sexta-feira, 14 de junho de 2013

Palestina: O Holocausto Invisível!

Escrito por Mary Sparrowdancer.
Traduzido por Antonio Celso Barbieri.
Ao celebrarmos 40 anos da “ocupação” militar ilegal de lares e terras Palestinas, talvez seja o momento para o mundo dar uma boa olhada em Israel e seu campo experimental de guerra que, se faz de estado religioso precisando de proteção. O mundo inteiro tem até medo de questionar as atividades do estado de Israel ou, fazê-lo prestar contas perante as leis internacionais de proteção aos direitos humanos. Já é tempo do mundo passar algumas horas com os refugiados palestinos invisíveis. Os palestinos são uma nação de vítimas. Uma nação, quase por 60 anos, brutalmente “ocupada” contra a sua vontade e transformada num Holocausto Zionista até o presente.
“Ocupação” é uma palavra higiênica que, parece que ninguém quer questionar ou importar-se. A verdade é que a palavra “ocupação” ou “terra ocupada” não serve nem para começar a contar a história total do que foi feito contra os palestinos. Para que possamos melhor compreender este assunto, precisamos voltar até o ano de 1948, o ano em que Israel declarou-se um estado dentro da nação Palestina e depois, retroceder ainda mais no tempo para ver como tudo isto foi orquestrado.
Entretanto, primeiro imagine Católicos Romanos ou Batistas Sulistas declarando-se como sendo um estado dentro dos Estados Unidos, no qual eles apenas reconhecerão os direitos humanos dos membros da sua religião, tomarão posse dos direitos pertencentes à outros sobre casas, terras, pomares, propriedades e água e depois, seus residentes que moravam dentro e em torno deste novo estado criado sejam expulsos com uso de força. Uma situação como esta nunca seria permitida nos Estados Unidos porque é uma situação claramente ilegal.
A criação de um país para os Zionistas não aconteceu do dia para a noite. Israel não passou à existir subitamente em 1948. Na verdade, seu planejamento foi, na Inglaterra, rascunhado e aperfeiçoado em vários documentos desde o começo de 1900. Em 2002 numa entrevista concedida à BBC News, Jack Straw, o prévio Secretário do Exterior, culpou o “passado imperial britânico” pelo presente conflito Árabe-Israelense.
Foi em 1917 através da “Declaração de Balfour” que a Inglaterra “deu” a terra dos palestinos para os Zionistas. (1) (2)
Poderíamos dizer que Israel nasceu como resultado de explosivos. No começo de 1900, o doutor Chaim Weizmann descobriu um jeito de usar fermentação industrial para fazer um explosivo chamado cordite (também conhecido como “pólvora sem fumaça”). Esta descoberta provou ser de uma ajuda imensa para os esforços de guerra e, quando Chaim Weizmann foi perguntado de que forma ele queria ser compensado pelos serviços prestados ao Reino Unido respondeu “Existe somente uma coisa que eu quero, uma nação para o meu povo”. Ele queria especificamente a Palestina. Logo depois, a Declaração de Balfour seria escrita e o Doutor Weizmann acabaria eventualmente sendo o primeiro presidente do novo estado chamado “Israel”. (3)
Com a Declaração de Balfour, uma nação prometeu à outra nação que ainda não existia uma terra que já era habitada por uma terceira nação. Esta terceira nação não foi consultada. Balfour mais tarde escreveria “na Palestina nós não consultamos e nem fizemos algum tipo de plebiscito para saber o desejo dos habitantes deste país” e mais tarde escreveu sobre a Palestina “O Zionismo, seja certo ou errado, bom ou ruim, esta arraigado numa tradição muito antiga, nas necessidades presentes, nas esperanças futuras, de muito maior importância do que os desejos e preconceitos dos 700.000 árabes que agora habitam esta terra antiga”.
Lorde Balfour com seus preconceitos pessoais, colocou a caneta no papel e arruinou a vida do o que são hoje milhões de seres humanos. Ele aparentemente falhou em não perceber que muitos palestinos tinham vivido na Palestina, nas suas terras ancestrais, por 1.000 anos ou até mais. Dando os lares ancestrais dos palestinos para os Zionistas e Judeus vindos dos outros países, dando aos Judeus imigrantes uma casa nova se desejassem, tornou todos os palestinos em refugiados em sua própria terra. A revolta e desespero em relação à uma atitude tão desumana resultou em 60 anos de violência através da Palestina. Violência esta que o mundo não sabe nada à respeito porque o problema palestino continua grandemente invisível para nós. (4)
Depois de Israel em 1948 ter declarado-se um estado dentro da Palestina e o conseqüente conflito que se seguiu, o Conde Folke Bernadotte, um diplomata suíço, foi enviado para tentar estabelecer normas de justiça que resultasse em paz para a região. Isto é o que Bernadotte disse sobre Israel: “Um estado judeu chamado Israel existe dentro da Palestina e não existe boas razões para assumirmos que ele continuará a existir.” Ele então criou um plano que limitaria as fronteiras entre Israel e Palestina e que também permitiria que os refugiados palestinos que fugiram dos militares israelense bem armados, retornassem para suas casas. Depois de escrever o plano, o Conde foi emboscado e assassinado pelos revoltados terroristas Zionistas. (5)
Muito do que tem acontecido no Oriente Médio tem sido censurado pela imprensa controlada pelo estado. A censura tem sido pesada e, a verdade raramente achou caminho até o público. Por causa disto, foi inevitável que alguns jornalistas frustrados se reunissem e criassem uma imprensa professional e independente chamada Al-Jazeera onde pudessem mostrar o que eles estavam observando sem nenhuma censura. Al-Jazeera não busca aprovação dos Estados Unidos, Israel ou Inglaterra antes de publicar suas matérias, comentários e documentários. Ela tem apresentado uma grande quantidade de material fotográfico cobrindo a agressão militar dos Estados Unidos e Israel. Este material é tão embaraçoso que os escritórios árabes e viaturas da Al-Jazeera, muito embora sejam claramente marcados e pintados, tem sido bombardeados e metralhados pelos aviões Norte Americanos e tanques Norte Americanos e Ingleses. (6) (7) (8)
Na Al-Jazeera, num recente debate no seu programa Inside Story, centrado num “relatório condenatório” escrito pela Anistia Internacional relativo aos 40 anos de ocupação militar ilegal da Palestina, a Anistia relatou uma grande quantidade de violações de direitos humanos assim como, violações de leis internacionais cometidas por Israel. No programa, o jornalista da Al-Jazeera, Darren Jordan perguntou: “Porque a comunidade internacional não faz mais para ajudar a terminar com todo este sofrimento?” Infelizmente a simples resposta foi de que, na maior parte, a comunidade internacional não sabe nada à respeito do sofrimento porque, a maioria dos países estão recebendo informação através de uma imprensar controlada pelo estado. Nos não temos recebido notícias corretas sobre Israel por quase 60 anos. (9)

