sexta-feira, 8 de julho de 2011

O tempo dos assassinos.

Você continua ai sentado sem fazer nada, enquanto 100 milhões de mortos assassinados pelo comunismo caem no esquecimento?

A coluna de hoje, data venia dos amáveis leitores, será toda dedicada àquelas criaturas mimosas que, na ética brasileira vigente, representam a epítome das virtudes humanas: os comunistas.
Comecemos com uma declaração célebre de Haydée Santamaria, ícone da Revolução cubana. A frase circula pela internet num cartaz de propaganda comunista atribuído falsamente à Petrobras, mas, se foi escolhida numa tentativa muito safada de sujar a reputação da empresa, é porque seu conteúdo é significativo em si mesmo, e é ele que me interessa aqui, não o cartaz. A frase é: "Para mim, ser comunista não é militar num partido, é ter uma atitude ante a vida." Qual atitude, precisamente? A própria Haydée responde, na mesma carta que contém a declaração usada pelos falsários (http://www.rebelion.org/argentina/040521haydee.htm): "Creo que hay que hacer un gran esfuerzo para ser violenta, para ir a la guerra, pero hay que ser violenta e ir a la guerra si hay necesidad." O paralelo com o célebre "no perder la ternura jamás" é inevitável. Faz parte da liturgia comunista o mantra de que os comunistas só matam por obrigação moral, a contragosto. Pela lógica da normalidade humana, quem mata a contragosto tenta reduzir ao mínimo o número de vítimas. Isso contrasta de maneira acachapante com o fato de que os comunistas são os campeões inquestionados do morticínio universal, inclusive na América Latina, onde os feitos de Fidel Castro superam incalculavelmente os de seus mais execrados inimigos direitistas. Mas, como se conclui facilmente do que expliquei em artigos anteriores, o movimento revolucionário moderno não poderia ter-se originado por inversão do cristianismo sem absorver e inverter também os seus critérios morais. O ethos comunista, que as duas sentenças de Haydée Santamaria (e a apologia guevariana do guerrilheiro como "eficiente e fria máquina de matar") exemplificam tão claramente, é a perfeita inversão do bem e do mal. Antonio Gramsci já propunha a substituição do calendário litúrgico da Igreja por um novo panteão de santos, onde os assassinos a serviço da revolução ocupariam os lugares dos mártires cristãos. O método para realizar a inversão é uma tortuosa dialética que faz da truculência revolucionária a expressão máxima do bem e da santidade. Essa dialética emerge diretamente da inversão de tempo e eternidade que aqui expliquei. Na medida em que identificam o bem eterno com o futuro que prometem, os comunistas estão livres para matar e torturar no presente sem poder ser julgados por ele. De outro lado, como o futuro é indeterminado e só os próprios comunistas podem oficializar o seu advento quando ele chegar, o acerto de contas com a moral fica para o dia de são nunca. Enquanto isso, os comunistas deitam e rolam nas delícias da auto-indulgência, matando, torturando, arrasando países inteiros, reduzindo multidões a uma miséria indescritível e, nos intervalos, retorcendo-se em trejeitos de indignação contra o pecaminoso capitalismo. Os representantes do presente maligno não podem julgá-los, e os do futuro maravilhoso julgam em causa própria, prevalecendo-se do direito de adiar o julgamento até o dia da perfeição final, inatingível por definição. Logo, seus crimes não lhes podem ser imputados e recaem fatalmente sobre seus inimigos, isto é, suas vítimas. Daí que tenham tanto mais intensa impressão de santidade quanto mais lavam suas mãos no sangue dos outros. Eles nunca são culpados pelos seus próprios atos. Puros e santos, são forçados pelo maldito capitalismo a violar sua bondosa inclinação natural e sair matando pessoas, como se fossem assassinos. Esse sacrifício lhes dói tanto, que quando matam sentem que são eles próprios as vítimas, em vez de autores do crime. Daí o ódio redobrado que sentem pelo falecido que, perfidadamente, os obrigou a torturá-lo e matá-lo. Daí, mais ainda, a necessidade que sentem de continuar a matá-lo em efígie eternamente, xingando-o e difamando-o a cada oportunidade e negando clemência até mesmo a seus descendentes. Na Romênia de Ceaucescu o ex-ministro da economia, Mihail Manoilescu, foi condenado à morte e executado simbolicamente cinco anos depois de ter morrido na cadeia. Matá-lo uma vez só não bastava. São delicadezas da alma comunista que escapam aos corações insensíveis dos reacionários. Ser comunista é ser um assassino cheio de ternura por si mesmo e de ódio eterno, inextinguível, às suas vítimas.

Escravos fujões

Graça Salgueiro, minha amiga e editora do admirável blog Nota Latina (www.notalatina.blogspot.com), me chama a atenção para mais um detalhe maravilhoso na entrevista do professor-assassino João Carlos Kfouri Quartim de Moraes que já comentei aqui e também no Jornal do Brasil (v. http://www.olavodecarvalho.org/semana/070206dce.html e http://www.olavodecarvalho.org/semana/070208jb.html). Fazendo ironia com os fazendeiros do Império que julgavam a escravatura uma instituição benévola, afirma o elemento: "Os escravos, teimando em não compreender as motivações filantrópicas de seus proprietários, fugiam em massa das senzalas e das plantações". Bem, os escravos brasileiros não são as únicas pessoas incompreensivas que fugiram de seus benfeitores. Seis milhões de cubanos escapuliram de Cuba, expondo-se ao risco de morrer afogados ou de ser comidos pelos tubarões caso não fossem metralhados antes pela polícia de Fidel Castro. Seu exemplo abominável foi seguido por dois milhões de vietnamitas que fugiram da generosidade vietcongue em barquinhos, jangadas e até bóias de borracha. Algumas dezenas de milhares de alemães mal agradecidos saltaram o Muro de Berlim para expor-se aos horrores do capitalismo na parte oeste da cidade. O fluxo de refugiados da Polônia, da Rússia, da Hungria, da China e de outros templos da bondade comunista jamais cessou de superlotar as ruas de Nova York, Paris e Londres e até de São Paulo, dando testemunho onipresente da ingratidão humana. E eu mesmo, cínico e indiferente à ternura que jorra do coração do prof. Kfouri, fugi para os EUA antes que desse na veneta filantrópica do indigitado a idéia de constituir às pressas mais um tribunal revolucionário e me mandar para o beleléu como fez com o capitão Charles Chandler.

