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sábado, 19 de dezembro de 2015

Um pouco da história do livro e da leitura





Podemos dizer que o livro foi um dos primeiros meio de comunicação em massa do mundo; além de ser um dos meios de transmissão de conhecimento mais universais e eficazes que existem. O livro tem aproximadamente 6 mil anos de história, tendo sido feito com os mais diversos tipos de materiais e formatos. A sua história apresenta dois grandes marcos: antes de Gutenberg (quando o livro era manuscrito) e depois de Gutenberg (quando surgiu a tipografia).

O livro manuscrito

Antes do livro surgiu a escrita, há cerca de 40 mil anos, quando o homem pintava imagens de sua realidade nas paredes das cavernas (pictografia). A partir desse momento, a escrita foi adquirindo características muito próprias em diversos povos (escrita mnemônica, escrita fonética e escrita ideográfica). As formas de registro e guarda da memória escrita também variavam bastante. Vemos, então, que a história do livro confunde-se com a própria história da escrita.


Os primeiros suportes utilizados para a escrita – e que podem ser considerados os primeiros livros - foram as tabuletas de argila utilizadas pelos sumérios. A Suméria era uma região semi-árida localizada na Mesopotâmia (atual região sul do Iraque). O estilo de sua escrita era a cuneiforme, que apresentava sinais em forma de cunhas. O escritor Fernando Báez (que estudou a história da destruição das bibliotecas) conta que perto de 2600 a.C. já apareciam, nessa região, formatos inovadores parecidos com o livro que conhecemos atualmente: textos onde na parte superior eram indicados os nomes do redator e do supervisor. Já nessa época existiam diversas grandes bibliotecas que versavam sobre registros econômicos, administrativos, políticos, flora, fauna, poesia, magia, etc.



Mais tarde, os egípcios desenvolveram a tecnologia do papiro, uma planta encontrada às margens do rio Nilo, cujas fibras unidas em tiras - e previamente preparadas por um minucioso processo - serviam como superfície resistente para a escrita hieróglifa (formada por desenhos e símbolos). Os rolos com os manuscritos chegavam a 20 metros de comprimento. O desenvolvimento do papiro deu-se cerca de 3000 a..C. e a palavra papiryrus, em latim, deu origem a palavra papel. O papiro consiste em uma parte da planta, que era liberada ou livrada (em latim libere, que quer dizer livre) do restante da planta - daí surge a palavra liber, libri, em latim, e posteriormente livro em português.
“Livro dos Mortos” de Neferrenpet – cerca de 1250 a.C.

Os romanos usavam os papiros em forma de cilindro, que chamavam de volumen (ou khartés, nome original), facilmente transportados. O volumen era desenrolado conforme ia sendo lido, sendo que o texto era escrito em colunas na maioria das vezes (e não no sentido do eixo cilíndrico, como se acredita). Algumas vezes um mesmo cilindro continha várias obras, sendo chamado então de tomo. O comprimento total de um volumen era de c. 6 ou 7 metros, e quando enrolado seu diâmetro chegava a 6 centímetros. Os romanos, também, chegaram a escrever em tábuas de madeira cobertas com cera.

Devido à escassez natural do papiro e também aos conflitos políticos e às guerras, que impediam a importação deste material, precisou-se recorrer a uma nova matéria-prima que o substituísse. Nesse processo, surgiu o pergaminho, cuja invenção atribuiu-se aos habitantes de uma cidade da Ásia Menor chamada Pérgamo (razão do nome). Porém, alguns estudiosos afirmam que o uso de peles de animais (sobretudo o de carneiro) já era corrente na Ásia há muito tempo e que Pérgamo só aperfeiçoou a técnica.

Ilustração alemã, datada de 1568, que mostra o processo de fabricação do pergaminho

Nesse processo de evolução surgiu o pergaminho feito geralmente da pele de carneiro, que tornava os manuscritos enormes, e para cada livro era necessária a morte de vários animais. A vantagem do pergaminho é que ele se conserva mais ao longo do tempo; porém seu custo acabava sendo altíssimo. Em razão disso, surgiam os palimpsestos, manuscritos reutilizados, onde o texto anterior era apagado para dar lugar a outro. O formato, com o uso do pergaminho, também acabava mudando: passava-se do volumen para o códex (ou códice), que não era mais um rolo, mas sim uma compilação de páginas acompanhada de uma capa. Acredita-se que o sucesso da religião cristã se deve em grande parte ao surgimento do códice, pois o compartilhamento das informações escritas tornou-se mais fácil. A utilização do pergaminho se estende pela Idade Média.

A característica mais marcante da Idade Média é o surgimento dos monges copistas, homens dedicados em período integral a reproduzir as obras, herdeiros dos escribas egípcios ou dos libraii romanos. Nos monastérios era conservada a cultura da Antiguidade. Apareceram nessa época os textos didáticos, destinados à formação dos religiosos. Esses ambientes acabaram se tornando verdadeiras produções em massa de livros manuscritos.

A difusão do papel

À margem dessa trajetória do papiro e do pergaminho, outros povos utilizavam-se dos mais diversos suportes para registrar seus escritos. Os indianos, por exemplo, faziam seus livros em folhas de palmeiras. Os maias e os astecas, antes do descobrimento das Américas, escreviam os livros em um material macio existente entre a casca das árvores e a madeira.

Mas o papel como conhecemos, surgiu na China no início do século II, através de um oficial da corte chinesa, a partir do córtex de plantas, tecidos velhos e fragmentos de rede de pesca. A técnica baseava-se no cozimento de fibras do líber - casca interior de certas árvores e arbustos - estendidas por martelos de madeira até se formar uma fina camada de fibras. Posteriormente, as fibras eram misturadas com água em uma caixa de madeira até se transformar numa pasta. Mas a invenção levou muito tempo até chegar ao Ocidente.

Dados históricos mostram que o papel foi muito difundido entre os árabes, e que foram eles os responsáveis pela instalação da primeira fábrica de papel na cidade de Játiva, na Espanha, em 1150 após a invasão da Península Ibérica. Com o tempo o papel passou a substituir o pergaminho no Ocidente e os elementos mais característicos dos livros atuais foram sendo incorporados, tais como a pontuação no texto, uso de letras maiúsculas, índices, sumários, resumos e gêneros de textos.

A imprensa

Basicamente a tipografia consiste em pequenas peças de madeira ou metal em relevos de letras e símbolos (tipos móveis). Antes de Gutenberg (em 1405), os chineses já haviam inventado tipos rudimentares, mas que não eram reutilizáveis, pois eram de madeira. A revolução realmente veio com a invenção da imprensa com tipos móveis reutilizáveis pelo alemão Johann Gutenberg, em 1455. Seus tipos móveis eram de chumbo fundido, portanto mais duradouros e resistentes do que os fabricados em madeira. O primeiro livro impresso por essa técnica foi a Bíblia em latim.


Não se sabe ao certo o volume de códices em circulação na Europa, na época da invenção da tipografia, mas a resistência e esta nova tecnologia por parte da classe dos copistas faz pensar que empregava muita gente. Também é curioso notar que a própria Igreja teve alguma resistência ao uso da tipografia, pois possuía os seus próprios copistas e continuou a produzir livros litúrgicos manuscritos até ao séc. XIX.

A reutilização dos tipos móveis conferia uma enorme versatilidade ao processo de elaboração de livros e outros trabalhos impressos, permitindo a sua massificação. Além disso, o uso dos tipos pedia um novo desenho de letras. Isso acarretou em uma verdadeira revolução cultural que permitiu o desenvolvimento do livro como primeiro meio de comunicação em massa, tornado acessível pela redução enorme dos custos da produção em série.

Na Idade Moderna aparecem livros cada vez mais portáteis, inclusive os livros de bolso. Estes livros passam a trazer novos gêneros: o romance, a novela, os almanaques. A partir do século 19, aumenta a oferta de papel para impressão de livros e jornais, além das inovações tecnológicas no processo de fabricação. O papel passa a ser feito de uma pasta de madeira, em 1845. Aliado à produção industrial de pasta mecânica e química de madeira - celulose - o papel deixa de ser artigo de luxo e torna-se mais barato. Surgem depois o jornal e outros periódicos, que disseminam as informações de forma cada vez mais rápida.

A leitura e o acesso aos livros

A história do acesso aos livros e à leitura é intimamente ligada à história da cultura e da educação no mundo. Na Antigüidade, o conhecimento era transmitido oralmente. Por isso, a arte da oratória era a base dos ensinamentos, sendo que os mestres ensinavam os aprendizes através do diálogo. A leitura e a escrita ficaram restritas a poucos privilegiados por séculos e séculos. Efetivamente, a educação e o acesso à cultura só foram massificadas a partir da Revolução Francesa. A máxima de que conhecimento é poder é totalmente compreensível, portanto.

Na Grécia, restringia-se aos filósofos e aristocratas, enquanto em Roma a escrita tornou-se uma forma de garantir os direitos dos patrícios às propriedades. Na Idade Média, uma minoria era alfabetizada, as igrejas, os mosteiros e as abadias converteram-se nos únicos centros da cultura letrada. Nos mosteiros e abadias medievais encontravam-se as únicas escolas e bibliotecas da época, e era lá que se preservavam e restauravam textos antigos da herança greco-romana.

De acordo com Wilson Martins, autor do livro “A palavra escrita”, até a Renascença, as bibliotecas não estavam à disposição daqueles que não eram religiosos (ou que não detinham o poder). Elas eram locais mais ou menos sagrados. “O livro, a palavra escrita, eram o mistério, o elemento carregado de poderes maléficos para os não-iniciados”. Com o advento da Renascença e, conseqüentemente, com a ascensão da burguesia e decadência do monopólio da Igreja sobre o poder; o livro perde o seu caráter de objeto sagrado. De acordo ainda com Martins, “foi o livro, ou seja, no fundo, a biblioteca, um dos instrumentos mais poderosos da abolição do ‘antigo regime’.” A partir do século XVIII, com a estimulação das idéias iluministas, tem-se a presença de um pensamento democrático que via na instalação de gabinetes de leitura, bibliotecas públicas e museus uma forma de democratizar o conhecimento ao homem comum que não era alcançado em vista dos privilégios de uma minoria. No século XIX torna-se imperativo a todos a implantação da escola pública.

Durante o século XX e início do XXI, assistimos uma enorme aceleração do desenvolvimento de tecnologias ligadas à comunicação e informação. Ao lado dos tradicionais livros, periódicos (jornais e revistas), rádio e televisão; temos agora a internet, os aparelhos de comunicação móvel e uma crescente convergência de mídias (celulares que transmitem sinais de TV e enviam e-mails; TV digital, e-books, etc.).

E-book

Todo esse panorama nos acostumou a um novo modo de leitura: a leitura através de hipertextos ou hiperlinks, surgidos através dos sistemas informáticos e computacionais, popularizados pela internet. A forma de ler e encontrar as informações na internet, por exemplo, segue uma ordem não-linear, enquanto que o texto impresso ou não adaptado à internet segue uma linha preestabelecida. O próprio modo de pensar do ser humano não é totalmente linear, pois às vezes entrecortamos pensamentos e nos focamos em diversos pontos de atenção. A internet possibilitou, também, o encontro de informações e textos, cujo acesso no mundo real seria quase que impossível ou muito oneroso. Podemos dar como exemplo, os conteúdos localizados fisicamente em outros países, ou mesmo os livros raros ou já esgotados.

É claro que o caminho para a plena democratização da leitura e da informação não foi e não tem sido tão fácil até hoje. A tendência em se transformar os bens de cultura (livros, por exemplo) em bens de consumo, desde o início da era industrialização e da produção de produtos em massa, dificulta o acesso dos mais pobres. As tecnologias de comunicação e informação também sofrem do mesmo mal, sendo que o acesso aos computadores e à internet aos menos privilegiados, muitas vezes, só se dá através de programas de inclusão digital. Por essa razão é tão necessária a discussão de políticas públicas que incentivem a prática da leitura e do acesso a essas tecnologias no Brasil.


domingo, 31 de maio de 2015

Vozes na Tempestade (1931)



Plínio Salgado
Publicado originalmente no Portal A Quarta Humanidade.

A que misterioso ritmo obedece esse estranho rumor, a princípio vago e indistinto, já agora nítido e altissonante, que perpassa pela superfície da terra, dando a volta ao seu meridiano?

Que sentido profundo traz essa agitação geral dos povos, a tragédia surda dos espíritos, a angústia dos oprimidos e o sobressalto dos opressores?

As cidades cresceram para os céus. Os mares coalharam-se de naves de aço. O homem percorre a amplidão com asas de águia. A terra multiplicou as suas messes, as indústrias multiplicaram seus benefícios. Todos os confortos imagináveis se tornaram realidades banais. Todos os sonhos de beleza e de magnificência foram ultrapassados. E nunca o homem dominou mais os elementos, nunca imperou melhor sobre a natureza.