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Dez curiosidades que você desconhecia sobre 'Che' Guevara


'Che' Guevara preso na Bolívia em 8 de outubro de 1965 e executado no dia seguinte por crimes contra o Estado e povo boliviano. Imagem: Arquivo Pessoal CHH

Ele é amado e odiado. Ele é o comunista que fez maior sucesso comercial no mundo capitalista e um dos assassinos mais brutais na história recente. Che Guevara se tornou um herói apenas por ter sido um mártir. Fora isso, a visão histórica de Guevara é repleta de assassinatos e execuções sumárias.  Em 1959, Che promulgou cerca de 400 (ou mais) sentenças de morte, os chamados "justiçamentos", contra adversários do novo regime. De acordo com O Livro Negro do Comunismo, ocorreram 14.000 execuções por fuzilamento em Cuba até o final de década de 1960. Mesmo depois da revolução cubana, o país é uma ditadura.

1.Para os cubanos, Che Guevara é um amado herói nacional. As crianças todas as manhãs começam o dia na escola falando “Seremos como Che”. Na Argentina, há escolas com o seu nome, inúmeros museus tentam preservar sua memória e, em 2008, foi inaugurada uma estátua de bronze em sua homenagem em Rosario, sua cidade natal. Para alguns fazendeiros na Bolívia, Ernesto foi santificado, eles o chamam de Santo Ernesto e rezam para ele (rezam para uma pessoa que morreu ateu).

2.O conhecido ícone gráfico de alto contraste estampado com o rosto de Che Guevara é uma das imagens mais objetivadas e mercantilizadas. Ela é encontrada em camisetas, bonés, pôsteres, tatuagens, contribuindo, ironicamente, com o consumo. A foto original foi tirada pelo fotógrafo Alberto Korda.

3.Depois de executado, teve suas mãos amputadas por um médico do exército. Apesar de os oficiais bolivianos não revelarem se seu corpo foi enterrado ou cremado, suas mãos foram preservadas. Os membros foram então mandados a Buenos Aires para identificação e então para Cuba.