História invertida

Uma evidência moral que deveria ser óbvia à primeira vista é que, se todo militante nazista é cúmplice moral do Holocausto, todo militante comunista é cúmplice moral da matança de cem milhões de vítimas dos regimes soviético, chinês, cubano etc.

No caso dos terroristas brasileiros, sua participação no esquema genocida internacional montado por Fidel Castro (não menos de quinhentos mil mortos no total) foi algo mais do que moral: foi cumplicidade material, através da ajuda que receberam dele e dos inumeráveis serviços que lhe prestaram. Desde logo, o fato de que a guerrilha nacional agisse sob a orientação da OLAS, Organización Latino-Americana de Solidariedad, é mais que suficiente para provar que ela não foi uma iniciativa nacional independente e sim a consecução local de planos estratégicos traçados pessoalmente por Fidel Castro. Assim como há uma diferença entre o vago simpatizante nazista da França ou da Holanda e o militante efetivo que no exterior cumpria as ordens emanadas da Chancelaria em Berlim, a mesma diferença existe entre o mero esquerdista subjetivo e os nossos guerrilheiros. Como braços armados de Fidel Castro, eles ajudaram a matar cada cubano que morreu de tortura ou de fome nos cárceres da ilha e cada vítima das guerrilhas que o ditador do Caribe espalhou pelo continente latino-americano e pela África.
Se compararmos a imensidão desses feitos macabros com a truculência modesta da ditadura que os combateu, a superioridade moral desta última se tornará demasiado evidente. Por isso a historiografia de propaganda esquerdista que forjou a imagem desse período na memória nacional é tão enfática em assinalar os crimes da ditadura e tão omissa em descrever as conexões da guerrilha local com o esquema estratégico cubano e continental. Mesmo quando fala da Operação Condor, a articulação de governos militares para o combate às guerrilhas, ela busca sempre dar a impressão de que se tratava de uma conspiração transnacional armada contra heróicas resistências locais, e não de um arranjo feito às pressas para enfrentar um esquema revolucionário internacional muito mais antigo, organizado e abrangente. A OLAS, afinal, tinha agentes em todo o mundo e conexões muito fortes na mídia internacional, enquanto os generais latino-americanos mal tinham alguns oficiais de relações públicas, canhestros e mal treinados, para tentar balbuciar explicações diante de repórteres maliciosos, intoxicados de prevenção esquerdista, quando não militantes comunistas eles próprios. É por isso que a história da ingerência dos EUA na situação política latino-americana da época aparece cem por cento invertida no relato que as escolas e o movimento editorial passam às novas gerações. A força dos documentos históricos é aí neutralizada por grotescas lendas urbanas criadas pela propaganda comunista, que se impregnam na memória popular como verdades de evangelho. Na crença geral, os EUA continuam aparecendo como autores ou pelos menos inspiradores do golpe de 1964, embora a correspondência entre o embaixador Lincoln Gordon e o presidente Johnson mostre que o governo americano se limitou a manter-se informado sem interferir em nada. Inversa e complementarmente, a debilitação e queda dos governos militares é atribuída à ação espontânea e heróica das resistências locais, quando os documentos provam que foi tudo uma decisão direta do presidente Jimmy Carter, o pai da prosperidade esquerdista nas décadas seguintes. Ante a pressão americana, nossa ditadura teve de se desmantelar às pressas, abandonando o país nas mãos da canalha esquerdista que desde então não fez senão comer dinheiro público, bajular criminosos e derreter-se em orgasmos de auto-adoração. A anistia jurídica que essa gente recebeu nunca deveria ter vindo junto com a anistia moral que aboliu a memória de seus crimes e tornou eternamente imperdoáveis os de seus adversários. Nem a ditadura foi tão ruim, nem os comunistas que a combateram o fizeram por amor à democracia e aos direitos humanos. A alternativa aos militares, nas décadas de 60 e 70, era exatamente aquela que a guerrilha trazia em seu bojo: a tirania comunista, infinitamente mais brutal e sedenta de sangue do que o mais enfezado dos nossos generais poderia jamais ter sido. A História nunca é uma escolha entre o céu e o inferno, a felicidade integral e o infortúnio absoluto: é uma permanente opção entre a mediocridade do mal menor e a santificação psicótica do mal maior.

Nesse sentido, tendo sido radicalmente oposto ao regime militar enquanto ele durou, hoje não vejo como condená-lo por inteiro em comparação com a alternativa hedionda oferecida pelos santarrões comunistas na época.

No mínimo, os presidentes militares morreram pobres. Morreram pobres porque foram honestos. E, se perseguiram os comunistas, deixaram o resto da nação em paz. Hoje, os cidadãos brasileiros são assassinados à base de cinqüenta mil por ano enquanto os comunistas se empanturram de dinheiro público e trocam beijinhos com a narcoguerrilha colombiana que fomenta a violência nas ruas do Rio e de São Paulo. Moralmente, não há comparação possível.