Rufam no espaço os motores; gritam as locomotivas; berram os automóveis; uivam os apitos das fábricas; estrondam as usinas; mugem os navios; sibilam polés; estridulam guindastes; cantam os rádios... É a sinfonia planetária...

O esplendor do homem

Todas as ambicionadas farturas a que a Antiguidade poderia ter aspirado centuplicaram-se de uma maneira assombrosa.

Os celeiros do velho Faraó, refertos para socorrer as populações da África e da Ásia, durante os sete anos de penúria, são ridículos em face dos "stocks" internacionais de trigo, de vinho, de café, de todas as mercadorias, capazes de abastecer duas vezes a Terra.


Acima desenho de H. Celi, em preto e braco, de 1935 (Fonte Arquivo Público do Paraná - PR).

O ouro de todos os impérios antigos não se compara ao ouro que a Civilização carregou para as arcas dos Bancos, dos recessos da América Meridional, das entranhas do Alasca e dos Estados Unidos, do subsolo da Ásia e da África.

A força dos animais e dos escravos, que arrastava colunas monolíticas e impelia no mar os quinhentos remos das galeras romanas, é hoje uma minúscula energia de formigas, comparada à potência das locomotivas e dos transatlânticos, dos dínamos propulsores das usinas.

A rapidez de raio das quadrigas do corso, não passa de um lerdo movimento de caranguejos, em proporção à velocidade da canção do Broadway, que se escuta no mesmo instante, no orbe inteiro, ou da luz com que Marconi ilumina do seu iate, em Gênova, a cidade antípoda de Sidnei, na Austrália.

As máquinas produzem por milhares de homens. A Civilização esplende nas suas grandes Metrópoles. Nunca a humanidade foi tão rica, nunca o gênero humano conheceu maior fartura.

A própria terra, rejuvenescida pelos adubos químicos, revolvida pelos tratores ágeis, plantada com a nova e milagrosa técnica, decuplica o volume das suas safras, mãe carinhosa dos homens, transformada em escrava de sua indústria.

O boneco de carne

E, entretanto, nunca houve desespero maior, nunca o ser humano mergulhou em confusão tão grande, tão desnorteadora.

Nas grandes babilônias cresce a legião dos desocupados; os vagabundos disputam um pedaço de pão; há criaturas sem teto, que dormem ao relento, ou na promiscuidade dos albergues; e o próprio trabalho já não é um prazer, mas um triste manobrar de manivelas e de alavancas, onde toda a iniciativa do espírito desapareceu.

Outrora, o trabalho tinha qualquer cousa de fino, de sutil, feito de amor e de entusiasmo, de esperança e de alegria íntima, criadora; e, agora, o homem sente-se, cada vez mais, submetido a um ritmo mecânico, que o vai transformando, dia a dia, numa peça do grande maquinismo da Produção.

Não amando mais o trabalho (e só se ama aquilo onde se realiza a fusão do espírito com as necessidades da matéria); vendo a "arte" ser substituída pela "técnica"; a feição individual anulada pela feição estandardizada; a tendência das vocações contrariada pelas possibilidades das colocações, — o homem moderno vai se tornando um autômato, um boneco de carne e osso, que será possivelmente substituído por um outro boneco de aço e ferro, quando o barateamento do custo da produção e a racionalização do trabalho, levada aos extremos que a técnica sugere, determinar que assim seja.

O animal do “oitavo dia”

A máquina moderna, criação do homem, para produzir confortos ao homem, torna-se uma concorrente deste.
Vede um tear, uma linotipo, uma rotativa, um motor, um calculador mecânico. Que estranhos seres! Parece que pensam, que raciocinam, que respondem numa linguagem que não é de palavras, mas de ação.

A máquina é um ente que tem, sobre o homem, a vantagem de não fazer greves, de não ter coração para amar nem boca para falar. E em se tratando de mercadorias similares (e tão similares que a Economia Clássica os submete às mesmas leis da oferta e da procura), é sempre preferível a que importunar menos e produzir mais, melhor e mais barato.

Nestas condições, o monstro de aço conquistou, mais do que a igualdade, a superioridade social sobre o homem.

A máquina não tem pais nem gera filhos; não vibra de afetos; não alimenta aspirações; não cultiva preconceitos. É, portanto, muito mais conveniente ao capitalismo universal.

E é por isso que esse capitalismo quer arrancar do homem os últimos resíduos espirituais, para que a massa proletária se transforme também num sistema de maquinismo...

O monstro de aço! Quando ele trabalha, suas rodas dentadas, suas engrenagens, suas serras parecem rir da criatura de Deus. E os apitos das fábricas parecem um grito dominador dizendo ao homem, quando rompe a aurora: "Levanta-te, peça de máquina!”.

Esse grito domina o panorama das cidades tentaculares, onde o homem sofre, esmagado pela própria civilização que ele criou.

Humanidade mecânica

O instinto da máquina vai avassalando tudo.

As casas mesmo começam a mecanização do homem, na forma rudimentar do “cortiço”, para depois se fixarem em expressões mais técnicas das vilas proletárias e dos arranha-céus de apartamentos.

É olhar uma casa e ver todas. Submetidas à mesma planta, à mesma fisionomia, elas impõem a cada ser humano um ritmo idêntico de movimentos, anulando a personalidade, para que triunfe a coletividade. Pois é sobre a coletividade que a máquina domina mais soberanamente. E ela exige que se modelem coletividades de formas geométricas precisas e cadências uniformes.

Essas coletividades devem ser estereotipadas à fome. Devem cristalizar-se nos fornos de todas as necessidades, de todas as angústias, que irão obrigando cada tipo isolado a se acomoda ao grande ritmo dos tipos comuns, cuja finalidade é o próprio ritmo, cujo sentido é a mecanização total da existência.

A redução ao inanimado. A racionalização desracionalizante. O homem-tipo, como a máquina-tipo. O trabalho mercadoria, como o quilowatt-hora. O índice de calorias dos combustíveis. O trabalho como finalidade do trabalho. A morte total do espírito.

A besta do Apocalipse

Todo esse inferno contemporâneo é presidido pela soma do trabalho acumulado pelos latrocínios, na tradução metálica das barras de ouro e na versão social do papel moeda, concentrados nas mãos de poucos. É o capital.

Tudo gira em tomo desse ídolo muito mais terrível do que o Moloch de Cartago, que exigia menor número de vítimas para as suas entranhas de fogo.


Por que sofre tanto a humanidade?

É o Capital, que marcha para a sua feição mais simples; que ensaia a sua tirania na forma dos grandes trustes, dos monopólios, dos grupos financeiros, das organizações bancárias, e que se dirige para o capitalismo do Estado, numa velocidade cada vez maior e mais enervadora.

É a besta apocalíptica.

Que se assenhoreou do poder dos reis e dos impérios; que proclamou sua tirania sobre todas as nações, sobre todos os grupos sociais e sobre todos os homens.

É o espirito da mentira e da crueldade. O dragão que devora os povos.

Ele ergueu-se, na face da terra, para enfrentar e negar Deus, como negou pela vez primeira quando rolou para as trevas eternas; que se levantou para esmagar o Homem, arrastando-o a todas as abjeções, para finalmente  arrancar-lhe o coração e deixar-lhe, apenas, os movimentos mecânicos da máquina.

Condenados e oprimidos

Cresce, por todo o Universo, o estranho rumor.

É o clamor do Homem que sofre, nas colônias remotas da Ásia e da África; na estepe da Sibéria, nos Urais e no Cáucaso, tangido por algozes; nas entranhas do Ruhr, de Cardiff, negro de hulha; nas profundezas das minas de diamantes do Transvaal, das cavernas de ouro do Morro Velho, da Califórnia; nos sertões do Brasil, nas salitreiras do Chile, nas galés das Guianas, nos bairros proletários das grandes metrópoles resplandecentes como Babilônias multiplicadas, por toda a superfície do planeta, e nos porões dos transatlânticos e das naves de guerra, armadas para os morticínios...

É o gemido do Homem, que já não tem trabalho porque a máquina o expulsou das fábricas; que não tem pão, porque, na fartura imensa, já não há necessidade do esforço do pária, e as leis vigorantes determinam que se tome a mercadoria-trabalho quando se precise, e se deixe morrer o trabalhador, quando não se necessitar dele.

O útero metálico da máquina

O Homem, vencido pela máquina, pensa, então, em criar o regime político que agrade à máquina. Pensa em viver em razão da máquina.

De há muito que a Democracia renegou os governos éticos, concebendo o Poder como uma expressão do "Homem Cívico", portanto, do Homem mutilado, do Homem sem alma. De há muito que se desprezou a teocracia.

Mas o Homem hoje volta-se para uma forma imprevista de teocracia. Quer ser governado pelos Sumos Sacerdotes do Ateísmo. Aceita a grande razão da técnica e do capital. Aceita desaparecer como gota de água no oceano do coletivismo, onde toda a personalidade se destrói.

É a mais moderna expressão mística.

O misticismo que nega uma face da metafísica, para proclamar o valor da outra face.

E que subordina o Homem a uma divindade infernal, que não se funda no amor, mas na ausência do amor. E nega ao Homem o direito de se interessar pelas outras criaturas, pois só deve cogitar de si.

De si, não como personalidade irradiante, e sim como fração de um grande Todo.

O Homem renega o amor, para aceitar o egoísmo.

O amor impunha-lhe deveres; o egoísmo subordina-o à escravidão dos instintos.

A vida do instinto é o primeiro passo para a transformação do ser humano em máquina.

Essa transformação é dolorosa, porque o espírito reage.

O Homem inventou a máquina. A máquina, agora, quer fabricar homens. E se um dia saírem homens das usinas, também os úteros das mulheres gerarão homens-máquinas, sem coração, sem afeto, meros aparelhos de produção...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

História Contemporânea do século XX; Parte III.



CHH

Outra característica da Idade Contemporânea foi a formação dos Estados Nacionais e dos nacionalismos, que iriam estar na origem de inúmeras disputas territoriais na Europa e nas áreas coloniais. As próprias guerras mundiais que ocorreram no século XX tiveram no nacionalismo suas origens. Em oposição ao capitalismo liberal surgiu ainda no início do século XX uma alternativa na organização social representada pela URSS, originada com a Revolução Russa. Essa experiência histórica, apesar de ser portadora de um desejo de igualdade entre todos os seres humanos, acabou reproduzindo a exploração e a divisão social. No campo científico, as inovações e transformações foram também profundas. As pesquisas em medicamentos e em práticas médicas proporcionaram um aumento significativo da expectativa e da qualidade de vida das populações. As inovações em maquinários e técnicas de produção proporcionaram a base tecnológica para a expansão do capitalismo. Mas esse desenvolvimento tecnológico foi amplamente utilizado na área militar, resultando em armamentos cada vez mais letais, como as bombas atômicas.

- 1948: Proclamação do estado de Israel.

Em 14 de maio de 1948, o presidente da Agência Judaica David Ben-Gurion proclama em Tel Aviv o Estado de Israel, estabelecendo o primeiro Estado judeu em 2 mil anos. “Nós proclamamos por este ato o estabelecimento do Estado Judeu na Palestina, que se chamará Israel”, disse em uma cerimônia no Museu de Arte, Ben-Gurion, que tornou-se o primeiro premiê do novo Estado.

À distância, o ruído dos tiros podiam ser ouvidos do conflito que imediatamente eclodiu entre judeus e árabes, assim que o exército britânico se retirou mais cedo naquele dia. No dia seguinte, forças do Egito, Transjordânia, Síria, Líbano e Iraque invadiram por terra, enquanto o Egito lançou um ataque aéreo.

Israel tem suas origens no movimento sionista, criado no final do século XIX pelos judeus que viviam no Império Russo e que reclamavam o estabelecimento de um espaço territorial judaico após séculos de perseguição. Em 1896, o jornalista judio-austríaco Theodor Herzl publicou um panfleto político chamado ‘O Estado Judeu’, que sustentava que a criação de um Estado judeu era o único meio de proteger os judeus contra o anti-semitismo. Herzl tornou-se o líder do sionismo, reunindo o primeiro congresso sionista na Suíça em 1897. A Palestina, controlada então pelo Império Otomano, foi escolhido como o lugar mais desejável para sua localização por ser o lar bíblico do povo judeu.