4.Che Guevara foi pai de cinco filhos. Com sua primeira esposa, Hilda Gadea, ele teve uma filha nascida no México em 15 de fevereiro de 1956. Os outros quatro filhos eram de sua segunda esposa, Aleida March.

5.Em 1964, Guevara fez um discurso para as Nações Unidas em Nova Iorque, nos EUA. No discurso, ele condenou a segregação racial do país.

6.Em junho de 1953, Che se formou em medicina. Ele se interessava, particularmente, pela lepra.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

A verdadeira Bandeira de Israel: Hexagrama ou “Estrela de Davi” versus o Sagrado Menoráh?


Qual simbolo é historicamente ligado ao judaísmo bíblico? O Menoráh Sagrado, citado nas Escrituras ou o Hexagrama? Um símbolo pagão sem conexão com o povo judeu! Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

A Menorá do Templo Sagrado

O símbolo da Menorá de sete braços em semicírculo é um dos mais conhecidos no mundo judaico. A Torá traz um indício bem claro. No livro do Êxodo (25:32) estão detalhadas as instruções para a confecção da Menoráh:

O verdadeiro simbolo do judaísmo bíblico: o Menorah. Imagem: Arquivo Pessoal CHH

"Seis hastes saem de seus lados: três hastes do candelabro do primeiro lado e três hastes do candelabro do segundo lado."

A Menorah significa candelabro. Presume-se que a primeira Menorah tenha sido feita para o Tabernáculo no Deserto pelo artista e artesão Bezalel, obedecendo as instruções de Moisés. Na Menorah há 7 lumes de lâmpadas, uma haste central e 03 braços que saem de cada lado.



Se seguissem as instruções de Deus está deveria ser a Bandeira do Estado de Israel. No centro estaria o mais sagrado símbolo do judaísmo. A Menorah que ilumina todas as nações com a Luz do Único Deus. Arquivo Pessoal. CHH.
O Livro Sagrado afirma que a forma, o desenho e os detalhes da Menorah foram inspirados por revelação do céu. Na Menoráh, como já afirmamos havia sete braços ao todo: uma haste central e três braços que saíam de cada lado. Cada um dos sete tinha uma tigela para o óleo, que era retirada diariamente pelos sacerdotes para limpeza e recomposição do óleo. Ela era impressionantemente grande, de ouro puro e de desenho altamente decorativo.
Naturalmente, o fogo e a iluminação sempre tiveram papel muito importante nos ritos religiosos.
Quando o Templo foi destruído, a Menorah tornou-se o principal símbolo artístico e decorativo da fé judaica.
Porém a Menorah também tem um significado oculto como já afirmamos. Pareceu-nos bastante claro que o Candelabro é um Simbolograma da Criação. Pesquisando o Livro Sagrado sobre o assunto, encontramos em Êxodo 25: 31/40:
"O Senhor disse a Moisés: Farás um candelabro de ouro puro, e o farás de ouro batido, com o seu pedestal e sua haste. ...seis braços sairão dos seus lados, três de um lado e três do outro . . Estes braços formarão um todo com o candelabro, tudo formando uma só peça de ouro batido . . .Cuida para que se execute este trabalho segundo o modelo que te mostrei no monte".
O texto mostra claramente que o candelabro é apenas uma imagem, uma sombra das realidades celestiais, como foi revelado a Moisés quando estava para construir o tabernáculo.
Originalmente era um objeto constituído de ouro batido, maciço e puro, feito por Moisés para ser colocado dentro do Santo Lugar átrio intermediário entre o Átrio Exterior do Santuário e o Santo dos Santos - juntamente com o Altar de Incenso e a Mesa dos Pães da Proposição. Diz-se que simboliza os arbustos em chamas que Moisés viu no Monte Sinai

A primeira Menorah foi feita obedecendo a instruções minuciosas do Eterno. Na Menorah, há sete braços ao todo: uma haste central, e três braços que saiam de cada lado. Naturalmente, o fogo e a iluminação sempre tiveram um papel muito importante.

A Menoráh podia ser visto como ocupando o papel mais central de todos os vasos sagrados, pois é o símbolo da luz - e os sábios se referem a Jerusalém como "a luz do mundo" .