Diferença abissal

A propósito disso, e com referência à antologia de meus artigos que está para ser publicada como edição especial do Diário do Comércio, creio dever aos leitores uma explicação pessoal, escrita desde o fundo do meu coração.
Há uma diferença abissal entre refutar uma idéia e denunciar um crime. Quando condeno os jornais e jornalistas que ocultam a matança de cristãos no mundo, que fingem acreditar na inexistência ou inocuidade do Foro de São Paulo, que jamais noticiam os constantes assassinatos e torturas de prisioneiros políticos em Cuba, na China e nos países islâmicos (e quando o fazem é com uma circunspecção que raia a omissão completa), não estou discutindo suas idéias: estou denunciando sua cumplicidade consciente e obstinada com crimes hediondos. Minha divergência com eles não é de crenças, de convicções, de ideologia: é a diferença moral irredutível entre o homem sincero e um bando de mentirosos cínicos. Do mesmo modo, não é ideológica a distância que me separa daqueles que se sentem mártires porque perderam 376 militantes para a ditadura nacional enquanto ajudavam Fidel Castro a matar quinhentas mil pessoas (v. http://www.cubaarchive.org/english_version) a cujos descendentes a mídia hipócrita e o governo cão negam toda palavra de consolo. Ideologia discute-se. Uma diferença abissal de percepção, de sentimentos, de moralidade, de senso das proporções, só se expressa com gritos de horror ou com o silêncio do desprezo. Não fui eu que criei essa diferença. Foram eles. São eles que abrem um abismo ontológico intransponível entre os seus e os do partido contrário, considerando-se detentores exclusivos do estatuto humano e tratando seus adversários mortos como detritos na lixeira da História. A essa diferença corresponde outra, igualmente invencível, mas de ordem cognitiva, entre eles e aqueles que não medem a condição humana, os direitos humanos, a dignidade da vida humana, por uma carteirinha de partido. É do máximo interesse deles escamotear essa diferença, fingindo que é tudo mera divergência de opiniões, para em seguida choramingar que sou um intolerante, que os maltrato só porque não pensam como eu. O número dos que apelam a esse expediente malicioso é diretamente proporcional à sua falta de vergonha na cara. Não vejo como expor nossa diferença polidamente. Palhaço seria eu se, diante de tantas condutas criminosas, me pusesse a discuti-las em tom de debate intelectual, como se fossem grandes e elevadas teorias, sublimes hipóteses científicas, arrojadas especulações filosóficas. Bem sei que é isso o que querem. Mas eu estaria me rebaixando ao último grau da indignidade se fizesse algo para contentá-los. Nem falo, é claro, daqueles que diante de provas tão patentes e superabundantes da mendacidade esquerdista que impera nos meios de comunicação deste país, ainda se queixam de que a mídia nacional é "conservadora". Se com os primeiros já não havia a menor possibilidade de diálogo, esses, então, não merecem sequer ser mencionados, de raspão, numa conversa entre pessoas decentes. Seu lugar na escala da idoneidade profissional é o das amebas e protozoários na hierarquia animal. Non raggionam di lor, ma guarda e passa. Por outro lado, é superlativamente cínica e de má fé a exigência de “argumentos” por parte de gente que sempre respondeu aos meus mediante a mais sórdida e persistente campanha de difamação de que algum jornalista brasileiro já foi vítima ao longo de toda a história nacional. Insultos a mim e à minha família, ameaças de morte, imputações criminais escabrosas, boicotes profissionais ostensivos não contentaram a sanha dessas criaturas, que em seguida se esmeraram em distribuir pela internet mensagens falsas em meu nome, com conteúdo racista e nazista, e em criar sites inteiros, com conteúdo forjado, para impingir ao público a farsa de um Olavo de Carvalho moldado à imagem e semelhança do ódio e do temor irracionais que o personagem real lhes inspira. Só de cartas que sugerem, pedem, imploram ou exigem sumariamente a minha exclusão da mídia, tenho as cópias de várias dezenas – amostragem modesta do que circulou pelas redações. Como posso crer que tantos sujeitos empenhadas em tapar minha boca estejam ao mesmo tempo ansiosos para ouvir meus argumentos? Quem tem o direito de cobrar argumentos sou eu e não eles, como bem lembra Guilherme Afif Domingos no prefácio à antologia que mencionei. Mas quem, na esquerda supostamente letrada, vai querer discutir comigo? Todos os que o tentaram se saíram muito mal. Seus descendentes aprenderam a lição. Ao primeiro sinal de um confronto, fogem esbaforidos, de medo de que sua vacuidade mental, desprovida das defesas do cargo e da claque, seja exposta à plena luz do dia. Preferem ir fazer fofocas bem longe de mim, protegidos em suas salas de aula, ante alunos previamente vacinados contra a tentação de me dar ouvidos. Aí sim, deitam e rolam, dizem de mim o que querem, fazem piadas, contam garganta e me derrotam em mil e um embates imaginários. Os exemplos de baixeza, de covardia, de mendacidade grupal organizada que vi desde a primeira edição de O Imbecil Coletivo (1996) são uma amostragem sociológica mais que suficiente do perfil moral médio do esquerdismo falante. Antes disso eu já conhecia, é claro, o poder da máquina de difamação esquerdista. Sabia o que ela tinha feito com Gilberto Freyre, com Otto Maria Carpeaux, com Gustavo Corção, com Georges Bernanos, com José Osvaldo de Meira Penna, com Antonio Olinto, com Roberto Campos – com um punhado de homens ilustres. A fúria inventiva que ela mobiliza contra aqueles a quem quer destruir não tem limites. Não há mentira, não há invencionice, não há intriga, por mais rasteira e porca que seja, a que seus funcionários não recorram com a cara mais bisonha do mundo, seguros da indulgência plenária garantida pela sua superioridade moral inata, indiscutível, divina. E a tudo isso denominam "debate intelectual", desfolhando-se em chiliques de donzela ultrajada quando os chamamos de delinqüentes camuflados. Minha experiência pessoal com essa gente só veio a confirmar, com sobra de evidência, tudo o que a História me havia ensinado a seu respeito. Hoje entendo que o esquerdismo não é um ideal, uma crença, uma filosofia: é uma doença moral horrível, a substituição do senso instintivo do bem e do mal por um conjunto de artifícios lógicos que, por etapas, vão levando da mera perversão à inversão completa, à santificação do mal e à condenação do bem.
Autor: Olavo de Carvalho

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Diário do Comércio, 12 de fevereiro de 2007

http://www.olavodecarvalho.org/semana/070212dc.html

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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Fronteiras da Europa

A tentativa de implantação da cultura européia em extenso território, dotado de condições milenares, é, nas origens da sociedade brasileira, o fato dominante e mais rico em conseqüências. Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas idéias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrado0s em nossa terra. Podemos construir obras excelentes, enriquecer nossa humanidade de aspectos novos e imprevistos, elevarem à perfeição o tipo de civilização que representamos: o certo é que todo o fruto de nosso trabalho ou de nossa preguiça parece participar de um sistema de evolução próprio de outro clima e de outra paisagem.

Assim antes de perguntar até que ponto poderá alcançar bom êxito a tentativa, caberia averiguar até onde temos podido representar aquelas formas de convívio, instituições e idéias de que somos herdeiros.