Após a Revolução Russa de fevereiro de 1905, crescentes contingentes de judeus russos e da Europa Oriental começaram a imigrar para a Palestina, juntando-se aos poucos milhares que haviam chegado antes. Os colonos judeus insistiam no uso do idioma hebraico em vez do idisch, a língua dos judeus ashkenazi da Europa. Com o colapso do Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial, os britânicos tomaram a Palestina como protetorado. Em 1917, Londres publicou a “Declaração Balfour”, que afirmava a intenção de estabelecer um ‘lar judeu’ na Palestina. Apesar do protesto dos Estados árabes, a declaração foi incluída no mandato britânico sobre a região, autorizada pela Liga das Nações em 1922.

Com isso, árabes e judeus deram início em 1929 a um enfrentamento aberto na Palestina. A Grã Bretanha, na tentativa de apaziguar os árabes, tentou limitar a imigração judaica. Como resultado do Holocausto, muitos judeus entraram ilegalmente na Palestina durante a Segunda Guerra Mundial. Grupos judaicos radicais passaram a empregar o terrorismo contra as forças britânicas, sob a alegação de estarem traindo a causa sionista. Após o término da Segunda Guerra Mundial, diante das atrocidades nazistas contra os judeus vindas a público em 1945, a União Soviética e os Estados Unidos aceitaram adotar a causa sionista. A Grã Bretanha, incapaz de encontrar uma solução, transferiu o problema para as Nações Unidas, que em novembro de 1947 aprovou a Partilha da Palestina.

Os sionistas tomaram posse de mais da metade da Palestina embora englobassem menos da metade da população local. Os árabes enfrentaram as forças sionistas, contudo em 14 de maio de 1948, os judeus já tinham garantido o controle de sua área da Partilha e também da parte árabe.

Assim, os israelenses conseguiram derrotar os árabes e ocuparam territórios chaves como a Galileia, a costa palestina e uma faixa ligando a região costeira com Jerusalém. Em 1949, um cessar-fogo patrocinado pela ONU propiciou a Israel o controle permanente das áreas conquistadas. A expulsão pela força de centenas de milhares de palestinos de seus lares durante a Guerra deixou o país com uma substancial maioria populacional judaica.

Durante a Guerra dos Seis Dias, mais uma vez Israel aumentou suas fronteiras, capturando da Jordânia, Egito e Síria, a cidade velha de Jerusalém, a Península do Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e as Alturas de Golã. Em 1979, Israel e Egito assinaram um acordo de paz pelo qual Israel devolveu o Sinai em troca do reconhecimento egípcio. Israel e a Organização pela Libertação da Palestina assinaram um acordo de paz em 1993, visando a implementação do Estado palestino na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. O processo de paz não avançou e a partir de 2000 o conflito entre israelenses e palestinos se acirrou em Israel e, principalmente, nos territórios ocupados.

- 1949: Revolução Chinesa e proclamação da República Popular da China, liderada por Mao Tsé-tung.

A Revolução Chinesa, ocorrida em 1949, provocou profundas transformações na China que até hoje se faz presente no cotidiano de seu povo. Para entender essa revolução, devemos nos voltar para a situação da China do século XIX. Naquele período, o país sofreu com a dominação imperialista promovida pelas nações capitalistas europeias, principalmente da Inglaterra.

Nas primeiras décadas do século XX, a população chinesa passava por intensas dificuldades econômicas que pioraram drasticamente as condições de vida do povo chinês. Mediante um movimento contra a presença estrangeira no país, a dinastia Manchu deu fim ao governo imperial e criou um novo governo: a República da China. Mesmo com tal mudança, ainda em 1915, o país foi politicamente dominado pelo governo japonês.

Insatisfeitos com a dominação nipônica, uma grande mobilização política do povo chinês promoveu, em 1921, a criação do Partido Comunista Chinês. Em virtude de seu forte apelo popular, o novo partido foi visto como uma ameaça à ordem governamental e, por isso, seu líderes e participantes passaram a ser perseguidos pelas autoridades do país.

Impedidos de participarem das questões políticas de seu país, os comunistas chineses, sob a liderança de Mao Tsé-Tung, começaram a mobilizar as populações camponesas atraídas pela promessa do uso coletivo das terras e a criação de um sistema político igualitário. Contando com o apoio dos camponeses, Mao Tsé-Tung criou o Exército Vermelho, que entre os anos 30 e 40 lutou contra o governo chinês.

Após esse período de batalhas, os comunistas dominaram Pequim, em 1949, e Mao Tsé-Tung foi aclamado como novo líder da República Popular da China. Inicialmente apoiado pelo governo comunista soviético, o governo comunista chinês criou um grande projeto de transformação político-econômico chamado Grande Salto para Frente. Pouco depois, em 1966, surgiu um programa de controle cultural, político e ideológico chamado de Revolução Cultural. Com a morte de Mao Tsé-Tung, em 1976, a Revolução Cultural teve seu fim e as políticas econômicas do país se abriram para a economia mundial.

- 1950 a 1953: Guerra da Coreia.

A Guerra da Coréia é fruto da disputa velada entre os Estados Unidos e a ex-URSS, antigos aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Ao final desta, em 1945, estes países dividiram a Coréia em duas zonas de influência, com o sul ocupado pelos norte-americanos e o norte dominado pela União Soviética. Ambas são divididas pelo Paralelo 38º, firmado como marco divisor na Conferência de Potsdam. Em 1947, na tentativa de unificar a Coréia, a Organização das Nações Unidas – ONU - cria um grupo não autorizado pela URSS, para pretensamente ordenar a nação através da realização de eleições em todo o país. Esta iniciativa não tem êxito e, no dia 09 de setembro de 1948, a zona soviética anuncia sua independência como República Democrática Popular da Coréia, mais conhecida como Coréia do Norte. A partir de então, a região é dividida em dois países diferentes - o norte socialista, apoiado pelos soviéticos; e o sul, reconhecido e patrocinado pelos EUA.
Os governos norte-americano e soviético continuam a reivindicar o controle total do território coreano. A região fronteiriça entre as duas Coréias torna-se um ponto explosivo e delicado, de pura tensão. Começa a luta doutrinária, as propagandas ideológicas viajam de um ponto a outro dos dois países. Até que, no dia 25 de junho de 1950, alegando uma suposta transgressão do Paralelo 38º, o exército da Coréia do Norte invade o Sul, dominando sua capital, Seul, em 03 de julho. A ONU não aceita esse ataque e manda suas tropas, lideradas pelo general americano Douglas MacArthur, para expulsar os socialistas, que pretendem unificar o país sob a bandeira do Comunismo. A URSS não intervém diretamente, apenas cede auxílio militar. Mas, neste momento, inicia-se o confronto entre as duas potências por um espaço de amplas vantagens comerciais e territoriais, mesmo com o risco de deflagrar uma terceira guerra mundial.

No mês de setembro, as forças das Nações Unidas tentam resgatar o litoral da região oeste, sob o domínio dos norte-coreanos, atingindo sem muitas dificuldades Inchon, próximo a Seul, onde se desenrola uma das principais batalhas, e depois de poucas horas elas ingressam na cidade invadida, com cerca de cento e quarenta mil soldados, contra setenta mil soldados da Coréia do Norte. O resultado é inevitável, vencem as forças sob o comando dos EUA. Com o domínio do Sul, as tropas multinacionais seguem o exemplo dos norte-coreanos e também transgridem o Paralelo 38º. Seguem então na direção da Coréia do Norte, entrando logo depois em sua capital, Pyongyang, ameaçando a fronteira chinesa ao acuar os norte-coreanos no Rio Yalu, sede de intensa batalha.

O governo chinês, ao se sentir em perigo, envia trezentos mil homens em socorro da Coréia do Norte, entrando assim na Guerra e colocando em risco a paz mundial. As tropas chinesas forçam o General MacArthur a recuar e, em 04 de janeiro de 1951, conquistam Seul, dominando o Sul. Logo depois, entre fevereiro e março, um novo avanço dos norte-americanos expulsa as forças chinesas e norte-coreanas e as obriga a retornar ao Paralelo 38º. A partir daí os jogos de forças permanecem estáveis, equilibrados, prolongando esta guerra por mais dois anos, com muitas mortes de lado a lado. Ao longo de quase três anos, uma sangrenta batalha entre irmãos mancha a história de uma das culturas mais célebres da Ásia. A paz é assinada finalmente em 27 de julho de 1953, através do Armistício de Panmunjon. A fronteira estabelecida em 1948 é mantida, e é criada uma região desmilitarizada entre as duas Coréias, mas até hoje não se chegou a uma resolução decisiva neste território, e a tensão permanece, com ameaças constantes pairando no ar. Apesar do final da Guerra Fria entre os EUA e a URSS, hoje extinta, a pressão ideológica persiste, mais preocupada atualmente em encontrar pretextos para intervenções em corridas armamentistas nucleares, uma vez que a Coréia do Norte está continuamente se gabando de ter o domínio de elevadas tecnologias na esfera militar.

- 1959: Revolução Cubana.

No início do século XX, Cuba era uma colônia (neo-colônia), norte-americana. Desgastada com a administração corrupta e claramente favorável ao capital estrangeiro, o povo começava a se inquietar de maneira preocupante para a metrópole. O movimento operário estava ganhando força e se fazendo notar, principalmente com duas grandes greves: dos Aprendizes (1902) e da Moeda (1907).

Sofrendo pelo altos níveis de inflação gerada pela Primeira Guerra Mundial e tendo sua economia baseada na monocultura da cana-de-açúcar, sendo os Estados Unidos seu comprador quase exclusivo, a Grande Depressão de 1929, deixou claro que a situação em Cuba era muito frágil, já que 70% de sua economia era controlada pelo capital americano.

Até então Cuba esteve nas mãos de diversos dirigentes. Sempre sob o olhar e a mão firme da metrópole que defendia seus lucros e favorecia apenas a minoria burguesa, (onde a maioria era norte-americana com alguns poucos cubanos). Até que Fulgêncio Batista em 10 de março de 1952 tomou o poder através de um golpe assistido e apoiado pelos norte-americanos.

Paralelamente a isso, ocorreram diversas greves e revoltas. Sempre partindo do proletariado que se unia e do movimento estudantil que ganhava força. As primeiras ações sentidas foram os ataques e tentativas de tomada dos quartéis de Moncada e de Carlos Manuel de Céspedes, em 26 de Julho de 1953. A ação conjunta fracassou, resultando na morte de vários combatentes, em sua maioria jovens estudantes e a prisão de outros tantos. Entre os presos estava Fidel Alejandro Castro Ruz, recém-formado advogado pela Universidade de Havana.

Outros movimentos de revolta também tentaram ataques isolados, tendo todos fracassado. Enquanto isso Fidel Castro é liberto e exilado no México. E foi lá então, que reuniram-se condições, convergiram fatores, para que se pensasse em uma verdadeira guerrilha. Fidel tinha em torno de si uma grande rede de contatos que o apoiariam; foi com esse objetivo então, que em 1954, funda o Movimento Revolucionário 26 de Julho (M-26-7). Baseado no México, articula ações e conta com casas de apoio e representantes, principalmente em Cuba, Guatemala e Estados Unidos.

Vivendo na clandestinidade, o M-26-7 tem grandes planos, mas tem maiores ainda dificuldades. Conciliar egos e pensamentos diferentes, manter o movimento coeso e unificado, treinar combatentes, angariar recursos e pessoal, evitar espiões e traidores. Num processo lento o plano é traçado: Penetrar com um foco guerrilheiro através das florestas ao sudoeste da ilha, aos pés da Sierra Maestra e espalhar a revolução, contando com a adesão popular e dos camponeses que vivem miseravelmente ali.

Começa a guerra de guerrilhas

Antes do amanhecer, em 2 de dezembro de 1956 o iate Granma, vindo do México, atraca (ou encalha), no litoral sudeste da ilha, transportando 82 combatentes. A viagem que durou 7 dias, 2 a mais que o planejado, fora desastrosa e cheia de incidentes.

Depois que o iate Granma de 12 metros com 82 homens, armas, mantimentos e medicamentos encalha, um tanto afastado da praia, o pessoal é obrigado a praticamente nadar já com o sol raiando e saraivadas de tiros de uma lancha da patrulha costeira cubana. O resultado foi um grande prejuízo de armas, munições e principalmente de pessoal. Do total, apenas 22 restaram para o foco insurrecional.

Re-começando praticamente do zero, o grupo precisa garantir a sua sobrevivência e reestruturação. Em território desconhecido, contavam com os camponeses que os guiassem pela floresta e muitas vezes para alimentá-los. Em contra-partida o governo retaliava, geralmente com a vida, quem fosse “pego” ajudando os rebeldes. “Pego”, por que na verdade para Fulgêncio, o motivo pouco importava. O importante era difundir a mensagem de que os rebeldes eram os bandidos e que não se envolvessem com eles; então era comum que acusassem o vizinho por vinganças particulares, como questões de dívida e assuntos pessoais.