Uma razão para isso é a luz da Menoráh, irrompendo de dentro do santuário. Para acender a menorá era como um ato espiritual, bem como a iluminação.  Assim, os sábios ensinam que as janelas nas paredes do santuário foram construídas de forma diferente do que qualquer outra janela no mundo. Estes foram apenas o oposto de janelas normais, qual é normalmente considerada a função da Janela?

Para deixar a luz entrar. Mas dentro dessas janelas, estavam em ordem, a fim para deixar a luz sair para fora - para difundir a luz espiritual que emana do Templo, da Menoráh para o mundo. 

As janelas do Santuário permitiam que a luz especial saísse da Menoráh para espalhar-se pelo mundo, partindo de dentro do salão sagrado.

O Hexagrama ou “Estrela de Davi”.
Uma das teorias que visa dar sem embasamento histórico confiável origem ao hexagrama dentre o povo judeu, faz alusão ao nome do Rei Davi. Segundo a tradição judaica, o nome Davi era escrito com apenas três letras no alfabeto hebraico: dalet, vav e dalet. A primeira e última letra (dalet), possui uma forma semelhante ao triângulo. 
O hexagrama, um simbolo de crenças pagãs instituído no meio do judaísmo. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.
Um "hexagrama" um simbolo composto por 6 partes. os hexagramas são usados na religiao para representar algum sentido, ou podem ser usados para transmitir qualquer mensagem em forma de simbologia.
Um hexagrama é uma forma geométrica que é uma estrela de 6 pontas, composta por dois triângulos equiláteros. A interseção é um hexágono regular.

domingo, 9 de junho de 2013

Birobidjan, a Capital da primeira nação moderna do povo judeu: Oblast Autônomo Judaico.


Brasão da Cidade de Birobidjan, Capital da Região Autônoma Judaica na Federação Russa. As sete  listras na vertical representam os Sete Braços do Menorah (Candelabro) Sagrado, símbolo original dos judeus. As ondas representam os dois  rios que passam pela cidade. Imagem: http://birobidzhan.rfn.ru/

Birobidjan em yiddish: ביראָבידזשאן. É a capital do Oblast (É uma subdivisão Federal administrativa) Autônomo Judaico da Rússia. (Yevreyskaya avtonomnaya oblast). A cidade é cortada pelos rios Bira e pelo Bidjan, na fronteira com a China, e é atravessado pela ferrovia Transiberiana,o que garante o contato entre Birobidjan e Moscou. Suas coordenadas são: 48°48′N 132°57′E. Segundo o censo de 2002, a cidade possui 77,250 habitantes. No livro O Exército de um Homem Só de Moacyr Scliar, os personagens principais migraram de Birobidjan para Porto Alegre, o livro conta a história do Império Russo e da União Soviética, sendo que os personagens principais são judeus e um deles é um comunista que sonha com um mundo livre, querendo fundar uma nova sociedade nas vizinhanças de Porto Alegre, com o nome de Nova Birobidjan.

A região foi criada em 1934 como 'Distrito Nacional Judaico', como resultado da política nacionalista de Josef Stalin, que designou à população judaica da Rússia seu próprio território, para que pudessem preservar seu patrimônio cultural iídiche dentro de uma estrutura socialista. Apesar do nome, apenas 1,2% da população de 190 400 habitantes é formada por judeus; 90% é formada por russos e o restante por ucranianos e chineses. Sua capital é Birobidjan.

Em 28 de Março de 1928, o “Presidium” do Comitê Executivo Geral da URSS baixou um decreto definindo como “Komzet” um território livre próximo ao rio Amur no extremo leste para assentamento de trabalhadores judeus. O decreto em verdade dava a entender :

"a possibilidade de estabelecimento de um território administrativo para os judeus nessa região”.


Mapa da Região Autônoma Judaica na Federação Russa. Imagem:http://birobidzhan.rfn.ru/

Em 20 de Agosto de 1930 o Comitê Executivo Geral da então RSFSR aceitou o decreto para “Formação da região nacional de Birobidjan numa estrutura de Território do Extremo Oriente”, considerado pelo Comitê de Planejamento do Estado como uma unidade economicamente separada. Em 1932 os primeiros números (orçamentos) para desenvolvimento de Birobidjan foram considerados e autorizados.


