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quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

A Contribuição da disciplina de História para a formação do cidadão - Parte II.

Autor: Jairo Trindade Batista, formado em licenciatura plena em História e pós-graduando em Metodologia do Ensino em História.

E-mail: jairo.coramdeo@gmail.com

ORIGEM E CONCEITO DE CIDADÃO EM ARISTÓTELES 

Aristóteles foi um importante filósofo grego que viveu de (384-322 A.C.), reconhecido como um pensador de grande influência no mundo ocidental, discípulo do filósofo Platão. Em relação ao ser cidadão, Aristóteles entendia que a educação tem relevância central na formação do cidadão. Para o mesmo, ser cidadão, não estava limitado à descendência, mas seria necessário participar nos tribunais e nas magistraturas, isso significa estar presente na assembleia, e implica em afirmar que só é cidadão aquele que participa plenamente no governo e na vida pública (VITÓRIO, 2019). 

O filósofo usou como metáfora, um barco, onde compara os cidadãos como os marinheiros, tendo funções distintas, porém tendo um objetivo em comum, que seria segurança da navegação, assim também, os cidadãos teriam como tarefa em comum, a salvação do Estado, assim sendo, o interesse comum entre os cidadãos está relacionado com a virtude do cidadão, Aristóteles diz: 

[...] podemos comparar os cidadãos aos marinheiros: ambos são membros de uma comunidade. Ora, embora os marinheiros tenham funções muito diferentes, um empurrando o remo, outro segurando o leme, um terceiro vigiando a proa ou desempenhando alguma outra, mas sempre há um que função que também tem seu nome, é claro que as tarefas de cada um têm sua virtude própria, mas há uma que é comum a todos, dado que todos têm por objetivo a segurança da navegação, à qual aspiram e concorrem, cada um à sua maneira. De igual modo, embora as funções dos cidadãos sejam dessemelhantes, todos trabalham para a conservação de sua comunidade, ou seja, para a salvação do Estado. Por conseguinte, é a este interesse comum que deve relacionar-se a virtude do cidadão. (ARISTÓTELES, 2006, p.32).


Entende-se nas palavras de Aristóteles que a cidadania estava diretamente ligada à coletividade, os cidadãos não poderiam aproveitar seu tempo livre para questões individuais, mas sim, para demandas da vida da cidade. Vale ressaltar que, na Grécia clássica, nem todo o povo era considerado cidadão; era cidadão aquela pessoa livre para expressar sua vontade no espaço público, e assumir as responsabilidades da vontade exercida, nesse sentido, nem todos eram cidadãos, ficavam excluídas do reconhecimento de cidadão classes sociais como mulheres, escravos, pobres etc., assim, percebe-se os limites do conceito de cidadania. (ELIENE; SILVA, 2017). 

Não há um conceito definido de maneira padronizada para a palavra cidadão. Existe uma ambiguidade demonstrando diferentes sentidos, usa-se muitas vezes com o intuito de diminuir as diferenças entre indivíduos, ou seja, trata-se de igualdade, e cidadão está relacionado com a afirmativa de todos serem iguais. No entanto, há outro significado que levemente diverge, pois consideram-se cidadãos, pessoas responsáveis publicamente, incluindo o direito de participação das decisões que podem dar um rumo político ao Estado e cidade em que habita. (DALLAN, 2020). 

De acordo com o gráfico conceitual de origem, a cidadania tem sua origem na Grécia, e abrange nacionalidade, consciência dos direitos públicos, civis, políticos e sociais e dos deveres; o cidadão é aquele que goza desses direitos, uma vez que este tem o conhecimento. A questão que surge é: será que todos os habitantes de uma nação, estado e cidade têm consciência do que é ser cidadão? Será que o povo que dá características culturais a um país sabe qual é seu direito e dever de cidadão? Sabe o conceito?

DIFERENÇAS ENTRE O CONCEITO DE CIDADANIA GREGA E ROMANA

A compreensão do conceito de cidadania romana diverge do entendimento grego. São por essas diferentes concepções de cidadão que na contemporaneidade, encontram-se dificuldades para definir de modo pleno, o conceito. A expressão latina “Civis romanus sum” significa “sou um cidadão romano”, era comum em Roma e estava relacionada ao pertencimento a um grupo que tinha privilégios políticos, econômicos, militares e jurídico. Na questão jurídica, era assegurado a este um “julgamento justo” em caso de acusações. (BANDEIRA, 2010). 