Por fora, os contatos do M-26-7 corriam para recrutar novo pessoal, armas e dinheiro. Comunicando-se através de rádio, conhecida como Rádio Bemba (Sistema de Rádio Rural), Fidel assinava contratos, redigia artigos e planejava táticas.

Na capital o governo alardeava que suas tropas haviam sufocado o movimento, porém o que acontecia era justamente o contrário: tendo consciência de que ainda eram muito fracos, os revolucionários se ocupavam em manter-se sempre em movimento, criando emboscadas e evitando o inimigo.

Nas batalhas as colunas rebeldes sempre eram em número bastante inferior ao das tropas do exército, porém com a tática do “bate e corre”, conseguiam infligir certos danos e algumas vitórias parciais.

Passando fome muitíssimas vezes, a tensão e o cansaço fatigavam os combatentes. Sempre vivendo no limite, sem ter para amanhã, de tempos em tempos abria-se uma permissão para àqueles que não suportando mais iriam desertar. Fora dessas concessões quem desertasse era morto, pois sabia demais sobre o Movimento.

Conforme as colunas foram adentrando na floresta, foram também ganhando a simpatia dos guajiros, como é chamado o camponês; humilde e analfabeto, negro, mulato ou branco, pés descalços e chapéu de palha, que insatisfeitos com a maneira como viviam e esclarecidos sobre a real intenção dos combatentes, muitas vezes se juntavam a coluna ou guiavam pelos tortuosos caminhos. Grande parte dessa simpatia também se deveu ao fato de que qualquer espaço conquistado pelos rebeldes, logo era considerado Território Livre e suas terras divididas entre os camponeses. Entre eles havia também os traidores, que em troca de dinheiro, ou temendo pela própria vida ou da família, davam informações para o governo sobre posição e quantidade dos rebeldes.

As colunas, agora já maiores e melhor organizadas traziam consigo vantagens e desvantagens. Tornava-se inviável bater na casa de um camponês e pedir-lhe comida. A base guerrilheira, então instalada na Sierra Maestra funcionava como um Quartel General e muito por iniciativa de Ernesto Guevara (Che), criou-se em plena floresta um sistema rudimentar para a produção de pão e charque que alimentasse as tropas, artigos de couro para os soldados e inclusive uma pequena imprensa com um mimeógrafo antigo de onde eram editados manifestos e até um jornal da floresta. Atos de insubordinação ou indisciplina, também eram frequentes e firmemente tolhidos. Algumas vezes até passíveis de crítica quanto a sua dureza, principalmente na figura de Che Guevara. Promovido a chefe de uma coluna, Che era conhecido pela sua conduta exemplar e por exigir não menos que isso de seus soldados.

Mas o que realmente incomodava ao mundo capitalista era o fato de que Che Guevara era um declarado Marxista e tinha se tornado uma voz importante ao lado de Fidel. Pode-se afirmar que o papel do médico argentino na orientação comunista do Movimento foi fundamental. Por sua vez, Fidel publicamente tentava afastar essa ideia da imprensa e do mundo por assim dizer; já bastavam os problemas que tinham sem isso.

Num período de 2 anos, as forças guerrilheiras do Movimento Revolucionário 26 de Julho lutaram contra forças desiguais, mas entre altos e baixos, conseguiam empurrar as tropas inimigas para trás de suas linhas. Politicamente a guerra também era intensa; envolvia as 2 maiores potências do mundo na época e uma pequena ilha no Caribe. Nas palavras de Fidel, “foi uma briga de Davi e Golias”.

Conforme a distância da capital diminui, os combates vão se tornando mais francos e ferozes. Na capital, Fulgêncio sabe que a hora de definir é agora. Lança mão de suas últimas forças e joga tudo. As colunas rebeldes estão fechando o cerco e impondo derrota após derrota. A coluna de Che já toma a segunda cidade em importância de Cuba e marcha para a capital, assim como a coluna de Camilo Cienfuegos, personagem de vital importância para a Revolução.

A vitória se tornou evidente quando próximo a capital, os rebeldes interceptaram e tomaram um trem blindado repleto de material bélico que não chegou ao seu destino. Esse foi um importante contra-golpe que as forças revolucionárias impuseram à ditadura de Fulgêncio, que depositava nesse trem suas últimas forças realmente significativas. Já com as forças batistianas batendo em retirada e se dispersando, o M-28-7 chegou enfim, em 01/01/1959 à capital Havana para travar o último e definitivo combate. O então ex-presidente, Fulgêncio Batista já havia fugido do país na madrugada anterior, junto com a cúpula de seu governo. A burguesia e a elite das forças armadas também já deixaram o país, abandonando tudo que não pudesse ser levado. Sabendo disso o povo pega em armas e em pleno cenário urbano travam-se combates isolados com as poucas forças resistentes e atiradores de elite.

As tropas rebeldes são recebidas na cidade como verdadeiros heróis. Durante os anos que a guerrilha durou, o personagem barbudo e maltrapilho que se fez dos revolucionários já era conhecido da população. Sabe-se que nesses anos a TV e a moda em Cuba valorizou a barba e os cabelos grandes, que no caso dos guerrilheiros não era uma opção. A muitas crianças deu-se o nome de Fidel e Ernesto.

Pós revolução

Depois de um discurso de posse, transmitido pela TV, onde as forças libertadoras entregavam Cuba para os cubanos, tem início em Cuba uma nova era. Os muitos anos seguintes seriam dedicados ao expurgo dos ex-funcionários batistianos e ao julgamento daqueles que se quedaram ou foram feitos presos durante as batalhas. Muito criticou-se também os métodos utilizados para o julgamento e os pelotões de fuzilamento, que era o destino final dos condenados. Che era o responsável pelo Tribunal Sumário e há quem se refira, como holocausto.

O papel dos Estados Unidos durante a revolução era de indiscutível e declarado apoio às forças batistianas. Enquanto que o da União Soviética também se fez presente apoiando Fidel e o regime comunista que aos poucos foi emergindo. Estamos em plena Guerra Fria. Depois da vitória rebelde ainda muitas águas rolariam. Desde tentativas de contra-revolução, financiadas pela CIA, como a da Baía dos Porcos; ou a Crise dos Mísseis envolvendo os EUA e a URSS que por pouco não deu início s temida Guerra Nuclear. Também foi feita uma tentativa de envenenar Fidel.

Admitindo que não conseguiria reverter a situação militarmente sem causar um grande alvoroço internacional, os Estados Unidos decidem então apelar para a “violência econômica”, assim denominada por Fidel. Em outras palavras, colocaram em prática o embargo comercial, (ainda em vigor), onde não mais comprariam nem venderiam nada a Cuba. Não satisfeitos, pressionaram muitos outros países da América e Europa a fazer o mesmo. Com o passar dos anos a maioria desses países voltou a se relacionar comercialmente, porém as relações diplomáticas entre Cuba e os EUA estão cortadas até os dias de hoje.

- 1959 a 1975: Guerra do Vietnã.

Ocorreu entre os anos de 1959 e 1975 e é considerado o mais violento conflito da
segunda metade do século XX.
Laos, Vietnã e Camboja faziam parte de uma região conhecida como Indochina. Estavam sobre o domínio francês e queriam a independência.

Para entender melhor o conflito é preciso saber que durante a Segunda Guerra, o Japão invadiu e dominou esta região. Com o objetivo de combater os orientais, os vietnamitas, liderados por Ho Chi Minh (líder revolucionário), se reuniram e formaram a Liga Revolucionária para a Independência do Vietnã (ligada ao partido comunista).

Os primeiros conflitos ocorreram em 1941, ainda durante a Segunda Grande Guerra.

Quando esta terminou, começou o processo de descolonização, que originou uma luta entre tropas francesas e guerrilheiros do Viet Minh (Liga para a Independência do Vietnã).

Derrotados, os franceses tiveram que aceitar a independência.

Em 1954, a Conferência de Genebra (convocada para negociar a paz) reconheceu a Independência do Camboja, Laos e Vietnã.

Outra medida tomada estabeleceu que o Vietnã ficaria dividido em:

- Vietnã do Norte: socialista governado por Ho Chin Minh

- Vietnã do Sul: capitalista governado por Ngo Dinh-Diem

Essa divisão estaria valendo até as eleições para unificação do país, em 1956.

Em 1955, Ngo Diem liderou um golpe militar tornando-se ditador. Diem cancelou as eleições, proclamou a Independência do Sul, brigou com os budistas, perseguiu nacionalistas e comunistas e seu governo foi marcado pela corrupção. Os americanos o apoiaram, porque estavam convencidos de que os nacionalistas e comunistas de Ho Chi Minh ganhariam as eleições e isso não era bom; pois se os comunistas ganhassem, acabariam influenciando outras nações a segui-los (“Teoria de Dominó”).

Os EUA passaram a colaborar com o Vietnã do Sul enviando armas, dinheiro e conselheiros militares. Tudo isso fez com que surgissem os movimentos de oposição: Frente Nacional de Libertação (apoiados pelo Vietnã do Norte) juntamente com o seu exército Vietcong.

Apoiados pelos americanos e suas armas poderosas os sul-vietnamitas atacaram por 10 anos o norte.
Porém, depois que algumas embarcações americanas foram bombardeadas no Golfo de Tonquim, o presidente Lindon B. Johnson ordenou bombardeios de represália contra o Vietnã do Norte. Esse fato marcou a entrada dos EUA na guerra (1965).

Em 1968, as tropas do norte e os vietcongs fizeram a chamada Ofensiva do Tet, ocupando inclusive a embaixada americana em Saigon. Isso fez com que os americanos sofressem sérias derrotas.

A guerra continuava e os americanos não estavam muito felizes. Várias manifestações foram realizadas contra a participação dos EUA na guerra.
Em 1972, durante o governo do presidente Nixon, os EUA bombardearam a região de Laos e Camboja utilizando, inclusive, armas químicas, mas não adiantou, pois os guerrilheiros continuavam lutando.

Eles (guerrilheiros) se saíram melhor, principalmente pelas vantagens geográficas, já que conheciam bem a região. Os americanos se retiraram do conflito em 1973; porém, a guerra só foi encerrada de fato em 30/04/1975, pois ainda havia alguns conflitos contra o norte.

Em 1976, o Vietnã se reunificou e passou a se chamar República Socialista do Vietnã. A Guerra do Vietnã, como já foi dito no início deste texto, é considerado um dos conflitos mais violentos do século XX.

Durante todo o desenrolar da guerra, os meios de comunicação do mundo inteiro divulgaram a violência e intensidade do conflito, além de falarem sobre o mau desempenho dos americanos, que investiram bilhões. Foi nesta guerra que os helicópteros foram usados pela primeira vez.

Como em toda guerra, não existem vencedores, somente vítimas. Calcula-se que milhões de pessoas (civis e militares) morreram.

- 1966: Revolução Cultural na China, liderada Mao Tsé-tung.

A Revolução Cultural Chinesa foi elaborada por Mao Tsé-Tung no ano de 1966, paralisando praticamente todo o progresso material e tecnológico do pais. Tal revolução foi um movimento de massas da Republica Popular da China dentre os anos de 1966 e 1976, feito por trabalhadores e estudantes contra a burocracia que tomava conta do Partido Comunista Chinês. Tudo começa no ano de 1958, onde foi implantado na China um plano de governo conhecido como O Grande Salto Adiante. Esse plano tinha como objetivos estruturar a produção agrária em um sistema cooperativo e organizar a produção industrial, além de alguns outros como o aumento da produção de minerais por exemplo. Porém esse plano foi abandonado em 1961 em razão de diversos insucessos, dentre eles a morte de aproximadamente 30 milhões de Chineses, e do rompimento da China com a União Soviética no ano anterior.

Com todo esse fracasso do plano Salto, houve um período de grande fome no começo da década de 60, pois a produção agrícola estava muito desorganizada. Com todos esses problemas, Mao Tsé-tung acabou sendo muito criticado, principalmente por duas pessoas que também eram membros do Partido Comunista, Liu Shaoqi e Deng Xiaoping, que começaram então desafiar o poder e o prestigio de Mao. Os dois tinham até mesmo a ideia de remover todo o poder que estava nas mãos de Mao e deixa-lo apenas como uma figura decorativa no poder.

Só que Mao era muito esperto, se antecipou aos dois críticos e começou a atacar Liu em 1963, declarando a ideia de haver uma necessidade de promover uma limpeza nos quadros políticos, econômicos, organizacional e ideológico da Republica Chinesa.