Brasão da Região Autônoma Judaica. Imagem: http://www.eao.ru/eng/

O brasão de armas da Região Autônoma Judaica é um escudo heráldica francês, de cor água-marinha russa (verde escuro). As partes superior e inferior do escudo estão marcados com riscas horizontais estreitas em branco-azul-branco. Todas as cores são iguais em largura, e são de 1/50 da altura do escudo. As listras azuis simbolizam os rios Bira e Bidzhan. O centro do escudo é estampado com um Ussurian tigre dourado com listras pretas em sua coloração natural. A figura do tigre é girada para a direita em direção ao espectador que simboliza uma história incomum e uma forma original de desenvolvimento da Região.

Em 7 de Maio de 1934 o “Presidium” do Comitê Executivo Geral aceitou o decreto para transformação na Região Autônoma dos Judeus dentro da Federação Russa e em 1938 o território de Khabarovsk, como Região Autônoma Judaica foi incluída na estrutura da URSS.

Joseph Stalin em sua política de prover aos diversos grupos nacionais da União Soviética territórios separados para desenvolver suas Autonomias Culturais, porém dentro da ideologia Socialista. Isso respondia a dois problemas enfrentados pela União Soviética na sua busca de unificação nacionalista:

O judaísmo, com sua oposição a política estatal de ateísmo.

O sionismo, com a criação em 1948 do moderno Estado de Israel.


Bandeira da Região Autônoma Judaica. Imagem: http://www.eao.ru/eng/

A bandeira da Região Autônoma Judaica é um painel retangular branco. No eixo horizontal está localizado a uma faixa de cor simbolizando um arco-íris. A tira é composta por sete faixas horizontais estreitas (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul céu, azul e violeta). Cada largura é igual a 1/40 da largura do pavilhão. As tiras são divididas por faixas horizontais brancas estreitas, a largura de cada uma é igual a 1/120 avos da largura do pavilhão. 

quinta-feira, 6 de junho de 2013

O nascimento da escola dos Annales


Promover multidisciplinar (economia, demografia, sociologia, geografia, antropologia), a renovação do foco (tudo é história) e da diversificação das fontes (material escrito, oral), a nova história está dando atenção prioritária aos grupos - e não os indivíduos - de estruturas sócio-econômicas e fenômenos mais geral que evoluíram lentamente - ao invés de eventos. Imagem: Capa do livro a Escola dos Annales de Peter Bunker.

Essa corrente do pensamento historiográfico surgiu com a inauguração da revista [1]: “Analles de História Econômica e Social”, fundada em 1929 pelos historiadores Marc Bloch (1886-1944) e Lucién Febvre (1878-1956) (ambos professores da Universidade de Estrasburgo). A intenção era promover estudos relativos às estruturas econômicas e sociais, favorecendo possíveis contatos interdisciplinares [2] no seio das Ciências Sociais. A importância maior da revista, sem dúvida, foi a ampliação do ofício do historiador em direção a um novo paradigma [3], notadamente:

[...] Uma renovação dos métodos e do próprio objeto da ciência histórica, mediante à atenção dada às estruturas e aos fenômenos coletivos, assim como a abertura para outras ciências sociais, eram desejadas e esperadas nos anos 30 e deviam necessariamente impor-se à comunidade científica [...] a atenção prioritária concedida aos grupos – e não mais aos indivíduos (herança do positivismo) -, às estruturas socioeconômicas e, de modo geral, aos fenômenos de evolução lenta – e não mais aos acontecimentos [...] (BURGUIÉRE, 1993, p. 50-52).

            Os fundadores da Revista dos Annales não poupavam críticas à Escola positivista da História, pois estes: exaltavam a ação “vazia” dos líderes políticos; valorizavam os estudos biográficos de reis, príncipes, chefes de Estado; apoiavam suas análises no “acontecimento” ou fato político, descartando as ações dos grupos sociais e as transformações de caráter econômico; tinham a intenção “oca” de recuperar dados referentes à genealogia das Nações, etc. Para os historiadores dos Annales, a Escola Positivista visitara somente a superfície factual do passado histórico: “O nascimento dos Annales é portanto um assunto de geração intelectual e científica tanto quanto de poder. Trata-se de defender uma liberdade nova e de dar fim ao “velho ídolo da história política factual”. (BLOCH apud TÉTART, 2000, p. 109).