Observa-se a diferença no raciocínio grego e romano que está na crença do primeiro de que a cidade e seu desenvolvimento possibilitavam crescimento e autonomia dos indivíduos, e assim, formavam o conjunto de cidadãos. Os romanos por sua vez, tinham uma percepção diferente, para estes, fazia-se necessário primeiro o crescimento individual com ênfase na moral dos cidadãos em busca da plena liberdade, e estes cidadãos, juntos, seriam responsáveis pela organização das cidades, e de maneira direta, do Estado. (BANDEIRAS, 2010). 

Na Grécia, cidadania se conquistava. Em Roma, podia ser adquirida por concessão. Na Grécia, ou era ou não era cidadão pleno. Em Roma, havia diversos níveis de cidadania, dependia muito dos interesses políticos e militares, havia cidadania plena e limitada. Tinha-se a educação como pilar de relevância na sociedade, Cícero foi o pai da pedagogia romana, refletida sobre o saber. Vale ressaltar que historicamente os romanos herdaram a cultura grega, por isso valorizaram o autodesenvolvimento do indivíduo que resulta na conquista de seu lugar na sociedade. (BANDEIRAS, 2010). 

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quinta-feira, 16 de abril de 2020

A História dos zoológicos humanos



Zoológico humano de senegaleses na Bélgica.

Autora: Isabel Cristina S. Pedroso, estudante e colaboradora do Construindo História Hoje.

Os zoológicos humanos surgiram em 1874, ano o qual o mundo vivia o Neocolonialismo. Neste ano um vendedor de animais selvagens chamado Karl Hagenbeck, resolveu apresentar à visitantes, nativos de Samoa e da Lapônia. Diante do sucesso que obteve com essa exibição e outras, resolveu em 1876 encaminhar seu ajudante ao Sudão egípcio, com o objeto de trazer novos animais para sua atração. Esse novo modelo de negócio se estendeu por variados países, como Alemanha, Inglaterra, Noruega, França e entre outros. Assim, com essa popularidade uma exibição qualquer recebia em torno de 300 mil espectadores, e era perceptível que para a população ocidental os nativos eram inferiores e selvagens. Esses visitantes arremessavam alimentos e itens sem valor, sem contar que falavam sobre suas fisionomias, o comparando-os com primatas. As exposições tinha como objetivo saciar o sadismo europeu que se consideravam superiores a outros povos, e estavam cada vez mais espalhando pelo mundo, uma imagem de inferioridade dos nativos. Com essa errônea animalização de outro ser, é absurdo perceber o quanto jornalistas,
políticos ou até cientistas não se comoveram com a atual situação dos nativos, em relação às precárias condições sanitárias e moradia.

Até mesmo publicações científicas apresentam o povo nativo como uma conquista colonial e um povo medíocre, por exemplo a obra do Conde de Gobineau concretiza a desigualdade racial, onde aponta diferenças da inteligência, força física e beleza das formas, criando as noções de “raças superiores” e “raças inferiores”. O médico Samuel George Morton afirmava que os crânios possuem diferentes tamanhos, e quanto maior forem, maior o cérebro e a inteligência contida. Assim, Samuel, abordava que os crânios de europeus e americanos eram significamente maiores do que os de africanos, mongóis, tasmanianos e entre outros. Com isso, eram considerados raças inferiores podendo serem escravizados e torturados, Samuel e diversos outros médicos realizavam o racismo científico, trazendo abordagens para os povos negros serem considerados "estranhos" e inferiores.

O desenvolvimento científico na análise da espécie humana, fez com que fosse visto a espécie humana como um todo, e diferentes etnias dentro da mesma, e junto com a criação de universidades e colégios, auxiliou com que muitas pessoas possuíssem consciência sobre isso. Hoje em dia não temos mais situações como ao zoológico humano, mas pessoas negras ainda enfrentam diferentes problemas na sociedade, como falta de empregabilidade, olhares de julgamentos, falas desnecessárias sobre o cabelo ou cor de pele, e entre outras. Atos como esses de 1874 jamais serão aceitos e cometidos novamente, já que hoje em dia possuímos leis sobre os direitos humanos, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, criada após a Segunda Guerra Mundial em resposta às atrocidades cometidas com os Judeus.

Isabel Cristina S. Pedroso

domingo, 28 de outubro de 2018

Afinal, o que é inteligência?