E finalmente em 1966 Mao iniciou a Revoução Cultural. O primeiro comitê foi formado em Maio de 1966 na Universidade de Tsinghua, com o objetivo de eliminar completamente toda a oposição a Mao Tsé-tung. Ele incentivou e encorajou a criação de comitês revolucionários (bases da Guarda Vermelha), que eram compostas pelas mais diversas forças militares, camponesas, elementos partidários e governamentais, e que estavam objetivados em tomar o poder onde fosse necessário.

Tal revolução tem como ideia essencial manter o fervor revolucionário e um estado constante de luta e superação, sem os quais acreditava Mao, a revolução comunista estaria destinada ao fracasso. Além disso, a revolução pretendia tornar cada unidade econômica chinesa, como fabricas, fazenda, como uma unidade de estudo e de reconstrução do comunismo, expandindo assim a ideia de coletivização. Após essa fase, Mao acreditava que uma segunda fase da Revolução Chinesa seria justamente ultrapassar a revolução da ordem econômica para a ordem ideológica, para a alma do cidadão Chines. E é nesse sentido que se justifica tal adjetivo Cultural da revolução.

- 1973: Crise do Petróleo.

Ficou conhecida como Primeira crise do petróleo uma crise econômica e comercial de proporções mundiais desencadeada pelos maiores países produtores de petróleo, em geral, localizados no Oriente Médio. A partir da segunda metade do século XIX, este material, até então, sem um uso importante em qualquer setor da economia desponta como importante produto de consumo, tornando-se a principal fonte de energia no mundo, em especial depois da invenção do motor a combustão, que requeria um produto exatamente com as características do óleo negro. Além do uso conhecido como combustível de automóveis, o petróleo é utilizado em centenas de outros produtos, fazendo deste "óleo de pedra" uma peça capital na composição da economia mundial, dando ainda um poder imenso a quem tivesse a posse de fontes de tal produto. Tal fato se reveste de mais importância ao levar-se em conta ainda que tal elemento não é renovável, isto é, as fontes de petróleo logo se esgotam, não se podendo obter mais do produto daquela determinada fonte. Somente após a Segunda Guerra Mundial os principais produtores de petróleo iriam se aperceber do poder que tinham em mãos, e as perspectivas de barganha que a posse de tal riqueza proporcionava.

É sob tal ótica que se instala, em 1960, a OPEP, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, criação de Arábia Saudita, Kuwait, Irã, Iraque e Venezuela, com a finalidade de defender os seus interesses como produtores de tão rica matéria-prima. Finalmente, numa reunião da OPEP, em outubro de 1973, os países membros, detentores praticamente de toda a produção mundial, resolveram, de repente, aumentar o preço de modo significativo, bem como estabelecer uma diminuição na produção. Entre os motivos que causaram tal decisão estão a composição da base da economia dos países da OPEP, o preço extremamente baixo do barril, o consumo em aumento constante em todo o mundo, e a grande dependência dos países não-produtores, que preferiam importar a explorar possíveis jazidas em seus territórios.

Além destas alegações de natureza logística, a decisão de aumentar o preço do petróleo de maneira repentina escondia um motivo político: o rearmamento de Israel pelos Estados Unidos durante a Guerra do Yom Kippur. Israel fora atacado por uma coalizão de países árabes, liderados por Egito e Síria, mas conseguiu repelir a ofensiva com o apoio dos EUA. Enfim, tratava-se de mais um episódio na longa disputa entre israelenses e árabes pelos territórios ocupados pelos judeus. Cansados do constante apoio dos norte-americanos aos israelenses, os países produtores de petróleo enfim compreendiam o poder político que tinham em mãos, e como forma de pressão para um equilíbrio maior na política das potências em relação ao Oriente Médio, resolveu-se pela primeira vez usar o petróleo como instrumento de pressão política.

Os estragos foram enormes, causando falta do produto em muitos postos em várias partes do mundo. O racionamento virou palavra de ordem, e em países periféricos como o Brasil, o estrago foi imenso, pois sua balança comercial ficou em enorme desequilíbrio, iniciando um ciclo de hiperinflação que duraria quase 20 anos.

A crise só terminaria cerca de um ano depois com as conversações entre Henry Kissinger e os líderes israelenses, que se retiraram de áreas ocupadas como resultado da vitória na Guerra do Yom Kippur. Tal gesto fez os países árabes suspenderem o embargo, reequilibrando o preço do produto no mundo inteiro, mas não sem antes deixar sequelas. Desde a quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929, o mundo não havia presenciado uma crise econômica de proporções tão drásticas.

- 1979 – Revolução Islâmica no Irã.

A Revolução Islâmica fez do Irã uma república baseada nos preceitos religiosos do islamismo. O Irã é um país do Oriente Médio muito presente nos noticiários por conta de seu governante autoritário e agressivo. Muito do que o país é hoje é fruto de uma revolução ocorrida na década de 1970 que colocou os dogmas da religião islâmica acima de todos os valores democráticos comuns nos outros países do mundo.

Na década de 1970 o Irã era governado pelo xá Reza Pahlevi, o qual desenvolvia um governo concentrando os poderes em um pequeno círculo de amigos e aliados. Desde a década de 1940 o líder do país se mantinha no governo do Estado, sem se preocupar muito com as diferenças entre os pobres e os ricos, esta se intensificou no decorrer da década de 1970. O regime do xá Reza Pahlevi gerava críticas ao plano econômico, mas principalmente quanto ao seu modo autoritário de conduzir a política no país.

A monarquia autoritária do xá possuía grande afinidade com o Ocidente, o que suscitava mais críticas dos opositores. O personagem com voz mais expressiva na oposição ao governante do Irã era o aiatolá Ruhollah Khomeini. O líder religioso e da oposição vivia exilado em Paris e de lá mesmo comandou as forças de oposição ao governo do xá, defendendo reformas sociais e econômicas no Irã, além de recuperar os valores religiosos e tradicionais do islamismo.

Somente no ano de 1979 que o líder da oposição conseguiu retornar ao Irã, no dia 1º de fevereiro, o que intensificou um quadro de estabilidade social e protestos. Nas vésperas do retorno de Khomeini ao Irã, a população do país deu início a um levante de oposição ao tipo de governo desenvolvido pelo xá Pahlevi, a chegada de Khomeini fez aguçar os protestos. Por vários lugares estouraram os confrontos entre os opositores e os partidários do regime vigente.

O clima de enfrentamento no país se intensificou e atingiu níveis cruéis para o Irã. Além dos protestos violentos, greves foram deflagradas em protesto e atingiram em cheio o seio da economia iraniana. Opositores de esquerda, liberais e xiitas, todos se uniram contra o governante em função e deram início a um processo revolucionário.

Finalmente, em 1979, o xá Pahlevi foi deposto do poder, no dia 1º de abril, e o Irã foi declarado uma República Islâmica. Reza Pahlevi fugiu do país e o aiatolá Khomeini assumiu o cargo de chefe religioso e governante do país. A Revolução Islâmica alterou profundamente a estrutura social do país, estabelecendo novas doutrinas que passavam em primeiro lugar pela questão religiosa. O processo revolucionário que inicialmente era guiado por anseios democráticos e de melhorias das condições de vida dos iranianos, resultou no governo de um chefe religioso que transformou o país em um Estado teocrático.

A postura do governo assumida pelo novo chefe do país foi extremamente radical, novas leis, baseadas no islamismo, entraram em vigor, e uma ação de militantes islâmicos tomou americanos como reféns na embaixada dos Estados Unidos em Teerã. O Irã decretava o fim das afinidades com os Estados Unidos e o rompimento das relações.

Ao longo da Guerra Fria, o governo iraniano se posicionou como opositor dos Estados Unidos e também da União Soviética. Por se tratar de um Estado fundamentado nas doutrinas religiosas do islamismo, a questão em vigor era declarar inimizade com os “infiéis”, fossem capitalistas ou socialistas. A revolução mudou a vida dos iranianos, os castigos corporais foram liberados, a pena de morte entrou em vigor contra os defensores do xá, prostitutas, homossexuais, marxistas e judeus, além de hábitos ocidentais como vestuário, minissaia, maquiagem, música ocidental, jogos e cinema.

A postura do governo iraniano se manteve radical mesmo após a Guerra Fria, Bill Clinton chegou muito perto de reabrir diálogos com o Irã, mas seu sucessor na presidência dos Estados Unidos, George W. Bush, colocou o país no “eixo do mal”, juntamente com Iraque e Coréia do Norte. Desse modo, as relações voltaram a uma situação extrema, até hoje o diálogo do Ocidente com o Irã é complicado. Seu atual governante, Mahmoud Ahmadinejad, também segue uma linha autoritária fundamentada nos preceitos religiosos do islamismo, defendendo ainda posturas radicalíssimas. Recentemente, somente o presidente brasileiro, Luís Inácio “Lula” da Silva, conseguiu progredir nas relações amistosas com o país, mas o restante do mundo ainda tem receio em dialogar com o Irã por conta de suas decisões autoritárias, pelo interesse em possuir armas nucleares e as afinidades com o terrorismo.

- 1964 a 1985: período da Ditadura Militar no Brasil.

É conhecido no Brasil como "Regime Militar" o período que vai de 1964 a 1985, onde o país esteve sob controle das Forças Armadas Nacionais (Exército, Marinha e Aeronáutica). Neste período, os chefes de Estado, ministros e indivíduos instalados nas principais posições do aparelho estatal pertenciam à hierarquia militar, sendo que todos os presidentes do período eram generais do exército. Era denominada "Revolução" em sua época, sendo que os principais mentores do movimento viam o cenário político do início dos anos 60 como corrupto, viciado e alheio às verdadeiras necessidades do país naquele momento. Assim, o seu gesto era interpretado como saneador da vida social, econômica e política do país, livrando a nação da ameaça comunista e alinhando-a internacionalmente com os interesses norte-americanos, trazendo de volta a paz e ordem sociais.

Os antecedentes do Regime Militar podem ser encontrados no período Vargas, entre os responsáveis pela sua derrubada em 1945, pondo fim ao Estado Novo. Este contingente de oposição se agruparia logo depois na UDN, União Democrática Nacional, partido de orientação liberal-conservadora. Com a volta de Getúlio por meio de eleições diretas em 1951, tal grupo continuaria fazendo oposição à sua política, considerada "populista". Tal pressão acabaria por provocar o suicídio do presidente. Este gesto, apesar de frear o movimento das forças conservadoras, não impediu algumas tentativas, em especial a manobra para que o presidente eleito Juscelino Kubitschek não tomasse posse. Uma intervenção de um grupo militar não-ortodoxo garantiria a posse de Kubitschek.

Eleito Jânio, parecia finalmente que as forças que dariam respaldo aos militares subiria ao poder, mas, o temperamento ímpar do novo presidente, e sua surpreendente renúncia implodiriam o projeto conservador. Outra vez as ideias de Vargas estariam representadas por um de seus mais aplicados discípulos, João Goulart, que tinha o talento de atrair a repulsa de todos os movimentos um pouco mais à direita do espectro político. O medo de que Goulart implantasse no Brasil uma república sindicalista com o apoio discreto do Partido Comunista Brasileiro acabou lançando a classe média contra o presidente, entendendo que o Brasil caminhava para o caos do socialismo operário e campesino.

Do mesmo modo que acreditavam estarem mantendo a legalidade ao garantir a posse de Juscelino, quase dez anos antes, os militares decidiram entrar em cena novamente. Agora, a deposição do presidente asseguraria a ordem e a legalidade.

Na noite de 31 de março para 1 de abril de 1964 começa então um período de exceção, arbitrariedade, desrespeito aos poderes estabelecidos, aos direitos dos cidadãos, à sua integridade física, bem como sua liberdade de expressão. Certos de que realizavam um gesto de "purificação" do poder, o projeto de aparência edificante dos militares descamba para a repressão de toda uma nação. A Constituição seria rasgada, o judiciário perderia sua independência, e pior, os membros do legislativo seriam depostos de seus cargos como representantes legítimos do povo.

A ideia era de que quando o Marechal Humberto Castelo Branco assumisse o poder, logo o devolveria a um representante civil, garantindo mesmo as eleições previstas para 1965. Castelo Branco pertencia ao grupo moderado do movimento, chamado de "Grupo de Sorbonne". Logo, porém, os radicais assumiriam o controle do movimento, forçando a permanência dos militares no poder, em plena crença de que os entes responsáveis pelos males políticos do país ainda poderiam voltar a comandar o país.