O olhar dado ao passado, na perspectiva de Bloch (medievalista) e Febvre (Modernista) estabelecia novos objetos para a ciência histórica: análises demográficas sobre deslocamentos de povos, “destacando as formas de ocupação social em grandes espaços, em torno de mares e oceanos [4]” (BITTENCOURT, 2004, p. 145) com o auxílio da Geografia; estudos sobre as mentalidades coletivas juntamente com as novidades da Psicologia; comparações socioeconômicas de caráter regional, estadual e/ou nacional; Interpretações possíveis a respeito das tradições, costumes, vestuário, crenças de camponeses, escravos, indígenas, povos primitivos, situando-os dentro de uma perspectiva antropológica [5], etc. Os horizontes de ação do historiador ampliavam-se e possibilitavam recuperar o passado por intermédio de questões colocadas pelo tempo presente, assim como a ampliação da noção de fonte que é fundamental na Escola dos Annales:

A história faz-se com documentos escritos, sem dúvida. [...] Mas pode fazer-se, deve fazer-se sem documentos escritos se estes não existirem. Com tudo o que a engenhosidade do historiador pode lhe permitir usar para fabricar seu mel. [...] Paisagens, telhas. Formas de campos e ervas daninhas. Eclipses lunares e cabrestos [...] (FEBVRE apud TÉTART, 2000, p. 112). 
As décadas de 1920 e 1930 representavam realmente um cenário conjuntural de profundas transformações. Nas relações políticas: um mundo destruído e abalado pela guerra entre as Nações (1914-1918); Na economia: o colapso do Capitalismo após o Crash da bolsa de valores de Nova York e o “fantasma” do Socialismo, como alternativa possível à crise, simbolizado pelos planos quinqüenais de Stálin; Nas relações sociais a predominância do “medo, insegurança, descrença no futuro”, destacadamente a partir da ascensão dos partidos totalitários (fascismo, franquismo e nazismo) com a proposta de “reconstruir” o que fora perdido. Notoriamente, um período rico relativo aos caminhos teóricos atribuído às ciências sociais. As questões que incomodavam o presente foram incorporadas como objetos de análises históricas:

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Limitações da historiografia marxista Parte III: o Positivismo.


O lema Ordem e Progresso na bandeira do Brasil é inspirado pelo lema de Auguste Comte do positivismo: L'amour pour principe et l'ordre pour base; le progrès pour but ("Amor como princípio e ordem como base; o progresso como meta"). Foi colocado, pois várias das pessoas envolvidas na proclamação da República no Brasil eram seguidores das ideias de Comte. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

O positivismo é uma linha teórica da sociologia, criada pelo francês Auguste Comte (1798-1857), que começou a atribuir fatores humanos nas explicações dos diversos assuntos, contrariando o primado da razão, da teologia e da metafísica. Segundo Henry Myers (1966), o "Positivismo é a visão de que o inquérito científico sério não deveria procurar causas últimas que derivem de alguma fonte externa, mas, sim, confinar-se ao estudo de relações existentes entre fatos que são diretamente acessíveis pela observação".

Em outras palavras, os positivistas abandonaram a busca pela explicação de fenômenos externos, como a criação do homem, por exemplo, para buscar explicar coisas mais práticas e presentes na vida do homem, como no caso das leis, das relações sociais e da ética.

Para Comte, o método positivista consiste na observação dos fenômenos, subordinando a imaginação à observação. O fundador da linha de pensamento sintetizou seu ideal em sete palavras: real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático. Comte preocupou-se em tentar elaborar um sistema de valores adaptado com a realidade que o mundo vivia na época da Revolução Industrial, valorizando o ser humano, a paz e a concórdia universal.

O positivismo teve fortes influências no Brasil, tendo como sua representação máxima, o emprego da frase positivista “Ordem e Progresso”, extraída da fórmula máxima do Positivismo: "O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim", em plena bandeira brasileira. A frase tenta passar a imagem de que cada coisa em seu devido lugar conduziria para a perfeita orientação ética da vida social.


Isidore Auguste Marie François Xavier Comte (1798-1857). Fundador da Sociologia e do Positivismo. Imagem: http://www.bolender.com/Sociological%20Theory/Comte,%20Auguste/Another%20Picture%20of%20Auguste%20Comte.jpg

