quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Burguesia, Burguesia...Gaúcha!

Assim como ocorria com os trabalhadores que no inicio da revolução industrial morriam sob suas máquinas satisfeitos, lembrando que outrora eram escravos, assim está acontecendo nos dias de hoje, com o medo do desemprego, aceitamos condições sub-humanas de trabalho, onde somos usados de todas as maneiras, em função do bem dos acionistas e donos de consultorias de fachada, quando na verdade, deveriam se chamar companhias escravagistas S.A.

Autor: Leandro CHH

Abordando o desenvolvimento da burguesia gaúcha ao longo da República Velha temos por premissa o fato que o país não reproduz, ao industrializar-se, os padrões europeus, o empresariado que decorre desse processo é o agente de uma nova ordem, mas não o seu introdutor; não cabe a ele o nascer do capitalismo no Brasil. Porque a mesma já nasce subordinada a um contexto agrário predominante.

À herança colonial/escravista e à dependência do capital estrangeiro, a burguesia somaria mais um condicionante no seu processo formativo: a ambivalência da mescla de uma tradição senhorial, dos longos anos de predomínio da ordem agrária na sociedade.


Por meio da afirmação classista procuram sua identidade por meio da dominação do capital sobre o trabalho e da viabilização dos interesses do empresariado no interior da sociedade civil. Definindo os pontos de vista e interesses específicos do setor e da sua organização classista. A burguesia industrial busca firmar-se em um contexto agropastoril dentro do qual se desenvolve um setor industrial.


Máquina à vapor.

No Rio Grande do Sul as primeiras fábricas ligadas ao meio de acumulação de capital comercial na área do chamado complexo colonial imigrante. A liderança empresarial, com origens sociais marcadas pela influência imigrante e do capital mercantil, constitui-se basicamente de grupos familiares ligados pelo casamento.


Em relação aos aspectos sociais e políticos buscavam a dominação do capital sobre o trabalho, obtendo o domínio e disciplina do operário na empresa e expropriando o trabalhador do seu “saber” particular.


Quando o Rio Grande do Sul começou a industrializar-se a Europa já exportava máquinas para a América Latina. Este processo de mecanização altera a planta industrial obrigando a criação de métodos de fiscalização do trabalho, a imposição de normas reguladoras das tarefas fabris e o treinamento dos operários para a nova situação.


A maquinaria além de aumentar a produtividade destitui o trabalhador de seu controle sobre o próprio trabalho. Com a mecanização aplicasse técnicas como o taylorismo que difundia-se entre a burguesia gaúcha, que visa racionalizar a produção, aumentar a produtividade, economizar tempo, suprimindo gastos desnecessários e comportamentos supérfluos, aperfeiçoar a divisão social do trabalho e o controle do tempo do trabalhador pela classe dominante.


Mesmo diante dessa pratica desumana os burgueses procuravam fazer propaganda positiva sobre o trabalhador do novo modelo criando no proletariado um “relógio moral interno” que orientaria seu comportamento pelos padrões fabris.


Mas isso não significou que no Rio Grande do Sul o trabalhador abandonou de imediato suas características artesanais, as quais permaneceram por muito tempo antes de progressivamente irem se combinando com o uso das máquinas.


Máquina de costura Wheeler & Wilson.

O pensamento fordista veio completa o taylorista no Rio Grande do Sul com as idéias de que os operários devem ser os seus melhores consumidores.


Periódicos do inicio do século XX divulgam os interesses empresariais, mostrando as fábricas como modernas e higiênicas e o trabalho era harmônico e cordial e os operários referidos como sadios e ordeiros, mas não era o retrato completo da verdade.


Surge a necessidade de pessoal técnico para operar e montar as máquinas que cada vez mais estão atuantes na industria gaúcha. Desencadeando o processo qualificação/desqualificação do operariado. A lógica técnica faz com que ocorra uma divisão entre o trabalho manual e o intelectual, acentuando o controle hierárquico do processo de trabalho.


A industria busca no exterior mão de obra qualificada para os novos maquinários. Esta categoria de empregados atuava como um representante da do chefe da fábrica, investido de uma parcela de autoridade enquanto o operário só executava e produzia mercadorias. Em suma o trabalhador era despojado de seu saber técnico característico do ofício artesanal, fase ao enquadramento ás novas condições. Tornando sua mão de obra mais barata e considerada desqualificada e isso também permitiu a inserção da mão de obra de crianças e mulheres.


O empresariado tenta passar uma visão de ordem reinante nas fábricas, mas o processo de industrialização gaúcho é repleto de greves, tumultos, reivindicações operárias, contradizendo a aparência de tranqüilidade na fábrica.


O discurso nos jornais burgueses sobre as fabricas diverge muito dos boletins divulgados pelos operários onde é descrito um ambiente desumano de vigilância, repressão, salários baixos, acidentes de trabalho e longas horas de trabalho.


Os empresários procuram então um meio de projetar a industria para a vida do operário, reorganizando as estruturas e as relações reais entre os homens e o mundo econômico ou da produção. Buscando estender a ação burguesa além dos muros das fábricas, mascarando ideologicamente a coerção econômica, fazendo com que a empresa e o empregador assumam um papel de conotação paternalista na medida em que as atividades ligadas á educação, assistência social, habitação e lazer são mediadas pela figura do “bom patrão” que como pai, decide, orienta e ampara seus subordinados, regulando as relações capital-trabalho.


Moedor de carne usado na segunda metade do século XIX.