É por obra dos radicais que ocorre a posse de Costa e Silva como segundo presidente militar, e onde se inicia o período mais pesado da repressão. Das perseguições a parlamentares da gestão anterior, os militares decidiram fechar o Congresso Nacional em 1968, através do infame Ato Institucional número 5. Costa e Silva morre em pleno mandato, e mais uma vez o grupo radical conspira para que o vice presidente, Pedro Aleixo, um civil, não assuma; no lugar, o poder seria entregue a uma Junta formada por três militares, um de cada força. A repressão chegaria ao seu auge com o presidente seguinte, Emílio Médici, que acaba com qualquer movimento armado da oposição, dando a ideia da completa predominância e popularidade do regime, sob pleno "Milagre Econômico", em meio à conquista definitiva da Taça Jules Rimet na Copa do México de 1970 .

Ao aproximar-se a Primeira Crise do Petróleo, sobe ao poder justamente o presidente da Petrobrás, General Ernesto Geisel, confrontado com o disparo da inflação e fim do milagre. Moderado, ele é incumbido de preparar a volta à normalidade, fazendo a distensão "lenta, gradual e segura". Apesar de casos infames como a morte do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manuel Fiel Filho, Geisel parece conseguir seu objetivo, entregando o poder ao último general da era militar, João Batista Figueiredo. Apesar da crise econômica, que começava a atingir níveis insuportáveis, da concreta "quebra" do Brasil no plano econômico, e da impunidade de vários personagens da época da repressão, Figueiredo irá, depois de 21 anos de ditadura, transferir o poder a um civil, ainda indiretamente eleito: Tancredo Neves, que morre antes de subir ao poder. Seu vice, José Sarney, proveniente dos quadros políticos da ditadura, acabaria incumbido de guiar o país até as tão esperadas eleições diretas em mais de 25 anos, previstas para 1989.

- 1982: Guerra das Malvinas entre Argentina e Inglaterra.

Guerra das Malvinas (em espanhol Guerra de las Malvinas; em inglês Falklands Conflict) foi um conflito travado entre Argentina e Reino Unido pela posse das Ilhas Malvinas, e que ocorreu de abril a junho de 1982, terminando com a vitória dos britânicos, que reafirmaram sua soberania sobre o pequeno conjunto de 778 ilhas localizado no Atlântico Sul, a 463 km da costa argentina.

As Malvinas contam um território de 12.173 km², e tinham uma população de cerca de 1800 habitantes à época. Mesmo com números tão pouco expressivos, a retomada das ilhas sempre fez parte da agenda política argentina e constitui até hoje uma questão de orgulho nacional para seu povo. Várias tentativas de ocupação foram feitas até 1767, quando a Espanha adquiriu os direitos da pequena colônia instalada pelos franceses, e colocou-a sob administração da Governação do Rio da Prata. Três anos depois os espanhóis expulsam os habitantes de um pequeno povoado instalado em Port Egmont. A guerra entre as duas potências é evitada quando a Espanha aceita o retorno dos ingleses. Em 1820 a fragata Heroína, com bandeira das Províncias Unidas do Rio da Prata (futura Argentina) desembarca nas ilhas e seu capitão reclama sua soberania para o país. O teuto-argentino Luis Vernet busca colonizar de modo definitivo as ilhas, e pede proteção tanto a argentinos quanto a britânicos. Em 1833, após várias tentativas atribuladas dos argentinos de colonizarem as ilhas, elas são tomadas pelos britânicos, que decidem instalar ali uma colônia, tornando-se um importante ponto de parada em meio à navegação pelo Cabo Horn.

A partir da segunda metade do século XX os protestos argentinos pela devolução das ilhas ficam cada vez mais intensos ante a negativa de Londres, que sempre barra as negociações com a afirmação de que os habitantes locais preferem a continuação da soberania britânica nas ilhas. Com a instalação da ditadura militar na Argentina em 1976, o tema começou a ser bastante explorado, especialmente após a queda de popularidade do regime no início da década de 80, em meio a uma grave crise econômica. Uma eventual vitória sobre os britânicos ajudaria bastante a revitalizar o governo. No plano político internacional, os argentinos acreditavam que teriam o apoio dos Estados Unidos para reaver o território das Malvinas ou que os ingleses iriam abrir mão da ilha por meio de uma rápida negociação diplomática.

Assim, Leopoldo Galtieri, chefe de estado argentino, lança uma invasão às ilhas em abril de 1982 e tomam a capital do arquipélago, Stanley. Logo em seguida, os argentinos tomariam outra ilha do Atlântico sul, também de possessão britânica, South George.

No final de abril, 28 mil soldados em cem navios chegaram ao arquipélago para defender seus habitantes, considerados pela primeira-ministra britânica Margareth Thatcher parte da "tradição e reserva britânica". A Argentina contava com uma tropa com 12 mil soldados nas ilhas e cerca de 40 navios. Com números bastante desfavoráveis e mal equipados, os argentinos foram forçados a se retirar das ilhas, com 75 dias de guerra. Ao todo, 258 britânicos e 649 argentinos morreram.

- 1989: repressão do movimento pela democracia na China, conhecido como Massacre da Praça da Paz Celestial.

O episódio que ficou conhecido como o massacre da praça da paz celestial refere-se ao desfecho de uma série de manifestações ocorridas entre 15 de abril a 4 de junho de 1989 em Pequim, capital chinesa. Neste período, manifestantes, sobretudo estudantes universitários, intelectuais e trabalhadores acamparam na Praça da Paz Celestial (Tian An Men) com o objetivo de reivindicar maior liberdade política. Ao reprimir tais manifestantes, as forças do governo encurralaram os manifestantes com armas e tanques, provocando um grande número de mortes, uma verdadeira chacina. As vítimas do massacre podem ter chegado a milhares, não se sabe exatamente o número de mortos e feridos, embora o governo tenha reconhecido oficialmente a morte de "apenas" poucas centenas de pessoas. Os sobreviventes foram perseguidos e presos, e até hoje, o tema é proibido na sociedade chinesa.

Os protestos de Pequim fazem parte do movimento que varreu todo o mundo socialista no final da década de 1980 e que resultou no colapso da maioria dos governos do bloco socialista. Alguns poucos regimes, entre eles o chinês, sobreviveram a esta época de mudanças radicais, mas não sem alterações na sua política chamada "linha dura", de antagonismo ao mundo capitalista. De fato, a China começou a investir a partir destes protestos numa política de abertura de sua sociedade e economia, apesar de haver até hoje ainda um controle estatal à mídia e à influência cultural externa.

Os protestos por reformas no regime chinês têm sua origem na exoneração de Hu Yaobang de seu cargo de secretário geral do Partido Comunista chinês por Deng Xiaoping, por ser considerado um liberal reformista. Ao mesmo tempo em que os regimes socialistas enfrentavam os protestos populares, principalmente na União Soviética e no leste europeu, em abril de 1989 morre Hu Yaobang, e durante o seu funeral, estudantes se reúnem na Praça da Paz Celestial reivindicando um encontro com o primeiro-ministro Li Peng. O pedido não é aceito e os estudantes decidem iniciar uma greve nas universidades da capital chinesa. Os protestos acabaram por atrair operários, camponeses e cidadãos comuns, no que se transforma em um movimento por maior liberdade de expressão dentro do país, bem como melhorias nas condições de vida e fim da corrupção.

A 20 de maio o governo decreta lei marcial e acaba pondo um fim aos protestos de modo violento. Nesses 23 anos, apesar da economia chinesa ter dado um salto fantástico, a repressão política e a censura, bem como o desrespeito aos Direitos Humanos são ainda negligenciadas pelo partido comunista no poder desde 1949.

- 1990 a 1991: Guerra do Golfo.

Em 1990 aconteceu a Guerra do Golfo Pérsico, que durou de 02/08/1990 até 27/02/1991. Essa guerra envolveu, primeiramente, dois países: Iraque e Kuwait. Depois, outras nações entraram no conflito, dentre elas, os EUA.

Tudo começou quando o presidente iraquiano Saddam Hussein acusou o Kuwait de praticar uma política de super-extração de petróleo causando uma queda nos preços e prejudicando a economia iraquiana. Saddam também ressuscitou problemas antigos e exigiu indenização. Como o Kuwait não aceitou foi invadido por tropas iraquianas.

A atitude de Saddam mobilizou o mundo e diversas nações, lideradas pelos EUA, se uniram para tentar reverter esse quadro. Os americanos estavam desesperados, pois, com a guerra, o Golfo Pérsico foi fechado e eles perderam seus fornecedores de petróleo: Iraque e Kuwait. Em 28 de agosto, o Iraque faz do Kuwait sua 19ª província e isso aumentou as pressões americanas junto a ONU para que ela autorizasse o uso da força.

Saddam Hussein tenta unir a nação árabe em prol da sua causa, mas a tentativa foi em vão. Em 29 de novembro, a ONU autorizou um ataque contra o Iraque e estabeleceu um prazo até 15/01/1991 para que o exército iraquiano se retirasse do Kuwait. Como todas as tentativas de paz fracassaram, no dia 17/01/91 um gigantesco ataque aéreo foi iniciado. Em pouco tempo, o Iraque estava destruído.

No dia 28 de fevereiro, o presidente americano George Bush (pai) declarou cessar fogo mas o Iraque só o aceitou em abril. Centenas de pessoas morreram, dentre elas civis e militares, milhares de mísseis foram usados e o mundo presenciava, pela primeira vez, uma guerra com a cobertura total da mídia. A TV transmitia, às vezes , ao vivo, bombardeios, mortes e destruições.

O Kuwait perdeu quase 10 bilhões de dólares com a queda da produção de petróleo, mas voltou a ser independente. O Iraque sofreu sanções econômicas e os EUA conseguiram despertar o ódio em mais gente. Não podemos esquecer do desastre ambiental que a guerra trouxe. Quando o Iraque se preparava para se retirar do Kuwait, incendiou poços de petróleo e o óleo derramado no Golfo Pérsico destruiu a vida de centenas de animais.

Para os americanos, a guerra do golfo nunca terminou, pois o objetivo maior - prender Saddam Hussein - não foi realizado. Os EUA nunca aceitaram a petulância do ditador e estavam só a espera de uma nova chance para pegá-lo.

O tempo passou e em 2003, 2 anos após os atentados terroristas ao World Trade Center e já no governo de George W. Bush (filho), o Iraque foi invadido pelo EUA. Desta vez, Saddam foi preso e enforcado em 31/12/2006.

- 1992: criação da União Europeia, através do Tratado de Maastricht.

O Tratado de Maastricht foi assinado em 1992 e deu origem ao que hoje é a União Européia. Com a queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria o embate de décadas entre o comunismo e o capitalismo praticamente chegou ao fim, resultando na vitória do capitalismo. O término do período de confronto ideológico que sucedeu a Segunda Guerra Mundial permitiu uma maior aproximação dos países integrantes do continente europeu como um todo, uma vez que durante a Guerra Fria o leste europeu agregava os países que faziam parte do bloco comunista e por isso eram barrados no ocidente.

Desde a década de 1950 que países europeus começaram a se unir em blocos visando o crescimento integrado. Os primeiros blocos uniam poucos países, os quais se ligavam em torno de interesses muito específicos. Como a queda do comunismo proporcionou a adesão de novos países ao capitalismo e fez diversificar a riqueza econômica européia, uma vez que os recursos naturais e as produções tecnológicas se encontram espalhadas pelo continente, houve a abertura necessária para integrar a Europa em um único bloco e possibilitar o crescimento econômico de todos.

Em 7 de fevereiro de 1992, então, foi assinado na cidade holandesa de Maastricht um tratado que recebeu o mesmo nome da cidade, o Tratado de Maastricht. Este representou um marco na união da Europa fixando a integração econômica e conseqüente unificação política. O novo bloco que se formou no continente substituiu a anterior Comunidade Européia por um grupo chamado União Européia.

O tratado estabeleceu metas para facilitar a circulação das pessoas, dos produtos, dos serviços e do capital pelo continente com a finalidade de determinar a estabilidade política na Europa após tantos períodos conturbados. Para alcançar os objetivos, o tratado foi elaborado com vistas a englobar três pontos. O primeiro deles seria a abordagem de assuntos sociais e econômicos que permitissem o crescimento do bloco e desenvolvimento, tratando da agricultura, do ambiente, da saúde, da educação, da energia, da investigação e de desenvolvimento. O segundo tópico encarregar-se-ia da abordagem do bem comum, como política externa e segurança. E, por fim, colocaria em pauta a cooperação policial e judiciária em matéria penal.

No século XXI a União Européia mostrou o seu sucesso com o crescimento e o desenvolvimento das relações dentro do bloco de países integrantes. O bloco alcançou a união monetária com a implantação do Euro como moeda única no continente, permitindo a adoção de critérios econômicos homogêneos para o crescimento integrado.

Além disso, a solidificação do bloco se estendeu aos europeus que ganharam a qualificação de cidadãos europeus, tendo facilitada a movimentação pelo continente. Foi criado um Estatuto do Cidadão Europeu determinando os novos direitos e deveres dentro de uma cidadania que ampliava suas fronteiras nacionais e passava a englobar praticamente todo um continente.