É significativa, em primeiro lugar, a circunstância de termos recebido a herança através de uma nação ibérica. A Espanha e Portugal são, com a Rússia e os países balcânicos (e em certo sentido também a Inglaterra), um dos territórios-ponte pelos quais a Europa se comunica com os outros mundos. Assim eles constituem uma zona fronteiriça, de transição, menos carregada, em alguns casos, desse europeísmo que, não obstante, mantêm como um patrimônio necessário.

Foi a partir da época dos grandes descobrimentos marítimos que os dois países entraram mais decididamente no coro europeu. Esse ingresso tardio deveria repercutir intensamente em seus destinos, determinando muitos aspectos peculiares de sua história e de sua formação espiritual. Surgiu, assim, um tipo de sociedade que se desenvolveria, em alguns sentidos, quase à margem das congêneres européias, e sem delas receber qualquer incitamento, que já não trouxesse germe.

Quais os fundamentos em que assentam de preferência as formas de vida social nessa região indecisa entre a Europa e a África, que se estende dos Pirineus a Gibraltar? Como explicar muitas daquelas formas, sem recorrer a indicações mais ou menos vagas e que jamais nos conduziriam a uma estrita objetividade?

Precisamente a comparação entre elas e as da Europa de além Pirineus, faz ressaltar uma característica bem peculiar à gente da Península Ibérica, uma característica que ela está longe de partilhar, pelo menos na mesma intensidade, com qualquer de seus vizinhos do continente. É que nenhum desses vizinhos soube desenvolver a tal extremo essa cultura da personalidade, que parece constituir o traço mais decisivo na evolução da gente hispânica, desde tempos imemoriais. Pode dizer-se, realmente, que pela importância particular que atribuem ao valor próprio da pessoa humana, à autonomia de cada um dos homens em relação aos semelhantes no tempo e no espaço, devem os espanhóis e portugueses muito de sua originalidade nacional. Para eles, o índice do valor de um homem infere-se, antes de tudo, da extensão em que não precise depender dos demais, em que não necessite de ninguém, em que se baste. Cada qual filho de si mesmo, de seu esforço próprio, de suas virtudes e as virtudes soberanas para essa mentalidade são tão imperativas, que chegam por vezes a marcar o porte pessoal e até a fisionomia dos homens.

Sua manifestação mais completa já tinha sido expressa no estoicismo que, com pouca corrupção, tem sido a filosofia nacional dos espanhóis desde o tempo de Sêneca. Essa concepção espelha-se fielmente em uma palavra bem hispânica “sobranceria” palavra que indica inicialmente a idéia de superação. Mas a luta emulação que ela implica eram tacitamente admitidas e admiradas, engrandecidas pelos poetas, recomendadas pelos moralistas e sancionadas pelos governos.

É dela que resulta largamente a singular tibieza das formas de organização, de todas as associações que impliquem solidariedade e ordenação entre esses povos. Em terra onde todos são barões não é possível acordo coletivo durável, a não ser por uma força exterior respeitável e temida.

Os privilégios hereditários, que, a bem dizer, jamais tiveram influência muito decisiva nos países de estirpe ibérica, pelo menos tão decisiva e intensa como nas terras onde criou fundas raízes o feudalismo, não precisaram ser abolidos neles para que se firmasse o princípio das competições individuais. À frouxidão da estrutura social, à falta de hierarquia organizada devem-se alguns dos episódios mais singulares da história das nações hispânicas, incluindo-se nelas Portugal e o Brasil. Os elementos anárquicos sempre frutificaram aqui facilmente, com a cumplicidade ou a indolência displicente das instituições e costumes. As iniciativas, mesmo quando se quiseram construtivas, foram continuamente no sentido de separar os homens, não de uni-los. Os decretos dos governos nasceram em primeiro lugar da necessidade de se conterem e de se refrearem as interesses particulares momentâneas, só raras vezes da pretensão de se associarem permanentemente as forças ativas.

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HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1969.

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sábado, 18 de junho de 2011

NIGHT ANGEL. Formulário de denúncias da Polícia Federal vai abastecer mecanismo de busca parecido ao do Google


Josie Jeronimo, Do R7 de Brasília

As informações sigilosas que vão abastecer o formulário eletrônico (http://nightangel.dpf.gov.br/) lançado pela Polícia Federal para denúncias de sites que divulguem conteúdo de pornografia infantil ou assuntos que incentivem pedofilia vão abastecer um programa de varredura parecido ao usado pelos mecanismos de busca de sites de pesquisa como o Google. O rastreamento utilizado pela PF usa robôs que varrem a internet em busca de conteúdo relacionado à pedofilia. O diretor da divisão de Direitos Humanos da PF, delegado Stenio Santos Souza, diz que os links que serão indicados pelos internautas que fizerem denúncias serão cruzados com informações da base de dados da PF, em uma triagem para confirmar a existência de conteúdo ilícito na página da internet.

- Em termos de proteção à criança todo mundo é polícia, ninguém pode se omitir.

Souza acrescenta que o formulário vai incrementar o trabalho da polícia, pois antes o rastreamento era feito manualmente, com a visita página a página.

O trabalho da PF será feito em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência e a ONG SaferNet. O diretor de prevenção da ONG, Rodrigo Nejm, diz que o formulário eletrônico vai auxiliar o internauta que sabe de um conteúdo ilícito, mas se omitia para não ter a imagem exposta.

- A denúncia será feita sem que o internauta tenha de ir a uma delegacia de polícia para registrar a denúncia.

Além da pornografia infantil, o formulário eletrônico da PF também vai receber denúncias em relação a crimes de ódio (relacionados a preconceito racial, sexual e religioso) e genocídio.

De acordo com o delegado da PF, as regiões Sul e Sudeste estão no topo "da cadeia predatória" da divulgação de pornografia infantil.

Com o método do formulário eletrônico a polícia vai investigar dez vezes mais pedófilos do que investiga atualmente. Souza afirma que a maior dificuldade da polícia é a falta de cadastro dos internautas, pois os dados do usuário não são liberados pelos provedores de acesso.

- A gente vai pegar o dado para investigar, a gente não vai pegar simplesmente o dado e fazer a prisão.Link
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http://nightangel.dpf.gov.br/

http://www.safernet.org.br/site/denunciar

http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/noticias/formulario-de-denuncias-da-policia-federal-usa-mecanismo-de-busca-parecido-ao-do-google-20091112.html

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Profetas - Parte Final. João Batista. Um Profeta segundo a Bíblia Sagrada.

