terça-feira, 12 de março de 2013

Sobre os originais dos Santos Evangelhos


Fragmento mais antigo do Novo Testamento, também conhecido por Rylands Papyrus 457. Datado do segundo século. João 18:31-33;37-38. Imagem: John Rylands Library.

Muito tem se falado acerca dos originais dos Santos Evangelhos e devido a essa constante dúvida de muitas pessoas crentes ou não na palavra de Deus, que acreditei humildemente ser necessário escrever um estudo com bases fortes e fieis como as do Felipe Aquino (É professor de História da Igreja do Instituto de Teologia Bento XVI na Diocese de Lorena. Escreve artigos e publica notícias no Portal Canção Nova e no site da Editora Cléofas, pai de cinco filhos e 9 netos). Ele discorre sobre o tema com tal maestria que não nos deixa dúvida para uma clara compreensão das origens e manutenção da fiel palavra de Deus no Santo Evangelho entre seu povo. Deixo-vos agora esse pequeno estudo, que espero possa trazer grandes revelações para meus amigos leitores. Realmente os originais (autógrafos) dos Evangelhos, tais como saíram das mãos São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João, desapareceram. Mas isto não impede que a História prove a sua existência.

Ficaram-nos as cópias (manuscritos) antigas desses originais, que são:

− os papiros, os códices unciais (escritos em caracteres maiúsculos sobre pergaminho),

− os códices minúsculos
(escritos mais tarde em caracteres minúsculos)

− e os lecionários (textos para uso litúrgico).

Conhecem-se cerca de 5236 manuscritos (cópias) do texto original grego do Novo Testamento, comprovados como autênticos pelos especialistas. Sendo: 81 papiros; 266 códices maiúsculos; 2754 códices minúsculos e 2135 lecionários.

Os papiros são os mais antigos testemunhos do texto do Novo Testamento. Estão assim distribuídos pelo mundo:







P7 – Atos dos Apóstolos – Berlim (Alemanha), do século IV.
Existem 76 papiros do texto original do Novo Testamento. Acham-se ainda em Leningrado (p11, p68), no Cairo (p15, p16), em Oxford (p19), em Cambridge (p27), em Heidelberg (p40), em Nova York (p59, p60, p61), em Gênova (p72, p74, p75) dentre outros [1].

Alguns são do ano 200, o que é muito importante, já que o Evangelho de São João foi escrito por volta do ano 100. São, por exemplo, do ano 200 aproximadamente, o papiro 67, guardado em Barcelona [1].

Os códices unciais são verdadeiros livros de grande formato, escritos em caracteres maiúsculos (unciais). Uncial vem de “uncia”, polegada em latim. Eis a relação de alguns deles:

A 01 (Sináitico) – Novo Testamento, Londres, do século IV;

A 02 (Alexandrino) – Novo Testamento, Londres, do século V;

B 03 (Vaticano) – Novo Testamento, Roma, do século IV;

C 04 (Efrém rescrito ) – Novo Testamento, Paris, do século V;

D 05 (Beza) – Evangelhos – Cambridge, do século VI;

D 06 (Claromantono) – Paulo – Paris, século VI.

Há mais de duzentos códices unciais, espalhados por Moscou (K 018; V 031; 036); Utrecht (F 09); Leningrado (P 025); Washington (W 032); Monte Athos (H 015; 044); São Galo (037)…

Desses dados é fácil entender que a pesquisa e o estudo dos manuscritos do Novo Testamento não dependem de permissão do Vaticano, pela simples razão que a sua maioria não está em posse da Igreja. Só há um código datado do século IV, no Vaticano. As pesquisas sempre foram realizadas independentemente da autorização da Igreja Católica, o que dissipa qualquer dúvida. Muitos manuscritos bíblicos foram levados do Oriente, por estudiosos e outros interessados, para as bibliotecas dos países ocidentais, onde se acham guardados até hoje [1].

Existem hoje mais de cinco mil cópias manuscritas do Novo Testamento datadas dos dez primeiros séculos. Algumas são papiros dos séculos II-III. O mais antigo de todos é o papiro de Rylands, conservado em Manchester (Inglaterra) sob a sigla P. Ryl. Gk. 457; do ano 120 aproximadamente, e contém os versículos de São João 18,31-33.37.38.

“As pequenas variações encontradas nessas cinco mil cópias são meramente gramaticais ou sintáticas e que não alteram o seu conteúdo [1].”

 Analisando este grande número de manuscritos antigos, foi possível reconstruir, autenticamente, o original do Novo Testamento, que é o que hoje usamos, tradicionalmente.

12/03/2013

Leandro Claudir é Acadêmico de História pela Universidade Luterana do Brasil, Técnico em Informática pela QI Escolas e Faculdades. Habilitado em Liderança de Círculos de Controle de Qualidade Empresarial pelo Sesi. Criador e Administrador do Projeto Construindo História Hoje. IBSN- 7837-12-38-10.

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Você quer saber mais? 

[1] AQUINO, Felipe. Coleção Escola da Fé: Volume II: A Sagrada Escritura. Lorena: Editora Cléofas, 2005.































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