É parte ainda dos anseios da União Européia conquistar um sistema político único no continente, tendo a figura de um presidente europeu eleito por toda a comunidade européia que passa a desfrutar dos direitos de cidadão europeu. Porém a crise do final da primeira década do século XIX retardou o crescimento da União Européia, assim como impactou os demais países do mundo, só que neste continente os reflexos da mesma foram muito mais agudos e causaram um retrocesso acentuado.

 - 1992 a 1995: Guerra da Bósnia no contexto da desintegração da Iugoslávia.

A Guerra da Bósnia ocorreu entre 1992 e 1995 na região da Bósnia e Herzegovina. Durante a Guerra Fria, a parte Oriental da Europa era constituída por países socialistas que integravam a União das Repúblicas Socialistas e Soviéticas. O pólo comunista fez frente ao pólo capitalista no mundo, liderado pelos Estados Unidos da América. Durante quase meio século, o embate ideológico entre capitalista e comunismo dividiu o mundo, fazendo, muitas vezes, uso de violência indireta para atingir o adversário. Como a União Soviética e os Estados Unidos eram potências, detentoras de ampla tecnologia militar, um confronto direto poderia representar a aniquilação de ambos. Mas no decorrer da década de 1980, a União Soviética perdeu gradativamente o seu poderio, viu o Muro de Berlim cair e culminou com o seu fim. As repúblicas que integravam a antiga potência capitalista começaram a mudar de lado ou passaram por graves problemas sociais e étnicos devido aos atrasos proporcionados pelo regime socialista.

Quando começou a desintegração da Iuguslávia, em 1991, marcada pelas independências de Croácia e Eslovênia, os líderes servo-bósnios almejavam constituir um país que unisse todos os sérvios. Mas o povo da Bósnia-Herzegovina também se declarou independente, em 1992. Os sérvios invadiram o novo país, que respondeu militarmente e ampliou a abrangência da guerra com os sérvios.

A Guerra da Bósnia foi o resultado de uma complexa combinação de fatores, envolvendo questões políticas e religiosas. As proporções de um conflito que envolvia as consequências do fim da Guerra Fria, misturadas com fervores nacionalistas, resultaram no envolvimento de mais países, caso de Croácia e Sérvia e Montenegro. Estabeleceu-se uma discussão em torno da razão de ser do conflito, se seria uma guerra civil ou uma guerra de agressão.

O conflito envolveu três grupos étnicos e religiosos típicos da região. Depois da Segunda Guerra Mundial, a Guerra da Bósnia se tornou o conflito mais longo no território europeu. A disputa entre sérvios cristãos ortodoxos, croatas católicos romanos e bósnios muçulmanos teve início em abril de 1992 e deixou um rastro de aproximadamente 200 mil vítimas. O conflito só chegou ao fim em dezembro de 1995 quando os sérvios, com a capital ameaçada, assinaram o Acordo de Dayton, na cidade de Paris, estabelecendo o armistício.

A Guerra da Bósnia tomou proporções internacionais por causa da duração do combate, mas também por causa do número de vítimas e, especialmente, pelos crimes de guerra cometidos. Destes, os sérvios foram responsáveis por cerca de 90%. O genocídio matou milhares de cristãos e muçulmanos, mulheres e crianças. A alegação de “limpeza étnica” foi semelhante à utilizada por Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial, claro, considerando as especificidades e características do novo movimento. De todo modo, genocídio é considerado o pior crime de guerra, até hoje há líderes bósnios e sérvios sendo julgados por suas condutas no conflito.

- 1997: Grã-Bretanha devolve Hong Kong à China.

Os chineses nunca haviam demonstrado pressa. Apenas aguardaram, com paciência, o tempo passar. Eles pareciam sempre saber, ao longo de 156 anos, que Hong Kong era e continuaria sendo território chinês. Os chineses nunca esqueceram a humilhação por que passaram quando, em consequência da primeira Guerra do Ópio, em 1842, o imperador chinês foi obrigado a assinar o acordo que transferia Hong Kong "para sempre" ao domínio da Rainha Vitória no além-mar.

Naquela época, entretanto, o território não tinha a menor semelhança com o que é hoje. O então ministro britânico do Exterior, Lord Palmerstone, chegou a conceituá-lo como ilha infértil com poucas casas. Em 1860, a Inglaterra ditou à China a renúncia da região de Kowloon. E, em 1898, Londres assegurou ainda os New Territories, uma região agrícola em volta de Hong Kong, para garantir o abastecimento da colônia.

O acordo de "arrendamento" imposto pelo Reino Unido previa a devolução de Hong Kong em 99 anos (ou seja, 1997). Londres, entretanto, jamais pagou um centavo à China. Os próprios comunistas pareceram aceitar que seu antigo território se tornasse um centro do consumo e do capitalismo. Desde que os britânicos mantivessem a paz e a ordem, sem despertar na população local interesses democráticos, o sistema capitalista de Hong Hong era aceito pela China como a galinha dos ovos de ouro.

O Tratado de Devolução

Não houve reações revolucionárias nem quando a Revolução Cultural começou a repercutir na colônia britânica, em 1967. O temido "telefonema de Pequim", como era descrita – não só teoricamente – a possibilidade de Pequim intervir a qualquer momento, terminou nunca acontecendo.

A história tomou novos rumos em setembro de 1982, durante a visita da primeira-ministra Margaret Thatcher a Pequim. A "Dama de Ferro" encontrou em Deng Xiaoping um interlocutor à altura, em termos de determinação. Ele rejeitou seus argumentos de direitos de soberania, responsabilidade moral, tratados, liberdade...

Thatcher voltou para casa irritada, até mesmo deprimida, segundo palavras próprias. Dois anos mais tarde, retornou à China para assinar o Tratado de Devolução, elaborado por peritos de ambos os lados. Em 19 de dezembro de 1984, então, era selado o destino de Hong Kong, que retornaria à soberania chinesa em 1º de julho de 1997.

A Grã-Bretanha, "mãe" da democracia, havia fracassado: era obrigada a entregar o filé do capitalismo ao sistema comunista. Os 6,3 milhões de habitantes de Hong Kong não haviam sido questionados sobre suas preferências. Uma pequena vitória de Londres e faísca de esperança é o grau de autonomia concedido por Pequim à ex-colônia britânica. O sistema econômico e o nível de vida serão mantidos por 50 anos a partir da data da devolução e a parte administrativa foi deixada a cargo da própria Hong Kong.

Não só a devolução de uma colônia era um fato inédito na história. Também o conceito de um território de dois sistemas, com políticas econômica e social ao mesmo tempo capitalistas e comunistas, num mesmo país.

- 1998 a 1999: Guerra do Kosovo.

A Guerra de Kosovo tem raízes bem mais antigas que o primeiro ataque militar deflagrado pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na região em 1998 e que é considerado o estopim da guerra. Os Bálcãs, como é conhecida a região banhada pelo Mar Adriático (Bálcãs significa região de montanhas, ou montanhosa), abrigam diversas etnias diferentes, como os albaneses, sérvios, croatas, eslovênios, montenegrinos e macedônios, que por muito tempo permaneceram em conflitos tanto pelas diferenças étnicas quanto religiosas.

Os romanos, que chamavam toda a região de Dácia, tinham-na como um limite entre o Império Romano do Ocidente e o Império Romano do Oriente. Então, quando houve o Cisma da Igreja Católica, os habitantes da região ficaram divididos entre a Igreja Católica favorável ao papado romano e a Igreja Católica Ortodoxa. Mais tarde, no século XV a região ainda foi invadida pelos turco-otomanos que obrigaram a população, principalmente da Albânia e da Bósnia, a se converter ao islamismo como forma de garantir sua ocupação.

Para complicar ainda mais o cenário, a região que já havia sofrido sob o domínio romano e turco-otomano, ainda foi vítima do domínio Francês, Turco e de forma mais indireta, da Rússia. A autonomia da região viria mesmo a acontecer apenas depois da I Guerra Mundial quando os Impérios, Austro-Húngaro, Russo e Otomano terminaram.

Com a queda dos três grandes impérios que dominavam a região, os Bálcãs finalmente puderam constituir um governo próprio que foi criado pelo Tratado de Paris em 1919. O Tratado previu a autonomia do Reino da Sérvia, da Croácia e da Eslovênia (que compreendia a Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Macedônia) que depois passaria a se chamar Reino da Iugoslávia. Mas, devido a um acordo assinado por Pavel (príncipe regente da Iugoslávia) em 1941 a região ficou subordinada ao Eixo provocando a rebelião da população que assumiu caráter antimonárquico e antifascista.

A Croácia se aproveitando da situação e com o apoio dos nazistas, declarou independência e iniciou a perseguição aos sérvios, judeus, ciganos e todos os que fossem antifascistas.

Em oposição aos nazistas surge a Liga Comunista da Iugoslávia, liderada por Josef Broz, mais conhecido como Tito. Tito, o pai da nação Iugoslava, consegue, em 1945, reestruturar as diversas etnias da região como estados dentro da República Socialista Federada da Iugoslávia. Por quarenta anos, sob o governo de Tito, a região consegue se estabilizar e Josef Broz torna-se um herói após enfrentar os dois maiores tiranos da Europa naquele período: Hitler e, depois Stálin, ao assumir um socialismo democrático ao contrário do ditador russo.

Mas, com a morte de Tito a instabilidade retorna aos Bálcãs. O sistema para a escolha do presidente Iugoslavo fracassa e, ao mesmo tempo, há a dissolução da URSS o que aumenta a instabilidade da região e provoca uma onda de declarações de independência: a Eslovênia em 1990, seguida pela Croácia e pela Bósnia – Herzegovina.

Os sérvios então, liderados por Slobodan Milosevic declaram guerra aos insurgentes, formando, mais tarde, a República Sérvio-Bósnia da Srpska. Foi aí que começou a “Guerra do Kosovo” propriamente dita.

A comunidade Européia temendo que uma nova Segunda Guerra Mundial começasse decide intervir através da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) nos conflitos dos Bálcãs. Então, em 1995, a OTAN lança seu primeiro ataque contra os sérvios-bósnios da Bósnia-Herzegovina. Em seguida, uma crise eclode na província de Kosovo deflagrada pelos albaneses (80% da população) com o objetivo de declarar a independência da região e expulsar os sérvios.

A OTAN, então em 1998, mais uma vez intervém com medo de que os albaneses sofram uma limpeza étnica a mando de Milosevic. Desrespeitando a soberania iugoslava e kosovar sobre a região, bombardeia a capital Iugoslava e até regiões de Kosovo ocupando-o militarmente.

Aproveitando-se da situação, os albaneses mudam de foco (Kosovo estava ocupado pela OTAN) e invadem a Macedônia. Sua intenção era criar a Grande Albânia, agregando Kosovo, parte da Macedônia e a Albânia propriamente dita. Mas a iniciativa é rechaçada pela OTAN que obriga os albaneses-macedônios a evitar que uma nova guerra se instale. Assim, após 72 dias de ataques da OTAN o novo governo da Iugoslávia troca Milosevic, acusado pelo Tribunal de Haia como criminoso de guerra, por uma quantia de US$ 1,300 milhões.

Atualmente a região que por quarenta anos permaneceu unificada, se divide em seis frágeis estados: a Croácia, a Bósnia-Herzegovina, dentro da qual foi instituído o território independente da República de Srpska, a Sérvia - Iugoslávia com as províncias de Montenegro e Kosovo, a Macedônia e a Albânia.

- 2001 – ataques terroristas às Torres Gêmeas em Nova Iorque.

Muitas pessoas nunca iriam imaginar que os Estados Unidos da América (EUA), o “todo poderoso”, fosse alvo de “atentados terroristas”. Isso mesmo, aqueles “terroristas” que eles tanto combatem e fazem o maior investimento em tecnologia, inteligência e armamentos de última geração para combater esse mal - que eles ajudaram vendendo armas, ninguém tem 100% do controle das vendas de suas armas; dando treinamentos; conhecimento militar para esses homens que um dia estiveram do seu lado, mas hoje eles cometem atentados contra os EUA.