O Batismo de Cristo (1475) quadro dos artistas Andrea Del Verrocchio e Leonardo da Vinci que mostra São João Batista batizando Jesus Cristo.

Os profetas eram homens de Deus que, espiritualmente, achavam-se muito acima de seus contemporâneos. Nenhuma categoria, em toda a literatura, apresenta um quadro mais dramático do que os profetas bíblicos. Os profetas tinham cada um , lugar distinto na história, mas nenhum deles, logrou alcançar a estatura dos profetas.

Um exemplo de Profeta do Deus das Escrituras Bíblicas.

Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Este veio para testemunho para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele. Não era ele a luz, mas veio para que testificasse da luz.

“Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.”

Apareceu João Batizando no deserto e pregando o batismo de arrependimento, para remissão de pecados.

João andava vestido de pêlos de camelo e com cinto de couro em redor de seus lombos, e comia gafanhotos mel silvestre, e pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das sandálias.

E este é o testemunho de João, quando os judeus mandaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu?

E confessou e não negou; confessou: EU NÃO SOU O CRISTO.

E perguntaram-lhe: Então, quem és, pois? És tu Elias? E disse: NÃO SOU. És tu profeta? E respondeu: NÃO.

Disseram-lhe, pois: Quem és, para que devemos resposta àqueles que nos enviaram? Que dizes de ti mesmo?

Disse: “EU SOU A VOZ DO QUE CLAMA NO DESERTO: ENDIREITAI O CAMINHO DO SENHOR, COMO DISSE O PROFETA ISAÍAS.”

E os que tinham sido enviados eram dos fariseus, e perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?

João respondeu-lhes, dizendo: “Eu batizo com água, mas, no meio de vós, está um a quem vós não conheceis. Este é aquele que vem após mim, que foi antes de mim...

No dia seguinte, João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.

ESTE É AQUELE DO QUAL EU DISSE: APÓS MIM VEM UM HOMEM QUE FOI ANTES DE MIM, PORQUE JÁ ERA PRIMEIRO DO QUE EU.

No dia seguinte João estava outra vez ali, na companhia de dois dos seus discípulos.

E, vendo passar a Jesus, disse: EIS O CORDEIRO DE DEUS.

Resumindo a obra de um verdadeiro profeta de Deus, nesse versículo da Bíblia Sagrada. Quando João Batista afirma em relação à Jesus Cristo:

“É necessário que ele cresça e que eu diminua.” João 3:30

Você quer saber mais?

A Bíblia Sagrada, King James Version. Nashville: Thomas Nelson Bibles, 2003. Lucas 1: 5-80; 3: 1-22; Mateus 3: 1-17; Marcos 1: 1-13.

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sexta-feira, 10 de junho de 2011

“Profetas” Parte V. Mago Merlim.

Ilustração do século XIII sugerindo uma passagem de sua vida.

Um profundo mistério envolve tanto as origens como a própria vida desse personagem lendário – Myrddhinn, Myrddin ou Merzim para alguns e Merlim para a maioria de seus estudiosos.

A versão mais comum o faz um bardo galês, embora em algumas referências seja citado como bretão. Faltam dados precisos até para localizar a época em que ele viveu:

Para alguns, isso ocorreu na primeira metade do século V; outros defendem a tese de que foi no final desse século ou no começo do seguinte.

A lenda diz que sua mãe era uma princesa encerrada em um convento e que o teria gerado virgem, sendo seu pai um desconhecido. Outras versões o fazem filho do demônio com uma inocente menina. Na realidade, sua figura deve ser o resultado da fusão de mais de uma tradição, já que a primeira referência escrita data apenas do século XIII – quando o poeta Robert de Borron o coloca no centro de sua Trilogia sobre o Graal, embora o poema “Merlim” não tenha chegado inteiro até os dias de hoje.

Em sua infância, Merlim teria sido educado na corte do Rei Vortigem, ao qual, retribuição, revelou o segredo das fundações inseguras da torre de seu castelo. Adulto, o do da “previsão” tornou-o amigo, mestre e protetor do lendário Rei Artur.

Apaixonado por Viviana, a Mulher do Lago, preparou um sepulcro inviolável e encantado para quando morressem. A mulher, entretanto enganou o amante, deixando-o-enclausurado vivo no mausoléu, do qual, segundo a lenda, só poderá sair no dia do Juízo Universal.

As “profecias” de Merlim, ao que parece, foram editadas em Veneza por volta de 1279, mas não conseguiram grandes repercussões por serem muito herméticas, estranhas e até satíricas.

A maior parte das ditas “profecias” já se teria concretizado, como a invasão saxônica da Britânia, as guerras civis britânicas, a invasão dinamarquesa e a conquista normanda.

Outras mensagens (que no passado foram deixadas de lado) referem-se, ao contrário, a fatos do futuro e supostamente dos dias atuais.

O futuro “profetizado” pelo Mago Merlim não é dos mais atraentes como sempre: o “vidente” anuncia maremotos de proporções enormes, carestia terríveis e conflitos em escala global que teria como ponto inicial o Egito.

Você quer saber mais?

BASCHERA, Renzo. Os Grandes Profetas. São Paulo, Ed. Nova Cultural Ltda, 1985.

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terça-feira, 7 de junho de 2011

“Profetas” Parte IV. Edgar Cayce.


Aqueles que o seguiam diziam que era dotado de uma sensibilidade excepcional e, quando caía no sono hipnótico, transformava-se em “profeta” e “médico”. Edgar Cayce, que chegou a receber vários apelidos, como os de “vidente religioso”, “homem mais misterioso da América” e “profeta da Nova Idade”. Essa figura incomum nasceu nos Estados Unidos da América, em uma fazenda próxima da cidade de Hopkinsville, no dia 18 de março de 1877. Passou sua infância nesse ambiente rural, embora haja indícios de que, ainda criança, tivesse “visões”. Com 7 anos, chegou a comentar com os pais que “muitas vezes encontrava pessoas falecidas recentemente”.