Embora o positivismo tenha tido grande aceitação na Europa e também em outros países, como o Brasil, e talvez seja, a base do pensamento da sociologia, as ideias de Comte foram duramente criticadas pela tradição sociológica e filosófica marxista, com destaque para a Escola de Frankfurt.
Positivismo é um conceito que possui distintos significados, englobando tanto perspectivas filosóficas e científicas do século XIX quanto outras do século XX.
Desde o seu início, com Augusto Comte (1798-1857)  na primeira metade do século XIX, até o presente século XXI, o sentido da palavra mudou radicalmente, incorporando diferentes sentidos, muitos deles opostos ou contraditórios entre si. Nesse sentido, há correntes de outras disciplinas que se consideram "positivistas" sem guardar nenhuma relação com a obra de Comte. Exemplos paradigmáticos disso são o Positivismo Jurídico, do austríacoHans Kelsen, e o Positivismo Lógico (ou Círculo de Viena), de Rudolph Carnap, Otto Neurath e seus associados.
Para Comte, o Positivismo é uma doutrina filosófica, sociológica e política. Surgiu como desenvolvimento sociológico do Iluminismo, das crises social e moral do fim da Idade Médiae do nascimento da sociedade industrial - processos que tiveram como grande marco aRevolução Francesa (1789-1799). Em linhas gerais, ele propõe à existência humana valores completamente humanos, afastando radicalmente a teologia e a metafísica (embora incorporando-as em uma filosofia da história). Assim, o Positivismo associa uma interpretação das ciências e uma classificação do conhecimento a uma ética humanaradical, desenvolvida na segunda fase da carreira de Comte.
O método do positivismo
O método geral do positivismo de Auguste Comte consiste na observação dos fenômenos, opondo-se ao racionalismo e ao idealismo, por meio da promoção do primado da experiência sensível, única capaz de produzir a partir dos dados concretos (positivos) a verdadeira ciência(na concepção positivista), sem qualquer atributo teológico ou metafísico, subordinando a imaginação à observação, tomando como base apenas o mundo físico ou material. O Positivismo nega à ciência qualquer possibilidade de investigar a causa dos fenômenos naturais e sociais, considerando este tipo de pesquisa inútil e inacessível, voltando-se para a descoberta e o estudo das leis (relações constantes entre os fenômenos observáveis).

sábado, 1 de junho de 2013

Limitações da historiografia marxista Parte II: A Escola de Annales.


A teoria marxista da História compreende teses a teoria da História Materialista, (materialismo histórico), que foi uma proposição efetuada por Marx e que institui uma abordagem economicista para a história da Humanidade.
A historiografia marxista não tenha conseguido perceber as massas populares como integrantes ativos na construção da história, embora dominados ou alienados, não empregou um olhar que ia muito além das balizas teóricas e ideológicas pertinentes ao que se tinha como quase dogma entre os inspirados seguidores de Marx.
A Escola dos Annales

A chamada escola dos Annales é um movimento historiográfico que se constitui em torno do periódico acadêmico francês Annales d'histoire économique et sociale, tendo se destacado por incorporar métodos das Ciências Sociais à História; há que referir que o seu nascimento é também um reflexo da conjunta: estava-mos em 1929, ano da Grande Crise econômica que assolou os Estados Unidos, bem como a Europa.



A Historiografia Marxista demonstrou ter seus limites. Por causa do grande enfoque dado nas relações econômicas, os historiadores perceberam que não seria possível explicar todos os aspectos da vida social. Muitas facetas importantes para as relações do cotidiano na humanidade não eram abordadas. Hoje se entende que a História é feita em diversas circunstâncias da vida humana e esta muito em foco as proposições feitas pela quarta geração da Escola dos Annales que enfatiza as implicações da cultura na explicação das sociedades.
No entanto, a ênfase econômica dos estudos realizados pelos historiadores marxistas não abarcou todos os aspectos da vida das sociedades ao longo da história. O fato é que aspectos também importantes da vida cotidiana das sociedades na história não estavam dentro do foco marxista e uma nova história passou a ser escrita. Atualmente, com novos e ousados métodos de estudo, os aspectos ordinários, culturais, e não apenas os singulares também interessaram aos novos historiadores e aos historiadores pós-modernos.
Atualmente há uma tendência produtiva de se partir para o desprezo a qualquer coisa que “pareça” marxista desde o “fim” da esperança do socialismo real.

A chamada escola dos Annales é um movimento historiográfico que se constitui em torno do periódico acadêmico francês Annales d'histoire économique et sociale, tendo se destacado por incorporar métodos das Ciências Sociais à História; há que referir que o seu nascimento é também um reflexo da conjunta: estávamos em 1929, ano da Grande Crise econômica que assolou os Estados Unidos, bem como a Europa: Alemanha e França, em maior escala: os Annales visam ser como um retrato do espectro de '29, uma época de mutações, que iria ser como que a catapulta essencial para um novo tipo de história, a econômica, a social...e empreender um corte na história política, na história individual, mas, sem a arredar de cena, como a vertente mais social vinha sendo vitima (era um pouco ostracizada, colocada num patamar secundário, bem no fundo da história política ou militar...).



