".

Um ser humano que é possuído por um espírito ou uma criatura de outro mundo é um fenômeno encontrado em uma miríade de culturas e religiões. Judaísmo hassídico chama o espírito que faz com que esta ocorrência rara, mas notável um "dybbuk". Uma dybbuk (pronuncia-se "dih-buk") é o termo para uma alma errante que se anexa a uma pessoa viva e controla o comportamento dessa pessoa para realizar uma tarefa . No entanto, por vezes, ter um dybbuk é uma coisa muito ruim. Rabbi Gershon Winkler vem estudando folclore judaico, espiritualidade e suas raízes xamânicas há mais de 25 anos. Ele tem escrito livros que cobrem a perspectiva judaica sobre fantasmas, aparições, magia e reencarnação, incluindo um livro intitulado Dybbuk . Rabino Winkler disse, "[os judeus] não acredita em possessão demoníaca. Acreditamos que, em ocasiões muito raras, pode haver uma posse de uma pessoa viva pela alma de quem deixou o corpo, mas não o mundo, e eles estão buscando um corpo para possuir para terminar o que eles precisam para terminar." Winkler explicou como histórias de dybbuk nas escrituras antigas. No Antigo Testamento da Bíblia, no Livro de Samuel (18:10), um espírito mau é brevemente descrito como anexando-se ao rei Saul, o primeiro rei eleito chefe das antigas tribos de Israel: "E aconteceu que, no dia seguinte, que o espírito maligno da parte de Deus se apoderou de Saul ...Mais tarde, na Bíblia, no Livro dos Reis, o profeta Elias é possuído pelo espírito de um morto que está tentando fazer com que o profeta engane o Rei em ir para a guerra, quando não era necessário. Winkler disse: "Você tem histórias como essa, que só indiferença mencionar espíritos de pessoas que nos deixaram descer para efetuar alguma mudança, algum fenômeno neste mundo." Rabino Winkler tem uma perspectiva única sobre dybbuk e outros folclores judaico. Embora os tipos de coisas que ele está escrevendo e ensinando sobre não podem ser discutidos na sua sinagoga local, Winkler explica como fantasmas e espíritos são definitivamente parte do Judaísmo.


Os Sheydim, podem ser espíritos bons ou maus.

Winkler disse: "Nossas escrituras e nossa tradição mística está cheia de fantasmas - fantasmas que significa a alma desencarnada ainda vagando. Temos também ensinamentos sobre o que eles chamam em português “Demônios", mas eles não são todos mal - eles são chamados 'sheydim' em hebraico. Há sheydim, bons e maus de acordo com a nossa tradição antiga, sheydim (demônios) são seres como nós somos, assim como os animais são. Eles foram criados no crepúsculo da criação após o ser humano foi criado, logo antes do clímax da criação, de modo que eles são nem deste mundo, nem do outro mundo, mas pouco dos dois. Há ensinamentos sobre como nossos ancestrais, como o rei Salomão se envolveu em demonologia, e ele aprendeu um monte de feitiçaria mistérios do famoso chefe de todos os demônios, Ashmedai.  


Rabbi Gershon Winkler

Como um dybbuk toma posse de uma pessoa? Winkler disse: "O dybbuk é atraído para alguém que está no estado em que sua alma e seu corpo não estão totalmente conectados uns com os outros por causa de grave melancolia, psicose, coisas assim. Onde você não está integrado ela procura uma determinada pessoa que, em sua vida atual está passando pelos mesmos interesses do espírito passou, e assim o espírito que possui é atraída para compatibilidade, a alguém que está lutando com a mesma coisa que fez. Digamos que no meu coração eu tenho um desejo de roubar todas as lojas de conveniência, mas eu não sigo adiante, porque eu não tenho coragem. O espírito de alguém que realmente fez isso será atraído para o meu desejo de fazê-lo e vai me possuir porque somos compatíveis.  Ceder às suas inclinações más não significa necessariamente que você é vítima de um dybbuk. A posse verdadeira tem sinais específicos. Winkler explicou: "Você pode dizer que é real se a pessoa é capaz de falar coisas que eles não seriam capazes de saber. Porque a alma que está neles não está integrado com eles o suficiente para ser sujeito ao tempo, espaço e matéria , eles seriam capazes de dizer coisas que eles normalmente não sabem -., como o que você sonhou na noite passada, o que está acontecendo do outro lado da rua, talvez eles podem até falar uma língua diferente que nunca viu antes " Se este tipo de mau posse toma conta, a solução é exorcismo.

Ritual de exorcismo judaico hassídico

O ritual de exorcismo judeu é realizado por um rabino que tem dominado a Cabala prática. A cerimônia envolve um quorum de 10 pessoas que se reúnem em um círculo em torno da pessoa possuída. O grupo recita o Salmo 91 três vezes, e o rabino sopra o shofar (chifre de carneiro). Rabino Winkler já realizou quatro exorcismos em sua vida até agora. Ele disse: "Nós sopramos o chifre de carneiro de certa maneira, com algumas notas, com efeito de destruir o corpo, por assim dizer. Assim que a alma que está possuindo será abalada soltando-o. Depois de ter sido abalada e solta, podemos começar a se comunicar com ele e pedir-lhe o que deseja. Podemos orar por ele e fazer uma cerimônia para ele para habilitá-lo a se sentir seguro e terminou de forma que ele pode deixar o corpo da pessoa. “O ponto do exorcismo é curar a pessoa que está sendo possuído e o espírito fazendo a possuir”. Este é um contraste gritante com o exorcismo católico que se destina a afastar o espírito de ofensa ou demônio. Winkler disse: Nós não tiramos nada de ninguém o que queremos fazer é curar a alma que é possuída e curar a pessoa. É tudo sobre a cura. Fazemos a cerimônia em nome de ambas às pessoas." Em alguns casos, uma pessoa pode apresentar sinais de dybbuk, mas o problema é puramente psicológico. Rabino Winkler contou uma história do folclore judaico, que teve lugar no século XVIII - na época o primeiro despertador de corda foi inventado. Uma mulher levou sua filha ao seu rabino, porque ela suspeitava de uma dybbuk. O rabino diagnosticou a menina e não encontrou quaisquer sinais reais de posse, ele a mandou para casa com um despertador e disse-lhe para levá-lo ao longo do dia. O rabino disse para a mulher e sua filha que às 4:30 da tarde, o dybbuk deixaria a menina. Às 4:30, a família acreditava que o dybbuk se foi pelo simples choque de ouvir o sino sair exatamente 4:30. Há também um aspecto positivo a um dybbuk. Às vezes, um espírito virá a uma pessoa em um momento de necessidade para ajudar.