Dizem que os primeiros sinais de hipersensibilidade surgiram quando começou a freqüentar a escola: Edgar aparentemente percebeu que dispunha de uma espécie de memória fotográfica, se assim é possível chamar, pois nem ao menos olhava os livros. Ou seja, bastava-lhe dormir algum tempo sobre os livros abertos para memorizar completamente o que estava escrito, por mais complicado que fosse o tema. Sua saúde precária, entretanto , impediu-lhe de continuar os estudos. Aos 21 anos, começou a trabalhar como representante comercial para uma empresa de papel.

Nesse período, foi acometido por uma paralisia gradativa dos músculos da garganta. Em breve, suas condições pioraram tanto que os médicos se declararam incapacitados para curá-lo.
Em uma tentativa desesperada, os médicos decidiram apelar para a hipnose. Esse foi um momento importantíssimo na vida de Cayce: sob os efeitos da hipnose ele “viu” aquilo que os médicos haviam se mostrado incapazes de perceber, dizem os biógrafos. O próprio Cayce sugeriu uma terapia e, em curto espaço de tempo, alcançou a “cura”. Dizem que o acontecimento passou a ser objeto de diversos estudos médicos, ao mesmo tempo que outros médicos, principalmente do Kentucky, supostamente pediram sua colaboração nos diagnósticos mais complicados. É que Cayce, sempre que caia em sono hipnótico, conseguia “ver claro o que não funcionava no corpo humano”. Em 9 de dezembro de 1910, o jornal New York Times dedicou duas páginas ao “caso Cayce”; outros jornais de grande tiragem também dedicaram espaço às “visões proféticas” ou à capacidade de diagnosticar” dessa figura que falava durante “um transe auto-imposto. Demonstrando o impacto que Cayce causava na sociedade, que expressa uma necessidade de “ver” além dos olhos naturais, uma busca que leva a caminhos que entorpecem a mente humana ao invés de elevá-la, como afirmam os seguidores desses "profetas".

Edgar Cayce aos 15 anos.

Edgar Cayce dizia que “só as pessoas serenas, capazes de desvencilhar-se das tentações diabólicas do mundo, conseguem ver e sentir algo do que está além do mundo”. Com estas palavras demonstra que humildade não era um requisito para estas “habilidades”! Pois, ele mesmo e sob a afirmativa de seus seguidores dizia ser simples, modesto, sempre sereno e disposto a ajudar as pessoas.

De suas visões e profecias, que referem a um arco de tempo de 62 anos (de 1936 a 1998), restam cerca de 14000 relatos taquigráficos, em sua maioria nos arquivos da ARE (Association for Research and Enlightenment), fundada em 1936 para coletar e conservar toda a documentação possível sobre o vidente – um material que ainda hoje é consultado por pesquisadores de fenômenos paranormais e até mesmo políticos e homens de negócios. Demonstrando que não são somente os leigos, mas os ditos doutos também se deixam levar pelos “mistérios” da existência humana, e por uma sede incansável por respostas que podem levar os desejosos pela mesma, acabarem sem água para sua sede ou seja, sem resposta para suas perguntas. Restando no final somente mais perguntas, pois talvez a resposta seja simples e sempre esteve aqui e ai com você meu caro leitor. DEUS, é a ele que buscam na realidade, mas se perdem por caminhos tortuosos.

Uma das “profecias” mais conhecidas e furadas de Cayce, realizada em 28 de junho de 1940 foi a referente ao retorno de Atlântida, antes do final do século em questão.

As “leituras clarividentes” e a vida de Cayce chegaram a ser tema de uma tese de doutorado na Universidade de Chicago, em 1954. Na obra de Cayce predomina o “quadro da transformação”, ou seja, as previsões sobre os acontecimentos telúricos que modificarão a superfície do planeta nos anos futuros – uma preparação para o advento dos “novos tempos” e que segundo Cayce será mais obra da natureza que do homem. Tudo isso deverá segundo Cayce acontecer antes de 2100, ano em que Cayce afirma com total arrogância que voltará à Terra: nascendo novamente, e ainda criança lembrará de sua vida passada nos detalhes mais insignificantes.

O “profeta” Edgar Cayce, um homem forte e robusto (após a cura "milagrosa") , morreu em 3 de janeiro de 1945 na miséria pesando apenas 27 Kg, ao que tudo indica, consumido fisiologicamente pelo número excessivo de preleções mediúnicas que realizou. Seus restos foram sepultados na cidade de Virginia Beach, no Estado de Virgínia. A biografia de Cayce, escrita por Joseph Milard, revela a extensão dos males que o envolvimento de Cayce com o ocultismo lhe causou – desde ataques psíquicos, perda periódica da voz, mudanças erráticas de personalidade e tormentos emocionais, constantes “má sorte” e reveses pessoais, assim como culpa induzida por preleções mediúnicas que arruinaram a vida de outras pessoas.

Você quer saber mais?

BASCHERA, Renzo. Os Grandes Profetas. São Paulo, Ed. Nova Cultural Ltda, 1985.

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quarta-feira, 1 de junho de 2011

“Profetas” Parte III. Mago Ladino.

Mago Ladino ou seria Gerolamo Tovazzo?

A figura do vidente é um dos seus biógrafos, Arnaldo Saccardi, a dizê-lo em 1870 – “encontra-se envolta na neblina dos tempos”. Nada está confirmado em relação à sua vida, nem mesmo seu nome verdadeiro. Para alguns biógrafos, sob essa alcunha – Mago Ladino estaria o alquimista italiano Gerolamo Tovazzo ou Tovazzi (que, nesse caso, poderia Sr parente do conhecido historiador Giangrisostomo Tovazzi, autor da obra Medicaeum Tridentinum). Gerolamo Tovazzo teria nascido em uma aldeia da região de Friuli (norte da Itália) por volta de 1686, tendo morrido em Roma em 1769, refugiado na casa de uma família originária de Rovereto. E teria recebido o apelido de Ladino (A palavra “Ladino” refere-se ao grupo de dialetos neolatinos falados por alguns povoados do Alpes centrais (Trentino) e ocidentais (Grisões), com influência alemã. O vidente, que nasceu no Friuli, falava um desses dialetos) exatamente por ser friulano.

