quarta-feira, 11 de agosto de 2010

DITADURA MILITAR NA ARGENTINA

Por dentro da Escola de Horrores


Veja as plantas do porão onde ocorriam as torturas e do alojamento dos sequestrados. A reconstituição foi feita com informações fornecidas pelo Instituto Espaço para a Memória (Instituto Espacio para La Memória, IEM), organização que hoje administra parte dos prédios da Esma, transformados em memorial e centro de promoção dos direitos humanos. Foram usados depoimentos de sobreviventes e medições do edifício em seu estado atual.
O centro de tortura da Escola de Mecânica da Marinha (Esma) funcionou entre 1976 e 1983, durante todo o período de ditadura militar na Argentina. A Esma oferecia cursos técnicos de eletrônica, aeronáutica, mecânica naval, meteorologia, oceanografia e formava suboficiais para a carreira militar.




Um dos edifícios do complexo, o Casino de Oficiales (casa dos oficiais) concentrava as atividades clandestinas.



Cerca de 5 mil pessoas foram detidas ali. Estima-se que apenas 5% tenham sobrevivido.




As imagens disponíveis aqui são resultado do trabalho do Daev, um grupo de professores, alunos e ex-alunos de design da Faculdade de Arquitetura, Design e Urbanismo da Universidade de Buenos Aires. O Daev pretende fazer a reconstituição virtual, interativa e tridimensional de centros de detenção, tortura e extermínio que existiram durante a ditadura argentina. Seu objetivo “é contribuir para a reflexão crítica” sobre os acontecimentos e formação da memória coletiva, além de municiar os processos de julgamento dos responsáveis que estão em curso. Em breve, o tour virtual estará disponível no site www.daev.com.ar.


A reconstituição foi feita com informações fornecidas pelo Instituto Espaço para a Memória (Instituto Espacio para La Memória, IEM), organização que hoje administra parte dos prédios da Esma, transformados em memorial e centro de promoção dos direitos humanos.


A disposição interna dos espaços mudou ao longo do tempo, em função, por exemplo, da necessidade dos militares camuflarem as atividades clandestinas que ali ocorriam. O recorte adotado aqui é de dezembro de 1977.


O porão


O acesso se dava por uma porta de ferro, mantida sempre fechada, com um guarda de prontidão. O segurança recebia via rádio a ordem para abrir e permitir a entrada dos presos.
Veja as imagens do porão e conheça as salas de tortura, o laboratório fotográfico e o refeitório e o estúdio do porão.




Porão - As salas de tortura




Logo nas primeiras horas de cativeiro, levados às salas de tortura, os sequestrados sofriam vários tipos de agressão enquanto eram interrogados. Os métodos mais comuns eram choques (usando a picana, o equipamento sobre a mesa), o “submarino seco” (asfixia com saco plástico), o “submarino molhado” (asfixia com imersão), tapas, socos, chutes e pauladas, além de simulações de fuzilamento. A vítima era mantida encapuzada ou de olhos vendados.


Corredor - A comunicação de todos os ambientes do porão




Batizado pelos repressores como “Avenida da Felicidade”, o corredor fazia a comunicação de todos os ambientes do porão. Amarrados ou algemados e encapuzados, os cativos aguardavam ali antes de serem levados às salas de tortura.


Porão - Laboratório Fotográfico




Aqui eram reveladas as fotos que eram utilizadas na falsificação de documentos, tarefa executada por presos como Victor Basterra, ativista social preso em agosto de 1979 e libertado no fim de 1983.


Porão - Refeitório e estúdio




O refeitório (à esquerda na foto acima) era utilizado por presos que faziam trabalho escravo no porão, como aqueles que trabalhavam no laboratório fotográfico ou na chamada “huevera” (porta ao centro). O apelido deve-se às caixas de ovos usadas para isolamento acústico do estúdio. Ali eram produzidas peças audiovisuais de propaganda distribuídas para a Imprensa nacional e Internacional.


Capucha




Localizada no terceiro andar do edifício, era o alojamento dos sequestrados. Em geral, eram mantidos deitados no chão, amarrados e encapuzados ou vendados. Pequenas baias formavam cubículos que separavam cada encarcerado. Aqueles que trabalhavam como escravos para os militares, como Victor Basterra, às vezes conseguiam condições de alojamento e alimentação um pouco melhores que os demais. Mas isso nem sempre era garantia de vida. Muitos dos escravos também foram assassinados.


Capuchita




Ali ficavam alojados os prisioneiros marcados para morrer e outros sequestrados. Sempre às terças-feiras, os militares montavam uma lista de quem seria “trasladado”. Os escolhidos imaginavam que seria apenas a transferência para outra prisão. No dia seguinte eram sedados e embarcados nos chamados voos da morte: eram jogados ainda vivos ao mar.




VOCÊ QUER SABER MAIS?


http://www.daev.com.ar


http://supermundo.abril.com.br/busca/?qu=ditadura


http://supermundo.abril.com.br/busca/?qu=tortura