Isaac Asimov
Quando eu estava no exército, fiz um teste de aptidão, solicitado a todos os soldados, e consegui 160 pontos. A média era 100. Ninguém na base tinha visto uma nota dessas e durante duas horas eu fui o assunto principal. (Não significou nada – no dia seguinte eu ainda era um soldado raso da KP – Kitchen Police).
Durante toda minha vida consegui notas como essa, o que sempre me deu uma ideia de que eu era realmente muito inteligente. E eu imaginava que as outras pessoas também achavam isso.
Porém, na verdade, será que essas notas não significam apenas que eu sou muito bom para responder um tipo específico de perguntas acadêmicas, consideradas pertinentes pelas pessoas que formularam esses testes de inteligência, e que provavelmente têm uma habilidade intelectual parecida com a minha?
Por exemplo, eu conhecia um mecânico que jamais conseguiria passar em um teste desses, acho que não chegaria a fazer 80 pontos. Portanto, sempre me considerei muito mais inteligente que ele.
Mas, quando acontecia alguma coisa com o meu carro e eu precisava de alguém para dar um jeito rápido, era ele que eu procurava. Observava como ele investigava a situação enquanto fazia seus pronunciamentos sábios e profundos, como se fossem oráculos divinos. No fim, ele sempre consertava meu carro.
Então imagine se esses testes de inteligência fossem preparados pelo meu mecânico. Ou por um carpinteiro, ou um fazendeiro, ou qualquer outro que não fosse um acadêmico.
Em qualquer desses testes eu comprovaria minha total ignorância e estupidez. Na verdade, seria mesmo considerado um ignorante, um estúpido.
Em um mundo onde eu não pudesse me valer do meu treinamento acadêmico ou do meu talento com as palavras e tivesse que fazer algum trabalho com as minhas mãos ou desembaraçar alguma coisa complicada eu me daria muito mal. A minha inteligência, portanto, não é algo absoluto mas sim algo imposto como tal, por uma pequena parcela da sociedade em que vivo.
Vamos considerar o meu mecânico, mais uma vez. Ele adorava contar piadas. Certa vez ele levantou sua cabeça por cima do capô do meu carro e me perguntou:
“Doutor, um surdo-mudo entrou numa loja de construção para comprar uns pregos. Ele colocou dois dedos no balcão como se estivesse segurando um prego invisível e com a outra mão, imitou umas marteladas. O balconista trouxe então um martelo. Ele balançou a cabeça de um lado para o outro negativamente e apontou para os dedos no balcão. Dessa vez o balconista trouxe vários pregos, ele escolheu o tamanho que queria e foi embora. O cliente seguinte era um cego. Ele queria comprar uma tesoura. Como o senhor acha que ele fez?”

Eu levantei minha mão e “cortei o ar” com dois dedos, como uma tesoura.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

O experimento “Universo 25”





Desde décadas atrás, pesquisadores vêm alertando sobre os riscos à humanidade que a superpopulação pode trazer. E de volta em 1972, o cientista John Calhoun elaborou um famoso experimento com ratos. Ele construiu um paraíso para os animais – um grande cenário com edifícios e alimentos ilimitados. De início, o cientista introduziu apenas 8 ratos a população. Dois anos depois, um inferno surgiu.

O enorme cenário, conhecido como Universo 25, foi feito com o objetivo de ser uma utopia roedora. Mas com o passar do tempo, a caixa, com suas rampas que iam até os apartamentos, foi ficando superlotada. No dia 560 do experimento, a população era de 2.200 animais. Foi o auge. Daí em diante, a população foi diminuindo até ser extinta. Por que isso aconteceu?

No auge da população roedora, os raros passavam todo instante com centenas de outros colegas. Reuniam-se nas principais praças para serem alimentados, e não era difícil os ver se atacando. Poucas fêmeas conseguiam dar a luz, e as que faziam simplesmente abandonavam seus filhotes.

Chegou um momento que os ratos não faziam nada além de comer ou dormir. Quando a população foi diminuindo, os sobreviventes perderam totalmente seus comportamentos sociais, como ter relações sexuais ou cuidar da prole.

Será que a humanidade pode ter o mesmo fim? O controverso experimento na época foi algo assustador, pois concluiu que se a fome não matar todo mundo, os indivíduos da espécie vão se destruir mutuamente.

Agora, um estudo recente resgatou da memória o Universo 25 e concluiu que, no geral, o cenário não era superlotado. Os apartamentos em cada corredor dos edifícios tinham somente uma entrada e saída, o que os faziam fáceis de guardar. Isso fez com que os machos territoriais limitassem o número de animais em cada apartamento, o que fazia superlotar o restante da caixa.

Portanto, ao invés de superpopulação, cientistas agora argumentam que o Universo 25 possuía um problema de distribuição, algo que, segundo os pesquisadores, também pode acontecer com os humanos, que são exímios em desigualdade.