Segundo outros biógrafos, sob esse pseudônimo ainda maior, ou seja, o alquimista, mago e vidente Altatos, mestre do famoso Conde de Cagliostro. De qualquer maneira, há testemunho histórico de que também Gerolamo teve relacionamento com o Conde de Cagliostro: esteve presente, em 20 de abril de 1768, ao casamento do conde com Serafina Feliciani, celebrado pelo Padre Francesco Antonio Natilj, cura da Igreja do Santíssimo Salvador; encontrou-o em Veneza e em Verona quando o conde ainda usava seu nome verdadeiro, Giuseppe Balsamo. Tovasso manteve ainda contatos com o Marquês Scipione Maffei, autor de A Arte Mágica Aniquilada. Assim não pode ser excluída a possibilidade de que Tovazzo tenha tomado conhecimento de mensagens proféticas de autoria de Altatos e do próprio Cone de Cagliostro e que, depois de poli-las, as tenha difundido.

Os biógrafos relatam que as profecias do Mago Ladino provocaram muito rumor em Veneza. São mensagens que saem um pouco da linha tradicional da profecia do século XVIII: elas estão escritas com palavras simples e sempre rimando, como para “serem compreendidas facilmente pelo povo, memorizadas e assim transmitidas à viva voz, geração após geração”. A esse propósito, é interessante notar como algumas delas ainda fazem parte da memória de algumas comunidades camponesas italianas, mas não como profecias e sim como provérbios. As mensagens proféticas do Mago Ladino cobrem um período de tempo que vai de desde 1750 ao ano 3000, data fatídica para a qual o vidente prevê “o fim de todas as coisas”. A obra completa – chamada de jardim Profético – é composta de 147 (número esotérico, produto de 7X7X3) cantos ou “flores” cada um deles formado por seis dísticos.

Mago Ladino "profetizou" o dilúvio de fogo. Explosões vulcânicas na África abalaram toda a superfície terrestre.

Vou citar algumas das supostas “profecias” do agoureiro em questão:

O surgimento do Fascismo e Segunda Guerra Mundial pelo machado e a falsa cruz.

A idade da máquina com o surgimento de carroças sem cavalos.

O advento da energia nuclear ao qual chama de “o raio do sol”.

O surgimento da “águia sobre a grande cúpula” que seria o advento de João Paulo II.

Chuvas venenosas que seriam causadas pela poluição segundo os interpretes.

Rebeliões da terra causadas pelo abandono do campo e as super-populações nas cidades.

Terceira Guerra Mundial.

A Basílica de São Pedro será transformada em uma Mesquita.

Sete catástrofes sobre Roma.

Pedro II. O último papa.

Crise na Igreja Cristã. A única fé será no dinheiro.

O dilúvio de fogo. Explosões vulcânicas na África abalaram toda a superfície terrestre.

O caudilho azul. Aparecerá nos países nórdicos. Um grande líder que estabelecerá a ordem na Europa decadente.

No fim o planeta inteiro seria sugado por um buraco negro, segundo os interpretes.

Porque não é de admirar que mais este “profeta” prevê somente mais mortes, desastres, guerras e sofrimento para a humanidade. Não precisamos de pessoas assim, pois fatos como os que citam em sua maioria ocorrem desde que nos entendemos como humanos. Matamos indiscriminadamente, não respeitamos a natureza e os limites impostos, e construímos em lugares inapropriados, nossos lideres nunca se entenderam, pois sempre desejaram mais poder do que o bem de seus cidadãos. A população leiga no geral esta sempre esperando por um político, líder comunitário, uma nova ordem ou um caudilho azul como cita o nosso “ilustre” Mago Ladino para lhes livrar dos males que na verdade a própria sociedade cria para si. Fora os nossos governos corruptos que infelizmente muitas vezes são reflexo do próprio desejo do povo, que não valorizam o poder que tem em mãos como cidadãos com direitos e deveres.

Somente no final de suas “profecias” vem um pequeno momento de paz para a humanidade e depois o “fim absoluto”. É um padrão quase uniforme para todos esses falsos profetas que iludem, mente em busca de dinheiro, poder e fama. Esses “Profetas” extra-bíblico como Mago Ladino somente servem para confirmar o quão sucessível o povo é ao domínio de charlatões. Tenho uma pergunta. Como fazem tanto sucesso entre os cristãos, judeus e muçulmanos? Será que seus seguidores nunca leram na Bíblia (no caso para os cristão e judeus) que esse tipo de profecia é condenada tanto no AT como no NT , e que do dia e hora do Fim, nenhum humano tem direito de saber, somente o Criador.

Você quer saber mais?

BASCHERA, Renzo. Os Grandes Profetas. São Paulo, Ed. Nova Cultural Ltda, 1985.

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domingo, 29 de maio de 2011

“Profetas” Parte II. Rasputin.

Rasputin é uma daquelas figuras que entraram para história mais devido à ignorância dos que o cercavam e pelo oportunismo do que por méritos que fizessem a diferença para o povo da Rússia e para o Czar. Um exemplo de “profeta” dos interesses daqueles que o cercavam. O restante da história é cercada de mito na sua vida e morte.
A última Czarina da Rússia dizia que Rasputin era uma criatura mística e dotada de poderes especiais. O monge LLiodor, seu inimigo, chamava-o de “diabo santo”. E o embaixador francês em Moscou Mauricie Paléologue, descrevia-o para o seu governo como uma pessoa “elogiada por muitos, maldita por outros tantos, mas temida por todos”.

Rasputin ladeado pelo Coronel Loman, á esquerda, e pelo Príncipe Putjanin.

Quem era, afinal Grigori Lefimovitch, mais conhecido como Rasputin por causa da aldeia onde nascerá, Pokrovskoye, cujo nome original era Padkino Rasputje.
Uma analise apurada de toda a documentação que ficou sobre sua vida mostra que Rasputin não era uma pessoa de bons costumes por assim disser, mas embora não se pudesse afirmar que fosse mal, estava mais pra um oportunista; tinha seus hábitos libertinos, o que mostra que ao contrario do que muitos demagogos afirmam não era nenhum santo. Era um homem exuberante, dotado de qualidades, mas tinha também muitas fraquezas, pois aqueles que o conheciam pessoalmente afirmavam ele ser cheio de contradições intimas. Acabou encontrando-se em um ambiente particular em um momento também particular da história de seu país, sem estar preparado para a ambas as situações”.
De qualquer modo, acreditavam que possui-se qualidades incomuns. Uma delas era supostamente ser capaz de prever o futuro. Rasputin teria previsto a própria morte, o extermínio da família imperial russa, o segundo conflito mundial e muitos outros acontecimentos.