Não podíamos imaginar que no dia 11 de setembro de 2001, os EUA perderiam a sua “blindagem” e seria palco do maior atentado (para eles terrorista) do novo século. Foram quatro aviões comerciais sequestrados em pleno voo, dois da American Airlines e os outros dois da United Airlines. Seus alvos eram as torres norte e sul do World Trade Center – WTC (centro financeiro); o Pentágono (central das forças armadas) e o Capitólio (sede do Congresso). Os três primeiros aviões conseguiram atingir seus alvos, todos esses sequestros ocorreram na parte da manhã, por volta das 08h46min a Torre Norte do WTC é atingida, aproximadamente 30 minutos depois a Torre Sul é o novo alvo, às 09h37min uma parte do Pentágono é atingida e por volta das 10h03min o quarto avião não acerta o seu alvo porque alguns tripulantes já estavam cientes, através de chamadas telefônicas, do que houve com outros três aviões, eles resolveram tentar recuperar o controle do avião, mas sem sucesso, os seqüestradores acabaram mudando de rota e acabam caindo em uma zona rural da Pensilvânia. Segundo a caixa preta do avião, o alvo seria o Capitólio. Nos quatro aviões, não houve sobreviventes. A contagem de pessoas atingidas pelos atentados chega a mais de nove mil (aproximadamente 6.291 feridos e 2.993 mortos), incluindo sequestradores, passageiros dos aviões, equipes de resgate e pessoas de diversas nacionalidades perderam suas vidas naquele dia.

Para a segurança internacional muita coisa mudou após o 11/09, novos esquemas de segurança e prevenção contra novos ataques foram adotados nos portos e aeroportos em todo o mundo, principalmente nos EUA. Esses esquemas ficaram tão rígidos que muitas pessoas não conseguiram visto para entrar em determinados países, uma lista de nomes de suspeitos foi criada, resumindo, ficou muito mais burocrático conseguir um visto para os EUA. Um vídeo foi divulgado na rede onde Osama Bin Laden faz um pronunciamento dizendo que ele e o grupo terrorista Al-Qaeda (organização fundamentalista islâmica) são os responsáveis pelos atentados. Os atentados transformaram-se em um paradigma que mudou as relações internacionais em todo o mundo. Em resposta a esses ataques, os EUA resolveram invadir o Iraque em 2003, pois segundo sua inteligência, lá estaria escondido Osama e terroristas da Al-Qaeda e suspeitavam que existia um arsenal de armas de destruição em massa.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) enviou juntamente com a Organização das Nações Unidas (ONU) uma comissão para realizarem uma investigação para confirmar ou não as acusações que os EUA vinham realizando. Nada foi encontrado, o Conselho de Segurança da ONU vetou o ataque por não terem encontrado provas suficientes para uma intervenção militar, mas como os estadunidenses não quiseram deixar de lado o ataque sofrido, resolveu atacar com apoio da Austrália, Dinamarca, Espanha, Inglaterra, Itália, e Polônia, em contra partida Alemanha, Brasil, França e Rússia foram contra o envio de tropas, ocasionando numa divisão de países contra e a favor da guerra.

Essa decisão mudou a opinião de alguns parceiros dos EUA e fez com que outros países abrissem os olhos para uma intervenção em seu território. Na realidade o que os EUA fizeram foi mostrar que quem tem voz ativa na ONU é o país que tem a maior colaboração financeira; que sua real preocupação foi e serão as jazidas de petróleo em solo iraquiano e mostraram para o mundo que está preparado para enfrentar -quase- todos, por isso, seguindo o raciocínio, é melhor estar do lado dos EUA, caso contrário, já saberemos como eles irão lidar com seus opositores, não respeitando os direitos humanos, cometendo torturas e humilhações com seus prisioneiros, vide fotos divulgadas nos meios de comunicação – telejornais como o Jornal Nacional, jornais e revistas – de prisioneiros presos em coleiras, alguns seminus ou soldado no Iraque brincando com cadáveres humanos; ignorando a soberania de um país; que a ONU não tem mais rigidez e punição para membros que desrespeitam suas resoluções, pois levam em consideração a “carteira” do membro vide alguns exemplos, Guerra do Vietnã (1959-75), Guerra do Afeganistão (2001), Guerra do Iraque (2003) e a Prisão de Guantânamo, onde os direitos humanos não são respeitados, onde a tortura ainda é utilizada para conseguir informações.

Para vermos como os EUA têm poder, se o Conselho de Segurança (CS) da ONU vete alguma ação militar, os EUA utilizam a Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN para realizarem as intervenções, como foi o caso do Iraque.

Recentemente, após a aprovação do CS da ONU para intervenção na Costa do Marfim (Alemanha, Brasil, China, Índia e Rússia se abstiveram, os demais votaram a favor da intervenção), a OTAN foi acionada para ser o organismo que organizaria os ataques, ou seja, se o CS da ONU vetasse o ataque, ele ocorreria através da OTAN. Pelo menos os membros foram inteligentes em não vetarem a ação, pois seria mais um desastre na ONU dizendo não para o ataque e os EUA e demais apoiadores fazendo a intervenção militar através de outro organismo internacional.

Hoje podemos notar a fragilidade dos EUA, a causa de sua fragilidade é a economia, no final de 2008 e início de 2009 os EUA sofreram a maior crise financeira já vista em sua história, pior que a crise de 1929, dessa vez a crise financeira se enraizou para outros continentes, vide Grécia, Portugal, Espanha e outros países que estão com problemas financeiros, na beira de pedir moratória. Atualmente estamos num clima onde o terrorismo e o narcoterrorismo são desculpas para invasões, guerras, conflitos, intervenções em outros territórios. Os EUA vivem em um clima de insegurança, estão sempre em alerta e interferindo em problemas de outros países, por exemplo, a re-ativação da IV Frota para fiscalizar a América do Sul; a prisão de Guantánamo, localizada em Cuba e diversas bases militares espalhadas pelo mundo, por exemplo, no Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Omã, Qatar, Iêmen e demais...

- 2002: entrada em vigor do euro (moeda oficial em 12 países da União Europeia).

A moeda européia única adotada por onze dos quinze países membros da União Européia faz sua entrada oficial nos mercados financeiros em 4 de janeiro de 1999. No dia-a-dia dos europeus a entrada em vigor do euro não criaria problemas aos hábitos de consumo. Surge a dupla etiquetagem de preços e uma coluna em euros em seus demonstrativos bancários e de cartões de crédito. Somente a partir de 1º de janeiro de 2002 que a moeda europeia surgiria sozinha, deixando as moedas nacionais definitivamente de lado, em todos os demonstrativos financeiros oficiais ou não e nas carteiras de dinheiro de todos os cidadãos europeus. Desde então, o euro foi bem acolhido nas bolsas europeias e asiáticas a tal ponto que os especialistas desandaram a falar de “euroforia”.  Onze dos quinze países membros da União Européia foram unificados com moeda comum.

Pela primeira vez desde o reinado de Carlos Magno no século IX, a Europa foi unificada com uma moeda comum, quando o euro estreou como uma unidade financeira nos mercados de investimento e corporativos. Onze nações da UE (União Europeia) - Áustria, Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Portugal e Espanha – representando cerca de 290 milhões de pessoas, lançam a moeda na esperança de incrementar a integração européia e fomentar seu crescimento econômico. Fechando com um robusto valor de 1.17 dólar norte-americano por euro, a nova moeda europeia prometia concorrer duramente com o dólar na nova economia global. As notas do euro, decoradas com imagens arquitetônicas, símbolos da unidade europeia e com motivos dos Estados-membros, entraram em circulação em 1º de janeiro de 2002, substituindo o schilling austríaco, o franco belga, o markka finlandês, o franco francês, o marco alemão, a lira italiana, o punt irlandês, o franco luxemburguês, o guilder holandês, o escudo português e a peseta espanhola. Alguns territórios e nações não pertencentes a EU, inclusive Mônaco e a Cidade do Vaticano, também adotaram o euro.

A conversão ao euro, no entanto, provocou controvérsias. A despeito dos benefícios práticos de uma moeda comum que iria facilitar as trocas comerciais e as viagens pela Europa, havia preocupações de que o processo de mudança seria custoso e caótico, encorajaria a falsificação, levaria à inflação e causaria a cada nação a perda de controle de suas políticas econômicas. A Grã Bretanha, a Suécia e a Dinamarca optaram por não usar o euro. A Grécia, depois de inicialmente ter sido excluída por não reunir as condições exigidas, adotou o euro em janeiro de 2001, tornando-se o 12º membro da assim chamada ‘eurozona’.

A ideia do euro foi criada em 1992 pelo Tratado de Maastricht da União Europeia, que detalhou as exigências econômicas específicas, ressaltando a necessidade para a implantação nos respectivos países de um alto grau de estabilidade de preços e baixa inflação.

O euro compreende 8 moedas metálicas e 7 bilhetes de papel de diferentes valores. O Banco Central Europeu com sede em Frankfurt administra o euro e estabelece taxas de juros e outras políticas monetárias. Em 2004, dez países mais se juntaram à União Europeia – Chipre, República Tcheca, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia, Eslováquia e Eslovênia e três anos depois passaram a empregar o euro em seu cotidiano.


- 2005: entrada em vigor do Protocolo de Kyoto, que visa reduzir a emissão dos gases do efeito estufa.

Ao estabelecer as primeiras medidas concretas para lutar contra o aquecimento global do planeta, mas com a marcada ausência dos EUA, o maior emissor de gases efeito estufa. Sete anos e quase dois meses após ser assinado, o chamado Convênio Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, mais conhecido como Protocolo de Kyoto, tomou valor jurídico para os 141 países que o ratificaram.

Principais pontos do Protocolo

O anúncio foi feito hoje, pela ONU, na cidade japonesa de Kyoto, a antiga capital imperial, onde o protocolo foi aprovado no dia 11 de dezembro de 1997.

O objetivo do protocolo é reduzir entre 2008 e 2012, uma média de 5,2% as emissões da atmosfera dos seis gases que provocam o efeito estufa: dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, hidrofluocarbono, perfluorocarbono e o hexafluorocarbono de enxofre. O otimismo no momento da assinatura ficou rebaixado pelas retiradas de EUA, China e Índia, três das nações mais contaminantes do mundo.

Os EUA assinaram o protocolo, mas decidiram não ratificá-lo em 2001 pelos supostos danos que seu cumprimento acarretaria à economia do país. A Casa Branca também se mostra contrária aos países em desenvolvimento, como Brasil e Índia, não terem que diminuir as emissões de gases no primeiro período de 2008 e 2012.

A entrada em vigor foi adiada durante três anos, após a negativa americana, até que a Rússia decidiu, em 18 de novembro de 2004, dar o empurrão definitivo ao protocolo com sua aprovação. Para que o pacto se tornasse juridicamente obrigatório era necessário que os países causadores de 55% das emissões de dióxido de carbono o ratificassem. Kioto foi ratificado por 141 países, incluindo 34 industrializados.

- 2008: início da crise econômica, que teve origem no mercado imobiliário dos EUA, espalhando-se por diversos países do mundo.

A causa da crise foi o desequilíbrio na maior economia do mundo, os Estados Unidos. E os ataques de 11 de setembro têm a ver com isso. "Depois da ofensiva terrorista, o governo americano se envolveu em duas grandes guerras, no Iraque e Afeganistão, e começou a gastar mais do que deveria", diz Simão Davi Silber, professor do departamento de economia da Universidade de São Paulo (USP). Para piorar a situação, ao mesmo tempo em que o país investia dinheiro na guerra, a economia interna já não ia muito bem - uma das razões é que os Estados Unidos estavam importando mais do que exportando. Em vez de conter os gastos, os americanos receberam ajuda de países como China e Inglaterra. Com o dinheiro injetado pelo exterior, os bancos passaram a oferecer mais crédito, inclusive a clientes considerados de risco. Aproveitando-se da grande oferta a baixas taxas de juros, os consumidores compraram muito, principalmente imóveis, que começaram a valorizar. "A expansão do crédito financiou a bolha imobiliária, já que a grande procura elevou o preço dos imóveis", diz Silber. Porém, depois disso, chegou uma hora em que a taxa de juros começou a subir, diminuindo a procura pelos imóveis e derrubando os preços. Com isso, começou a inadimplência - afinal, as pessoas já não viam sentido em continuar pagando hipotecas exorbitantes quando as propriedades estavam valendo cada vez menos.

Nesse momento, faltou dinheiro aos bancos, que em um primeiro momento foram ajudados pelo governo americano. Só que, ao mesmo tempo, surgiram críticas a essa política de socorro aos banqueiros. Frente à pressão política, a Casa Branca decidiu que não ia mais interferir, deixando o banco Lehman Brothers quebrar. O fechamento do quarto maior banco de crédito dos Estados Unidos causou pânico e travou o crédito. Chegou a crise, que prejudica também o nosso país. "Sem crédito internacional, também diminui o crédito no Brasil, caem as exportações e o preço das nossas mercadorias aumenta o risco e a taxa de juros", explica Silber. O economista também afirma que as recessões são recorrentes, mas essa é maior do que de costume. "Uma crise dessa intensidade não é comum, a mais parecida com ela foi a de 1929", afirma Silber.

CHH