Fundada por Lucien Febvre e Marc Bloch em 1929, propunha-se a ir além da visão positivista da história como crônica de acontecimentos (histoire événementielle), substituindo o tempo breve da história dos acontecimentos pelos processos de longa duração, com o objetivo de tornar inteligíveis a civilização e as "mentalidades".

A escola des Annales renovou e ampliou o quadro das pesquisas históricas ao abrir o campo da História para o estudo de atividades humanas até então pouco investigadas, rompendo com a compartimentação das Ciências Sociais (História, Sociologia, Psicologia, Economia, Geografia humana e assim por diante) e privilegiando os métodos pluridisciplinares.1

Em geral, divide-se a trajetória da escola em quatro fases:

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Limitações da historiografia marxista Parte I: o enganado Eric Hobsbawm.

Eric Hobsbawm. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

Maior historiador esquerdista de língua inglesa, Eric Hobsbawm, faleceu em 1 de outubro de 2012, aos 95 anos. Marxista irredutível, Hobsbawm chegou a defender o indefensável: numa entrevista que chocou leitores, críticos e colegas:

“Alegou que o assassinato de milhões orquestrados por Stalin na União Soviética teria valido a pena se dele tivesse resultado uma ‘genuína sociedade comunista’”.

Eric Hobsbawn

Hobsbawm foi de fato um historiador talentoso. Nunca fez doutrinação rasteira em suas obras. Mas o talento de historiador, é forçoso dizer, ficará para sempre manchado pela cegueira com que ele se agarrou a uma posição ideológica insustentável.

Essa posição lança sombras sobre uma de suas obras mais famosas, A Era dos Extremos, livro de 1994 que, depois da trilogia sobre o século XIX composta pelos livros A Era das Revoluções,A Era do Capital e A Era dos Impérios, lançados entre 1962 e 1987, se dedica a investigar a história do século XX –  quando Hitler matou milhões em seus campos de concentração e os regimes comunistas empreenderam os seus próprios extermínios. Hobsbawm se abstém de condenar os crimes soviéticos, embora o faça, com toda a ênfase, com relação aos nazistas.

Outro eminente historiador de origem britânica, Tony Judt (1948-2010), professor de história da New York University que fez uma longa resenha do livro de memórias de Hobsbawm, Tempos Interessantes, advertia já em 2008 que o colega ficaria marcado por sua posição política.

“Ele pagará um preço: ser lembrado não como ‘o’ historiador, mas como o historiador comunista

 Tony Judt .The New York Times.

Em texto publicado pela revista The New Criterion, o escritor David Pryce-Jones também apontou o prejuízo da ligação de Hobsbawm com o pensamento marxista.

“A devoção ao comunismo destruiu o historiador como um pensador ou um intérprete de fatos.”

David Pryce Jones, The New Criterion

O entusiasmo com a revolução bolchevique, aliás, não foi a única fonte de tropeços morais para Hobsbawm. A conflituosa relação com as raízes judaicas – seu sobrenome deriva de Hobsbaum, modificado por um erro de grafia – o levou a apoiar o nacionalismo palestino e, ao mesmo tempo, a negar igual tratamento a Israel.

Biografia – A história pessoal de Hobsbawm ajuda a entender sua adesão ao marxismo. Nascido no ano da Revolução Russa, 1917, em Alexandria, no Egito, ele se mudou na infância para Viena, terra natal materna, onde perdeu ainda adolescente tanto a mãe quanto o pai, um fracassado negociante inglês que permitiu a ele ter desde cedo o passaporte britânico. Criado por parentes em Berlim na época em que Hitler ascendia ao poder, ele viu no comunismo uma contrapartida ao nazismo.


Eric Hobsbawn. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

Da Alemanha, Hobsbawm seguiu para a Inglaterra. Durante a guerra, serviu numa unidade de sapadores quase que inteiramente formada por soldados de origem operária - e daí viria, mais que a simpatia, uma espécie de identificação com aquela que, segundo Marx, era a classe revolucionária. Ele estudou em Cambridge, e se filiou ao Partido Comunista, ao qual se aferraria por anos.

Nem mesmo após a denúncia das atrocidades stalinistas feita por Nikita Khrushchov em 1956, quando diversos intelectuais romperam com o comunismo, ele deixou o partido.