Rasputin nasceu em 1872 e logo começou a trabalhar com o pai que era carroceiro.
Aos 22 anos afirmava que teve o que chamou de “uma visão divina“. Enquanto estava arando um campo, ouviu a suas costas um canto angelical e ao virar-se viu uma figura de Nossa Senhora, acompanhada por um grande número de anjos. “Foi como um aviso”, comentaria anos depois porque acabou se encaminhado para a vida religiosa.

Rasputin com o Bispo Hermogen, no centro, e o monge LLiodor.

Passado algum tempo, Rasputin travou conhecimento com o noviço Mileti Saborovsky, estudante da academia eclesiástica que lhe pedira para levá-lo ao mosteiro de Werchoturje. Durante a viagem os dois jovens falaram muito sobre a “verdadeira fé em Deus”, chegados ao mosteiro, o seminarista acabou por convencer Rasputin a não retornar, ficando em companhia dos monges. Foi uma longa estada, durante a qual Rasputin teve contato com muitos monges que para lá eram enviados para serem “purificados”, uma vez que haviam sofrido desvios heréticos”.
No fim desse período ele começa a missão do camponês siberiano. Viaja de aldeia em aldeia, “prega”, “abençoa”, “conforta”. As pessoas começam então a falar desse religioso que se dedica a consolar os humildes e, na transmissão oral dessas notícias, a realidade ganha os retoques da fantasia. Os relatos dizem que possui poderes excepcionais, que é capaz de curar os doentes, que seus olhos possuem “um fascínio angélico e ao mesmo tempo diabólico”.
Essas histórias chegam até a aristocracia russa que o descreve “como um homem inquieto, como se procurasse alguma coisa. Tem voz rouca, o comportamento rude dos camponeses e mãos cheias de calos. Fala sobre temas religiosos e místicos com entusiasmo invulgar. E com entusiasmo igual discorre sobre as fraquezas humanas.” Em pouco tempo torna-se um dos favoritos da elite russa de então, e com o sucesso melhoram suas condições econômicas.

Rasputin entre seus seguidores e seguidoras.

Seu poder, entretanto, alcança um ponto ainda mais alto quando consegue supostamente “curar” o herdeiro do czar. O Príncipe Alexei era hemofílico, que ficou ferido ao brincar no jardim. Rasputin foi chamado pela própria czarina, passou a mão sobre o menino em oração e o mesmo sarou rapidamente.

Depois de algum tempo, os conselheiros do czar decidiram sugerir ao soberano que afastasse Rasputin da corte. Estavam surgindo muitos rumores estranhos a respeito desse personagem misterioso. O Czar Nicolau II acabou cedendo e ofereceu a Novykh (como Rasputin era chamado na corte) a soma de 200 000 rublos, uma importância enorme para a época, com a condição de deixar a corte e ir para uma aldeia bem afastada da capital. Mas Rasputin recusou. O czar então usou outros meios para afastar o “vidente” e Rasputin, ao deixar a capital, aparentemente amaldiçoa o czaréviche ( Alexei, o hemofílico herdeiro do trono), dizendo que o mesmo ficaria novamente gravemente doente se o czar o afastasse de São Petersburgo.

E foi o que ocorreu. Mas se foi pela maldição tenho dúvidas, pois o mesmo era portador de uma doença grave até para a atualidade, então as chances de voltar a ficar doente novamente eram grandes, questão de oportunismo de Rasputin.

A czarina manda buscar o vidente e este, depois de conseguir novamente a “cura” do príncipe herdeiro, instala-se definitivamente na corte imperial.
Em sua nova fase, atinge o nível máximo de poder quando consegue nomear Sturmer ministro. Nessa época, contam os biógrafos, o czar já não tomava nenhuma decisão importante sem antes consultar Rasputin, o que começou a incomodar tanto os conselheiros imperiais quanto outros membros da aristocracia.

Rasputin ainda convalescente, depois de ter sido atacado a faca por uma prostituta convencida a fazê-lo pelo monge LLiodor. Neste atentado, o "profeta" quase morreu.

Um destes, o Príncipe Felix Yussupov, organizou uma conspiração contra Rasputin com a colaboração contra Rasputin com a colaboração do Grão-Duque Dimitri Pavlovitch – conspiração destinada a ter um resultado melhor que a tentativa já feita anteriormente pelo monge LLiodor, dois anos antes, quando levou a prostituta Kionya a esfaquear o “vidente”, convencida de estava matando o Anticristo.

O relato que segue possui diversas versões, mas mesmo as mais sutis demonstram que beira mais o mito do que a realidade. Preenchendo os requisitos para a criação de um grande final para o “profeta” ou “vidente” Rasputin.

O Príncipe Yussupov convidou Rasputin para seu palácio, onde lhe ofereceu doces de chocolate recheados de cianeto e vinho ao qual também havia sido adicionado esse veneno. Rasputin comeu e bebeu em grande quantidade, mas não deu nenhum sinal de envenenamento, o que perturbou os conspiradores. O Príncipe, então, passou a tocar guitarra, conseguindo que Rasputin dormisse, e aproveitou esse estado para lhe disparar um tiro no coração, com o fim de “abreviar sua agonia”. Algum tempo depois, quando o príncipe e seus aliados voltaram para se livrar do corpo do “vidente”, foram surpreendidos por um quadro apavorante. Rasputin, coberto de sangue, dirigia-se vacilante para a porta de saída. No momento, ninguém teve a coragem de impedi-lo, mas depois foi alcançado ainda no jardim e novamente alvejado por numerosos disparos. Seu corpo, então, foi lançado no rio Neva. Dois dias depois, ao cadáver de Rasputin reapareceu à superfície do rio, com as mãos e os pés amarrados, tendo a perícia policial registrado que “Grigori Lefimovitch vulgo Rasputin, havia sido jogado no rio ainda vivo”.

A última página da vida desse personagem enigmático e, sob alguns aspectos, excepcional veio para alguns confirmar seus dons sobrenaturais. Para outros, foi certamente a grande resistência física de Rasputin a responsável por esses fatos.

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BASCHERA, Renzo. Os Grandes Profetas. São Paulo, Ed. Nova Cultural Ltda, 1985.

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