Trata-se, de estender a dominação na vida operária, subtraindo-a às influências do mundo “de fora” da fábrica. Surge a preocupação em manter o operário sob a influência de seus camaradas de fábrica e de educá-los segundo os interesses da fábrica para evitar que sua agitação venha atrapalhar ou modificar a ordem social, o mais seguro era educá-lo e moralizá-los por intermédio da escola, particularmente a profissionalizante. A escola revela-se um importante instrumento de socialização, treinamento e CONTROLE da força de trabalho.


Outra pratica para estabelecer o domínio do capital sobre o trabalho foi a das práticas de assistência social, efetivadas pela empresa, envolvendo a criação de sociedades beneficentes, seguros contra acidentes, caixas de socorros, assistência médica, creches, casas para alugar ou comprar diretamente com o empregador dentre outros “benefícios”. Vale lembrar que eram iniciativas individuais da industria e de cada empresário em sua fábrica e não estava vinculadas a nenhuma legislação trabalhista na época. É necessário, contudo verificar que nada era absolutamente gratuito, ou seja sempre havia retenção de parcela do ordenado do trabalhador para alguns ou todos os benefícios.


Deste modo a burguesia industrial criou no emprego o “seguro” para o empregado e a sua garantia de domínio sobre o mesmo. Porque perde o emprego significava perder a habitação, assim como todos os outros benefícios sociais.


Com o propósito de manter o funcionário ligado a empresa a nova elite burguesa vinda da industrialização, procurava fortificar os laços que unem seus funcionários e a empresa por meio do auxilio aos funcionários, para que os mesmo tenham conforto material e da assistência espiritual e cultural, abdicando mesmo que inconscientemente de maiores realizações pessoais e profissionais.

Você quer saber?

PESAVENTO, Sandra Jatahy. A Burguesia Gaúcha. Porto Alegre: Ed. Mercado Aberto, 1988.

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10 comentários:

  1. Oi meu amigo Leandro, tudo bem?...Esse texto me deixa a pensar nessas circunstanciada da vida... Quanto sofrimento era o tempo dos escravos, mas hoje ainda somos escravos desses trabalhos pesados que muitas empresas oferecem aos seus empregados sem dó e sem piedade, pagando uma miséria.Eu li algumas matéria, vi filmes, e até novela aborda muito esses assuntos, embora não gostar de novelas. Mais ainda existem muitos desses senhores de escravos, só que engravatados e ninguém imagina como eles são realmente por dentro.Todos eles faz parte daquela burguesia. Vc em poucas palavras definiu exatamente tudo: Aceitamos condições sub-humanas de trabalho, onde somos usados de todas as maneiras, em função do bem dos acionistas e donos de consultorias de fachada, quando na verdade, deveriam se chamar companhias escravagistas S.A. Porque existem tantas e tantas desigualdade nessa vida? Amigo deixo um grande abraço e desejo de um ótimo fim de semana. (tem post novo)

    Smareis

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  2. Olá Smareis, faço as mesmas perguntas e continua incompreensivel, tanta crueldade. Isso ocorre em grande parte, pelo fato da burguesia desejar que sejamos como máquinas.
    Não há nada de humano dentro das fábricas, tudo é uma troca, onde sempre o funcionário sai perdendo.
    Nunca houve uma "libertação dos escravos", o que existiu foi uma mudança do sistema econômico que torna os escravos em consumidores e trabalhadores, para eles (nós) próprios sermos os maiores compradores do que produzíssemos.
    Um grande abraço,
    Leandro CHH

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  3. Olá Leandro CHH,

    Boa tarde,

    Fiquei muito feliz com seu contato. Seus comentáros contribuem para o crescimento do blog.

    Lendo seu perfil, percebi que o primeiro livro favorito é a Bíblia.

    Que bom.

    A Bíblia é a carta de amor que Jesus nos deixou.

    Tenha um fds abençoado,


    Salam! Paz seja convosco.

    Suely Rezende

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  4. Passando pra deixar um beijo e desejar uma linda noite de sexta-feira.

    Ani
    http://cristalssp.blogspot.com

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  5. Oi Leandro,
    lendo o seu post, acabei lembrando do filme: Tempos modernos com Chaplin. Especialmente quando você escreve: A maquina alem de aumentar a produtividade destituiu o trabalhador de seu controle sobre o próprio trabalho, lembro-me das peripécias que Chaplin fazia diante de tais crueldades disfarçadas em um trabalho "digno". Este post acabou resgatando estas boas lembranças..rs.
    Att.,
    Luks

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  6. Poxa meu amigo qurido; gostei de tudo, inclusive das fotos das máquinas... Coisas que fazem parte da nossa história e muitas vezes desconhecemos.
    Boa semana! Beijos

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  7. A Paz Suely,
    Obrigado pelas palavras amigas e pelo abençoado trabalho realizado pelo Herdeiros de Deus.
    Maranata!
    Leandro CHH

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  8. Oi Ani Cristal, fico feliz pela visita, logo estarei visitando seu trabalho para acompanha-lo.
    Um abraço,
    Leandro CHH

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  9. E ai Luks, também assisti ao filme Tempos Modernos. Acaba cômico pela arte do imortal Chaplin.
    Mas é real, irmãos brasileiros padecem até hoje diante das máquinas, mas creio que em breve uma grande luz, brilhará no céu de nossa nação.
    Saudações amigo,
    Leandro CHH

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  10. Valeu Olhos de Mel, sua visita é sempre bem vinda em meu humilde espaço de aprendizado.
    Um abraço,
    Leandro CHH

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